O primeiro desafio de Gutenberg foi imprimir a Bíblia. A impressão durou cinco anos, de 1450 a 1455.
Não se sabe quantos volumes foram impressos, mas essa é outra história.
O primeiro jornal impresso de que se tem notícia foi o Nieuwe Tijdinghen, lançado em 1602 na Bélgica.
No Brasil, o primeiro jornal foram dois: Correio Braziliense, editado por Hipólito José da Costa, em Londres; e Gazeta do Rio de Janeiro, editado pelo frei Tibúrcio José da Rocha.
Esses dois jornais começaram a circular no mesmo ano: 1808.
Logo após essas publicações, surgiram outras em diversas partes do País.
Daquele tempo, três jornais ainda sobrevivem: Diário de Pernambuco (1825), O Estado de S. Paulo (1875) e o paraibano A União (1893).
Choveu impressos no Império, feitos por escritores e políticos.
Alguns marcaram época, como Diário Mercantil (1824-1827), Jornal do Commercio (1827-2016), Cidade do Rio (1887-1902) e Gazeta de Notícias (1875-1942).
Escreviam nesses jornais Joaquim Manuel de Macedo, José de Alencar, Machado de Assis, Franklin Távora, Lima Barreto, Alfonso Guimarães, Olavo Bilac e outros mais, incluindo o autor do livro Os Sertões.
Os Sertões, de Euclides da Cunha, conta a história da Guerra de Canudos (1896-1897).
A história é longa.
Na virada do século 19, surgiu nas páginas do jornal Cidade do Rio aquele que seria considerado o nosso primeiro repórter: João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto, que ficaria famoso pelo pseudônimo João do Rio.
As primeiras reportagens assinadas por esse João apareceram na Gazeta de Notícias. Tema: religiões. João foi um repórter destemido e seus textos, brilhantes, como brilhantes eram os textos de Machado de Assis e Lima Barreto.
Lima não se dava com João, que nutria grande admiração por Machado.
Machado mantinha distância de Lima e João. Sem explicação.
Machado de Assis, Lima Barreto e João do Rio eram negros e de origem humilde. Não tiveram filhos. Esses três brasileiros deixaram uma obra fabulosa.
Machado foi o primeiro jornalista a cobrir debates no Senado.
Como Machado e Lima, João contou a história do Rio em formato de reportagem. Pelo avesso.
Alguns estudos já foram feitos sobre a obra do repórter, que também foi contista. A propósito, leia: O HOMEM DA CABEÇA DE PAPELÃO
A importância de João do Rio na cultura brasileira é referida por muita gente, inclusive por Carlos Lacerda (1914-1977) num LP dos anos 1970.
Viva Gutenberg!
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