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sábado, 21 de dezembro de 2013

VIVA REGINALDO ROSSI‼!


O verão chegou há pouco.
Há pouco foi sepultado, em Recife, o corpo de cantor e compositor Reginaldo Rossi
Há 33 anos se despedia deste mundo Nelson Rodrigues.
O que tem a ver entre Reginaldo Rossi e Nelson Rodrigues, além de ambos terem sido pernambucanos, de Recife?
Reginaldo interpretou, como poucos, o sentimento do povo para o povo.
Nelson, por sua vez, interpretou o cotidiano do povo para a elite.
Nascido em 1912. O recifense Nelson Rodrigues tornou-se polemico por suas frases curtas e bombásticas, e também por sua obra recheada de romances e peças teatrais.
No total foram 9 romances e 17 obras para teatro, entre as quais a dissonante Anti-Nelson Rodrigues, que foi a palco pela primeira vez em 1974, um ano depois de o autor por nela ponto final.
Reginaldo Rossi, que iniciou a carreira no começo dos anos 60, nasceu em 1944, deixando cerca de 300 músicas gravadas em mais de 30 discos, dos mais diferentes formatos. A sua música era simples e tocava fundo o coração do povo. Não será nenhuma surpresa se dentro em breve ele se tornar cult.
Nelson representou para a dramaturgia brasileira o que Willian Shakespeare representou para o mundo.
Em comum o que há entre ambos?
A busca de pérolas do poço da cultura popular. Mais: Eles detestavam Papai Noel.


ASSOMBRAÇÃO E PAPAI NOEL
 À meia noite de ontem para hoje fui conhecer a Casa do Núcleo, no Alto de Pinheiros. Surpreendi-me pela simplicidade e aconchego da Casa. Fui especialmente por duas razões: conhecer a casa, obviamente e ouvir o  violeiro meu amigo Paulo Freire, que cedo encantou-se com os mistérios de Minas e lá foi aprender os segredos da viola caipira.
Ele esteve fantástico, como sempre, contando causos de assombração e cantando ao som da sua viola, entre os causos, surgiu a figura ridícula de Papai Noel na capital de São Paulo.
O Noel vendido pelo capitalismo assustou e embasbacou Manoelzão, um dos grandes personagens do mineiro João Guimarães Rosa.
Tenho pena do Papai Noel e de quem o inventou.

INEZITA BARROSO
 Aos 89 anos de idade, a paulistana Inezita Barroso lançou na ultima 6a. feira o seu primeiro DVD.
Foca o registro.

sábado, 7 de dezembro de 2013

JOÃO SILVA, ADEUS!

http://www.youtube.com/watch?v=XlfAgl7PcM0

O pernambucano de Olho da Agua, João Leocádio da Silva, um dos mais inspirados compositores da chamada música nordestina, foi encontrado morto ontem no apartamento onde morava em Boa Viagem, Recife, aos 78 anos de idade.
João Silva, como ficou conhecimento nacionalmente começou a compor no final dos anos 1950. No começo da década seguinte, ele já se achava no Rio de Janeiro apostando na sorte.
Não demorou, e conheceu o conterrâneo Luiz Gonzaga, rei do Baião.
Antes de se tornar parceiro do criador do baião, João Silva já havia composto dezenas de músicas que foram gravadas pelos mais diferentes intérpretes. A sua relação com Gonzaga renderia pouco mais de 50 obras. Os dois últimos discos do artista de Exu teve o repertório todo recheado com a assinatura dos dois.
Em entrevista que me concedeu em São Paulo para o programa Tão Brasil, que apresentei na All TV, João Silva contou um pouco da sua história e do sonho realizado de conhecer Luiz Gonzaga e com ele fazer muitas parcerias musicais, algumas que alcançaram grande sucesso, como Deixa a Tanga Voar e Pagode Russo, um composição instrumental originalmente gravada em 1946 pelo próprio autor, Luiz Gonzaga. Detalhe: em 1978, João Silva atreveu-se a por letra, que virou um clássico.
Curiosidade: Pouco antes dessa música ser gravada com a letra de João, eu tive a alegria de escutá-la num quarto de hotel na capital paulista em primeira mão na voz do próprio Gonzaga, que ao fim da execução, soltou uma gargalhada e me perguntou:
- Gostou?
Nessa mesma ocasião ele me apresentou uma obra do compositor Jurandyr da Feira. Mas esta é outra história.
Agora clique lá em cima, para ouvir João Silva falando a seu respeito na entrevista que coloquei no ar.

