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segunda-feira, 31 de outubro de 2022
LULA GANHOU. O POVO GANHOU. VIVA A DEMOCRACIA!
domingo, 30 de outubro de 2022
ZAMBELLI PEGA PRA CAPÁ
sábado, 29 de outubro de 2022
DUELO NA TV
Bolsonaro entrou ontem 28, à noite, com os cascos afiados nos estúdios da TV Globo não para discutir, debater, mas para brigar. Chegou gritando, afobado. Os olhos pareciam querer sair da cara. A boca, os trejeitos, afe! Começou perguntando a Lula se ele, Bolsonaro, iria mesmo cortar o 13º salário do trabalhador. E perguntou e perguntou e perguntou. Diante do silêncio, passou a agredir o concorrente à cadeira de presidente.
Dessa vez, ao contrário da vez anterior na Band, Lula evitou cair nas armadilhas do Coiso.
Muita baixaria da parte do Coiso.
Lula chamou o adversário várias vezes à discussão pertinente aos interesses dos eleitores, da população brasileira. Disse, lá pras tantas, que estava cansado de ouvir tanta besteira.
Bolsonaro chamou Lula de ladrão e corrupto o tempo todo e lá pras tantas disse que sua ida recente ao Complexo do Alemão foi resultante da negociação da campanha do PT com traficantes e chefes do tráfico. Nos bastidores, Bolsonaro foi de uma grossura incomparável com os repórteres. Chegou a bater boca com Fábio Wajngarten, da Folha.
sexta-feira, 28 de outubro de 2022
DOMINGO ESTÁ CHEGANDO. HOJE TEM DEBATE NA GLOBO
Eu quero
Fiel, firme e justiceiro
Capaz de nos proteger
Que do campo até à rua
O povo todo possua
O direito de viver
Quero paz e liberdade
Sossego e fraternidade
Na nossa pátria natal
Desde a cidade ao deserto
Quero o operário liberto
Da exploração patronal
Quero ver do Sul ao Norte
O nosso caboclo forte
Trocar a casa de palha
Por confortável guarida
Quero a terra dividida
Para quem nela trabalha
Eu quero o agregado isento
Do terrível sofrimento
Do maldito cativeiro
Quero ver o meu país
Rico, ditoso e feliz
Livre do jugo estrangeiro
A bem do nosso progresso
Quero o apoio do Congresso
Sobre uma reforma agrária
Que venha por sua vez
Libertar o camponês
Da situação precária
Finalmente, meus senhores,
Quero ouvir entre os primores
Debaixo do céu de anil
As mais sonoras notas
Dos cantos dos patriotas
Cantando a paz do Brasil.
quinta-feira, 27 de outubro de 2022
EU E MEUS BOTÕES (50)
https://www.sjsp.org.br/noticias/fake-news-nao-e-noticia-desinformacao-nao-e-jornalismo-1d3e
quarta-feira, 26 de outubro de 2022
"MEU VOTO É 13!", DIZ STREAMER CASIMIRO
FAKE NEWS E STF
Assim que acordei vi a montagem tosca feita com o intuito de enganar o eleitor a uma semana do 2° turno. Repudio a utilização da minha imagem sem autorização para fins eleitorais e reafirmo minha posição de insatisfação com o atual governo. Como sabem, dia 30 meu voto é 13.
— caze (@Casimiro) October 23, 2022
ENTREVISTA
terça-feira, 25 de outubro de 2022
BRASIL DA CULTURA POPULAR
segunda-feira, 24 de outubro de 2022
EU E MEUS BOTÕES (49)
De morte matada ou não
Lugar de quem não presta
É lá no fundo da prisão!
domingo, 23 de outubro de 2022
NORDESTINO VOTA EM NORDESTINO
E da Mitologia
Dos deuses do Olimpo
E da Democracia
Plantou em Diógenes
A flor da Anarquia
Diógenes era um doido
Diplomado em Poesia
Com sua lanterna acesa
Em pleno dia
Procurou mas não achou
No poder cidadania
Outras coisas ele achou
Mas não o que queria:
Um Ser que fosse honesto
A verdade sem fantasia
e um santo que falasse
Do valor da valentia
Valente é todo Ser
Que vive de teimosia
Que detesta injustiça
E a lei da "Mais Valia"
E não vou falar mais disso
Adeus, até outro dia!
