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terça-feira, 31 de janeiro de 2023
VIVA O BREGA BRAGA!
segunda-feira, 30 de janeiro de 2023
HOJE É O DIA DA SAUDADE
LEIA MAIS: HOJE É DIA DE SAUDADE • SAUDADE É BOA E DOCE QUE NEM RAPADURA, MAS DÓI! • O QUE É SAUDADE? • VIVA A POESIA!
sábado, 28 de janeiro de 2023
A ARAPUAN E A HISTÓRIA DO RÁDIO NA PARAÍBA
Sob a direção geral de Otinaldo Lourenço, o Rádio Arapuan constituiu, durante o consulado militar, instrumento da mais autêntica resistência democrática.
É claro que esta deve ser considerada em termos. A certa altura, a emissora sabia que não poderia conceder passo em falso. Na reabertura, o próprio Governo advertira:
— Vocês tomem cuidado para evitar novo fechamento!
(Do livro A Arapuan e o Rádio Paraibano; pág. 103)
O documentarista Vladimir Carvalho |
A luta do padre foi titânica. Lutou, lutou e morreu na praia, triste e decepcionado pela indiferença dos homens poderosos de seu tempo, que poderiam ter reconhecido seus estudos científicos que apontavam o rádio como sua grande descoberta.
O louvor da invenção do rádio coube ao italiano Guglielmo Marconi.
No Brasil o rádio deu seus primeiros sinais de vida, oficialmente falando, no dia 7 de setembro de 1922. O presidente da República era o paraibano Epitácio Pessoa, cujo governo e o País comemoravam o 1° centenário do falacioso "grito do Ipiranga".
Para efeitos históricos, a primeira emissora de rádio a entrar no ar com um esboço de programação própria foi a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, no dia 20 de abril de 1923.
Em 1936 a Rádio Sociedade, que tinha à frente o cientista Roquette Pinto, seria doada ao governo Vargas e ganharia o nome de Rádio MEC.
A partir dos anos 30, o rádio começava a se espalhar pelo território nacional.
Enoque Pelágio |
No dia 16 de agosto de 1950 os paraibanos foram presenteados com a inauguração da Rádio Arapuan.
O novo livro do historiador José Octávio de Arruda Mello trata do que bem diz o título: A Arapuan e o rádio paraibano (Uma Biografia Dual).
Desde o título, passando pelo preâmbulo e dados finais, José Octávio mostra a importância de Otinaldo Lourenço, seu irmão, na radiodifusão paraibana. E à página 69, escreve:
Foi com Otinaldo Lourenço, na direção artística do Rádio Arapuan, em 1959, que teve início a mais ampla renovação do rádio paraibano.Começou na Tabajara, na área de esportes, e na Arapuan mostrou seu talento por completo. Foi inovador tanto na redação, reportagem e direção.
Não é demais afirmar que Otinaldo inovou na forma de transmitir notícias. Isso em áreas diversas. Esportiva, por exemplo. Formou ao lado de nomes importantes da imprensa local como Ivan Bezerra, Bernardo Filho e Vladimir Carvalho.
Pra quem não liga o nome à pessoa, necessário se faz dizer que o Vladimir aqui citado é o famoso e mais importante documentarista cinematográfico do Brasil, autor da pérola O País de São Saruê, baseada no folheto de cordel de Manoel Camilo (1905-1987).
O País de São Saruê foi um dos primeiros filmes nacionais censurados pela ditadura militar.
A Rádio Arapuan levava a seus ouvintes programas dos mais diversos: Dramas e Comédias da Cidade, por exemplo, com o repórter policial Enoque Pelágio (1934-1987) e Antena Política, com Otinaldo e seu irmão José.
Otinaldo Lourenço e José Octávio entrevistaram expressivos nomes da política brasileira, como Ulisses Guimarães, Abelardo Jurema, ex-ministro da Justiça e o general Costa e Silva que na ocasião, em 1967, soltou a gracinha: "Jornalista sem gravador é como soldado sem fuzil".
A religião também não ficou de fora da grade da emissora.
Otinaldo entrevista o general Costa e Silva |
Sem dúvida, afirmo com todas as letras que a Rádio Arapuan marcou época.
A Arapuan foi a primeira emissora do Brasil a dar em primeira mão a notícia do assassinato do presidente chileno Salvador Allende, no dia 11 de setembro de 1973. Furo!
O jornal Furo… Essa é outra história.
Otinaldo era natural de Surubim, PE, nascido em 1934. Foi, além de radialista, bacharel em Direito e professor da Universidade Federal da Paraíba, como o irmão José. Morreu no dia 13 de fevereiro de 2021, quando se comemora o dia mundial do rádio, criado pela UNESCO em novembro de 2011. Em abril de 2022 foi lançado um livro póstumo: A Revolução do Rádio na Paraíba e Anotações Autobiográficas.
