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domingo, 6 de abril de 2025

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (176)

 O som da rabeca continua chegando até nós. 


Como se tivessem ensaiado, os artistas presentes acorreram em direção ao som. E lá estava Bibiu tocando uma rabequinha que que aprendeu com Deus. Num piscar d'olhos, Cajú e Castanha sacam os pandeiros e mandam ver. O mesmo fazem os violeiros e tudo vira uma festa.

Lá do fundo ouve-se a voz do Nêumanne chamando a atenção para a chegada do compositor e maestro Júlio Medaglia, trazendo consigo o amigo e também maestro Marcos Arakaki. Alto e bom som todos batem palmas e gritam em uníssono: 

— Viva o maestro! Viva o maestro!

Julio sorri, agradecendo.

Não estava combinado, mas o maestro trouxe um violino pra tocar.

Perguntam-me: 

— Seu Olégna, o maestro vai tocar o quê??

É João Cabeleira perguntando um tanto tímido. Acho graça na pergunta e sugiro que a dirija ao maestro, que se adianta:

— Estou a disposição de vocês!

Zé da Luz volta a me provocar. Insiste na questão se vou ou não aceitar o seu desafio.

Antes que eu respondesse a Zé da Luz,  Zé da Bia pergunta quem são os estrangeiros que vêm à fazenda. De improviso respondo sem viola, sem nada:


Esse tal Marquês de Sade

Nunca foi brinquedo não 

Cabraxo do sadismo 

Filho da praga, pai do cão 

Veio à Terra pra fazer 

Do prazer aberração!


Pietro era devasso 

Mulherengo, tarado

Mulheres o chamavam

De amor, meu namorado

Enfim a vida é fácil 

Pra quem é bem criado


Rétif de La Bretonne 

Sempre foi um bom autor 

Escreveu diversos livros

Com histórias de amor

No campo filosófico 

Foi um grande pensador 


De repente alguém levanta a mão. É Joyce perguntando sobre Casanova. De improviso, respondo:


Não era do barulho 

Ele era do baralho

Amava vida boa 

E odiava o trabalho 

Pra ele as mulheres 

Foram sempre do caralho!



Depois das palmas, de novo ouço Zé pedindo desafio. Em uníssono, todos fazem a pergunta:

— E aí, vai ou não vai?

Foi então que pedi uma viola.

Zé da Luz abriu um sorrisão na cara, também batendo palmas. Pigarreou e perguntou se não tinha uma caninha na casa pra molhar o bico.

De bate pronto, quase num passe de mágica, surgiu nas mãos de Zé um copo esborrotando que rapidamente emborcou goela abaixo. Feito isso, pegou a viola e começou a dedilhá-la e a cantar: 


Era veneziano 

O mais famoso sedutor 

Nascido para ser padre 

Desistiu foi professor 

Pra com calma ensinar 

Os caminhos do amor 


Eu:


Foi um aventureiro 

Diferente dos demais 

Não pensava duas vezes 

Pra quebrar regras legais 

Pra ele certas coisas 

Eram muito naturais 


Zé da Luz:


A mãe era uma atriz 

E o pai um bom ator 

O casal teve seis filhos 

Entre eles um pintor 

Que fixou em tela 

O mano galanteador 


Eu:


Era um cara simples 

Bonito e elegante 

Andava bem vestido 

Com firmeza, confiante 

Chamava a atenção 

Por ser também galante 


Zé da Luz:


Varão, forte e viril 

— E bem dotado também!

Andou por todo canto 

Num eterno vai e vem 

Verdade seja dita 

Nunca dormiu sem ninguém 


Eu:


Casanova era fã 

De Pietro Aretino 

Um poeta sem vergonha 

Devasso e cretino 

Diziam inimigos 

Do ousado libertino 


Zé da Luz:


Mas ele não ligava 

Pois tempo não perdia 

Gostava de bom vinho 

De mulher e putaria 

Quando queria chamava 

O Deus Baco pra orgia 


Eu:


Por um rabo de saia 

Tudo fazia num piscar 

Leão caçava a pau 

E onça fazia miar 

Do céu tirava o sol 

Somente pra se mostrar 


Zé da Luz:


Casanova foi um cara 

Que gostava de pecar 

E pecava todo dia 

Sem poder se controlar 

Sua fama ele fez 

Pra na história ficar 


Eu:


No seu tempo fez de tudo 

Com beleza, alegria 

Seu prazer era o prazer 

Que dava e recebia 

Casanova fez de tudo 

Com mulher o que queria 


Sob uma chuva de palmas, Zé da Luz e eu chamamos Sebastião Marinho e Oliveira de Panelas para darem continuação à prosa poética improvisada ao som de violas.


