Essa história de indulto é uma coisa antiga.
Em1937 o ditador Vargas anistiou o cangaceiro Antonio Silvino.
O tempo passou, e o mesmo Vargas anistiou Volta Seca.
Volta Seca e outros cangaceiros do bando de lampião foram anistiados pelo presidente gaúcho Getúlio Vargas.
Entrevistei alguns cangaceiros no programa Capital Nordeste.
E a vida foi e a vida vai e continua. E Temer, temendo o próximo governo, pôs a caneta no bolso e não escreveu nada: recusou-se a anistiar, a perdoar, quem está preso sem muita culpa.
Corisco, o cangaceiro maior depois de lampião, recusou-se a dar a sua vida à prisão. Morreu dizendo que não se entregaria.
Dezembro, Janeiro, todos os dias, todas as horas, tempo de dizer oi.
Nesse tempo de dizer oi, amigos queridos a mim vieram brincar no espaço que vivo todos os dias. Papo vem , papo vai, uma viola, um violão, uma cuíca, um dizer sim, um dizer não. Isso é dezembro, é janeiro novo, vivendo oi, dizendo sim e janeiro chegando.
Falar como falei agora há pouco, com Renato Teixeira, aquele da Romaria, dizendo oi dizendo sim, estou aí já já. Fevereiro chegarei para conversar.
Por telefone ouvir tantos amigos como Fausto, o cartunista; Rômulo, Expedito Jorge Leite, da Ibrasa; Vital Farias....
E chegando cá em casa, Tinhorão para dizer oi e tomar um vinho, junto com Kadu, do trio Gato com Fome. E minha namorada, Lúcia, batendo tintim com copo de vinho, vindo das bandas de Taubaté. E veja você: Lúcia é ramo filial do Angelo Agostini, aquele dos traços pioneiros , que deram graça ao dia a dia do Pedro imperial.
O ano de 2018 está terminando, depois de nos lembrar que houve 1968.
1968 foi um ano marcante no mundo todo, no mundo inteiro.
Que fique entre nós: o Festival Internacional da Canção, no Brasil.
Nesse festival, o paraibano Vandré foi a figura mais marcante dentre todos os artistas que se apresentaram. Mais ainda de que Chico e Tom Jobim, com a canção "Sabiá", baseada em poema do maranhense Gonçalves Dias.
Vandré entrou para a história da música brasileira com "Caminhando" ou "Pra não dizer que não falei de flores", repito, uma canção que mexeu com todo mundo.
Geraldo Vandré é uma história particular..
Muita gente, e gente muito importante da historiografia brasileira, tentou e tenta entender a trajetória do autor de "Caminhando".
Alguns livros já foram lançados sobre ele.
O biógrafo mais dedicado e importante à história de Geraldo Vandré, de batismo Geraldo Pedrosa de Araújo Dias, foi/é o paulistano Vitor Nuzzi.
Sobre Vitor, o biografado andou dizendo palavras bonitas.
O livro de Vitor Nuzzi tem por título "Geraldo Vandré – Uma canção interrompida" (editora Kuarup, 2015).
Vitor é jornalista e profissionalmente faz o que todo jornalista tem que fazer, contar história. E ele contou uma história de um personagem da vida brasileira. Acesse:
No dia 31 de dezembro de 2009, o ex editor do jornal paulistano Folha de S.Paulo, Boris Casoy, no programa que apresentava na tevê Bandeirantes humilhou de maneira brutal, vejam só, de maneira brutal, garis que limpavam ruas da nossa cidade paulistana, da nossa São Paulo. A respeito, não me estenderei. Veja:
Boris foi meu editor no jornal que ele editava. Anos 70. Ele sempre foi chato e calculista. Amigo de poderosos, da violência. Uma reportagem que fiz sobre o esquadrão da morte, ele a engavetou e até hoje não me explicou por que fez isso. Uma vez nos encontramos no estúdio do programa Roda Viva, na Tevê Cultura. Ao me ver perguntou, surpreso: O que você está fazendo aqui. Respondi naturalmente: atendendo a um convite de profissionais da minha profissão.
Êeeeee, Boris!
Lembrei do Boris por ouvir outro dia meu querido Fábio Pannunzio duvidar das atrocidades cometidas por um tal João de Deus, prá mim do Capeta.