UMA HISTÓRIA DE CARRO DE BOI E GENTE
No nosso Brasil rural
Os carros de boi vieram
Das bandas de Portugal
Já prontos pra transportar
Cana do canavial
Primeiro foi na Bahia
E depois em São Vicente
Os carros de boi moldaram
O gosto de muita gente
Mas hoje são só lembrança
Que guardo na minha mente
Nesses carros eu andei
e brinquei com alegria
Em um tempo já distante
Que lembro com nostalgia
No nosso Brasil querido
Tem beleza e fantasia
Quem conduz um boi de carro
Por tradição é carreiro
Por tradução é um craque
Chamado de Candieiro
https://www.youtube.com/watch?v=IQehVnx_fm8&t
Esse barulhinho aí é esquisito, não é?
Eu ouvi esse barulhinho quando era menino, e ele nunca mais saiu daqui da minha cachola. É o barulhinho do carro de boi chorando, gemendo estrada afora.
Qual menino do meu sertão não ouviu esse chorar e viu o lento rodar dos velhos carros de boi?
Sim, qual o menino que nunca viu isso?
Pois é. Dia de feira, dia de festa, de gente pra lá e de gente pra cá. De gente vinda de tudo quanto é lugar, numa agitação dos infernos! Gente gritando, rindo, moleque chorando, outros vendendo e comprando fosse o que fosse. E à distância, o carro de boi: oooooonnn... Comendo a poeira levantada pelo tropel dos cavalos.
Naqueles dias distantes da minha infância, lembro que tinha também os bebuns de plantão de boteco para quem os dias pareciam não passar.
Mas apesar disso, e por isso mesmo, o que fica pregado na memória é o chiadinho do carro de boi. Esse chiadinho que arrepia a alma, choroso, é diferente do choro de gente. É um choro chorado, dorido, diferente de tudo. Um choro que vem de lá de nem sei de onde.
Esse choro me entristecia, profundamente. Para ter tristeza e chorar num precisa ser frouxo, não. Cabra macho também chora.
Seu Nonô mesmo, que era raçudo e tinha lá nas costas uma penca de morte feita a bala e faca, um dia, escondido, eu o vi chorar. Aliás, até os bois choram. Choro demais chega a ferir o coração da gente.
Ah! Sim, todo mundo sabe: coração de sertanejo é duro de doer. É calejado, cheio de marca que nem seus pés e suas mãos. Notei isso quando cresci. Olha aqui as minhas mãos, tá vendo? Todas cheinhas de calo de tanto amargar o cabo da enxada de sol a sol. Doem. E os pés? Olha aqui. Tudo rachado que nem a terra seca à espera da água do céu que parece nunca vir. Por cá, por essas bandas, falta d´água mata gente e mata boi.
Pois é, coração de sertanejo não é mole, não. Quando dá de doer, seu moço, de machucar feito moenda com toras de cana ou aquelas maquininhas de repuxar agave, no muque, ah!, danou-se! E fique certo: o sofrimento é tanto que lembra dor de dente na hora do meio-dia, do pino, sob a danação da seca pesada. É de lascar o cano!
Por essas bandas tudo é triste. O nosso andar, a nossa fala puxada, o nosso riso, até o nosso espirro é triste. Pode reparar. Tudo é triste na gente. Menos a esperança. Ah! Essa, não. É tudo que nos resta... Mas que a nossa vidinha por aqui é braba, lá isso é. Daí a tristeza. Deus que me perdoe, mas acho que até ele esquece da gente. E né não?
Mas eu tava falando mesmo era dos carros de boi. Quando os carros de boi param, tudo para. Até o tempo. Eita tristeza danada é a falta do gemido, do choro inacoluto do carro de boi!... Eu sempre quis falar esta palavra: inacoluto. Nem sei o que é inacoluto, nem sei se existe, mas que é uma palavrinha bonita, hein? Lá isso é!
Essa história de carro de boi é triste, mas é bonita. Nem sei se pelo carro ou pelos bois. Para os meninos do sertão, o boi não é só um bicho trabalhador, não. É amigo, amigo mesmo! Boa companhia. Bem comparando, é que nem cão e gato na cidade grande. Mas um dia tudo se acaba. Nós, inclusive. E os bois. De morte morrida ou de morte matada, não interessa. Isso é detalhe. Quando o boi morre de morte matada, a sua carne é vendida no açougue. Que fazer? Das duas, uma: ou se morre de barriga cheia ou se morre de barriga vazia.
