"Outro dia eu fui atropelada por uma viatura policial. Umas pessoas que passavam na ocasião pelo local me levaram à Santa Casa de Misericórdia. Agora, em consequência do acidente, estou usando um pedaço de platina nos joelhos" - Maria Reis Bento da Silva.
É ela que aliando à luz
Do olhar protervo o indumento
Vilissimo do servo ao brilho
Da augustal "toga pretexta"
Sente alta noite em
Contorções sombrias
Na vacuidade das entranhas frias
O esgotamento intrínseco da besta!
("A Meretriz", Augusto dos Anjos)
A Secretaria da Segurança Pública e a Delegacia Geral de Polícia de São Paulo não sabem informar o
Hiroito |
Há muitos anos, elas viviam numa espécie de confinamento, no bairro do Bom Retiro. Mas, lembra um dos antigos “reis” da Boca do Lixo, Hiroito Joanides (autor de "Boca do Lixo”), hoje, na medida do possível, um cidadão de respeito, "empurradas pela repressão policial, as prostitutas foram subindo as avenidas principais, no sentido cidade- bairro. Desde a praça Júlio Mesquita estendeu-se a prostituição pela av. São João acima, até alcançar e subir pela Av. Angélica. No fim desta, ramificou-se parte dela dobrando à direita, seguindo o curso da Av. Dr. Arnaldo, enquanto a outra parte, que dobrara à esquerda, seguira pela av. Paulista. Uma terceira ramificação ainda metia-se pela Av. Rebouças, passando desta para a av. Brasil, República do Líbano e parque do Ibirapuera. Uma outra corrente que desde a praça Júlio Mesquita descera a av. São João rumo ao centro da cidade, se estenderia à praça do Correio, não sem antes bifurcar- se na av. Ipiranga, por onde seguiria até a rua da Consolação e, por esta, até a av. Paulista. Era esse o cenário da prostituição em São Paulo, já no ano de 1970".
(CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃO…)
Foto e reproduções de Flor Maria e Anna da Hora