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sexta-feira, 21 de julho de 2023

EU E MEUS BOTÕES (65)

"Seu Assis! O Sr. conheceu o cantor americano Tony Bennett?", perguntou num pulo o botão Barrica lendo notícia no seu celular. 
Eu disse que não conheci pessoalmente o Bennett, mas gostava do jeito dele cantar suas baladas românticas. Gravou muitos discos, muitas músicas. Estava com 96 anos de idade. Aniversariaria no próximo dia 3 de agosto. Estava com Alzheimer e a última vez que se apresentou foi em 2022 ao lado de Lady Gaga...
"Poxa! Não conheceu o Tony Bennett, mas sabe de toda sua história", surpreendeu-se Barrica enquanto o irmão Biu perguntava: "E ele gravou alguma música de compositor brasileiro?".
Notei que Biu se enroscou um pouco com essa pergunta, que passou pra mim. Eu disse: Sim, o Tony Bennett gravou vários autores brasileiros como Dorival Caymmi, Mário Albanese e Milton Nascimento.
"Seu Assis esse Albanese aí é o criador do ritmo musical Jequibau?", perguntou Zilidoro.
Sim, eu disse. Agora é o seguinte: eu acho que Nelson Rodrigues acertou na mosca quando disse que nós, brasileiros, sofremos de "complexo de vira-lata". Ele quis dizer, certamente, que estamos sempre abaixo das qualidades dos estrangeiros. Quando ocorre a morte de um americano, o que ocorreu hoje com Tony Bennett, ficamos imediatamente consternados, emocionados, lamentando. Foi assim com Sinatra e com todos os outros nomes da terra do Tio Sam.
"É verdade, o Sr. tem razão. Que eu saiba só dois grandes artistas da nossa música popular receberam as homenagens merecidas quando morreram: o rei da voz Chico Alves e o rei do baião Luiz Gonzaga", lembrou ainda Zilidoro.
Concordei com o que o poeta disse. Não nos consternamos, não ligamos muito para os nossos artistas mortos. É histórico. Pena.
Lampa, que a tudo observava e ouvia atentamente, pôs o bedelho: "Quando o rei do Cangaço, Lampião, morreu o mundo todo ficou sabendo".
"Esse Lampa só diz besteira!", interrompeu Zoião.
"Quem diz besteira é a tua vó, cabra dos infernos!", atirou Lampa. E Zoião: "Quem diz besteira é tu e a tua vó, e não a minha!".
Para, para, para, pessoal! Assim, não! Vamos manter a linha, a calma. "Isso mesmo! Isso mesmo!", emendaram em uníssono, como se tivessem ensaiado, os discretos Zé e Mané.
Em tom provocativo, mas numa boa, rindo, Zilidoro perguntou enquanto ligava o seu laptop: "Seu Assis, posso botar o Tony Bennett cantando Travessia, de Milton Nascimento e Fernando Brant?".
Ao mesmo tempo que perguntava se podia ou não podia tocar Tony Bennett, apertou o play da música:

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