A cena do boi indo pro sacrifício é feia, o moço aí já viu? Ele adivinha que vai morrer, tanto que dos cantos dos seus olhos escorre lágrima. Pode ver. E numa rápida manobra, o carrasco, poft!, dá cabo à vida dele. Tem gente que disfarça, que olha de banda, que não quer olhar. Eu olhei e chorei, como muitos amigos meus, meninos do meu tempo, de calça curta, de um tempo que já vai longe, e como vai!
Jamais vou esquecer o boi entrando no matadouro, escorregando no sangue de outros bois e caindo pesado, num baque seco, surdo, sem um mugido sequer. O difícil, depois, é achar entre os corpos esquartejados a carne do boi de carro, de estimação, de brinquedo, do boi querido, do boi amigo, do boi quase irmão, do boi que virou calemba, bumbá, mamão. Do boi que virou lembrança, uma dolorosa e triste lembrança no mais fundo de nós.
Mas é essa a sina do boi. Depois de passar a vida toda puxando carro ou arando de sol a sol, morre pelas mãos assassinas do homem. Com Jesus também não foi diferente: veio para nos salvar e nós o matamos. Sem pena nem piedade.
Foi assim, é assim e será sempre assim. Não tem jeito. O homem é mau, o boi é bom.
O homem não nasceu pra se salvar.
Carro de boi
Boi de carro
Boi que cala
Seja no cipó
Seja na bala
É boi, é gente
É gente, é boi
Carro, boi, gente
A vida no sertão
Ai meu coração!
Gente e boi
Boi, gente
É tudo um pedaço,
Um pedaço que sente,
Que sente que vida
É suor, é semente
Seja boi de reis
Seja boi de carro
Seja boi calemba
Seja boi de carro
Seja boi-bumbá
Seja boi de mamão
Seja, meu Deus!
Bois do coração
É boi de cá
É boi de lá
Tudo é boi
É boi pra se amar
No sol e na poeira
Na subida e na ladeira
Segue o homem
Segue o boi
O carro puxando
Sobre pedra
Sobre barro
Ora aqui
Ora acolá
Sem nada reclamar
O carro, o boi, o homem
O homem, o boi, o carro
O carro geme a dor do homem
Que geme a dor do boi
Que puxa o carro do homem
Sem preguiça
Justiça!
Sem ódio
Sem rancor
Segue assim o homem
Andando, correndo
Comendo poeira
No silêncio do trabalho
Óh! Deus
Segue assim o homem o seu destino
A sua sina…
No cangote doido da vida Severina
https://www.youtube.com/watch?v=-A2RG0dNC68
sexta-feira, 21 de outubro de 2022
O QUE ORA VIVEMOS SÃO TEMPOS DIFÍCEIS
Já não são quinhentas mortes
Já não são quinhentas mil
A desgraça toma corpo
No coração do Brasil
Não são mortes naturais
As mortes de Silvas e Bragas
São mortes provocadas
Por vírus, pestes e pragas
Praga viva inda mata
Homem, menino e mulher
Mata completamente
Do jeito que o Bicho quer
Maldito Coronavírus
Que pega e mata gente
O Brasil está morrendo
Nas garras do presidente
Presidente também morre
De morte matada ou não
Lugar de quem não presta
É lá no fundo da prisão!
quinta-feira, 20 de outubro de 2022
"VAMOS COM LULA PELO BRASIL!"
Perdia a noite, ganhava o dia
Foi fantasia seu enxoval
Nasceu Maria no Carnaval
E não lhe chamaram assim como tantas
Marias de santas, Marias de flor
Seria Maria, Maria somente
Maria semente de samba e de amor
Não era noite, não era dia
Só madrugada, só fantasia
Só morro e samba Viva Maria
Quem sabe a sorte lhe sorriria
E um dia viria
De porta-estandarte
Sambando com arte
Puxando cordões
E em plena folia
Decerto estaria
Nos olhos e sonhos
De mil foliões
Morreu Maria quando a folia
Na quarta-feira também morria
E foi de cinzas seu enxoval
Viveu apenas um Carnaval...
