Seguir o blog

quarta-feira, 12 de março de 2025

EU E MEUS BOTÕES (79)

"Pois é, pessoal. Essa história é terrível e aconteceu na nossa terra, interior da Bahia. Muita gente morreu à bala, à facada, a tiro de canhão e de tudo mais. Até de doença muita gente morre...".

Ooopa! Puxa vida, estou gostando. Continue, continue. 

"Cheguei há pouco, tomei água que me ofereceram e, na verdade, eu pretendia esperá-lo", fala em tom de justificativa a historiadora Flor Maria. A essa altura, todos os botões estão de pé. Lampa pede a palavra:

"Seu Assis, a gente não aguentou e passou a fazer pergunta à dona Flor. Biu e Barrica queriam saber de Carnaval e Quaresma. Eu, bom, queria saber era da história dos Canudos que teve um cearense como herói".

Enquanto puxou um tamborete pra eu sentar, a historiadora toma pé da guerra ocorrida no interior da Bahia e vai aos poucos prendendo a atenção de todos. 

"Atenção Lampa e todos aqui: o herói referido tem por nome Antônio Vicente Mendes Maciel , o Conselheiro. A história começa lá atrás, quando o nosso herói cai na estrada em nome de Deus. Por cada lugar que passa, vai ele ganhando adeptos aos milhares. Sua romaria dura mais de 20 anos até que chega ao interior da Bahia e lá funda o que passou a se chamar Arraial de Canudos".

Ouve-se em uníssono a expressão "Puxaaa!".

Zoião, quieto até então, pergunta: "Há pouco a senhora disse que essa história foi um horror, uma coisa horrorosa, que findou com muita gente degolada. Quando essa história se passou?".

Antes de responder, Flor tem a atenção chamada por Zé e Mané: "Quantas pessoas morreram nessa guerra, dona professora?".

Flor Maria ri e logo segue dizendo que a guerra de Canudos durou menos de um ano e ao fim, conta lembrando leitura de Os Sertões, "Os últimos a caírem foram um homem, um velho e uma criança".

Zilidoro, que não perdia uma palavra, aproveitou pra perguntar porque ocorreu tamanha carnificina. 

"Pois é, tudo que o Conselheiro queria pra si e pra todos que o seguiam era paz; e chão pra morar e terra pra morrer. Era só isso que queriam, mas a elite e poderosos da época tinham-no como inimigo feroz que se armaram até aos dentes para impor de volta a monarquia. E aí já viu, né?".

Quietos estavam e quietos ficaram Olavim, Fuinha e Pitoco. 

"Bom,  pessoal. É isso aí!", foi anunciando o fim do papo com os botões entusiasmados e querendo saber mais e mais. 

Barrica levanta o dedo, perguntando: "Esse cara Conselheiro foi um cara arretado, destemido, solidário. Puxa vida! Nem sei o quê perguntar".

Mané acode Barrica e pergunta: "Dona Flor, quando nasceu esse Conselheiro?".

"O Conselheiro nasceu no dia 13 de março de 1830. Satisfeitos?".

In-te-res-san-tís-si-mo. Gostei, Flor Maria. E vocês, o que acharam?

Ao mesmo tempo que batiam palmas, diziam "Ótimo! Ótimo!".





POSTAGENS MAIS VISTAS