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segunda-feira, 22 de junho de 2015

EU VI, O INVERNO CHEGOU ONTEM

O inverno chegou ontem 21, no começo da tarde. Era fato esperado, marcado, previsto como as demais estações e todos os trens programados em todas as linhas, daqui e dacolá.
O que não chega com data marcada é chamado de imprevisto, o que chega derrepentemente. Exemplo? O sumiço da luz dos meus olhos: fui dormir outro dia, acordei e tudo continua noite.
Isso é um imprevisto.
Informam-me que cerca de 80% da população do mundo sofre de algum tipo de deficiência visual. Você, por exemplo, que usa óculos de grau é deficiente.
Mas nada é demais nesta vida, nem o fim do mundo.
Perder a luz dos próprios olhos não é o fim do mundo, não é mesmo?
Então, aí vai um texto poético, construído no modo sextilha. Esse modo é construído em estrofes de seis versos de sete a onze sílabas. Pois bem, é assim:

Eu vejo além da vista
Pelo sinal do não ou do sim
É tudo muito fácil!
Não tem o bom e o ruim?
Basta apenas escolher
Eu mesmo digo assim:

Vejo com os teus olhos
E caminho com os meus pés
É teu o meu pensamento
Eu sou quase quem tu és
Neste mundo meio torto
De Marias, Joões e Josés

Os teus olhos me trazem
Imagens da natureza
O movimento das águas
No fluir da correnteza
O voar dos passarinhos
E de Deus toda a grandeza


Os teus olhos são para mim
Uma estrada iluminada
Num horizonte sem fim
Toda de pérolas cravejada
Mas sem teus olhos, meu Deus!
O tudo seria nada

Sem teus olhos eu não veria
Rumos na escuridão
Esperança no porvir
Ao cantar uma canção
Sem os teus olhos eu não veria
A vida à luz da emoção

Eu não veria também
Um Pererê por aí pulando
Um boto caçando moça
E em noite muito escura
Vagalumes te alumiando

Não veria um arco-íris
No céu estrelas brilhando
A terra botando flores
No parque crianças brincando
E cenas engraçadas como
Um gago bêbado cantando

Em resumo: eu não veria
Rumos na escuridão
Esperança no porvir
Ao cantar uma canção
Teus olhos são como o quê
O bater do meu coração







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