Marinho:


Um amante completo 

No rigor da perfeição 

Casanova sempre foi 

Um mestre da sedução 

Pra ele toda mulher 

Era benção da Criação 


Oliveira:


Esse cara fez de tudo 

Inda mais até faria 

Pra um dia ser lembrado 

Pelas coisas que sabia 

No seu mundo aprendeu 

A viver com ousadia 


Marinho:


Casanova nunca teve 

Nem limite nem noção 

Por uma mulher gostosa 

Agarrava até o Cão 

O inferno todos sabem 

É o mundo da perdição 


Oliveira:


Pode ser pode não ser 

Verdade o que contou 

Mas ele contava bem 

As batalhas que travou 

Sua luta era na cama 

Com as mulheres que amou 


Marinho:


Nesse mundo ele passou 

Amando e sendo amado 

Pra onde quer que fosse 

Era sempre desejado 

As mulheres viam nele 

Um macho apaixonado 


Oliveira:


Casanova não fumava 

Casanova não bebia 

Casanova tinha medo 

De brochar em plena orgia 

Por isso se cuidava 

Pra fazer o que fazia 


Marinho:


O cara no entanto 

Não era brinquedo, não 

Estava sempre pronto 

Pra entrar em ação 

Mulher ele chamava 

Para chamegar no chão 


Oliveira:


Viver é coisa boa 

Mas é bom ter cuidado 

Quem anda sem destino 

Pode pegar trem errado 

Um trem de pés pra cima

É um trem descarrilado


Marinho:


Pacato de bom papo 

Detestava confusão 

De briga ele fugia 

Sem nem topar discussão 

Porém um dia foi preso 

E atirado na prisão 


Oliveira:


Fora vítima de quem?

E qual a acusação?

Quem seria seu carrasco

Alguém da Inquisição?

Ou um maluco qualquer

Sem rumo, sem direção?


Marinho:


Agora o que fazer 

Ali encarcerado 

Que nem um preso qualquer 

Depois de condenado?

Fugir, tinha de fugir 

Pra não ser crucificado 


Oliveira:


Pra isso fez um plano 

Pra lá de bem bolado 

Furar uma parede 

Subir lá no telhado 

E pronto! Estava livre 

Que nem um ser alado 


Marinho:


Muita coisa ele fez 

Até mesmo por compulsão 

Estudou e aprendeu 

A arte da tradução 

Não à toa encantou-se 

Com Homero e Platão 


Oliveira:


Teve tempo pra ouvir 

Muito tempo para ler 

Escutando aprendeu 

A cultura do saber 

Seguindo essa trilha 

Completou-se no prazer 


Marinho:


Traduziu Ilíada 

Para italianos 

Livro trata da guerra 

Entre gregos e troianos 

Que começou com um rapto 

E durou mais de dez anos 


Oliveira:


Aprendeu tudo que quis 

No belo campo da cultura 

Leu Dante, Camões e Sade 

Mestres da literatura 

Porém ele aprendeu 

A viver com pica dura


Marinho:


Tinha sorte no amor 

E no jogo tinha azar 

Não sabendo o que fazer 

Ajoelhou-se pra rezar 

Seu destino era perder 

Muitíssimo antes de ganhar 


Oliveira:


Morreu longe de casa

Esquecido sem ninguém 

Distante das mulheres 

E dos seus filhos também 

No jogo perdeu tudo 

Um por um cada vintém 


Zé da Luz:


Atenção chegou agora 

Direto de São Salvador 

Gregório de Matos e Guerra

Inspirado cantador 

Que hoje já é lenda 

Como grande pegador!

sábado, 5 de abril de 2025

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (175)


Pois é, tudo bem. Gosto daqui, deste lugar, onde nasci, brinquei, cresci, virei gente, casei, tive filhos e depois de algumas tempestades e sutis terremotos, enviuvei.

Como os pássaros, os filhos foram em busca dos seus caminhos. Isso faz tempo, embora não me lembre de quanto tempo. 

O tempo é intangível, impegável, impalpável, sem cor. Às vezes engrossa e toma jeito de tornado, tempestade, furacão e tudo mais. O vento é violento quando quer, quando não quer é um doce: suave, cheiroso que nem o perfume de todas as flores juntas.

A propósito, em tempos outros eu cheguei a fazer uns versos atemporais. Diziam:

 

O vento sou eu

O vento sois vós

Sem o vento ventando

O que será de nós?...


Eu gosto deste lugar, daqui onde estou a contemplar o bailado mágico das plantas e dos galhos com suas verdes folhas que o vento tanto gosta de soprar.

Sim, eu gosto mesmo deste lugar.

Eu gosto de ouvir o trinado dos passarinhos em bando ali pelo meio da tarde.

O bem-te-vi me faz um bem enorme! E no tempo de chuva, ou de chuva a cair, me vejo em êxtase ouvindo o canto da acauã. 