Mais de mil palhaços no salão
Arlequim está chorando pelo amor da Colombina
No meio da multidão
Foi bom te ver outra vez
Tá fazendo um ano
Foi no carnaval que passou
Eu sou aquele pierrô
Que te abraçou
Que te beijou, meu amor
Na mesma máscara negra
Que esconde o teu rosto
Eu quero matar a saudade
Vou beijar-te agora
Não me leve a mal
Hoje é carnaval
quarta-feira, 19 de outubro de 2022
EU E MEUS BOTÕES (48)
“A atual Constituição garante a intervenção das Forças Armadas para a manutenção da lei e da ordem. Sou a favor, sim, de uma ditadura, de um regime de exceção, desde que este Congresso dê mais um passo rumo ao abismo, que no meu entender está muito próximo" (1999)“O pau-de-arara funciona. Eu sou favorável à tortura” (1999)
“Tudo é coitadismo. Coitado do negro, coitado da mulher, coitado do gay, coitado do nordestino, coitado do piauiense. Vamos acabar com isso” (2018)
Nessa avenida um samba
Popular
Cada paralelepípedo
Da velha cidade
Essa noite vai
Se arrepiar
Ao lembrar
Que aqui passaram
Sambas imortais
Que aqui sangraram pelos
Nossos pés
Que aqui sambaram
Nossos ancestrais
segunda-feira, 17 de outubro de 2022
EU E MEUS BOTÕES (47)
sábado, 15 de outubro de 2022
SOMOS TODOS MESTRES
Só não vê quem não quer ver
Diz um dito popular
Esse dito é bem dito
E dele é bom falar...
Mas como hoje 15 é o Dia do Professor, o referido poema eu poderia começar assim:
sexta-feira, 14 de outubro de 2022
MEMÓRIAS DA INFÂNCIA: O MENINO E O MAR (2, FINAL)
Nunca pensei em publicá-lo. Mas tendo sido dado a ler a Carybé por João Jorge, o mestre baiano, por gosto e amizade, sobre as páginas datilografadas desenhou as mais belas ilustrações, tão belas que todos as desejam admirar. Diante do que, não tive mais condições para recusar-me à publicação por tantos reclamada: se o texto não paga a pena, em troca não tem preço que possa pagar as aquarelas de Carybé.
O texto é editado como o escrevi em Paris...
Pois é, personagens reais têm invadido a ficção. Infantil. Coisa boa. Por esse mesmo caminho têm trilhado muitos autores, jornalistas inclusive.
Em 2009, o jornalista alagoano Audálio Dantas publicou O Menino Lula. É a história do pernambucano que virou presidente. Bom texto, para um bom personagem.
E por não ter o que fazer, até eu abracei a ideia de contar a infância de pessoas reais, como a cantora paulistana Inezita Barroso e o pernambucano de Exu Luiz Gonzaga. Dois livros, direcionados ao classificado público infanto-juvenil. Títulos: A Menina Inezita Barroso (2011) e Lua Estrela Baião, a História de um Rei (2012).
No ano de 1987, o multitudo paranaense Elifas Andreato adaptou um texto da Declaração dos Direitos Humanos (1948) para a criançada. Dizia dos principais itens, ou pontos, necessários para que as crianças pudessem/possam crescer com liberdade e categoria. Tornando-se cidadãos de respeito. Essa adaptação ganhou livro e versão musical para teatro e disco. Uma beleza. Título: A Canção dos Direitos da Criança.
Sou litorâneo. Nasci em João Pessoa, PB. Conheci o mar nos braços da minha prima Avani. Eu tinha uns três anos, se tanto. Apaixonei-me pelo mar. E apaixonado escrevo, especialmente para este J&Cia, O Menino e o Mar:
Na canoa a navegar
Navego no lusco-fusco
Das ondas que faz o mar
Menino-peixe que sou
Eu nasci para brincar
Quem brinca se diverte
Seja só ou seja em par
Nas ruas, parques e praças
Ou simplesmente no mar
Na vida tudo é graça
Pra quem gosta de brincar
Brincando criei a Lua
Brincando fiz o luar
Minha canoa não teme
As intempéries do mar
Quem tem medo do medo
Não serve para brincar
Minha canoa é forte
Tão forte que nem o mar
Tão forte que nem o vento
Quando quer nos assustar
Com remos firmes nas mãos
Eu não me canso de remar
Já remei em todo canto
Inda mais hei de remar
Na Paraíba, no Japão...