domingo, 24 de novembro de 2013

GRAMMY LATINO E GONZAGÃO


Por telefone, recebi ontem no final de noite, que o meu nome se achava entre os discos premiados na 23ª edição do Grammy Latino. O disco em questão, traz repertório com músicas do cantor e compositor mineiro Téo Azevedo, ora em homenagem ao rei do baião, ora pelo rei do gravadas.
O disco, produzido por Téo, concorreu ao lado de dezenas de outros, de Roberto Carlos a Elba Ramalho, de Caetano Veloso a Clarice Falcão.
A festa da premiação ocorreu anteontem no final da noite em Las Vegas.
A ilusão a meu nome deve-se ao fato de eu ter participado do disco produzido por Téo Azevedo, gravando de minha autoria um poema e uma texto biográfico sobre Luiz Gonzaga. A faixa de número 15, poema: "Um baiãozinho para meu rei do baião".
Detalhe: o CD "Salve Gonzagão" está esgotado, e dele também participam Genival Lacerda, Caju & Castanha, Jackson Antunes, Fatel e Luiz Wilson, José Fábio e Cézar Abianto, Cézar do Acordeón, além de Dominguinhos ( sua última participação em discos).

Especial Memória da Cultura Popular: quer saber mais sobre Luiz Gonzaga? Então clique aqui.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

PARA VER MELHOR (2)

É largo e profundo
O país da escuridão
Nele tateei e não achei
Um elo de ligação
Entre a realidade
E o sonho da salvação

Pelas mãos da solidão
Eu passei a caminhar
De repente eu encontrei
Um cantador popular
Que sabia como ninguém
Em versos filosofar

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

PARA VER MELHOR

Amanhã vou mergulhar
No país da escuridão
Para ver como é que é
A vida longe do sertão
Tomara que a dor não doa
Nas profundas do coração

Andar no breu da vida
Fortalece pés e visão
Quem tem medo de andar
Sucumbirá na solidão
Do desconhecimento
De sentir o próprio chão

sábado, 9 de novembro de 2013

AULA DE INTELIGÊNCIA NA JOVEM PAN

http://www.youtube.com/watch?v=nYDbO1ln6vk
O presidente da Associação Nacional de Transportes Públicos, ANTP, engenheiro Ailton Brasiliense, deu ontem uma aula de sensibilidade, inteligência, profissionalismo e brasilidade aos jornalistas e apresentadores do programa Jornal da Manhã, da Rádio Jovem Pan, que o entrevistaram. Ele falou do colapso no trânsito da capital paulista e criticou a omissão do poder público, que nada faz ou faz pouco para mudar a situação que aflige a população trabalhadora.
rasiliense fez uma ligeira retrospectiva do crescimento da cidade, lembrando o salto populacional que São Paulo sofreu nos últimos 200 anos, lembrando que o crescimento tem ocorrido aleatoriamente em benefício de particulares, e que isso não pode continuar.
Para ele, a cidade ideal pode ser uma realidade daqui a uns 20 anos.
Enquanto isso, o governo federal continua incentivando o uso de automóveis nas ruas do País; e a Fundação Getúlio Vargas, com base em pesquisa que acaba de divulgar, indica que 54% dos moradores de São Paulo estão endividados e os principais motivos são a emissão de cheque especial e a compra de automóveis.
O óbvio que o governo insiste não enxergar: é preciso melhorar a qualidade nos transportes públicos, investindo, inclusive, no transporte sobre trilhos.
Ainda estamos no século 12, disse Ailton Brasiliense aos ouvintes da Jovem Pan.
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Tendo um tempinho, clique nas linhas azuis lá de cima e cá de baixo, para saber um pouco sobre o INSTITUTO MEMÓRIA BRASIL, IMB. E um bom sábado para todos nós.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

FARO E O PROGRAMA MÓBILE

http://pordentrodamidia.com.br/bandidagem-in-natura/
Hoje foi dado o tiro de misericórdia no moribundo modo de ouvir rádio na faixa AM no País. Decreto que dá fim ao AM, assinado por Dilma Rousseff, determina que essa faixa migre para o modo FM.
Atualmente há cerca de 10 mil emissoras espalhadas nos 26 Estados e no Distrito Federal.
Entre elas se acham as educativas e as comunitárias.
Quem ganha com isso é o ouvinte.
O rádio está presente em cerca de 90% das residências brasileiras.
Quem inaugurou oficialmente o rádio no Brasil foi o presidente paraibano Epitácio Pessoa, no dia 7 de setembro de 1922.
A primeira obra musical transmitida pelas ondas hertzianas foi O Guarani, do paulista Carlos Gomes, o maior compositor operístico das Américas.
A ópera O Guarani foi baseada no romance homônimo do cearense José de Alencar.
O pai do rádio brasileiro é o padre Roberto Landell de Moura, um gaúcho nascido em Porto Alegre, no ano de 1861.

