O compositor e instrumentista paulistano Mário Albanese estará amanhã, quinta, 23, no Sesc Santana.
Estaremos juntos no espaço denominado Arena, o centro da instalação Roteiro Musical da Cidade de São Paulo, que desde o dia 24 do mês passado tem recebido muitos milhares de visitantes.
Mário Albanese nasceu no último sábado de 1931, no bairro do Paraíso.
Filho de um alfaiate de nome Biagio e de uma professora, Clara Albanese; e neto de um mestre da música de São Paulo, Domingos Petrillo, pianista, violinista e bandolinista, Mário iniciou a carreira de artista antes mesmo de se formar no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, em 1949.
Sua atuação musical na vida paulistana foi intensa, até pelo menos os anos de 1980.
Gravou seu primeiro disco (Apresentando Mário Albanese) para o selo Ricordi: um compacto duplo (capa reproduzida aí acima), em 1956.
Também pianista e maestro, Mário Albanese criou junto com o gaúcho Ciro Pereira um tipo de música a que deu o nome de Jequibau, neologismo para uma batida especial lançada mundialmente no dia 13 de agosto de 1965. Essa batida se encaixa com perfeição no compasso 5/4, isto é: numa escala rítmica que resulta num quinário de pulsação nativa e própria.
A raiz do Jequibau se acha no campo do folclore, de onde foi extraída uma célula para gerá-lo.
Sua obra tem sido gravada por inúmeros intérpretes de reconhecidos valor no Brasil e no Exterior, desde Agostinho dos Santos a Altemar Dutra, passando por Isaura Garcia, Inezita Barroso, Carmélia Alves, Eliana Pittman, Leny Eversong, Tito Madi, Hermeto Pascoal, Pery Ribeiro, Jair Rodrigues, Moacir Franco e os grupos Zimbo Trio e Titulares do Ritmo.
No Exterior, Mário foi gravado, entre outros, por Charlie Byrd, Andy Williams, Percy Faith, Vick Karr, Sarah Cheretien, Normann Luboff, Sadao Watanabe e Al Caiola, nos Estados Unidos, Holanda, Japão etc.
Na Discografia Brasileira ele aparece com dois discos gravados no modo 78 RPM.
O primeiro foi feito com seu Conjunto em 1959 (Odeon) e segundo ao piano, em 1962 (Chantecler).
Com o poeta Geraldo Vidigal, da geração saída dos 40, Mário Albanese compôs Canção da Avenida Paulista; e com Sylvio Tancredi, especialmente para os festejos do 4º centenário da cidade, o samba-exaltação São Paulo Coração da Minha Terra, gravado pelo cantor Osvaldo Ribeiro em 1955.
De Martins Fontes Mário musicou o poema Ser Paulista.
Sim, para não esquecer: a cada dia 2 de agosto, em São Paulo é comemorado o Dia do Jequibau.
Esse dia foi criado e aprovado pela Câmara Municipal da cidade.
Formado em Direito pela tradicional Faculdade de São Francisco, Mário Albanese é membro da Academia Internacional de Música e do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo.
Junto com Jorge Melo é considerado um dos maiores especialistas em direitos autorais do Brasil.
Detalhe: a sua importância na música brasileira é enorme, embora o chamado grande público não o aplauda como deveria, por desconhecê-lo - naturalmente. Mas isso é compreensível, pois, infelizmente, a sua obra hoje não é tocada nem no rádio e nem na televisão, tampouco aparece nos jornais e revistas.
Nem as grandes salas de espetáculos, como o Municipal, lhe abrem as portas.
Uma pena para os bons ouvidos.
O Jequibau surgiu em 1965 e não em 1958...
Flores em vida!
Viva Mário Albanese!