Em japonês eu vou cantar
Cantando direi que sei
Dos segredos que tem o mar
Num ponto qualquer do mar
Ouço vozes maviosas
Ganhando formas no ar
São sereias desgarradas
Num belo coro a cantar
É a coisa mais bonita
Que se possa imaginar:
Sereias no ar dançado
Cantando pra encantar
Num ponto qualquer do mundo
Num ponto qualquer do mar!
Deslizando sobre águas
Sigo eu a navegar
Procurando juntar forças
Pra quem sabe até voar!
Sou peixe à luz do Sol
À luz da Lua sou o mar
Sol e Lua quando juntos
Formam sempre um belo par
O Sol oscula a Lua
A Lua oscula o mar
Na canoa numa boa
Sigo eu a navegar
O dia 12 de outubro é o Dia das Crianças, escolhido como Lei em 1924.
No dia 12 de outubro também é comemorado o Dia de Nossa Senhora Aparecida, a Padroeira do Brasil.
LEIA MAIS: Em junho de 2013 escrevi um texto especial abordando o tema literatura infantil. É uma pequena viagem no tempo. Talvez valha a pena acompanhar o dito escrito sob o título Oralidade — Hoje, ontem e sempre.
quinta-feira, 13 de outubro de 2022
MEMÓRIAS DA INFÂNCIA: O MENINO E O MAR (1)
Hoje é domingo
Pé de cachimbo
O cachimbo é de ouro
Bate no touro
O touro é valente
Bate na gente
A gente é fraco
Cai no buraco
O buraco é fundo
Acabou-se o mundo!
E ouvia também, e todo mundo cantando, pérolas como esta:
Marcha soldado
Cabeça de papel
Se não marchar direito
Vai preso no quartel…
Muitas coisas bonitas, lúdicas, permanecem grudadas nas paredes da minha memória.
A história de Chapeuzinho Vermelho me assustava, me arrepiava todo. E olha, nem era a história original contada na Idade Média que eu ouvia. Na versão original o lobo mau matava a vovozinha e seu corpo cortado como em pedaços de bife dividia com Chapeuzinho que nem de longe desconfiava do que estava comendo. E depois disso, insaciável, crau! Comia a pobrezinha da Chapeuzinho.
Essa história tem várias versões na França, na Espanha, na Itália. No Brasil, em 1970, o compositor Chico Buarque e o cartunista Ziraldo inventaram uma certa Chapeuzinho Amarelo. É a história de uma menina que tem medo de tudo, até do medo.
Lembro da Gata Borralheira, da Branca de Neve, do Pinocchio, do João e Maria...
A história de João e Maria, essa contada por minha avó Alcina, arrancava-me rios torrenciais de lágrimas. Os irmãos, crianças, eram filhos de um lenhador viúvo casado pela segunda vez. Eram pobres. A madrasta, má, convenceu o marido a abandonar os filhos na floresta. Em resumo: eles sobrevivem mesmo depois de caírem nas garras de uma bruxa cega.
Ai, ai, ai meus tempos de criança.
Os contos de fadas e fábulas têm origem nos tempos imemoriais.
Há indícios de que o primeiro autor de fábulas foi o escravo grego Esopo. Indícios, apenas indícios, pois até hoje não há provas concretas. Não há escritos, manuscritos.
Histórias, historinhas, colhidas da boca do povo. Tudo oralidade.
Esopo teria vivido no século 6 a.C.
Nos séculos 17 e 18 surgiram na França e na Alemanha La Fontaine e os irmãos Grimm, respectivamente.
No ano de 1668 Fontaine publicou seu primeiro livro reunindo pouco mais de uma centena de fábulas, em versos, a que intitulou Fábulas Escolhidas. Esse livro foi dedicado ao rei Luís 14.
Os Grimm foram, como Fontaine, de grande importância para a fabulagem de nossos tempos de infância.
A literatura infantil, em prosa e poesia se acha nos quase 200 países classificados pela Organização das Nações Unidas, ONU.
Pinocchio é personagem italiano e incorpora o mentiroso.
Eu gostava do Pinocchio.
Pra incomodar amiguinhos chatos, eu os chamava de Pinocchio.