RADIALISTA

E hoje também, Dia do Radialista, vai ao ar pela TV Cultura, canal 2, da Fundação Padre Anchieta, um dedo de prosa entre mim e o metre da televisão brasileira Fernando Faro, o “Baxo”, gravado há pouco mais de um mês.
Prosa boa, solta. Para o Baxo (aí em cima comigo, no clic de Jair Magri) a gente vai contando coisas já esquecidas, mas que voltam à lembrança como num passe de mágica. E lá estou eu falando da minha infância, da música,
do rádio que sempre me encantou e da tuberculose que me pegou
de jeito nos anos iniciais dos 70.
Com Faro rolou um papo totalmente fora de pauta.
Viva o Faro!
PS - A foto ao lado registra a presença de Faro numa das edições do programa São Paulo Capital Nordeste, que apresentei por mais de seis anos, ao vivo, na Rádio Capital, de São Paulo.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

RC DISSE BESTEIRA

http://pordentrodamidia.com.br/caetano-empresario-esta-pulando-numa-frigideira-quente/
Outro dia Roberto Carlos, sem ter o que dizer, disse que ao escrever uma biografia o biógrafo vira dono da história do biografado.
Claro que isso não é verdade, pois a vida das pessoas é única e por isso mesmo intransferível;
A afirmação de Roberto, totalmente irresponsável, atinge e fere profundamente os profissionais do ramo.
Mas o pior é que ele pode ter dito isso inspirado em experiência própria.
Não custa lembrar que o velho monarca da juventude transviada de outrora já foi acusado de apropriar-se indevidamente de obras de outros autores e por isso condenado a ressarcir os reclamantes por decisão judicial.
Há muitas notícias a respeito, nos arquivos de jornais e revistas.
Hoje o jornal paulistano Folha de S.Paulo traz notícia (recorte acima) dando conta do afastamento de Roberto da Associação Procure Saber, até aqui comandada pela negociante Paula Lavigne.
Atenção! Na linha azul, lá em cima, tem coisa. Clique, não custa. Enfim, como dizia mestre Millôr: o livre pensar, é só pensar. E a livre expressão a nossa Constituição garante. No mais, pensar é bom e os neurônios agradecem. Pensem, pensem e opinem, minha gente.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

FORA, GIRAFA, HOJE É O DIA DO SACI!


É demais: Halloween, Obama e agora essa girafinha com cara de idiota a desviar atenções dos navegantes do Fecebook. Essa girafinha é zebra! E só os bestas caem na brincadeirinha ridícula que inventaram pra ela.
Ao invés de cairmos na esparrela de lhe dar bola, por que não continuarmos a discutir os problemas do nosso dia-a-dia, como a prisão dos quatro auditores que meteram a mão no cofre público da prefeitura paulistana e de lá sacaram para seus bolsos pelo menos 500 milhões de reais?
Por que não continuarmos a discutir a questão biografias que envolve alguns medalhões da MPB, como Chico, Caetano, Roberto, Gil e Erasmo, que estão enfiando o pescoço na terra e mostrando a bunda que nem avestruz.
Pois é, essa girafinha é zebra, embora seu canto seja uma espécie de canto de sereia: embriaga.
Vocês leram a notícia de que o Governo Federal continua gastando mais do que arrecada?
Pois é, o déficit primário chega a 10 bilhões e meio de reais. É o maior em 17 anos.
Não está na hora de dar um chute na bunda dessa girafa e manda-la para o quinto dos infernos?
Se o meu amigo saci tivesse duas pernas, eu o incumbiria dessa tarefa.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

PEIA NO CAETANO

Em 1933, e aos moldes dos geniais repentistas do Nordeste, os cariocas Wilson Batista e Noel Rosa promoveram entre si uma peleja que resultou num punhado de pérolas musicais. A disputa visava identificar o melhor dos dois. Deu empate. Oitenta anos depois, o bicho grilo mano Caetano enfiou seu bedelho para faturar uma fatia chamando Noel de preconceituoso de seu tempo. O bicho grilo Cae Caetano é um bobão oportunista. Por isso...

Esse cara fala muito
Esse cara é baiano
Esse cara nada diz
Esse cara é Caetano

Pula fora Caetano
Essa praia não é tua
Corre, corre, corre, corre
Senão à peia vais pra pua

Noel Rosa, um dos gênios da música brasileira, encantou-se aos vinte e três anos, quatro meses e uma semana, deixando uma obra - em domínio público - que chega a 250 títulos.

Imagem: Clá.

sábado, 19 de outubro de 2013

ERA UMA VEZ...