Foto e reproduções Flor Maria e Anna da Hora
SÃO PAULO 469 ANOS
Nesse dia 25 de janeiro os paulistanos comemoram com ênfase o 469º aniversário de fundação. São Paulo é a cidade mais cantada do mundo em músicas de todos os gêneros: forró, baião, xote, xaxado, samba, rock, choro e tudo o mais. Eu mesmo cheguei a compor música em homenagem à Sampa. Jarbas Mariz e eu compusemos São Paulo Esquina do Mundo. Compus e interpretei Declaração de Amor a São Paulo. Sobre essa cidade, que tão bem me acolheu em 1976, já escrevi muita coisa e até uma exposição/ocupação fiz em 2012 intitulada Roteiro Musical da Cidade de São Paulo, na unidade Sesc Santana/SP. Para o Newsletter Jornalistas&Cia escrevi o texto abaixo. Leia: SÃO PAULO EM MÚSICA, PROSA E VERSO
sexta-feira, 27 de janeiro de 2023
HÁ 100 ANOS NASCIA WALDIR AZEVEDO
LEIA MAIS: TÉO AZEVEDO HOMENAGEIA WALDIR AZEVEDO • WALDIR AZEVEDO, O MÁGICO DO CAVAQUINHO
RADAMÉS GNATTALI
quarta-feira, 25 de janeiro de 2023
HOJE É DIA DE BOSSA
terça-feira, 24 de janeiro de 2023
PELÉ É BRASIL. PELÉ É SÃO PAULO!
LEIA MAIS: SÃO PAULO EM PROSA, VERSO E MÚSICA (1) • SÃO PAULO EM PROSA, VERSO E MÚSICA (2) • SÃO PAULO EM PROSA, VERSO E MÚSICA (3) • SÃO PAULO EM PROSA, VERSO E MÚSICA (4) • SÃO PAULO EM PROSA, VERSO E MÚSICA (5) • SÃO PAULO EM PROSA, VERSO E MÚSICA (6) • SÃO PAULO EM PROSA, VERSO E MÚSICA (7) • SÃO PAULO EM PROSA, VERSO E MÚSICA (8) • SÃO PAULO EM PROSA, VERSO E MÚSICA (9) • SÃO PAULO EM PROSA, VERSO E MÚSICA (10) • SÃO PAULO EM PROSA, VERSO E MÚSICA (11) • SÃO PAULO EM PROSA, VERSO E MÚSICA (12) • SÃO PAULO EM PROSA, VERSO E MÚSICA (FINAL) • PELÉ, UMA LENDA NA TERRA E NO CÉU • PELÉ ETERNO. VIVA PELÉ.
O BRASIL É "NUESTRA AMERICA"
Ei, ei, ei! Vem cá: hoje é 23 de janeiro. Faz, pois, 23 dias que Lula virou o novo presidente do Brasil. Se ele foi bom nas duas primeiras vezes, agora certamente será melhor.
Cego dos olhos hoje que sou, vejo e ouço em boa parte do rádio e da televisão coleguinhas cobrarem do governo Lula que agora está apenas começando. Isso não é certo!
Lula acaba de fazer a primeira visita oficial a um país. No caso, a Argentina.
Politicamente poderemos classificar a Argentina como um país de esquerda. E daí?
Bolsonaro estava fechando e fechou a sua posição política com países que tinham a ver com sua ideologia de prepotente matador. E não foram poucos. Turquia, inclusive.
Bolsonaro é assassino, genocida. E por isso certamente terá que pagar. Lei é lei.
A visita de Lula à Argentina, no meu ponto de vista foi necessária.
Não sou economista, não sou cousa nenhuma. Sou um jornalista que pergunta, que pergunta. E pergunto porque nada sei...
Lula na Argentina levou à discussão a possibilidade de se criar uma moeda para transações financeiras e comerciais. Nada a ver com o Euro.
A América Latina, a América do Sul, não pode estar isolada do mundo.
O Brasil é o quinto maior país do nosso planetinha, territorialmente falando.
Viva o Brasil!
segunda-feira, 23 de janeiro de 2023
CANA PARA O GENOCIDA BOLSONARO!
Presidente também morre
De morte matada ou não
Lugar de quem não presta
É lá no fundo da prisão!
domingo, 22 de janeiro de 2023
PERSONA REPRISA TAIGUARA NA TV CULTURA
Logo mais às 21h será reprisado o programa Persona, da TV Cultura, que enfoca vida e obra do cantor e compositor Taiguara. Eu já vi e se você, meu amigo, minha amiga, ainda não o viu tem agora a oportunidade de ver. Anota aí, dia 22/01, às 21hs.
sábado, 21 de janeiro de 2023
EUCLIDES DA CUNHA MORRE EM DUELO DEPOIS DE DAR ENTREVISTA
Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até ao esgotamento completo. Expugnado palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente 5 mil soldados.Canudos invadida pelo cearense Antônio Conselheiro era uma região pobre, localizada no sertão baiano. Ninguém queria morar lá ou viver, só os miseráveis conselheiristas que não tinham onde cair mortos.
A ÚLTIMA ENTREVISTA
Uma tarde, em que à rua do Ouvidor, falávamos de livros e de arte, ele me bateu amigavelmente nos ombros:
— Vai um domingo lá em casa, que diabo! Conversamos, almoçamos e depois sairemos descalços, a passear na praia.
Desde as primeiras páginas de Os Sertões que eu comecei a ter pelo historiador de Canudos a mais cega e comovida admiração. Não era admiração apenas, era mais — adoração — adoração por aquele escritor, que, imprevistamente, surgia onipotente e supremo, para o espanto de uma língua e de uma raça, por aquele narrador de guerra que de tão alto se punha para historiar todos os problemas da luta, pelo artista ruidoso e formidável, que abria uns novos painéis de arte robusta e essencialmente nossa, pelo paisagista incomparável. evocador, como nenhum outro, gigantesco, resplandecente, como ninguém.
