Naquele 17 de fevereiro de 2013, o chão fugiu dos meus pés.
Naquele dia o mundo pra mim nada mais valia. Eu era nada, naquele dia.
Era começo da tarde.
Estávamos eu, a minha filha Ana Maria e a mulher que pensei Deus ter escolhido pra viver comigo o resto da vida.
Eu estava no HC.
Eu, Ana e a minha companheira à época aguardávamos o diagnóstico dos médicos sobre a situação que eu, naquele momento, enfrentava. Problema nos olhos. Descolamento de retina.
Para descolamento de retina, não há transplante.
Isso foi dito por uma profissional especializada em olhos.
Foi quando a terra sumiu dos meus pés.
Chorei, chorei desesperadamente.
Ora, passei a vida toda correndo o Brasil e o mundo, fazendo reportagens, tentando entender a vida, o mundo e as pessoas. E eu chorei muito, muito, desesperadamente.
A minha Ana deixou-me em casa e foi para a casa dela.
A companheira ficou comigo e comigo dormiu. E no dia seguinte, de manhã, fez um café maravilhoso para nós e depois do café, disse: "Eu vou embora. Vou cuidar da minha vida".
De novo o mundo fugiu sob meus pés. Fiquei sem ação. Não entendi nada. E em seguida chorei de novo. Chorei, chorei, chorei...
Eu cresci ouvindo a minha mãe, minha vó, as pessoas queridas da minha vida dizendo que homem não chora. Nordestino de verdade, não chora. E eu chorei.
Chorei muito naquele 17 de fevereiro de 2013.
Poxa vida...
Descobri que homem pode e deve chorar.
Devemos chorar quando a alma chora, não é mesmo?
Nunca falei tanto sobre choro, como agora.
Quando eu perdi meus olhos fiquei sem saber o que fazer da vida.
Eu só pensava em morrer, em me matar.
Chega, não é?
Um dia fui convidado a participar de um programa de rádio, na Globo. A apresentadora era maravilhosa, é maravilhosa. Seu nome: Maju, essa mesma que hoje apresenta o jornal da tarde da TV Plim Plim. E pela primeira vez tomei coragem e falei em público sobre o horror que é a depressão (acima).
Depressão é um mal terrível. Chega-nos de repente, de repentemente.
Eu fiz um poema falando dessa coisa. Este:
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