Falar com o maestro paulistano Julio Medaglia é o mesmo que dialogar com o Brasil, de viva voz.
Conferi isso hoje no programa O Brasil tá na Moda, que apresento de segunda a sexta-feira na Rádio Trianon AM 740, entre às 14h30 e 15 horas, ao vivo.
Começamos a prosa falando sobre o maior dentre todos os compositores operísticos das Américas, o paulista Antônio Carlos Gomes.
Após estréia mundial de O Guarani, de Gomes, cujo libreto assinado pelo italiano Scalvini é baseado no romance homônimo do cearense José de Alencar, Verdi, autor de Aida e outras belas óperas, disse em referência - e reverência - a seu colega paulista:
- Esse jovem começa por onde eu termino.
O ano era 1870 e o palco, o teatro Scala de Milão, Itália.
Seguimos falando sobre o cearense Alberto Nepomuceno e o mineiro Ary Barroso, passando por Elomar Figueira Mello e o paraibano Geraldo Vandré, para cuja obra, excepcional, o maestro paulistano revelou que em breve fará arranjos especiais.
Com extrema mestria, e há muito, Medaglia trafega com desenvoltura tanto no campo da música erudita, como no campo da música popular ou de divertimento, como uma vez me disse outro grande regente, Eleazar de Carvalho, criador do Festival de Inverno de Campos do Jordão.
Carvalho era de Iguatu, CE.
Nos anos 60, Julio Medaglia fez diversos arranjos para canções do universo popular como Tropicália, marco do movimento Tropicalista liderado pelo baiano Caetano Veloso.
Nossa conversa diante dos microfones da Trianon seguiu com o maestro dizendo que acaba de ser consultado pelo prefeito de uma cidade da Grande São Paulo para fundar uma orquestra jovem.
Ele está animado, com essa perspectiva.
Medaglia é formado em regência sinfônica em Freibug, Alemanha, e por vários anos dirigiu o Teatro Municipal de São Paulo.
Experiência não lhe falta.
Idem talento.
E pensar que o Sr. Sayad, da Fundação Padre Anchieta, o dispensou sem razão das atividades de formação cidadã pela música que desenvolvia há duas décadas e meia no rádio e na televisão Cultura...
Insanidade pura!
A propósito, o maestro revelou que centenas de mensagens contrárias a sua saída da Fundação foram despejadas no e-mail particular do governador.
E isso o surpreendeu.
Ele também contou que ontem teve um encontro casual com o governador Alckmin, que lhe disse que não gostou nem um pouco da sua demissão assinada por Sayad e que verá que providências tomar.
“Agora estão me chamando para uma conversa”, disse.
Aguardemos o próximo capítulo dessa lamentável novela estrelada irresponsavelmente pela cúpula dirigente da Fundação Padre Anchieta.
Conversamos também sobre a pobreza da programação televisiva e radiofônica absurdamente reinante entre nós e que quem pode nada faz para mudá-la.
Medaglia criou programas incríveis, no rádio e na televisão, como Opus 7, na Record de antigamente; e Prelúdio, da TV Cultura.
Por fim, um aviso: o bate-papo a que aqui me refiro, será reprisado amanhã às 4h30 da matina.
Quem acordar cedo ouvirá.
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quinta-feira, 5 de maio de 2011
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