Foi num domingo que lá estive. Era sol e era azul. A casa estava com as janelas abertas para o vento do mar, rumorejante da alegria das ondas, que, na areia se esfarelavam toda lavada do sol daquele domingo álacre.
Euclides é um simples como nunca vi assim. Quem o encontra na rua, magro, o rosto carregado, numa profunda concentração, não acredita o que pode haver de alegre, carinhoso e desprendido naquela alma. Quem devora as páginas rutilantes de Os Sertões imagina que ali está um escritor de sossego e método e que a obra foi feita com o maior dos métodos e o mais regular dos sossegos.
Nada disso. Nem uma coisa nem outra. Euclides nunca “se assentou”. A sua vida tem sido uma vida errante, ora aqui, ora ali, numa comissão, noutra, as malas sempre prontas, os livros dentro das malas. Ora em Minas, em São Paulo, no Amazonas, no Acre, em Canudos; de lápis na mão, enchendo de algarismos os livrinhos de notas, como engenheiro.
Ao que ele conta, desde estudante que o seu sonho é pousar; ter uma vida pacata, a sua casa, tudo em ordem, os seus livros arrumadinhos, a hora certa de começar o trabalho, a hora certa de terminá-lo, e hora certa de dormir. E nunca teve. A sua existência tem sido revolta, sem assento em lugar nenhum, irregular, imprevista, incerta, nômade, uma hora aqui, outra onde o diabo perdeu as botas, sempre carregado de trabalho, trabalhando noites além, um dia no costado de um cavalo, percorrendo sertões, outro medindo terras, outros suando, entre o fragor dos martelos, numa ponte que se constrói. Um horror!
— Continuo a ser o estudante que era. Tudo à revelia.
Ao entrar-se em casa de Euclides, a gente fica à vontade. Não parece que se está em frente de um dos máximos prosadores de uma língua, mas sim de um rapaz amigo, de um velho camarada com quem se viveu larga quadra, de um companheiro que nos fala de suas coisas como se fossem nossas, uma dessas criaturas que vão, logo à primeira vista, espavorindo a cerimônia, e a quem a gente se sente mal de dar até o tratamento de “senhor”.
E o que é curioso, o que mais ressalta e o que mais comove, é a profunda modéstia de Euclides. Isso dele ser o mais completo dos nossos historiadores, o artista extraordinário, o escritor surpreendente, o paisagista formidável, isso, somos nós aqui fora que o dizemos. Ele, ele é que não está convencido disso. A sua modéstia é orgânica. Os Sertões para ele nada tem de extraordinário. É um livro como outro qualquer.
Aquelas páginas assombrosas cheias daquele fragor e daquela comburência de frase, daqueles painéis faustosos, que nos fazem vibrar e arder de entusiasmo e de orgulho, para ele são páginas rasteiras, cobertas de defeitos. De defeitos!
— De defeitos, sim! — confirma Euclides, muito espantado de ninguém ter dado por isso. — Aqui estão eles. Na nova edição de Os Sertões fiz seis mil emendas. Não se diga que sejam erros de revisão, são defeitos meus, só meus. E mostrou-nos o livro, onde em cada página aparecem pelo menos três remendos. — Hei de consertar isto por toda a vida. Até já nem abro Os Sertões porque fico sempre atormentado, a encontrar imperfeições a cada passo.
É ao almoço, numa sala para o mar, enquanto o vento da praia agita os guardanapos, que Euclides me conta como escreveu Os Sertões.
Estava por esse tempo em São José do Rio Pardo, reconstruindo uma ponte. Era um trabalhar sem conta, noite e dia, ele ali a dirigir as obras, sempre à frente, no tumulto dos operários.
A ponte construída por outros engenheiros havia uma noite desabado desastrosamente e o governo de São Paulo convidara-o a reconstruí-la.
A obra era da mais alta responsabilidade, principalmente depois do desastre. Euclides, por amor próprio, em respeito à sua carta de engenheiro, estava sempre à tese de tudo. Morava numa casinha a dois passos das obras e passava os dias, em cálculos, a lutar com os xx da matemática. Foi aí que veio a ideia de escrever Os Sertões.
Um livro daquele peso toda gente tem a impressão de que o seu autor escreveu-o cercado de volumes para consultar. Não foi assim. Euclides não tinha um livro consigo, nem um volume de geologia. Nada.
Mas assim mesmo atirou-se. A todo o momento tinha que levantar-se, para vir ver a marcha do trabalho da ponte, que se ia erguendo, quando estava num trecho, desses com que os escritores se torturam e dão um pedaço de vida para acabá-Io, eis que um operário vinha chamá-lo para resolver uma dificuldade. Apesar disso Os Sertões iam caminhando. À tarde o juiz de direito, o presidente da Câmara Municipal, mais duas ou três pessoas de Rio Pardo, reuniam-se à casinha de Euclides, para ouvir o folhetim.
Ele lia então as tiras que havia escrito durante o dia. Dentre as pessoas que vinham ouvi-lo havia um paulista conhecedor d’Os Sertões; um desses talentos fulgurantes, estupendos que nunca são coisa alguma porque nunca entraram numa escola. Esse homem tinha cócegas de escritor. Tinha lá os seus versos, as suas tiras de papel cheias de rascunhos literários. Euclides da Cunha falou que ia descrever o estouro de boiada, dos quadros mais épicos e mais sinistros dos campos e matas brasileiros.