Criança apronta muito, e muito. Sempre.
Mais de uma vez eu vi amiguinho defendendo a mãe com uma quadrinha que nunca me saiu da cabeça. Era quando um menino maior xingava um menino menor chamando-o de "filho da puta". Resposta:
Filho da puta
É banana curta
Teu pai é corno
E tua mãe é puta!
O moleque dizia isso e pernas pra que te quero! E corria feito doido, cai aqui cai acolá. E quando caía, apanhava.
Não posso me queixar dos meus tempos de criança. Brinquei de cavalo de pau, de esconde-esconde, de bang bang, de médico e paciente, de passa anel, de bola de gude, de pião. Muitos dos meus brinquedos eu mesmo os construía como caminhõezinhos de madeira, boizinhos e vaquinhas de barro.
O tempo passa e a memória fica.
O MALIGNO E CRIANÇAS EM ARMAS
quarta-feira, 12 de outubro de 2022
EU JÁ FUI CRIANÇA
Eu conheci muita gente bonita da nossa música popular. Entre essa gente, Luiz Vieira.
Vieira escreveu muita coisa bonita. Cantou muita coisa bonita, como Menino Passarinho, de sua autoria.
O dia 12 de outubro nos remete ao ano de 1924. Foi nesse ano, no governo Arthur Bernardes, que surgiu e foi patenteado o Dia das Crianças.
O Brasil foi o primeiro país a dedicar um dia às crianças.
Luiz Vieira compôs Menino Passarinho. Eu que não sou poeta nem nada, apenas jornalista, inventei de inventar um poema a que intitulei O Menino e o Mar.
Em 1952, o rei da voz Chico Alves teve lançada após sua morte, no dia 27 de setembro, a Canção da Criança. Uma pérola, belíssima. Ouça:
terça-feira, 11 de outubro de 2022
EU E MEUS BOTÕES (46)
“Puxa vida! Não entendi nada. Há uma grande violência sendo incentivada e espalhada no Brasil pelo presidente Bolsonaro. Muita doidura vem da boca de Bolsonaro. É muita mentira, muita esculhambação. Eu não compreendo nada, é difícil entender o que ora ocorre no Brasil”, desabafou o poeta popular Zilidoro. Barrica emendou: “Loucura, loucura, loucura!”.
Reflexivo, Zé disse para a surpresa de todos: “Pela primeira vez um chefe de Estado faz da loucura uma estratégia política”.
Zilidoro puxou palmas para a fala de Zé.
Zoião pergunta o que é que acho disso tudo. Hmmmm, respondi.
Mané não gostou do meu “Hmmm…” e retrucou: “Seu Assis, agora é a hora verdadeira de a gente tomar posição e mandar o Bolsonaro para o esgoto de onde saiu!”.
Concordo, concordo. Agora é a hora chegada de tomarmos posição: Lula tem de ganhar, porque senão… “Estaremos afunhenhados!”, arrancou do meu pensamento o poeta Zilidoro, acrescentando: “O Bolsonaro diz que não há fome no Brasil. Ai, ai, ai…”.
O sempre quase quieto Zoião, para minha surpresa, se disse indignado com todas as falas mentirosas, cretinas, homofóbicas, machistas do Bolsonaro. E mudando de assunto, disse que viu há uns 10 anos um filme chamado Gonzaga - de Pai pra Filho e que nesse filme, eu apareço, de alguma forma eu apareço, e que até teve esse filme divulgação ampla na TV Globo. E pra provar o que estava dizendo, tascou: “Foi em 2012. Antes desse filme, o sinhô aparece numa entrevista da Globo dizendo que Luiz Gonzaga era pobre, negro e analfabeto". Sim!, respondi. Era pobre, negro, analfabeto e cego de um olho! E sofreu muito por ser quem foi. Foi um gênio, na verdade!
“Seu Assis, posso compartilhar com meus amigos e todo mundo o vídeo do ...?".
Antes que Zoião concluísse, eu disse: Pode!
segunda-feira, 10 de outubro de 2022
EU E MEUS BOTÕES (45)
“A campanha política recomeçou, está na rua. Uma doidura”, disse Barrica. Seu irmão Biu, acrescentou: “Vi na TV o ressuscitamento de uma entrevista do Bolsonaro publicada no jornal norte-americano The New York Times, em 2016, dizendo que estava pronto pra comer índio”.
