O cantor Roberto Luna e seu colega Roberto Seresteiro (foto: Aline Pereyra) |
Neste
Carnaval, a população de Recife vai às ruas em mais de 700 blocos. Só o Galo da
Madrugada, que está homenageando o japonês da PF e o juiz Sérgio Moro,
arrastará cerca de 2 milhões de foliões.
No
Rio de Janeiro, o povo e abastados foliarão em mais de 500 blocos. Só o Cordão
do Bola Preta, que ontem deu zica (quer dizer, o pau cantou), levou às ruas
mais de um milhão de bolapretenses.
Em
São Paulo, com grana da Prefeitura, a folia em blocos vem registrando algumas
centenas de milhares de gente do povo em movimento. Nesta ex Terra da Garoa há
coisas engraçadas, hilárias, fantásticas, que deixariam o inspirado pintor
Salvador Dali, com suas ideias excêntricas, parecendo meras obviedades. Hoje,
no pino do meio-dia, um cara com barbas enormes, de saltos altos, peruca de
longos cachos se espalhando pelos ombros e trajando um vestido transparente,
sacava com ar angelical uns trocados num caixa eletrônico no bairro de Santa
Cecília. Era como se fosse uma figura desgarrada de um desses blocos em moda.
Coisas
de Carnaval.
Em
Brasília, a eterna Ilha da Fantasia, o bloco Baby Doll de Nylon arrastou ontem
65 mil “virgens”. Foi notada a ausência da Dilma.
O
causo é o seguinte: o povo criou as Escolas de Samba que os cartolas assumiram.
Sem opção, o povo está dando o troco, criando e recriando cordões e blocos
afora.
É
Carnaval. Nessa época muita gente boa nasceu: Inezita Barroso, Osvaldinho da
Cuíca e Tinhorão, de batismo José Ramos.
José
Ramos Tinhorão nasceu no dia 7 de fevereiro de 1928, na cidade paulista de
Santos. Seus 88 anos foram motivo, ontem, para que os grupos Terreiro de Mauá e
Terra Brasileira comparecessem à Vila Buarque –no centro paulistano- para tocar
o genuíno samba brasileiro. Tinhorão era uma alegria só, contrastando com a
imagem de sisudo que lhe fazem. Com amigos ele tomou umas e aceitou todos os
votos de parabéns, antes e depois de cortar e dividir o bolo, decorado com uma
caricatura sua. Entre os amigos, Pelão, Barão do Pandeiro e Roberto Luna, a
grande voz do bolero que por muito tempo encantou muita gente e continua
encantando...
É
Carnaval!
Luna e Tinhorão se cumprimentam, às vistas do Assis... (foto: Magali) |
BATICUMBUM
A
mesmice das escolas de samba, incluindo enredo e parangolés, repetiu-se em São
Paulo e certamente se repetirá hoje e amanhã no Rio de Janeiro. Os desfiles,
desde há muito, servem basicamente para estrelas de meia tigela brilharem por
instantes. Andy Warhol já falou disso, dos quinze minutos de fama de abestados.
Nessa última noite, no sambódromo paulistano, uma candidata ao estrelato
repentino, arrancou as vestes, mínimas, para gáudio dos fotógrafos e
cinegrafistas. Mas, como num passe de mágica, uns fortões da escola em que ela
desfilava (Unidos do Peruche), entraram em ação, retirando-a da pista. Numa
boa? O objetivo ela alcançou.