Aquele sábado 19 de outubro de 1913 chegou trazendo à vida um menino carioca de nome Marcus Vinicius da Cruz de Mello Moraes, que o tempo faria famoso.  
O menino foi crescendo e estudando um monte de coisas, até que um dia se fez diplomata; e como tal passou a correr o mundo representando as cores do Brasil.
Mas o menino era ambicioso e queria mais e mais, muito mais: queria ser poeta.
E o menino, que virara diplomata, um dia se fez poeta.
E o diplomata e o poeta passaram a andar juntos por aí a fora.
Mas logo o diplomata começou a atrapalhar os passos do poeta, impedindo-o que brincasse, usasse roupas simples e chegasse de volta em casa tarde da noite.
O poeta gostava da noite, da lua, das estrelas.
O poeta gostava também de estar sempre ao lado de amigos e amigas, de caminhar na areia da praia e molhar os pés nas águas da beira-mar; o diplomata, não.
O diplomata era um homem sério
E por não mais querer ter seus passos cerceados, o poeta decidiu dispensar o diplomata e seguir a vida ao lado de outros poetas, como Bandeira, Drummond e Neruda.
Mas o poeta também gostava de música, e por gostar de música ele resolveu fazer música.
E fez um monte de músicas, junto com os amigos Paulo, Haroldo, Toquinho, Tom, João, Ary e muitos outros.
O poeta que um dia dispensou o diplomata ficou conhecido em boa parte do mundo pelo diminutivo de Poetinha.
E viva, pois, o Poetinha que um dia disse ser São Paulo o túmulo do samba! 
CLIQUE:

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

UM DISCO PRIMOROSO

O disco Realejo Forrozeiro, gravado de modo independente originalmente no formato de LP em 1988, no Rio de Janeiro, e depois lançado em CD pela Paulus (reprodução da capa, aí ao lado), em 2000, reúne em dez faixas 19 músicas de Luiz Gonzaga (1912-89) e alguns de seus parceiros mais importantes, como Humberto Teixeira, Zé Dantas e Hervé Cordovil, todas magistralmente interpretadas pelo tocador de realejo – ou gaita ou gaita de boca - mais completo do País: o pernambucano de Caruaru Rildo Hora, que cresceu brincando e descobrindo os segredos desse complexo e limitado instrumento de difícil execução e origens chinesas localizado em tempo anterior ao nascimento de Cristo e aperfeiçoado no correr da segunda metade do século 19, na Alemanha.  
A primeira faixa traz a toada baião clássica Asa Branca e a última o choro Impertinente, gravadas pela primeira vez por Gonzaga em 1947 e 1945, respectivamente.
Os arranjos impressos no repertório escolhido a dedo por Rildo, que não esqueceu de obras-primas como Assum Preto, Xote das Meninas, Cintura Fina, Qui Nem Jiló, A Vida do Viajante e Baião, exultaram sobremaneira o genial Gonzagão, que de maneira espontânea escreveu e assinou um texto tecendo loas ao resultado final da gravação do disco - primoroso - e ao músico exemplar, seu amigo particular e conterrâneo.
“Luiz Gonzaga foi único na arte de fazer música”, devolve Rildo, que chegou a dirigir e a produzir discos do Rei do Baião e ter músicas suas por ele gravadas.
O gaúcho Chiquinho do Acordeon, de batismo Romeu Seibel (1928-93), é a cereja de Realejo Forrozeiro. 
O Brasil é devedor de reconhecimento ao talento do grande artista que é Rildo Hora.
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Aí em baixo, registro fotográfico da apresentação do projeto Rodas Gonzagueanas no Centro Cultural Correios, Rio de Janeiro, dia 4 deste mês, no qual se vê, 
entre outros, Oswaldinho do Acordeon, 
Socorro Lira, Ricardo Cravo Albin e Rildo Hora.
Clique sobre a linha azul acima para ler a coluna Cascudo e Loas, inserida no newsletter Por Dentro da Midia.

