Assis Ângelo e Papete num dedo de prosa |
O
dia amanheceu frio, feio e triste. E eu também amanheci assim: Frio, feio e
triste.
A
razão disso?
Terça
feira passada eu e Ivone falamos muito sobre Papete. Ela lembrava de um prato
especial que o Papete lhe pedira meses atrás pouco antes de ser levado por
Gisele para uma “temporada” no Hospital Oswaldo Cruz. Esse prato era uma
dobradinha com costelinha e fava verde.
Ontem
telefonei para Gisele com o intuito de saber como Papete andava de saúde. O
telefone tocou, mas ninguém o atendeu.
Hoje
cedo, bem cedo, Celia e Celma me dizem pelo telefone que Papete morreu.
Papete
morreu no começo da madrugada de hoje, dia de Corpus Christi. Muita gente morre
nesse dia, mas Papete era pra mim, uma pessoa que jamais morreria.
Na
verdade, Papete não morreu: Papete encantou-se.
A
nossa amizade, minha e de Papete, estendeu-se por uns trinta anos. Ele
frequentava muito a minha casa. Proseávamos e cantávamos. Falávamos muito dos
rumos do Brasil. Ele torcia e sonhava por um País melhor do que o país que
vivemos sob a batuta de oportunistas da raia política...
Papete
era um cara incrível.
Cá
em casa, proseávamos com Théo de Barros, Tinhorão, Oswaldinho da Cuíca,
Osvaldinho do Acorden, Geraldo Vandré, Ana, Joel, Celia e Celma...
A
última composição de Papete foi feita em parceria com as irmãs Celia e Celma. A
música é um Calango já gravada em disco a ser lançado em breve. Música anterior
a essa, A Brasileira Inezita Barroso, foi composta por mim e ele. Ficou linda,
chegando a arrancar lágrimas da homenageada.No
começo dos anos de 1970, Papete e Oswaldinho da Cuíca compuseram o samba Vai
Corinthians, lançado num compacto simples pela extinta gravadora Continental.
Adeus
Papete, que Deus o tenha em bom lugar.
Há
sim! Pepete é o apelido de José de Ribamar Viana dado pelo pintor cearense
Aldemir Martins.