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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

O PRÓXIMO BATE-PAPO É COM MÁRIO ALBANESE

Mais uma vez a noite de ontem rendeu prazer e alegria para poucos privilegiados que compareceram à arena da instalação Roteiro Musical da Cidade de São Paulo sob minha curadoria no Sesc Santana, para ouvir a boa prosa entre gerações diferentes da arte da música popular: Fabiana Cozza e Elzo Augusto (ao lado, num clic da produtora cultural Andrea Lago). Fabiana, da primeira metade dos anos de 1970, é uma paulistana do bairro da Pompéia criada na agitação de Vila Madalena.
Ela respira música desde sempre.
Elzo, por sua vez, é paulista de Jaboticabal nascido sob o signo da Revolução de 30 e adotado por Sampa desde a idade de 4 anos.
Ambos são tipos incríveis que a vida solta ao mundo e a gente um dia tem a sorte de encontrar.
A marca de Elzo é o bom humor, junto com simplicidade e talento.
Nosso bate-papo começou no horário marcado: 20 horas, e se prolongou por cerca de 90 minutos.
Intérprete que se preparou cuidadosamente para a arte que abraçou, Fabiana Cozza disse que a sua primeira profissão foi de jornalista, com “canudinho” conquistado a duras penas na USP. Depois, acrescentou, “estudei canto, teatro e dança”.
E a partir daí, óbvio, caiu na vida de artista para encantar a todos.
Elzo é da velha guarda musical, que inclui ritmos e gêneros diversos.
Tem centenas de músicas gravadas, até um tango pelo maestro Erlon Chaves.
Composições musicais ele começou a fazer bem cedo, na adolescência.
Tinha uns 26, 27 anos quando o grupo Demônios da Garoa gravou pelo selo Trovador suas primeiras obras: o samba Falou de Mim, resultante de parceria com Antonio Lopes; e Lá Vem o Pato, marchinha feita com Jairo Boscolo.
Mas essas gravações ficaram por isso mesmo, até porque Trovador era um selo independente tocado adiante, sem muitos recursos, pelo compositor bissexto Wilson Sales.
Em suma: como hoje em dia, Elzo começou pagando para ser gravado.
Aliás, esse processo de toma lá dá cá começou no Brasil em 1929, com o tieteense Cornélio Pires arcando com os custos da gravação dos 52 discos lançados pela extinta Columbia.
Muita gente boa começou assim, em selos independentes desde o tempo dos velhos 78 RPM.
Entre esses selos, extintos, é de se lembrar Astor, Alvorada, Audio-Fidelity, Brasiluso, Caravelle, Corcovado, Discobrás, Eco, Imperial, Lira, Mariposa, Ouvidor, Régis, Ritmos, RMS, Som Brasil, Universal etc.
Vocês se lembram do samba A Saudade Que ficou (O Lencinho), gravado por Luiz Ayrão num LP Odeon, em 1979, que começa assim:

Aquele lencinho que você deixou
É um pedacinho da saudade que ficou...

Pois é, é de Elzo augusto em parceria com Joãozinho da Rocinha.
Amanhã tem mais.

MÁRIO ALBANESE
O compositor e instrumentista Mário albanese é o nosso próximo convidado para uma prosa no espaço Convivência II do Sesc Santana. Isso correrá semana que vem, dia 23.   


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