Pannunzio é um queridíssimo amigo, com quem tive o prazer de trabalhar no começo da profissão. Tempos da tevê Manchete. Tempos da tevê Globo.
Lembrar do Bóris e do Fábio faz me também lembrar de abobrinhas, assim mais ou menos, do José William Waack.
O caso do Waack é um caso de vazamento, como foi o caso do Bóris. O Waack ficou nervosinho com um buzinaço a frente da Casa Branca de onde ele iria transmitir uma entrevista ao vivo no Jornal da Globo. E aí ele tascou "isso é coisa de preto".
Em quanta besteira nos metemos!
Vocês recordam A fala vazada do ministro Rubens Ricupero?
Pois é, pouco antes de entrar ao vivo num jornal da noite na tevê Globo, o ministro da Fazenda de Itamar Franco Rubens Ricupero disse que não tinha escrúpulos para esconder o mal e defender o bem que o governo fazia. E aí ele falava de inflação, por exemplo. Resultado: caiu.
As abobrinhas lamentáveis que figurinhas carimbadas do jornalismo cometem desde sempre são lamentáveis.
MIUCHA
Eu conheci Miucha, a irmã mais velha dos Buarque, linda, maravilhosa, sempre prá cima estimulando com suas palavras a vida. Miucha me dá saudades. O corpo da Miucha foi sepultado hoje. Miucha tinha 83 anos e foi vítima de câncer.
FESTA DE SAMBA
A minha casa hoje foi agraciada com a presença dos amigos Cadú, do Gato com Fome e Tinhorão. Cadú não conheci Tinhorão, Tinhorão não conhecia Cadú. Cadú tocou violão interpretando músicas inéditas que acaba de fazer com Carlinhos Vergueiro e Gregory, seu irmão. E tudo samba. Samba, sambinha e sambão, Na linha mágica do pensamento e do coração. Eu e Tinhorão gostamos de quase todas elas. Adeus Por Ficar é muito bonita. Também acho.
Ó DO BOROGODÓ
Depois de tocar e cantar músicas inéditas para mim e para o Tinhorão, Cadú do Gato com Fome seguiu para o lugar de espetáculos Ó do Borogodó. Isso fica ali pelos lados de Pinheiros. Frequentei. Cadú vai cantar lá daqui a pouco. A propósito e curiosamente depois de apresentar Joan Baez ao meu amigo paraibano Geraldo Vandré, e de um show bonito, ela disse prá mim: agora vou para o Ó do Borogodó. Ela não cantou samba, mas dançou.
A censura é uma praga que existe desde sempre, no Brasil e
no mundo todo. A Imprensa Régia já veio com isso e seguiu Império a dentro.
A censura continua viva.
Agora a pouco a Justiça proibiu a Globo de noticiar qualquer
coisa sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco. Encurtando o papo estão
se completando 50 anos da decretação do Ato Institucional nº5.
Esse Ato foi, dentre todos os 17 Atos baixados pelo governo
militar, o mais violento, o mais temido o mais arrasador, o mais tudo ruim que
se possa imaginar. O fim do mundo, digamos assim. O AI-5, anunciado ao Brasil
na noite de 13 de Dezembro de 1968, permitia que os militares fizessem com o
povo o que bem quisesse. E ai aconteceram cassações, torturas e mortes. Pelo
menos 7 mil brasileiros e brasileiras foram forçados a deixar o País. Vandré, Chico,
Caetano e outros e outros viveram essa situação.
O AI-5 fez misérias, destruindo carreiras artísticas
brilhantes como a de Vandre. O AI-5 durou 10 anos de vigência. Nesse período
foram censuradas milhares de músicas, peças de teatro e filmes, uns 500 pelo
menos.
Mais de 2 centenas de escritores tiveram obras censuradas.
Entre as músicas censuradas incluíram-se Apesar de Você, de
Chico; e Sinal Fechado, de Paulinho da Viola. LPs inteiros foram proibidos de
circular como o álbum branco do Chico e Imyra Tayra Ipy, de Taiguara.
Taiguara, chamado de Cantor dos Festivais foi o artista mais
proibido do período em que esteve em vigência o famigerado Ato Institucional nº
5.
Que essa desgraça nunca mais caia sobre nós!
No acervo do Instituto Memória Brasil, IMB, se acha muitos
discos e livros da época em que a Censura foi mais violenta entre nós.