A mim sempre doeu ouvir o bater da asa branca fugindo por prever tempos de seca. É o primeiro pássaro que faz isso. 

O lugar cá onde estou parece mais o Paraíso. 

Areia é o nome da cidade onde hora me acho e escolhi para viver a minha eternidade.

Essa terra faz parte dos oito municípios do Brejo paraibano. 

Do Brejo paraibano faz parte a cidade onde nasceu o popular Jackson do Pandeiro: Alagoa Grande. 

Desse brejo também fazem parte Pilões, que conheci no meu tempo de menino; Bananeiras e Serraria. 

Serraria, pegada com Bananeiras, é uma bela cidadezinha de porte gracioso pronta para encantar quem a visita. Parece mágica. Foi nessa cidade, onde o vento é sempre brisa e cheiroso como o perfume das melhores pétalas, que nasceu o cantor Roberto Luna.

Não é todo mundo que tem o privilégio de viver aqui. 

Aqui em Areia eu nasci e voei para o mundo pra depois voltar. 

É uma fazendinha de nome Ninho de Pássaros. Tem sei lá quantos hectares!

Aqui em Ninho de Pássaros tem de um tudo. Exemplo? 

Além dos pássaros que voam em bando enchendo o céu de cantos, no chão tem bichos que andam. 

A menina Bibiu brinca sem nunca se cansar com coelhinhos e passarinhos. 

Bibiu também adora brincar com tartarugas e corujas. Parece encantar tudo com os seus olhos de fantasia. 

É uma delícia ver Bibiu hipnotizando a corujinha Bastiana.

E como descrever Bibiu ensinando a tartaruga Xiroca a andar apressada, hein?

E o que dizer de Bibiu correndo e tangendo passarinhos que insistem em brincar com ela?

Bom, Areia, com seus 30 mil habitantes, é uma terra de deuses. 

A história dessa cidade é uma história comprida. 

Antes de virar município, num ano qualquer do século 19, Areia recebeu esse nome por causa de um riachinho estreito, de águas cristalinas, do tamanho de nada e muito do bonitinho com peixinhos miudinhos dando-lhe vida. Eu sei tudo dessa terra.

Corria o ano de 1625, quando a região começou a ganhar casas e virou povoado.

À época a região era habitada por indígenas da etnia Bruxaxás.

De repente fui interrompido por Margarete, dona Margarete, trazendo nas mãos um telefone. Ela disse, pedindo milhões de desculpas:

— Seu Olégna, é uma ligação internacional. 

De fato, do outro lado da linha vinha uma voz feminina doce e firme. Era Flor Maria dizendo que se achava em Veneza, Itália, a caminho da Alemanha e da Suíça. Gostei do que ela disse. 

Eu estava mesmo aonde?

Atentos a minha volta estavam Zé Perrepe, Zé da Luz e Zé de Bia, sem a Bia.

Eu nem precisei terminar a frase quando Zé Perrepe disse logo: 

— O Sr. estava falando a respeito do povoado que virou Areia.

Ouvi palmas ante a fala de Zé Perrepe. 

Eram palmas que vinham dos amigos Onaldo, Ribbas, Klévisson, Rômulo, Maurício, Marcelo, Peter, Betão, Osvaldo Mendes, Faustino, Celso Sávio, Valmir Salaro, Zé Nêumanne, Chico Anísio, Joyce, Irene, Fatel, Cilene, Silvia, Júlia, Madalena, Rebeca, Júnia, Cristina, Marília, Célia, Anna e a violeira Mocinha de Passira, que vieram até aqui sob o pretexto de me parabenizar pelos meus supostos… sei lá quantos anos!

Pense numa risada estrondosa, bombástica! Era o cantador Oliveira de Panelas trazendo a tiracolo Jarbas Mariz, Sebastião Marinho, Ivanildo Vila-Nova, Geraldo Amâncio, Mário de Andrade, João Cabeleira, Téo Azevedo, Wilson Baroncelli, Manoel Dorneles, Jorge Araújo, Eduardo Ribeiro, Audálio Dantas, os irmãos Paulo e Jean Garfunkel, Paulo Caruso, Jessier Quirino, Zé Hamilton, Marcos Zanfra, Wilson Seraine, Carlos Silvio, Leonel Prata, Loyola Brandão, os emboladores Cajú e Castanha e o todo prosa Fausto Bergocce. Um timaço.

Bom, como eu ia dizendo: em 1625 o que hoje é Areia era um pequeno povoado do tamanho de quase nada, porém lindo que só! Enfim, devo dizer que Areia é uma terra legendária. Aqui nasceram o pintor Pedro Américo, autor do famoso quadro O Grito do Ipiranga e o escritor e político José Américo de Almeida, que chegou a ser governador da Paraíba e ministro do governo Vargas. Fora isso e mais importante, foi o autor do marcante romance A Bagaceira. 