Nunca havia visto o estouro; sabia-o apenas por informação, por ouvir contar. O paulista vira diversos, estava “cansado de ver”, dizia ele.
— E se seu doutor quiser, seu doutor escreve, eu escrevo também e vamos ver quem é que faz mais perfeito.
Euclides teve, deveras, medo daquela proposta. Atirou-se à descrição, receoso de ser derrotado. No outro dia, à tarde, o matuto apresentou-se corajosamente, com as suas tiras de papel. O juiz de direito, o presidente da Câmara, as duas ou três pessoas de Rio Pardo esperavam o duelo.
— Leia!
— Leia o doutor primeiro!
Euclides leu. Leu aquela descrição incomparável, assombrosa, que nós todos conhecemos n’ Os Sertões. E ao terminar voltou-se para o homem.
— Leia!
— Qual, nada seu doutor. Olhe ali.
No chão, as tiras do pobre homem estavam aos pedacinhos, esfrangalhadas.
— Eu vou então ler alguma coisa depois disso?! Não é possível, não é possível, que o senhor não tenha visto pelo menos cem “estouros de boiada”.
E no meio da barulhada infernal dos martelos, das travas de ferro, dos foles, Os Sertões caminhavam. Quando a ponte ficou concluída, o livro estava concluído também. Ninguém sabia nesse tempo que Euclides era escritor. Ele apenas se havia mostrado no Estado de S. Paulo, numas crônicas, ligeiras, com as iniciais. Tinha medo da publicidade. Mas resolveu a publicá-lo. O juiz de direito, o presidente da Câmara de Rio Pardo, o matuto do “estouro” haviam-lhe dito que o livro era bom. Foi a São Paulo e levou-o ao Estado, para publicá-lo em folhetins. O maço de tiras era enorme. Isso parece que espantou. Seis meses depois, ao voltar a São Paulo e ao subir à redação do Estado, lá encontrou, num canto, o seu embrulho de tiras, empoeirado. Pô-lo debaixo do braço, e veio ao Rio de Janeiro. Não conhecia aqui nenhum escritor, a não ser Lúcio de Mendonça. Lúcio de Mendonça procurou-lhe editor. O escritor era desconhecido e o volume de tiras assustava. Os editores torciam o nariz.
O Jornal do Commercio não quis a obra para folhetins. Afinal o velho Masson da casa Laemmert, depois de muito pensar e de muito vacilar, disse que ficava com o rodo de tiras. Entra o livro no prelo. Meses depois Euclides, que por essa feita estava em Lorena, ao chegar à Companhia Tipográfica, à rua dos Inválidos, abrindo ao acaso um volume, lá encontrava um a com uma crase intrusa, adiante uma vírgula de mais, etc., etc. Ele estava nesse tempo atacado de uma neurastenia profunda. Aquela crase, aquela vírgula, aqueles outros erros, pareceram-lhe grandes blocos de pedra, que vinham atacar o seu nome. Que horror! E a ponta de canivete (parece mentira, mas verdade), em dois mil volumes, Euclides raspou oitenta erros. Foram cento e sessenta mil emendas! Levou dias e dias nessa trabalheira gigantesca. Os operários da tipografia estavam assombrados com aquilo. Ele passava os dias, as noites curvado sobre os volumes, a raspar com a pontinha do canivete. Só acabou na véspera da chegada do barão do Rio Branco, em dezembro de 1902. O livro ia ser posto à venda no dia seguinte. Um estranho pavor se apoderou de Euclides. Tinha certeza de que a obra ia ser um desastre. E pediu ao editor que retardasse a venda para daí a três ou quatro dias. E tocou-se para Lorena.
O seu pavor tinha crescido estupendamente, tanto que, chegando a Lorena à meia-noite, às três da manhã estava de viagem. Para onde? Sabia lá! O que ele queria era fugir, esconder-se no fim do mundo, não ver mais ninguém, rasgar o livro, não ter notícias do desastre. E andou oito dias a cavalo pelo interior de São Paulo, sem destino. O que lhe passava pelo espírito era curioso: via-se inteiramente achatado, a sua reputação de engenheiro por terra, o seu nome espatifado nas crônicas dos jornais.
— Para que me fui meter eu nisso, senhores!
Ao chegar aos pousos do sertão, onde os sertanejos vinham recebê-la ao terreiro, para hospedá-lo, as reflexões que lhe acudiam eram interessantes.
— Ora veja, dizia, esses homens me tinham em tão boa conta!
Ao fim de oito dias sentiu saudade da família. Do livro não tinha a mais vaga notícia. Mas via-se servindo de troça nas rodas literárias da rua do Ouvidor, o editor desesperado com a bucha, a mandá-lo para o inferno. Chegou a Taubaté, de volta, empoeirado, à tarde. Depois da chegada do trem do Rio, seguia um expresso para Lorena. Enquanto esperava o expresso, foi comer alguma coisa, no restaurante da estação. Chega o trem do Rio. Uma multidão de passageiros salta e corre para o restaurante. Entre eles um homem alto, barbado, de guarda-pó e um livro debaixo do braço. Euclides tem um sacolejão. Se não se enganava tinha visto Os Sertões, sob o braço do homem. Parece que foi alguma mola que o fez levantar-se. Chegou-se ao tipo, sacudido de emoção:
— O senhor pode deixar-me ver esse livro?