sábado, 12 de outubro de 2013

BIOGRAFIAS E RODAS GONZAGUEANAS

Essa polêmica toda em torno de biografias e biógrafos já serviu para uma coisa muito importante: tirar a máscara de alguns medalhões da elite musical brasileira, como Caetano Veloso e outros que integram a tal Associação Procure Saber, representada pela negociante Paula Levigne.
Ainda acho que Chico e Gil não estão nessa...
Lembro quando uma vez eu disse a Luiz Gonzaga, rei do baião, que iria escrever um livro contando a sua história e queria a sua presença na noite de lançamento; e ele numa risada espalhafatosa simplesmente respondeu:
- Oxente, e eu mereço?
Meio tonto com o que ouvira, respondi com um “claro”.
Depois de nova risada, de novo ele:
- Você ainda não conhece o livro O Sanfoneiro do Riacho da Brígida sobre mim, que o paraibano Sinval Sá escreveu lá em 66? Pois vou lhe mandar.
E mandou, com uma enorme e deliciosa dedicatória.
Não demorei e escrevi Eu Vou Contar Pra Vocês (Ícone Editora, SP, 1990), que lancei no extinto Teatro das Nações na capital paulista, com a presença de vários grupos folclóricos e artistas de renome, como Inezita Barroso que anos antes dividira com Gonzaga uma curta e concorrida temporada no Rio de Janeiro. 
O pomposo lançamento teve direito até a uma chamada da TV Globo, com o repórter Carlos Magagnini entrando ao vivo no meio da tarde.
Lembro também da rainha do baião, Carmélia Alves, pedindo que eu pusesse em livro a sua história; e de Dominguinhos, que chegou a dar entrevista até no programa de televisão da Celia e Celma, do Canal Rural, dizendo que eu estava escrevendo a sua biografia; e a rainha do forró que não esperou por mim e lançou há pouco com pompa e circunstância a autobiografia Eu Sou Anastácia!, escrita em parceria com sua conterrânea jornalista Lêda Dias; e Antônio Barros e Cecéu, que andam chateados por eu não ter escrito até agora um livro contando a história dos dois, que são os mais importantes e profícuos autores de xotes, forrós e arrasta-pés do País...
Ah! Caetano, vá catar coquinhos.

GONZAGUEANAS
Hoje faz uma semana que iniciamos a primeira das três apresentações do projeto Rodas Gonzagueanas no palco do Centro Cultural Correios, 
no Rio de Janeiro, reunindo alguns dos mais importantes e representativos artistas da nossa música popular: Oswaldinho do Acordeon, Rildo Hora, Zé Calixto, Chico Salles (esses dois comigo, na foto ao lado), Anastácia e Socorro Lira; o poeta repentista Azulão, o pesquisador Ricardo Cravo Albin, que dá nome a um instituto e ao dicionário de MPB mais consultado do País; o produtor musical mais premiado do Brasil, José Milton, mediados por mim.
Na foto acima aparecem o zabumbeiro Zé Gomes, o percussionista Zé Leal, Oswaldinho do Acordeon, Socorro Lira, eu, José Milton e Azulão. 
A produção executiva do projeto Rodas Gonzagueanas, que começou com uma apresentação em dezembro de 2005, no Teatro Brincante (leia-se Antônio Nóbrega), é assinada por Andrea Lago; e a captação e edição de imagens, por Darlan Ferreira.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

AO VINAGRE A MEMÓRIA DO PAÍS

Por telefone, um amigo tirador de sarro me acordou hoje perguntando por que eu não dou já uns cascudos no coco do Chico e no coco do Gil. Eu não achei graça e respondi que ainda é cedo para uma decisão dessas, até porque não creio que sejam eles a favor da censura e contra a atividade dos biógrafos. Sobre Chico, aliás, já foram publicados vários livros que o artista/personagem levantasse nenhum problema; e sobre Gil, também. Mas o assunto é sério e por isso precisa de um desfecho imediato, juridicamente legal e feliz para todos.
O cascudo de hoje é pro coco do senhor Roberto, que certamente se sentiria muito bem ao lado de figurinhas carimbadas como Goebbels e “dom Augusto Pinochet”, como ele se referia ao chefe do governo militar chileno. Clique: http://www.youtube.com/watch?v=SpdjnkyOjXI
As loas vão para Marilu Cabañas e Anelize Moreira, repórteres da novíssima Rádio Brasil Atual, que estão entre os vencedores da 35ª edição do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. 
O tema ainda vai dar pano pra manga.

CARTOLA
E hoje é dia de Cartola, de nascimento Angenor de Oliveira.
Carioca, Cartola nasceu no dia 22 de outubro de 2908 e morreu no dia 30 de novembro de 1980.
Ele deixou vários clássicos musicais, entre os quais As Rosas Não Falam.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

MAZELAS DO BRASIL EM FRANKFURT

Razões que me atormentam desde o último fim de semana têm a mim me impedido de preencher este espaço com o conteúdo necessário, e de sempre, mas notícias vindas de Frankfurt forçam-me a tatear o teclado para dizer que assino em baixo tudo o que o Laurentino Gomes, o Luiz Ruffato e o Marçal de Aquino falaram lá na feira do livro, e que a Folha, edição de hoje, reproduz.
Laurentino falou em defesa das biografias e da livre expressão, Ruffato sobre mazelas brasileiras, explicando que é papel da literatura “fazer uma reflexão da sociedade” e Marçal disse preferir “um artista que faça política a um político que faça poesia”. Marçal disse isso em resposta ao vice-presidente da República, Michel Temer, que elogiou a si próprio como poeta, num discurso na feira do livro, no gênero a maior do mundo.
E nem se falou o quão difícil é fazer pesquisa e publicar livro sobre cultura popular no nosso País.