Detalhe: em pesquisa publicada há 10 anos pelo paulistano
Folha de S.Paulo dizia que oito num grupo de dez brasileiros e brasileiras
nunca ouviram falar do AI-5 e suas consequências. Isso é péssimo, não é?
A canção Pra Não Dizer que não Falei de Flores foi liberada
ao público depois de uma longa e polêmica entrevista que fiz com o autor,
Geraldo Vandré, publicada em setembro de 1978 no suplemento dominical, extinto,
da Folha.
Hoje, 13 de dezembro, é o dia em que nasceu o rei do baião, Luiz Gonzaga. Isso foi 1912, em Exu PE. Nesse mesmo dia, só quem 1934 nascia Tião Carreiro.
Sábado próximo estarei dizendo umas coisas sobre Luiz Gonzaga. Minha fala já está gravada e irá ao ar no programa Vira e Mexe, da USP, apresentado por Paulinho Rosa.
A realidade da vidavista por Clarice Lispector se apresenta nua e crua em sua obra. Crua, aspas: nessa realidade ela põe umas pitadas de fantasia como, diga-se de passagem, também fazia muito bem o baiano Jorge Amado. Acabo de ler A Hora da Estrela, obra prima, em que o real e a fantasia se encontram de modo perfeito, sem tirar nem por. Algo como também acontece no romance Os Capitães da Areia, do velho Jorge. A criatividade de Clarice no seu mundo real é, sem dúvidas, im pres sio nan te! Primeiro Clarice inventa um narrador: Rodrigo S. M.. Em seguida o narrador por Clarice inventado inventa Macabéa e seu primeiro e único namorado Olímpico de Jesus Moreira Chaves. O sobrenome, como diz o narrador, pura bobagem. Macabéa é um ser inventado de uma realidade incrível. Ela vem das Alagoas, terra do Graciliano e do meu amigo Audálio Dantas. Olímpico é paraibano, que nem eu. Macabéa, uma jovenzinha minguada de nascimento cheia de fome e sonhos que vem aportar na grande cidade do Rio de Janeiro. É lá que se passa a história. Macabéa tem 19 anos de idade quando chega lá. Órfã, com os pais perdidos ali quando tinha uns 2 ou 3 anos, nada sabe de nada, fez o primeiro ou segundo ano primário. Fala mal e escreve pior. A sorte dela foi fazer um curso de datilografia, por iniciativa da tia ranzinza, que foi não foi lhe dava uns cascudos para que se endireitasse na vida. No Rio, morando nas proximidades da zona do Mangue, de malandros e prostitutas, Macabéa vai vivendo num quarto de pensão dividido por quatro Marias, todas simples como ela. Uma delas lhe empresta um rádio e Macabéa se informa e se ilustra com a cultura descartável que ouve. Ficou sabendo, por exemplo, que o cavalo é o único animal que não abusa do filho. E um dia ela encontra o paraibano personagem Olímpico de jesus etc. Olímpico, também semianalfabeto, sonha alto, quer ser deputado. Olímpico é uma figura real saída da imaginação de Clarice Lispector. O que dizer mais? o óbvio: A Hora da Estrela é uma obra prima, cujo personagem central se confunde com todas as Marias da vida real e irreal, como a Dora do romance Os Capitães da Areia. E nada mais direi. Viva Clarice Lispector. A Hora da Estrela virou filme em 1985, oito anos após lançado o livro. Assista:
PALHAÇO O palhaço Piccolino paulista de Ribeirão Preto morreu no dia em que nasceu Clarice Lispector, 10 de dezembro. Ele tinha 96 anos de idade, completados no dia 07 de novembro passado. A tristeza e a alegria se misturam. Tudo é palhaçada. Clarice entendia isso per fei ta men te. Ela era no mais das vezes de sentimento publicamente triste. Clarice, como Piccolino se completavam nas suas alegrias de viver. Clarice de câncer. Piccolino de falência múltipla dos órgãos. E viva a vida! Aliás, o dia 10 de dezembro é o dia do Palhaço!