O senhor fitou-o, mediu-o e sério, desconfiado da má vontade, estendeu-lhe mudamente o livro, sem largá-lo. Era Os Sertões.
— Obrigado.
O seu desejo foi atirar-se ao sujeito e abraçá-lo. Mas voltou para a sua mesa e pôs-se a pensar e repensar. O livro estaria fazendo sucesso? Teria sido bem sucedido? Os jornais o que estariam dizendo? E a figura do passageiro de guarda-pó surgia-lhe à imaginação. Aquele sujeito não tinha cara de gostar de ler. Se estava lendo seu livro é porque estava gostando. Quem sabia se aquilo não era apenas ostentação, vaidade de mostrar-se aos outros passageiros do trem como leitor de um livro grosso! Poderia ser! Mas como foi que ele comprou o livro? O volume custava dez mil-réis. Só se dão dez mil-réis por um livro, quando se sabe, ou se ouve dizer, que esse livro é bom. Se aquele homem comprou, é porque ouviu dizer, ou por um amigo ou pelos jornais. Mas podia ser que aquilo fosse um presente. Podia. E o sujeito estaria gostando? Se ele não estivesse, ao saltar do trem para tomar um refresco na estação, deixaria o volume no seu banco. Se o trouxe debaixo do braço era porque o livro lhe era precioso. Mas também podia ser que fizesse aquilo para que não lho roubassem. Mas um livro ninguém se importa que carreguem com ele.
E nesse torturar de espírito, Euclides chegou a Lorena. Esperavam-lhe jornais e cartas. Cartas do editor. Do editor havia duas. Abriu uma por acaso, por felicidade era a segunda. Nessa carta, o editor dizia que estava assombrado com a venda do livro e que em oito dias estava quase esgotado um milheiro; contava-lhe do sucesso, das críticas dos jornais, do barulho que a obra estava fazendo. A outra carta, a primeira, era esmagadora. O editor confessava-se-lhe redondamente arrependido de tê-lo editado, dizia que não havia vendido um único volume e mais: que, sendo cada volume pelo preço de dez mil-réis, mandara oferecer aos “sebos” da rua de São José por cinco e nem um só aceitara.
— Se eu tivesse lido essa carta em primeiro lugar, parece que morreria, conclui Euclides, sorrindo.
É essa a história da obra máxima da nossa literatura. A profunda modéstia de Euclides é orgânica. Com a publicação de Os Sertões, quem mais se espantou foi ele. Nós nos espantamos de ver que a nossa raça já tinha um escritor, que atingira ao mais alto grau da perfeição. Ele se espantou ao saber que esse escritor era ele.
V. C.
sexta-feira, 20 de janeiro de 2023
O BRASIL ESQUECE SEUS FILHOS. VIVA EUCLIDES DA CUNHA!
quinta-feira, 19 de janeiro de 2023
JOSÉ OCTÁVIO DE ARRUDA MELLO: O HISTORIADOR DO BRASIL
José Octávio de Arruda Mello, o 4º dentre 7 filhos do casal Arnaldo e Otília, nasceu no dia 18 de março de 1940 e tornou-se um dos mais dinâmicos e expressivos historiadores do Brasil. É paraibano, de João Pessoa. Publicou cerca de 50 títulos, incluindo textos avulsos. É também jornalista. É doutor e pós-doutor pela Universidade de São Paulo, USP. Num dos seus livros, li:
Historiador de ofício, com doutorado em História pela USP e pós-doutorado pelo IEB/USP, integrante dos IHGB, IHGP, APL, API, Centro Internacional Celso Furtado e Conselho Consultivo da Revista do IHGB. Anistiado político do Movimento de 64, pelo Ministério da Justiça, professor aposentado dos UNIPÊ, UFPB, UEPB. Autor de, entre outros, Nova História da Paraíba – Das origens aos tempos atuais (2019) e autor e organizador de O Movimento de 1964 na Paraíba – Origens, Assalto ao Poder e Repressão (2021).Eu comecei minha carreira de jornalista no jornal O Norte, PB.
A sede desse jornal era na Duque de Caxias, que depois migrou para a Av. Pedro II. Acho que foi por ali que conheci José Octávio, mesma época que conheci José Leal (1891-1976).
Zé Leal foi uma figura incrível. Era quieto, tranquilo. Passos lentos, mas seguros. Fumava muito. De poucas palavras.
Nesta entrevista, que começa hoje e termina semana que vem, O amigo leitor e amiga leitora terão uma pequena amostra da grandeza intelectual desse paraibano, cuja amizade me honra. Aqui ele fala sobre ditadura e democracia. Ressalta o governo de FHC e lembra que Dutra não foi bolinho, não. Para ele, “Ditadura nunca mais!”.
Lá pras tantas José Octávio diz que nestes tempos de pós-tudo, de modernagem e coisa e tal, “Nada substitui a leitura, com base na documentação e a respectiva interpretação”.
Curiosidade: José Octávio de Arruda Mello deve ser o único historiador brasileiro que ainda escreve à mão.
A entrevista:
JOSÉ OCTÁVIO DE ARRUDA MELLO: O HISTORIADOR DO BRASIL
Assis Ângelo — O ano de 2023 está começando. Você como historiador acompanhou e analisou muitas situações políticas no Brasil. O que espera do ano que se inicia sob a batuta do pernambucano Luís Inácio Lula da Silva? O Brasil tem futuro?
