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sábado, 29 de maio de 2021

SIVUCA É SINÔNIMO DE SANFONA

“Ele gostava de bandoneón, mas gostava também de sanfona”.
A afirmação foi do sanfoneiro Antenógenes Silva (1906-2001), em entrevista que me deu pouco antes de morrer num hospital do Rio de Janeiro. E tinha uma justificativa: no começo de 1931 ou 32, Carlos Gardel o contratou para acompanhá-lo nos palcos argentinos.
Gardel, francês de origem, nasceu em 1890 e morreu em 1937, em Medellín, Colômbia num desastre de avião em que se encontrava também o paulistano do Bixiga, Alfredo Le Pera.
Le Pera, nascido em 1900, foi o mais frequente e importante parceiro de Carlos Gardel.
O bandoneón é um instrumento musical variante da sanfona.
A sanfona nasceu há mais de 2,5 mil anos a.C., na China.
O primeiro nome da sanfona foi cheng. Outros vieram: concertina, acordeón, acordeão de 40, 60, 80, 120 e até mais baixos.
A sanfona de oito baixos ou pé de bode, é muito difícil de “domá-la”, dizem especialistas.
Esse instrumento chegou ao Brasil, provavelmente, pelas mãos dos italianos e alemães que trocaram suas terras pelo Brasil nos finais da primeira parte do século 19.
O Rio Grande do Sul foi o Estado maior fabricante de sanfonas, por lá chamadas de gaita. E foi lá que nasceu o grande gaitista Cavaleiro Moysé, de sobrenome Mondadori (1895-1978).
Não são poucos os grandes sanfoneiros nascidos no Brasil. O primeiro deles foi José Rielli, de batismo Giuseppe (1885-1947).
Giuseppe, que gerou Osvaldo (Riellinho), começou a gravar solos de sanfona em disco a partir de 1912, pela Casa Edison.
E essa história vai ganhando força com o surgimento de outros craques, como o já referido Antenógenes.
Em 1941, o pernambucano Luiz Gonzaga (1912-1989) começa a gravar discos e conquistar fãs Brasil afora. E é a partir desse momento que proliferam academias de sanfonas.
Riellinho foi um mestre nesse campo, como professor.
Até Hebe Camargo foi sua aluna.
Ao se falar de sanfona impossível não citar Sivuca, Mario Zan e Dominguinhos.
Mario Zan foi apelidado de rei da sanfona pelo rei do baião, Luiz Gonzaga.
Dominguinhos foi “eleito” por Gonzaga como o seu principal seguidor.
Sivuca, paraibano de Itabaiana, começou a carreira artística no auditório da Rádio Jornal do Comércio, de Recife.
E logo passou a correr mundo.
Em Portugal, Nos Estados Unidos, no Japão e por todos os países por onde passou, deixou a marca brilhante do seu talento.
O talento de Sivuca foi reconhecido em vida. E agora, agora mesmo, ganhou até um nome só pra si: 26 de maio.
O Dia Nacional do Sanfoneiro faz parte do nosso calendário festivo desde 2021, e não por acaso vem a ser o ano em que ora vivemos.

Grande paraibano
O Sivuca sanfoneiro
Tocador de muitos baixos
No Brasil, no estrangeiro
É nome reconhecido
Por todo bom brasileiro

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CAJU E CASTANHA, 40 ANOS DE EMBOLADA

Assis, entre Caju e Castanha, em 17 de maio
São inúmeros os ritmos musicais brasileiros. E gêneros.Há pelo menos 13 tipos de cocos.
Os cocos são desenvolvidos no ritmo binário, quase sempre na base do improviso.
Tem coco de roda, coco de praia, coco de embolada…
Não se sabe exatamente onde o coco nasceu. Ou cocos. Mas sabe-se que tem por berço a Paraíba e Pernambuco.
Da Paraíba são os emboladores Cachimbinho e Geraldo Mouzinho.
Até um rei, o coco de embolada já deu: Manezinho Araújo.
Manezinho Araújo (1910-1993) e Minona Carneiro (1902-1936) nasceram em Pernambuco.
Manezinho teve como “professor” o recifense Minona. Viraram amigos.
Manezinho falava de Minona com muito carinho e respeito. “Ele foi meu mestre”, disse-me um dia na sua casa.
São também de Pernambuco Caju e Castanha. A dupla cresceu e firmou-se no panorama musical brasileiro. O primeiro disco da dupla, Embolando na Embolada, foi lançado em 1981. Desde esse tempo, Caju e Castanha moram em São Paulo, capital.
Famosos, já estiveram até na França. A propósito, em 2002, o diretor de cinema Walter Salles produziu o curta A Saga de Castanha e Caju contra o Encouraçado Titanic.
Esse documentário concorreu a prêmio em Cannes, França.
São muitos os sucessos alcançados por Caju e Castanha nos últimos 40 anos. Confira alguns: GRANDES SUCESSOS DE CAJU&CASTANHA
O sucesso dessa dupla deve-se ao talento e simplicidade que os acompanha até hoje.
Fazia tempo última vez em que estive com a dupla. 
Na ocasião, além dos dois, estiveram comigo Téo Azevedo e Maciel Melo. 
O fato é que foi ótimo o papo daquela ocasião, como ótimo foi o papo que tivemos segunda-feira (17/5) na sede do Instituto Memória Brasil. À vontade, rolou até declamação. Tudo isso sob o olhar da câmera do apresentador de rádio Carlos Sílvio (Paiaiá na Conectados). No dia 17 fiz entrevista com os dois. Dela participaram os radialistas Luiz Wilson e José de Arimathéia. Confira!

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