Há vários pontos em comum entre um homem e um cachorro. E não adianta duvidar, é fato. O primeiro ponto em comum entre um homem e um cachorro é que ambos são animais, cada qual com sua linguagem. Ao correr do tempo, ficou conhecida a frase "o cachorro é o melhor amigo do homem". A questão, porém, é a seguinte:e o homem, será que é o melhor amigo do cachorro? No dia 10 de dezembro de 1948, em Paris, uma assembléia geral da Organização das Nações Unidas, ONU, aprovou um documento que identificava os direitos da espécie humana. Esse documento ficou conhecido como Declaração Universal dos Direitos Humanos. Em 1931, em Florença, Itália, um Congresso que reuniu ecologistas de várias partes do mundo decidiu que os animais, todos, têm direito à vida etc. A Declaração Universal dos Direitos Humanos é violentada todo dia em todo o canto. Prendem-se meninos, meninas, mulheres e homens por nada. Pessoas são torturadas e mortas, como aconteceu há poucos dias com um jornalista na Turquia. No Brasil, brasileiros e brasileiras são mortas que nem moscas, enquanto a impunidade persiste nos rincões do território nacional. O mesmo acontece com cachorro, gato, cavalos, jegues... O Dia Universal dos Direitos Humanos é comemorado ou lembrado todo dia 10 de dezembro desde 1948. O Dia Mundial dos Direitos dos Animais é comemorado ou lembrado no dia 4 de outubro, desde 1978. Uma vez o advogado Sobral Pinto ganhou uma causa ao utilizar a Lei de defesa dos animais a favor de um cliente. Quer dizer: gentes e bichos são iguais perante as leis, mas as leis quase sempre são esquecidas ou atiradas ao lixo, simplesmente.
Não é todo mundo que conhece as leis. Tanto que é comum ouvir a frase das pessoas mais humildes: "direitos humanos é só prá bandido, não prá trabalhador". Em 1973, o cantor Baiano Waldick Soriano fez um sucesso dos diabos com a música Eu Não Sou Cachorro Não, ouça:
O cantor e compositor cearense Falcão, todo cheio de graça, arrancou muita risada com Eu e Meu Cachorro, ouça:
E o que dizer dos gatos, hein? Entre cães e gatos, os gatos são minoria no Brasil. Segundo o IBGE, há 52,2 milhões de cachorros no País. O número de gatos é da ordem de 22 milhões. Os cachorros, têm necessidade de sair, de passear com seus donos, os gatos, não. Um homem bonito, assim como eu, normalmente é chamado de gato. Aliás, Gato é um personagem interessantíssimo do romance Os Capitães da Areia de Jorge Amado, cuja leitura recomendo. Uma mulher bonita normalmente é chamada de gata. E por que isso? Porque um gato é um gato e uma gata é uma gata com suas manhas. E por isso cativantes. A foto aí é prova:
A Declaração Universal dos Direitos humanos, com seus 30 Artigos, não tem impedido as guerras mundo afora. A intenção, porém é importante e necessária. Muitos artistas da música brasileira têm cantado em nome da paz, como Marinês. Ouça-a numa composição do paraibano Antônio de Barros.
DIA DE CLARICE Clarice Lispector nasceu no dia 10 de dezembro de 1920, na Ucrânia. Ela chegou ao Brasil com dois meses de vida. Morou em Recife e no Rio de Janeiro e a partir de 1944 passou a ser conhecida no meio literário. Seu livro mais conhecido é A Hora da Estrela, que ela publicou em 1977. Ano da sua morte, aliás, ela morreu um dia antes de completar 57 anos de idade. Clarice era uma mulher incrível. Lembre a escritora no vídeo ao lado.
É mal nosso, humano, esquecermos com facilidade de coisas e
pessoas.
Quem se lembra de Joaquim Antônio da Silva Callado Jr.? Esse
cara foi, digamos assim, o pai do Chorinho. E de Pattapio Silva, hein? Esse ai
foi, simplesmente, o melhor e mais novo flautista brasileiro. Morreu com 26
anos de idade.
Pixinguinha, com centenas e centenas de composições, também
já anda no limbo. E olha que ele foi o autor de Carinhoso e tantos e tantas
pérolas musicais...
E Waldir Azevedo, autor de Brasileirinho? E Benedito
Lacerda, Altamiro Carrilho, Carlos Poyares...?
O paraibano de Itabaiana Severino Dias de Oliveira, que boa
parte do mundo conheceu como Sivuca, nasceu em 1930 e partiu para a Eternidade
no dia 14 de dezembro de 2006.
Sivuca eu o conheci bem e até virou meu amigo.