José Octávio de Arruda Mello — Considero a situação do Brasil delicada. Porque a direita que se movimenta não é a modernizadora, comprometida com a democracia, mas a de Jair Bolsonaro, golpista e voltada para os quartéis. Como ela se dispõe a criar problemas para a presidência Luís Inácio, caberá a este, assegurando a governabilidade, pacificar o país mediante o primado da democracia, pluralismo e direitos humanos.
Dentro desse quadro, o futuro do Brasil dependerá da hegemonia do seu povo que, como sustentava o saudoso San Thiago Dantas (1911-1964), é sempre maior que suas elites dirigentes.
Assis — Qual foi o momento que o Brasil teve a maior desgovernança, politicamente falando?
José Octávio — Politicamente, há governos brasileiros que não me agradam. Um deles, a presidência Eurico Dutra (1946/51) que acentuou a repressão e liquidou os créditos acumulados durante a guerra. Outro, o General Médici (1969/74), o mais duro dos militares de 1964, responsável por crescimento econômico montado sobre a supressão dos direitos individuais. Em compensação, tivemos administrações federais como as de Getúlio Vargas (1930/45 e 51/54), Juscelino Kubitschek (1946/51) e Fernando Henrique Cardoso (1994/2002), sem dúvida os melhores de todos.
Assis — Dentre os presidentes nordestinos, qual deles foi o pior e o melhor?
José Octávio — A república principiou com dois presidentes nordestinos, os marechais alagoanos Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, sendo este, apesar da virulência, bem melhor que o primeiro, graças às inspirações do ministro paraense Serzedelo Correia (1858-1932). O paraibano Epitácio Pessoa (1919/22) teve altos e baixos e o ministro José Linhares (1856-1957) que como presidente do STF e cearense, exerceu o mandato entre a derrubada de Getúlio e a ascensão de Dutra, nomeou tanto que se motejou: “e os Linhares? – são milhares...” Café Filho (1954/55) era do Rio Grande do Norte e se deixou envolver pelo golpismo da ESG e UDN, enquanto o cearense Castelo Branco (1964/67)
desmontou a democracia populista de 1946. Já o maranhense José Sarney, retomando a democracia, viu-se melhor no plano politico que no econômico-social, ao tempo em que o pernambucano Lula da Silva registrou mais sucesso no primeiro que no segundo mandato.
Assis — Você foi professor de história e de outras matérias. Quais?
José Octávio — Ensinei quase todas as disciplinas da área social, além de História Geral e do Brasil – Geografia, Teoria Política, Sociologia, Literatura Portuguesa e Organização Social e Política do Brasil (O.S.P.B). Na área jurídica lecionei Teoria Geral do Estado, Economia Política, Direito Constitucional e Direito Romano.
Assis — Qual a importância do estudo na formação de um país?
José Octávio — A educação tornou-se fundamental no deslanche de nações como Estados Unidos, Inglaterra, Costa Rica, Austrália, Japão, Alemanha e Coreia do Sul. O Brasil demorou a compreender a questão.
Assis — A partir de quando você passou a se interessar pelo estudo da História? Quais os personagens nordestinos que mais lhe despertaram interesse?
José Octávio — Creio que aos 6 anos, quando agrônomo e colega do meu pai, na Estação de Alagoinha, me passava estampas das principais cidades do mundo. Depois disso, tive professor de História que me ensinou oito anos, desde o Admissão. Eles me induziram a apreciar, no Nordeste, mais fenômenos sociais, como Urbanização, Cangaço e Partidos Políticos, que os personagens.
Assis — Quais os grandes historiadores brasileiros e, dentre eles, qual o que você mais se identifica pelo rigor dos estudos?
José Octávio — Desde pequeno que apreciei os cearenses Capistrano de Abreu (1853-1927) e Barão de Studart (Guilherme Chambly Studart; 1856-1938). Eles lideram sequência continuada por João Ribeiro (1860-1934), Rodolfo Garcia (1873-1949) e principalmente José Honório Rodrigues (1913-1987), em homenagem a quem organizamos grupo de estudos integrados pela esposa, Leda Boechat. Para honra minha, Rodrigues proclamava que eu e o mineiro Francisco Iglésias (1923-1999) pertencíamos a essa constelação.
Assis — Dentre todos os seus livros, qual ou quais você gosta mais?
José Octávio — Meu melhor livro é A Revolução Estatizada – Um Estudo Sobre a Formação do Centralismo em 30 (3 a ed., 2014) em cujas 620 páginas busquei novo entendimento da Revolução de 30. O que, porém, mais aprecio é Da Resistência ao Poder – O (P)MDB na Paraíba (1965/1999), de 2010.
Assis — Quem são os novos talentos da matéria História?
José Octávio — Três mulheres – Mary del Priore, Maria Beatriz Nizza e Miridán Knox Falci. Afinadas com a Nova História, desenvolvem a chamada História do Cotidiano, de raiz antropológica.
Assis — Que contribuição tem o jornalismo na história de um país, democrático ou não?
José Octávio — Como o conhecimento principia pela informação, o Jornalismo revela importante papel na sociedade. Sua função na construção da democracia é indiscutível. Em consonância com isso, alguns dos principais historiadores brasileiros da atualidade são periodistas como Elio Gaspari, que estudou o ciclo militar 1964/78.