ENDOIDOU
O mano Caetano, de tantas caras e bocas, de falas críticas e polêmicas jornais a fora, anda sempre arrumando um jeito de estar na crista da onda, mas agora exagerou ao defender a censura para escritores que queiram contar histórias de figuras públicas sem o prévio consentimento delas. Noutras palavras: o filho de dona Canô, outrora tão defensor das liberdades democráticas, incluindo a livre expressão, agora se diz contra biografias não
autorizadas. E isso quer dizer o seguinte: pau – e cana – nos biógrafos!
Sinto que o Caê tá é querendo um cascudo. Pois tome um, cabra!

Hoje teço loas a Roberto Cabrini, por expressar-se de modo tão objetivo ao dizer claramente, entre tantas coisas, que o fazer jornalístico só tem razão de ser quando beneficia a coletividade e cidadãos ameaçados nos seus direitos de ir e vir. A sua presença ontem no seminário internacional mídia JOR, promovido pela revista Imprensa, no auditório da Aliança Francesa, foi um chamamento à razão e à inteligência. Participaram do evento, além de Cabrini, Rubem Valente e Sergio Lírio, mediado por Colibri Vita (acima). Também estive lá,ao lado de Sinval de Itacarambi Leão, da revista Imprensa; e de Luciana Freitas, editora do newsletter Por Dentro da Midia .

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

INSTITUTO MEMÓRIA BRASIL, DOIS ANOS

Hoje 3, faz dois anos de fundação do Instituto Memória Brasil, IMB.
O IMB, com acervo de 150 mil itens formado nos últimos 40 anos, tem nos seus quadros advogados, editores, poetas, músicos, atores, jornalistas e escritores como Roniwalter Jatobá, Eduardo Ribeiro, Jorge Mello, Jorge Paulo, Roberto Marino, Oswaldinho do Acordeon, Osvaldinho da Cuíca, Jorge Ribbas, Papete, Théo de Barros, André Domingues, Alessandro Azevedo, José Cortez, Marco Haurélio, Chico Salles e Celia e Celma, entre outros.
Para comemorar a efeméride apresentaremos, entre amanhã e domingo, no Rio de Janeiro, o projeto Rodas Gonzagueanas (clique na linha azul, acima), que tem por objetivo mostrar facetas desconhecidas do rei do baião, Luiz Gonzaga, e aspectos importantes da sua obra.
O livro Lua Estrela Baião a História de um Rei (Cortez Editora) e o CD O Samba do Rei do Baião (Genesis) serão lançados na ocasião.

EMILINHA
Hoje faz oito anos do desaparecimento da cantora carioca, de Mangueira, Emília Savana da Silva Borba, por todo mundo conhecida como Emilinha Borba.
Foi Emilinha quem originalmente gravou e lançou em 1950 o baião Paraíba.
Acima, Gonzaga ensina a Emilinha passos do baião (foto extraída do livro Dicionário Gonzagueano.

ZÉ RAMALHO
O cantor, compositor e instrumentista paraibano Zé Ramalho, de batismo José Ramalho Neto, completa hoje 64 anos de idade. Ele nasceu no sertão de Brejo do Cruz e é um dos mais aplaudidos artistas do Brasil. Em 2009, Zé gravou um CD inteiro com músicas de Luiz Gonzaga.
Viva Zé!
Clique:

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

RILDO HORA E OUTROS BAMBAS DA MPB

Um time de representantes da boa música entrará em campo com saber e alegria sexta, sábado e domingo no Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro, com a finalidade de fazer belos gols: Socorro Lira e Oswaldinho do Acordeon nos dias 4, 5 e 6 próximos, acompanhados do pesquisador musical Ricardo Cravo Albin - que dá nome ao dicionário de MPB mais completo - e do gaitista e compositor pernambucano Rildo Hora no primeiro dia, sexta 4; a rainha do forró Anastácia, o cantor e compositor Chico Salles e o mestre dos 8 baixos Zé Calixto, no segundo dia, sábado 5; e o produtor musical mais premiado do País, José Milton, e o cantador e cordelista Azulão, um dos fundadores da famosa Feira de São Cristóvão, no terceiro dia 6.
Durante esses três dias, eu atuarei na condição de mediador, provocador de falas e histórias.
Pelo menos quatro músicas inéditas de Luiz Gonzaga serão apresentadas, ao vivo: Tudo é Baião, resultado de parceria com o pernambucano Zé Dantas; Ai, Ai, Portugal, fado-baião, com Humberto Teixeira; Dúvida, valsa, com Domingos Ramos; e Meu Pandeiro, samba, com Ary Monteiro.
Essas músicas, mais outras dez, se acham no CD O Samba do Rei do Baião (Genesis), que será lançado na ocasião juntamente com o livro infanto-juvenil Lua Estrela Gonzaga a História de um Rei (Cortez Editora), de minha autoria com ilustrações de Luciano Tasso.
O disco (aí, na reprodução da capa) e o livro tem a chancela do Instituto Memória Brasil, IMB, que amanhã 3 completa dois anos de existência legal e o seu acervo uns 40.
Você quer saber "quem é quem" do time que ora integra o projeto Rodas Gonzagueanas levado ao palco pela primeira vez em dezembro de 2005, no teatro paulistano Brincante, do multitudo Antônio Nóbrega? Então clique sobre a imagem lá em cima.
E sobre o rei do baião Luiz Gonzaga, hein?
Clique abaixo para ler a edição completa do especial Memória da Cultura Popular nº 4, resultado de parceria firmada entre o Instituto Memória Brasil e o mais antigo e ágil newsletter do País, o Jornalistas&Cia:
http://www.jornalistasecia.com.br/edicoes/culturapopular04.pdf

CASCUDO E LOAS 
Com esse título, estreei estreei coluna especial no site Por Dentro da Mídia.
Hoje, pra valer, o tema que abordo na coluna é o ministro do STF e o Papa Francisco.
Eu começo dizendo que o mandachuva do Supremo Tribunal Federal, Joaquim, merece um cascudo; e o Papa Francisco, loas.
Clique:

terça-feira, 1 de outubro de 2013

ORA, ORA, VERGONHA DE SER CAIPIRA?

Hoje, 1º, é a primeira das cinco terças-feiras de outubro, que também terá cinco quartas e cinco quintas até dezembro.
Foi numa quinta-feira da segunda metade de um mês como este, em 1929, que o mundo tremeu com a quebradeira provocada pela Bolsa de Valores de Nova Iorque.
Fortunas foram para o ralo em segundos.
E foi também em 1929 que o tieteense Cornélio Pires (ao lado, entrevistando um caipira), brincante de origem, arriscou todos os seus tostões na gravação dos primeiros discos com registros da cultura musical popular do interior paulista (acima, clique).
A primeira leva saiu em maio, pela Columbia.
A segunda em outubro, numa segunda ou terça-feira, com a significativa gravação da primeira moda de viola feita em disco de 78 RPM, intitulada Jorginho do Sertão.
Uma obra-prima.
E nesta segunda os Estados Unidos amanheceram em crise, de novo, por consequência da incapacidade do Congresso em negociar com a oposição um acordo para a aprovação do orçamento do governo Obama. Resultado disso é que uma quantidade enorme de norte-americanos ficará de braços cruzados e chorando pitangas até sabe-se lá quando. O prejuízo já é avaliado em algo em torno de 1 bilhão de dólares.
Os cidadãos comuns de lá ficarão sem salários, mas os militares continuarão a receber seus soldos em dia.
Cornélio pôs a bola caipira para rolar no campo e na cidade.
Um orgulho de todos até então, hoje não.
Outro dia ouvi o secretário de Cultura de Tietê lamentar o sentimento de vergonha que os paulistas hoje nutrem por sua música e seu sotaque.
Hoje leio notícia nesse sentido, dada pelo violeiro Roberto Corrêa, de Campina Verde, cidadezinha bela e aprazível de nem 30 mil habitantes, localizada no chamado Triângulo Mineiro.
Roberto, com a palavra:
- Quando você estuda a cultura caipira, um dos aspectos com os quais você se defronta é o preconceito, que começou com os viajantes do século 19, que descreviam essa região como de povo maltratado. Quando você fala do homem rural nordestino vem à mente aquele homem com chapéu de couro. Do gaúcho, aquele homem com bombacha. Quando se fala do homem rural paulista, é aquele homem desdentado...
O escritor Monteiro Lobato fez muita coisa legal, criou muitos personagens bacanas, mas também alguns que não deveria ter criado, como Jeca Tatu, pobre, doente, preguiçoso, desdentado...
E o resultado aí está.