Espantados, todos perguntaram: “O quê!?!?!?”. “Isso mesmo!”, confirmou Biu. E pegando o jornal, destacou a frase de Bolsonaro: “Eu comeria o índio sem problema nenhum, é a cultura deles, e eu me submeti àquilo”.
“Deus do céu!”, espantado disse Mané.
“Caraca!, esse Bolsonaro é do balacubaco. Canibal!”, foi a vez de Zé falar.
Notei que Zilidoro estava a mil, só me observando. Fiz de conta que não vi. E ele: “Seu Assis, até agora o Sr. não se manifestou diretamente sobre a sua preferência ao nome que deverá governar o nosso País nos próximos quatro anos. Pergunto: o sr. é Bolsonaro, ou o sr. é Lula?”.
Olhei na cara de Zilidoro, olhei na cara de todos, e disse com todas as letras: Eu sou Brasil, eu sou brasileiro, eu sou nordestino nascido em João Pessoa, PB. Sou jornalista com poucos recursos financeiros, mas acredito profundamente na Democracia. Sem Democracia não é possível ser feliz. Sonho por um Brasil melhor, sem desigualdades, justo. Vou votar no Lula. O Bolsonaro é lixo.
Confesso que não foi surpresa ver os meus botões se levantarem e entusiasmados baterem palmas: “Isso! Isso!”, disseram. E Zilidoro: “O Brasil precisa sair do buraco em que se acha!”.
Do seu canto Zoião só nos olhava. De repente, disse: “Estou sentindo a falta do Lampa…”.
“Eu também…”, respondeu Zé.
“O Lampa parece estar fora de perigo. Já não respira por máquinas. Saiu do tubo. Foi o que me disse a pouco, por telefone, o Jão”, informou Barrica.
Pessoal, hoje é segunda e amanhã é terça. Tomara que até o fim do mês o Lampa esteja conosco.
“Isso! Isso, seu Assis!”, bateu palmas se levantando da cadeira o Biu.
Antes de darmos por encerrada a nossa reunião, Zilidoro pediu a palavra e perguntou: “Seu Assis, vi hoje na internet o Sr. sendo censurado. Pela internet! Por quê? Não entendi”.
Ai, ai, ai, Zilidoro. Eu também não entendi. Postei uma fala de 53 segundos e a internet não gostou. Não sei porque, tudo que falei foi que estava indignado com a fala de Bolsonaro. Aquela em que ele dizia que nós, nordestinos, votamos em Lula no primeiro turno porque somos analfabetos.
Enquanto eu falava, Mané mexia na internet. Achou o post referido por Mané. E quase gritando, disse: “Achei, achei! É este!”
domingo, 9 de outubro de 2022
DOMINGUINHOS É TEMA DE MUSICAL EM SÃO PAULO (2, FINAL)
É certo que Dominguinhos não estaria dando a mínima ao desmantelado PSDB ou ao inescrupuloso, homofóbico e negacionista Bolsonaro.
O Nordeste inteiro apoiou Lula, levando-o ao 2° turno. Detalhe: Lula só não ganhou no 1° turno porque o ressentido Ciro Gomes inventou de esculhambá-lo chamando-o disso e daquilo.
O embate entre Bolsonaro e Lula está deixando muita gente assustada. Isso porque, de repentemente, o Brasil de uma hora para outra foi coberto pelo manto da direita extremada.
A campanha na rua para o 2° turno começou segunda 3 no fim da tarde. A propaganda política obrigatória, no rádio e TV começou sexta-feira 7. Um dia antes, aliás, estreou no teatro da FAAP (rua Alagoas, 903, Higienópolis) o musical Dominguinhos: Isso Aqui Tá Bom Demais, idealizado e dirigido por Gabriel Fontes Paiva. O texto é da jornalista Silvia Gomes e a parte musical coube a Myriam Taubkin.
Participam do espetáculo Hugo Lins, Jam da Silva, Cosme Vieira e Zé Pitoco, além da filha de Dominguinhos, a cantora Liv Moraes, e os atores Luiza Fittipaldi e Wilson Feitosa.
Dominguinhos estreou em LP no ano de 1964, a convite do baiano Pedro Sertanejo.