Assis — Aparentemente, hoje é mais fácil destrinchar os enigmas e mistérios da história. A Internet tem participação nisso? Qual a importância da Internet na nossa vida cotidiana?
José Octávio — Modernas tecnologias como a internet são fundamentais para o armazenamento da História. Mas é preciso não exagerar. Nada substitui a leitura, com base na documentação e a respectiva interpretação.
Assis — Você é um dos poucos brasileiros que não têm e-mail e não usa a internet para nada. Por que? É melhor escrever à mão do que num teclado de computador?
José Octávio — Não utilizo as modernas tecnologias - e disso não me orgulho – porque sou um pouco desajeitado, já que, quando pequeno, sequer aprendi a andar de bicicleta. Fora daí, considero que a escrita manual me assegura melhor ordenação do pensamento.
Assis — O jornalista Mino Carta, fundador da revista Veja, não escreve à mão. Ele prefere, como poucos, escrever numa máquina de datilografia. Você só escreve à mão e deixa de lado até mesmo a Olivetti?
José Octávio — De uns vinte anos para cá, quando passei a escrever à mão, transferia rigorosamente meus textos para a máquina de datilografia. Quando esta quebrou, dei para recorrer a uma senhora que mimeografa meus trabalhos mediante pagamento.
Assis — Fale um pouco a respeito da sua genealogia?
José Octávio — Como disse Afonso Arinos (1905-1990), genealogia no Brasil termina sempre na senzala ou na sacristia. Eis porque nunca lhe dei bolas. Mas não esqueço meu pai que me recomendou a leitura de Alberto Torres e a mãe que, viúva, formou todos sete filhos.
Assis — Como cidadão e historiador, qual o sonho que ainda alimenta para si e para o Brasil?
José Octávio — Ver a democracia consolidada no Brasil – “ditadura nunca mais” – ajudar na formação do filho Victor Raul e contribuir para redução das gritantes desigualdades sociais de nossos dias.
JORNALISTAS E CIA
Originalmente entrevista com o José Octávio foi publicada em duas partes. A primeira no dia 11 (à pág. 14) e a segunda no dia 18 de janeiro (à pág. 13). Caso tenha curiosidade, clique: PARTE I e PARTE II
terça-feira, 17 de janeiro de 2023
COCO DE EMBOLADA É COISA BOA
segunda-feira, 16 de janeiro de 2023
CÃO-GUIA, CÃO DE PAVLOV
O russo Ivan Pavlov nasceu em 1849, morreu em 1936. A experiência científica que o deixou famoso ele o desenvolveu no universo canino. É uma história curiosa.
Pavlov provou que o cães podem ser treinados para as mais diferentes atividades do cotidiano. Ele chegou a essa conclusão batendo uma sineta que fazia despertar algo nos cães. No caso, o interesse pela comida.
Quem primeiro me falou de Pavlov foi o cantor e compositor Taiguara, pessoa de muita inteligência e sensibilidade.
A vida é cheia de graça e de problemas, também.
Eu nasci no ano da graça de 1952. Contando nos dedos, tenho 70 anos, 2 meses e uns 15 dias. Escolhi como profissão o jornalismo. Antes me engracei pela música e as plásticas. Estudei com Aldo Parisot, João Câmara Filho, Raul Córdula, Celene Sintonônio e outros bambas. Aprendi pouco. O muito que eu aprendi foi bater palmas pra quem tem talento, se é que me entendem.
Passei por muitos jornais, rádios e TVs, entre os quais Folha, Estadão, Rádio Capital e TV Globo. E aí, há quase 10 anos, um descolamento de retina tirou-me dos olhos as cores.
Domingo ontem 15 o colega jornalista Marco Antônio Zanfra andou escrevendo no seu blog impressões pessoais e autoquestionando-se sobre o que faria se perdesse a visão.
É difícil falar a respeito dessa questão.
Hoje consigo falar com certa destreza os problemas que vivi, e ainda vivo, pelo fato de não enxergar com meus olhos. Já não os tenho. Melhor: eu os tenho apenas a enfeitar a minha cara redonda de lua cheia da Paraíba.
Doeu, doeu muito perder a visão. Mas a gente vai levando. Ou a gente segue, ou a gente cai. Na vida há dois caminhos: ou a gente antecipa a morte, ou espera a morte chegar. É assim que é.
Também ontem 15, ouvi um podcast produzido pela Rádio Novelo. O texto, na verdade um áudio, trata de uma jovem que ficou cega. É de São Paulo. Seu nome: Maria Stockler Carvalhosa.
Maria, ela mesma conta, estava em casa quando o telefone tocou e pelo fio veio a voz de uma amiga falando de Café e tal. Café é o nome de um cachorro, treinado como guia. E que ela ganharia como presente.
O depoimento de Maria Stockler Carvalhosa é claro, nítido, que nem a água mais pura de um riacho. Emociona.
Não é fácil um cego conseguir um cão para guiá-lo.
Existem apenas 3 treinadores no Brasil autorizados. Dois deles desenvolvem suas funções no Instituto Magnus.
O Instituto Magnus situa-se no município de Salto de Pirapora, região de Sorocaba, à cerca de 120km da Capital de São Paulo.
Há pelo menos 500 pessoas a espera de um cão para guiá-las.
O treinamento de um cão para um cego dura em torno de 2 anos, e o seu custo chega à R$60.000.
Não, eu nunca estaria pronto para ser guiado por um cão. E nem ele a mim. Tenho necessidade urgente de desenvolver textos jornalísticos e literários. Quero apresentar um programa de rádio ou TV, ou os dois, pra falar a respeito da questão cegueira. Gostaria de transmitir o que tenho aprendido. Gostaria de voltar também a fazer palestras Brasil afora. O Blog, este Blog, continuo fazendo. E fazendo também poemas, músicas. Confira:
LEIA MAIS: ESPECIAL DIA DO JORNALISTA • Depois de ficar cego, Assis Ângelo luta para digitalizar acervo • Assis Ângelo, cego há sete anos, lança cordéis sobre a pandemia • Poeta cego transforma 'Os Lusíadas' em cordel
domingo, 15 de janeiro de 2023
MEUS BOTÕES (58)
"Covarde! Covarde!", entrou na casa gritando com um jornal na mão o caboco Barrica. E acrescentou: "Além de covarde é um feladaputa!".
Olhei o querido botão e perguntei: o que se passa, de quem você está falando?
Biu caiu na risada dizendo: "O mano Barrica, seu Assis, está falando é do ex-presidente Bolsonaro".
Foi aí que me toquei. Ontem à noite ouvi em algum lugar que Bolsonaro anda falando pela boca de seus advogados que é inocente, que é a favor da democracia, que é contra a violência e que não tem nada a ver com o quebra-quebra no ambiente dos três poderes en Brasília no domingo 8 passado. Disse também que sempre atuou na legalidade das quatro linhas.
"O cara é um sem-vergonha, um cara de pau, um trolha que merece ir pra cadeia e de lá nunca mais sair", desabafou alto e bom som Barrica puxando pra si um tamborete.
Mané e Jão entreolharam-se.
Zoião deu uma cutucada em Jão dizendo: "Eu não queria dizer, mas o Barrica está coberto de razão. Esse Bolsonaro é um filho do Cão, um safado que não merece a comida que come. Aliás, ele deveria se realimentar dos próprios excrementos".
Poxa vida, esses meus botões ou querem me por numa enrascada ou querem desencadear uma revolução.
Nem bem eu acabara de dizer o que disse, o pacato Zilidoro levantou-se da cadeira onde até então se achava em silêncio e disse: "Nada não, seu Assis, meus colegas de casa têm razão. O maior atraso de vida que todos nós brasileiros tivemos até aqui foi esse sujeito aí cujo nome não quero nem falar. Ele quebra o País e joga brasileiro contra brasileiro. Depois disso pega o avião do nosso Exército e foge pra se esconder numa cidade dos EUA".
De repente, surpreendentemente, Lampa dá um pulo do tamborete e fica de pé depois de atirar seu estimado punhalzinho na porta, onde fica fincado. Diz, com voz cavernosa: "Eu ainda vou pegar esse cabra!".
Calma, Lampa. O Brasil tem jeito. Lula ganhou. Precisamos estar unidos na reconstrução do nosso país.
"Seu Assis, o Brasil já não aguentava mais o cabra que o Lampa quer pegar. Ele armou, armou e armou contra nós. E armou e continua armando no buraco em se enfiou lá no raio que o parta!", voltou a falar inconformado o irmão de Bill.
Bom, pessoal, hoje 15 faz exatamente uma semana que os aloprados bolsonaristas quebraram o Senado, a Câmara, o Palácio do Planalto e o STF. Tentaram, mas não conseguiram um golpe militar. A Polícia e a Justiça estão cuidando deles. Mesmo assim precisamos estar atentos. Os inimigos são fanáticos.
Todo mundo kevantou-se batendo palmas. Diante de tal manifestação, humildemente agradeci.
sábado, 14 de janeiro de 2023
EU E MEUS BOTÕES (57)
sexta-feira, 13 de janeiro de 2023
RASGAÇÃO DE SEDA
quinta-feira, 12 de janeiro de 2023
EU E ANNINHA: O PAPO É FEIJOADA
quarta-feira, 11 de janeiro de 2023
HÁ 100 ANOS CALHEIROS INICIAVA CARREIRA NO RÁDIO
terça-feira, 10 de janeiro de 2023
BRASIL: O CANTO POPULAR COMEÇA COM MÁRIO PINHEIRO
segunda-feira, 9 de janeiro de 2023
CANA BRABA PRA QUEM NÃO PRESTA
Nunca, em tempo algum, um magote de aloprados saiu às ruas armados de pedaço de pau e ferro, decidido a por abaixo a Capital do Brasil, Brasília. Um horror!
O que se viu domingo 8 em Brasília foi um ensaio malamanhado de uma hora do fim do mundo. Muito quebra-quebra, correria, gritos e covardia. Eram aloprados em estado de selvageria destruindo tudo em nome do seu guru, Bolsonaro.
Da dor e da maldade
Inimigo do bem comum
Avesso à fraternidade
Bolsonaro prende muito
Mas não prende a liberdade
Repórter cobre tudo
Cobre guerra e eleição
Operação tapa-buraco
Virada de caminhão
Discurso de papagaio
Assalto e corrupção
Nunca fura a pauta
E faz tudo sempre legal
Está em todo canto
Num parque, num hospital
Num trem, num bar, num barco
Como se fosse normal