Assis mostra reportagem sobre Rebelião na Ilha Anchieta |
O Brasil está penando na unha dos coronéis, desde quando foi localizado e invadido por Cabral e celerados que o acompanhavam no já distante ano de 1500.
Aos pobres, aos trabalhadores, aos pés descalços aos deserdados da vida, enfim, aos seres desprovidos de posses materiais sempre cabe pagar a conta dos banquetes e festelanças dos poderosos de plantão.
Se roubar para comer, o pé de chinelo vai prá cadeia. Se o engravatado roubar para se fortalecer, política e economicamente, nada ou muito pouco lhe acontecerá.
O Renan já está se articulando para continuar mandando e desmandando no Congresso Nacional. Ele quer ser presidente da CCJ, e vocês duvidam que ele o será?
O jovenzinho Rodrigo Maia, presidente tampão da Câmara Federal, está se articulando para continuar no cargo com as benesses próprias. E o Temer por trás. E não poderia, até porque a Constituição em vigor, no seu art. 57 não permite.
Eu falei de Constituição?
A Constituição de 88, chamada de Constituição Cidadã, continua sendo violentada no calor do dia e no sereno da noite.
Até agora, a Constituição já recebeu mais de uma centena de emendas. E tem mais vindo aí, como a PEC 298. Procurem saber que PEC é essa. E rezem! Não, melhor do que rezar é ir às ruas e protestar.
A Imprensa noticia o massacre ocorrido há poucos dias em Manaus, AM. Diz o noticiário que foram mortos 56 presidiários. Diz também que esse é o segundo maior massacre ocorrido num presídio brasileiro.
Meu Deus, quanta desinformação memorial!
Na manhã do dia 20 de junho de 1952, cerca de trezentos presidiários se rebelaram na Ilha Anchieta, Ubatuba, litoral Norte de SP, e mataram muito mais do que os 56 em Manaus.
Em 1992, a polícia de SP invadiu o Carandirú e matou 111 presidiários.
No caso de Anchieta, foram mais de cem, considerado à época o maior do mundo. Até hoje. Rendeu documentários e filme com Tonia Carrero.
Em outubro de 1978, eu fui incumbido pela Folha de S.Paulo de relembrar o caso e entrevistar João Pereira Lima, o líder da histórica carnificina.
Ele mostrou-se tranquilo e contou tudo, tim tim por tim tim.
Sei que tem muita gente por aí dizendo que foi pouco o que ocorreu no presídio de Manaus. Por impulso, é fácil seguir a opinião que diz que bandido bom é bandido morto. Que o politicamente correto é uma josta. Ok. Mas enquanto o Brasil não apostar na educação e cultura, esses tristes fatos se repetirão.
O Brasil é um barril de pólvora, com o povo pagando o pato o tempo todo.
Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais tiveram há pouco decretado estado de pindaíba. Quer dizer, esses Estados estão na lona por total incapacidade administrativa dos seus governantes.
Se o Brasil é um barril de pólvora, imaginem o que é, hoje, o sistema penal.
O Caso Anchieta é um fantasma, ainda pedindo reza. Esse presídio foi construído no começo do século passado para acolher brasileiros insatisfeitos com a realidade imposta pelos governantes desde sempre. Em suma: foi construído para acolher os chamados presos políticos, entre os quais o alagoano Graciliano Ramos, autor de Memórias do Cárcere e o paulista Orígenes Lessa, autor de O Feijão e O Sonho.
Tudo isso é lamentável.
GERALDO VANDRÉ
Somente agora Vital Farias e Oswaldinho da Cuíca consideram estar endendendo o paraibano Geraldo Vandré, autor de pérolas da nossa música popular. Geraldo abandonou os palcos no dia 13 de dezembro de 1968. Deixou o País à revelia das autoridades que representavam o governo da época. Voltou quase cinco anos depois, triste e decepcionado com tudo. O seu comportamento causou estranheza entre seus colegas de música, incluindo Chico, Caetano, Gil, Elis e todo mundo. Mas somente agora o seu comportamento está sendo compreendido pelos brasileiros. Eu disse isso a ele ontem, por telefone. E dele ouvi uma risadinha sarcástica, irônica...Quando é que viveremos em paz, sem que a Constituição e a Esperança da gente sejam violentadas. Aliás, também no mesmo Folhetim, publiquei a primeira entrevista que Geraldo Vandré deu depois que voltou ao nosso País, clique: