Foi depois de tomar conhecimento do drama de uma certa Anastasia, princesa européia da dinastia Romanoff, que uma certa Lucinete Ferreira resolveu trocar de nome, virando Anastácia com “c”, que o tempo se incumbiria de transformar na rainha do nosso forró.
O drama da princesa começa durante a Revolução Russa, em 1917, quando os comunistas assumem o poder.
A história da nossa “rainha” começa entre os anos 50 e 60, em Pernambuco.
Aos dez anos a princesa, filha do czar Nicolau II, consegue fugir para Paris escapando, assim, de morte certa (o que não ocorreu com seus pais, irmãos e parentes próximos, que foram friamente fuzilados pelos revolucionários).
Também tinha lá uns dez anos quando a filha de seu José e de dona Josefa Ferreira encantava meninos e adultos com seu canto de curió, e o dobro dessa idade quando decidiu por conta e risco deixar Pernambuco e se fixar na terra dos bandeirantes e dos nordestinos, Sampa, à época chamada de “eldorado brasileiro”.
Em São Paulo, Anastácia fez de tudo um pouco para sobreviver. Até aeromoça foi, acreditem. Mas o que ela queria mesmo era ser artista, cantora. Aí conheceu Silvio Santos, Dominguinhos, Venâncio e Corumba e outros mais. Logo, começava a cantar em disco. Noivado Longo e Chuleado foram as duas primeiras composições que ela gravou, lançadas num compacto simples, de vinil. Noivado é de Max Nunes que ela foi rever só no começo dos anos 90, quando nos apresentamos no programa do Jô Soares, no SBT. Eu, falando sobre o livro Eu Vou Contar pra Vocês, que acabara de escrever sobre o rei do baião, Luiz Gonzaga; ela, cantando em homenagem ao rei.
Anastácia é uma das mais importantes artistas da música popular brasileira – bingo! –, ao lado de Carmélia Alves, rainha do baião; e Marinês, rainha do xaxado. Como Carmélia e Marinês, Anastácia anda hoje um pouco esquecida dos seus súditos mais diletos e praticamente desconhecida das gerações mais novas, graças à burrice imperial da maioria dos produtores e apresentadores de rádio e de televisão, para quem bom é tudo o que não presta. Argh!
Agora, em boa hora, surge o primeiro livro sobre ela, Eu Sou Anastácia! Histórias de uma Rainha, assinado pela própria artista e por Lêda Dias.
Nesse livro, de leitura boa e rápida, o leitor tomará conhecimento da trajetória da grande artista que é Anastácia, rainha e não princesa, que um dia, por estas “bandas do Sul”, encontraria nos seus conterrâneos Dominguinhos, Venâncio e Luiz Gonzaga o apoio de que tanto precisava.
Sorte nossa.
Anastasia certamente gostava de valsa.
A nossa Anastácia gosta mesmo é de forró, como boa parte dos brasileiros.
Confiram o que digo escutando hoje nossa conversa recheada de música no programa que apresento todos os dias na Rádio Trianon AM 740, O BRASIL TÁ NA MODA, no ar, ao vivo, também pela Internet, a partir das 14 horas. Quem não nos ouvir daqui a pouco, por uma razão ou outra, terá outra oportunidade: amanhã às 4h30, na forma de reprise.
ENCONTRO DE REPENTISTAS
Do diretor da Casa do Cantador de Brasília, Chico Repentista, recebo a seguinte notícia:
- A Casa do Cantador dando continuidade ao projeto "SEXTA DO REPENTE" realizará no dia 22/07/2011, a partir das 20hs, mais uma noite de cantoria com apresentações de grandes astros da arte do repente. Essa 5ª edição contará com a presença dos poetas Chico Ivo e João Neto, residentes no DF, e com a participação especial dos Poetas Ivanildo Vila Nova de Caruaru, PE, e Raimundo Caetano, também de Caruaru.
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quarta-feira, 13 de julho de 2011
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