RODAS GONZAGUEANAS
Entre os dias 4 e 6 vamos contar uma história incrível, a do matuto (equivalente a caipira) Luiz Gonzaga, o rei do baião, no Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro. Clique:

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

INSTITUTO MEMÓRIA BRASIL: DOIS ANOS

Na próxima quinta-feira 3, o Instituto Memória Brasil, IMB, completa dois anos de fundação. 
Nesse período foram realizados sob sua chancela vários eventos, incluindo exposições, como Roteiro Musical da Cidade de São Paulo, no Sesc Santana http://www.youtube.com/watch?v=oyDEXfEeOi0 shows e lançados um livro (reprodução da capa, acima), Lua Estrela Baião, a História de um Rei (Cortez Editora) e um CD, O Samba do Rei do Baião (Genesis). Foram também firmadas algumas parcerias importantes, como a que possibilitou a criação do caderno Memória da Cultura Popular http://www.jornalistasecia.com.br/edicoes/culturapopular17.pdf
Em comemoração ao aniversário de dois anos do IMB será posto em prática o projeto Rodas Gonzagueanas nos dias 4, 5 e 6, no Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro.
O projeto, que teve sua primeira edição no dia 13 de dezembro de 2005, no teatro Brincante http://www.youtube.com/watch?v=K2fZQtOdnKM e um ano depois, na rede CEU
Quer saber mais um pouco sobre o Instituto Memória Brasil?
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sexta-feira, 27 de setembro de 2013

DÚVIDA, CHORO E PORRE

Eu, Francisco, nasci há dois mil anos atrás...
Brincadeirinha.
Deu-se o causo, de toda simplicidade, na maternidade Cândida Vargas da capital paraibana; sem graça nem pompa alguma, muito tempo depois da vinda do homem de Nazaré ao convívio humano para nos salvar.
Deu-se o causo, na verdade, há quase dois mil anos após acontecimentos incríveis ocorridos por aí a fora, como o nascimento do rei da embolada Manezinho Araújo; esse, sim, um belo causo ocorrido no dia 27 de setembro de 1910, em Cabo de Santo Agostinho, que fica ali por uns 30 quilômetros desde a capital pernambucana.
Nesse dia, aliás, no mês e ano de 1952, de madrugada, a explosão entre um caminhão na contramão e um carro de passeio fazia calar para sempre a bonita voz de tenor de outro rei: Chico Alves, na via Dutra, à altura de Pindamonhangaba e Taubaté paulistas.
Chico morava no Rio e era para lá que ele se dirigia depois de um espetáculo que reuniu milhares e milhares de pessoas no bairro paulistano do Brás.
Sim, eu cheguei por cá na barra do dia de 27 de setembro de 1952.
E eu chorava, mas chorava era pela perda do grande cantor.
E dito isto digo mais, que:
Dona Maria, minha mãe, partiu quando eu tinha quatro anos; e ela, 26 de idade.
Seu Severino, meu pai, partiu quando eu tinha cinco de idade; e ele, 33.
Ela e ele fizeram o que tinham de fazer e tchau!
E eu fiquei por cá, crescendo com pulga na orelha:
- Será que chegarei à idade do homem de Nazaré?
No dia 27 de setembro de 1985 - uma sexta-feira como esta, de lua cheia no céu – deixei macambúzio a redação da TV Manchete, onde eu trabalhava.
E fui pra casa.
Tranquei-me no quarto e chorei feito um besta.
Mas logo depois da meia-noite eu soltei uma risada louca, abri um uísque e tomei um porre daqueles, sem gelo e sozinho.
Foi quando descobri que somos eternos, e por sermos eternos precisamos brindar (acima, em foto do século passado com colegas da Folha): tim, tim.
Viva a vida!
Para lembrar Chico, clique:

ANIVERSÁRIO
Desde já quero agradecer aos tantos e tantos amigos e amigas que têm telefonado e mandado bonitas mensagens de parabéns pela data que hoje comemoramos.

GRAMMY
E agora nos chega a notícia de que o álbum Salve 100 Anos Gonzagão (aí à direita a reprodução da capa), de que participo interpretando um texto que fiz sobre o Rei do Baião (1912-89) numa faixa de 9m50, acaba de ser indicado para receber o troféu Grammy Latino 2013, na categoria Melhor Álbum Brasileiro de Raiz. Nessa mesma categoria se acha a cantora paraibana Elba Ramalho. A produção de Salve Gonzagão 100 Anos, independente, é do mineiro Téo Azevedo. Detalhe: o disco está esgotado e dele também participou o compositor sanfoneiro José Domingos de Moraes, Dominguinhos (1941-13), que desde ontem descansa em paz no cemitério da terra onde nasceu, Garanhuns, PE, onde foi construído um mausoléu com sua imagem. 

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