No correr dos anos, Areia gerou filhos corajosos e brilhantes. Muitos deles participaram da Revolução Pernambucana (1817), da Confederação do Equador (1824) e da Revolução Praieira (1848). 

Foi em Areia que se travou a batalha derradeira da Praieira em 1849. 

— Muito bem, muito bem seu Olégna Cameron!

Era o historiador José Octávio chegando e batendo palmas com aquele sorrisão e jeitão só dele.

Não custa dizer pra quem não sabe que esse Zé Octávio é o mais reverenciado historiador do Nordeste e por que não dizer do Brasil.

É bom que se diga que estamos num amplo espaço pontilhado de plantas e árvores frutíferas. 

É bom que se diga também que estamos aqui na fazenda degustando um bom feijão verde com carne de panela e um churrasquinho dando sopa, enquanto molhamos o bico com uma cachacinha de nome Volúpia. Hmmmm… Essa cachacinha dela quem me falou foi Jarbas Mariz.

Dessa cachacinha boa para o gogó quem também me falou foi o poeta e juiz de Direito Onaldo Queiroga.

Lá dentro as mulheres estão preparando cuscuz, macaxeira, inhame, um baiãozinho de dois pra três, pra quatro, pra cinco…  e tapioca de todo tipo. Como sobremesa tem caju, jaca, manga, laranja, banana, melancia, mamão e até fruta-pão. 

Pois é, fruta aqui dá o tempo todo.

E ia me esquecendo: também tem mel e rapadura a granel diretamente de nosso engenho.

Da igrejinha perto daqui o sino está dando conta da hora: treze.

O dia de hoje é sábado. 

O céu de brigadeiro, lindo, mostra o sol mandando faíscas. 

O vento faz uso da sua força e beleza para balançar os galhos e folhas das árvores muitas centenárias.

Em dado momento sai de algum lugar um som de rabeca.

Outra vez, chega até mim a prestativa Margarete. Diz que acabara de falar ao telefone com Flor Maria. Perguntei: e daí?

Margarete sempre atenciosa, contou que Flor Maria tinha convencido  os escritores a estarem aqui  logo, logo e que ela mesma já está de volta ao Brasil. 

Essa Flor Maria não é brinquedo, não!

Zé da Luz pergunta: 

— Quem é Flor Maria?

Eu digo a Zé da Luz e a todos que queiram ouvir: Flor Maria é a coordenadora de pesquisa do Instituto Memória Brasil. Uma fotógrafa e tanto, com canudo outorgado por Harvard. É a melhor que há.

— Ela foi fazer o que lá na Europa?

É o cantador Oliveira de Panelas, com aquele vozeirão de trovão intergaláctico, curioso perguntando o que perguntou.

Matando a curiosidade do cantador, eu disse que Flor está acompanhada de assistentes com a missão de combinar uma entrevista reunindo Pietro Aretino, Sade, Rétif de La Bretonne e, principalmente, Giacomo Girolamo Casanova. 

— Poxa vida! Verdade!?

— Isso mesmo, pessoal. A ideia é mostrar a vida desses namoradores que fizeram história e ainda dão muito o que falar.

— Muito bom! Muito bom!

Zé da Luz: 

— Eu já ouvi falar desse tal de Casanova. Seu Assis, com todo respeito, eu lhe desafio para um embate ao som de viola com a temática Ca-sa-no-va. Topa?

— Fazer o quê, hein?

O multitudo Luiz Wilson levanta a mão pedindo pra falar. Mais do que isso: declamar de improviso uns versos sobre o famoso garanhão de Veneza que já rendeu até filme de Fellini:


Das histórias de amor

Do passado, se comprova

Cito o galanteador 

Aqui nesta minha trova

Que por ser namorador 

Transformou-se em sedutor

O famoso Casanova!


Boêmio na sua época 

E grande conquistador

Se Inspirou no poeta

Pra's mulheres foi terror

Para trazer à Memória 

Pesquise a sua história 

Casanova o sedutor!


Ao fim da fala cantada Wilson sorrindo fez gesto de agradecimento pelas palmas a ele dirigidas. 

É a vez do poeta Klévisson Viana pedir pra dizer uns versos citando o Casanova. Ele faz uma comparação…


A vida de um sedutor

Nunca foi vida vadia

É um serviço pesado

Mata-se um leão por dia

Venha conhecer o Don

Juan da Periferia


A sua alcunha é Francisco

Filismino das Donzelas

Já nasceu predestinado

Pra ser amado por elas

Chico Tripa para os íntimos

Por ter pernas magricelas


Don Juan, ou Casanova

Perto de Tripa era brocha

O elemento é do tipo

Iludidor de cabrocha

Que só olhando pro rastro

Acendia a sua tocha


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