Nos primórdios, Roberto Carlos ficava ao colo do flautista conterrâneo Carlos Poyares para poder alcançar e cantar ao microfone de uma rádio de Itapemirim.
Roberto, à época, era ainda uma criança.
Carlos Câncio Poyares nasceu no dia 5 de dezembro de 1928 (Colatina, ES) e morreu no dia 5 de maio de 2004 (Brasília, DF).
A amizade entre os dois foi eterna, enquanto durou.
Não sei quando conheci Poyares, só sei que frequentei sua casa e ele a minha. A nossa amizade também perdurou por muito tempo.
A carreira musical Poyares começou muito cedo.A música era o seu caminho, com a flauta no bico.
Sua música se acha em centenas e centenas de discos de 78RPM. Inclusive em discos do Rei do Baião.
A discografia desse artista de Colatina é extensa: uns 50, 60 LPs.
Carlos Poyares tinha dois ídolos: Joaquim Antônio Callado (1848-1880) e Pixinguinha (1897-1973).
Callado Poyares não conheceu, mas de Pixinguinha foi amigo. E com repertório com autoria dos dois, gravou dois LPs.
Todos os grandes chorões pós 1940 foram amigos de Poyares.
Na verdade, na verdade, diga-se: Poyares é um dos marcos do choro.
Mas o Brasil esquece de detalhes, de nomes importantes que o engrandecem.
Lembro de uma vez que Poyares me telefonou dizendo que alguém havia lhe furtado a flauta.
À época eu trabalhava na plim, plim. Deu pauta: num domingo, lá estava Poyares falando da flauta que os “amigos do alheio” levaram.
A minha relação com Carlos Poyares foi uma relação bonita, de amigo.
Ele falava com carinho dos seus companheiros músicos, como Roberto Barbosa (Canhotinho, integrante do grupo musical paulistano Demônios da Garoa) e de tantos e tantos.
De quem ele gostava, falava bem. De quem não gostava, sei lá.
Não sei de inimigos de Carlos Câncio Poyares.
E um dia, todo feliz, me disse: “O Roberto me autorizou a gravar um disco só com músicas suas”. O disco em questão é o LP
O Choro do Rei.
Esse foi o último LP da gravadora Marcus Pereira.
O primeiro e único CD em vida de Poyares
Chorada na Casa do Six.