O mineiro Pena Branca, de batismo José Ramiro Sobrinho, partiu ontem à noite para se encontrar com o irmão Ranulfo, no céu. Tinha 70 anos.
Em 1994, num dos discos da série Som da Terra que ajudei a fazer, no encarte escrevi:
“Depois de Cornélio Pires e sua turma, que representaram com categoria incomum a primeira geração de artistas sertanejos ou caipiras de verdade, e da segunda (geração) que foi encabeçada por gente do naipe de Tião Carreiro e Pardinho, por exemplo, fora alguns mais já citados nesta série memorial, poucos são, hoje, os artistas e fábricas de discos que se dispõem, de fato, a fazer e a divulgar esse velho, belo e judiado gênero musical”.
Mais:
“Mas nem tudo está perdido, pois por aí andam a incansável Inezita Barroso; o doce Zé Coco do Riachão, o instigante Rolando Boldrin sempre recusando modismos e construindo aos poucos uma obra monumental; Renato Andrade, com sua viola mágica... Enfim, o time é bom, mas precisa de reservas que, por sorte, vão surgindo aqui e ali”.
E aí eu falava da sensibilidade e da arte de Pena Branca e Xavantinho, que “são ótimos”; e os recomendava ao criador:
“Que Deus os mantenha assim”.
O disco trazia 14 faixas, entre elas os clássicos Cuitelinho, O Cio da Terra, Vaca Estrela e Boi Fubá, Penas do Tié e Cálix Bento.
Tornou-se raridade esse disco, mas diz sábio ditado: "Quem procura, acha".
Conheci a dupla num programa especial de fim de ano do qual participei, na TV Gazeta, num ano qualquer do século passado.
Depois nos vimos e nos falamos muitas vezes.
A última vez que vi e troquei um dedo de prosa com Pena foi num corredor da Rádio Record, poucos antes de gravar uma entrevista, junto com os Demônios da Garoa, no começo da segunda quinzena de dezembro de 2008.
É isso.
A foto que ilustra este texto foi feita e enviada pelo amigo e chefe de jornalismo da Rádio Record Anderson França, ao lado de quem apareço junto com Pena e Cesar de Holanda, também da Record.
Com o encantamento de Pena Branca, a música caipira só perde.
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terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
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