Sertanejo, pai de Oswaldinho do Acordeon, era o criador e diretor do selo musical Cantagalo.
Depois dos primeiros discos gravados na Cantagalo, Dominguinhos transformou-se num dos mais importantes sanfoneiros do Brasil. Entre LPs, compactos simples e duplos e CDs, Dominguinhos deixou mais de 50 títulos.
Eu conheci Dominguinhos num ano qualquer dos 80. Em 99, ele assinou o prefácio de um livro de minha autoria Eu Vou Contar Pra Vocês (Editora Ícone). Foi o primeiro e único prefácio que escreveu. E à mão. Participou várias vezes do programa que eu apresentava na Rádio Capital, São Paulo Capital Nordeste. Em 2006 apresentei e dirigi o espetáculo Baião, no Sesc Pinheiro. Desse espetáculo participaram, além de Dominguinhos, Anastácia (rainha do forró), os emboladores Caju e Castanha, Carmélia Alves (rainha do Baião), Cezar do Acordeon, o poeta repentista Oliveira de Panelas, a cantora e compositora Socorro Lira e o cantor e também compositor Gereba. Com Gereba, a propósito, compus Hino ao Céu. Essa música foi gravada por Dominguinhos e Gereba, num ano que não me lembro.
AULA DE RÁDIO
Os jornalistas Heródoto Barbeiro e José Nêumanne deram uma verdadeira aula de conhecimentos no campo do jornalismo radiofônico, sábado 1, no programa Paiaiá na rádio Conectados. O programa é apresentado pelo radialista baiano Carlos Silvio. Confiram:
SAMBA DO RÁDIO
Até hoje ninguém ousou compor e gravar um hino ao rádio. Por não ter lá muito o que fazer, convidei o craque da nossa música Jarbas Mariz e com ele fiz o Samba do Rádio. Ouçam:
sábado, 8 de outubro de 2022
DOMINGUINHOS É TEMA DE MUSICAL EM SÃO PAULO (1)
Nunca na história política brasileira houve tantos jingles enaltecendo candidatos a deputados estaduais e federais, senadores, governadores e presidente da República. Foram milhares. O de Bolsonaro é uma porcaria e o de Lula muito aquém da sua figura carismática. O de Bolsonaro tem ritmo de "sertanojo" e o de Lula está mais para "forró de plástico". O pessoal que cuida da sua campanha poderia melhorar isso. Cadê o Hilton Acioli, o competente autor de Lula lá?
A história dos jingles políticos no Brasil começa pra valer com Júlio Prestes, o Julinho, candidato a presidente da República, em 1929.
Luiz Gonzaga foi um dos mais profícuos autores de jingles. Ele dizia, e disse-me mais de uma vez, que não tinha particularmente partido político. Trabalhava para quem pagasse melhor. E foi assim com Dutra, Carlos Lacerda, Jânio e tantos e tantos.
O baião Paraíba foi composto originalmente como jingle político. Chegou, aliás, a ser lançado em praça pública pela cantora Marlene. O evento se deu em Campina Grande, PB, no ano de 1950.
A trilha de Gonzaga foi seguida passo a passo por José Domingos de Moraes, o Dominguinhos.
Dominguinhos fez muitos jingles para políticos do Nordeste e de São Paulo, inclusive para candidatos do hoje afunhenhado PSDB.
O PSDB foi praticamente destroçado pelo ex-governador "bolsodória".
Pela primeira vez o sanfoneiro Dominguinhos é tema central de um musical que tem como título o seu nome acrescido de Isso Aqui Tá Bom Demais, título homônimo do forró composto pelo músico pernambucano Nando Cordel.
Em 1949, Dominguinhos tinha 8 anos de idade e tocava com os irmãos à entrada de um hotel de Garanhuns, cidade onde nasceu. Por um desses acasos da vida, Dominguinhos e seus irmãos, Os 3 Pinguins, foram vistos e ouvidos por Gonzaga Rei do Baião. Oito anos depois, em 1957, Gonzaga já apresentava Dominguinhos à imprensa como seu sucessor.Nem tinha ainda maioridade e Dominguinhos já acompanhava Luiz Gonzaga em gravação de disco de 78 RPM na extinta RCA Victor.
sexta-feira, 7 de outubro de 2022
NORDESTINOS, UNI-VOS!
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