No dia 1º de abril de 1979 eu o chamei a um canto pra uma
prosa. Isso foi logo após ele retornar dos Estados Unidos, onde viveu durante
anos. Essa prosa eu publiquei em três páginas do extinto suplemento dominical Folhetim,
do diário paulistano Folha de S. Paulo (abaixo).
Sivuca foi um ás da música popular brasileira. Compôs muita
coisa bonita, incluindo forró, baião, samba e choro, muito chorinho.
Sanfoneiro, foi professor de violão até no Japão e produtor musical da cantora
africana Mirian Makeba (Pata, pata). Para lembrar, ouçam:
Em 1950 Luiz Gonzaga (1912-1989) e Humberto Teixeira
(1915-1979) compuseram Sivuca no Baião, que o próprio homenageado gravaria em
disco Continental de 78 rpm (ao lado), no ano seguinte. Dois anos depois o
mesmo Sivuca gravaria, junto com a rainha do baião Carmélia Alves (1925-2012), um
Pout- Pouri com sucessos do programa No Mundo do Baião que era apresentado pelo
compositor pernambucano Zé Dantas (1921-1962) na Rádio Nacional.
Os nomes aqui citados são, todos, de grande importância para
a música popular brasileira.
Politicamente o Brasil continua velho. Desde 1500, quando oficialmente é chancelada a chegada de Cabral à Costa baiana, vivemos a sofrência indígena, negra etc. Tempo é tempo. E como tal, parece que tudo continua como antes: os mais fracos, indígenas e negros especialmente, sucumbindo sob o bastão dos poderosos. Foi aqui, em 1808 que a família real portuguesa, fugida de Napoleão, encontrou guarida. Antes de 1808 o Brasil era pouco, muito pouco, para Portugal. O escritor maranhense Aloísio de Azevedo (1857-1913), retratou o que era aquele tempo, seu tempo. O tempo dos negros, o tempo dos pobres, o tempo dos pés no chão. O Brasil é riquíssimo, eu já disse, até na pobreza com a sua riqueza... O escritor paraibano José Lins do Rego (1901-1957), estreou no romance realista com Menino de Engenho, o primeiro do Ciclo do Açúcar.
Menino de Engenho trata de uma história, embora realista, fantástica. Em Menino de Engenho, lançado em 1932, circulam nas suas páginas personagens tocantes. Começa com Major matando a sua mulher, Clarice. A tiros. O menino Carlos, filho do casal, quatro anos, vê a cena chocante que carrega por toda a vida. O pai, assassino, vai prá o Hospício, a mãe pro cemitério e ele, Carlos, Carlinhos, três meses depois da tragédia vai morar no engenho do avô Coronel Zé Paulino. E ali tudo acontece... Os coronéis dos engenhos sertanejos dão tudo que é possível para os seus descendentes. Essa realidade ainda ocorre no sertão nordestino, mas está se acabando. O Sarney, lá do Maranhão, já está vivendo além da conta. Na Bahia, ACM já foi. Nas Alagoas, os Calheiros ainda resistem com todas as putarias possíveis, com apoio do PT. São 26 Estados e um Distrito Federal, capital do Brasil.É como se ainda vivêssemos no tempo das capitanias hereditárias... Menino de Engenho retrata a vida brasileira do século 19 e começo do 20 e, comparativamente é como se retratasse o 21, este em que vivemos e onde sobrevivem ainda os coronéis engravatados como os deputados federais e senadores, para lembrar o mínimo. Sinhazinha no romance de José Lins é o cão. Ela bate no Carlinhos sem dó nem piedade, à toa. Ninguém gosta dela. Maria menina, ao contrário é um doce de côco. Judite também. No colo de Judite, Carlinhos começa a pensar besteiras de homem. E com a prima Maria Clara, ele endoidece. E nesse tempo da sua vida, ele tem só 8 anos. Com 12, que é quando termina o romance, ele é mandado para estudar fora do engenho. Menino de Engenho é um romance fantástico. Em Menino de Engenho as secas e cheias que machucam violentamente os ricos e os pobres do Nordeste de sempre. Há um filme e um documentário sobre Menino de Engenho, veja o documentário:
ENCONTRO DE AMIGOS
Os amigos Fausto, Rômulo Nóbrega, Ibes Maceió, o Águia das Alagoas e o craque das ideias Calos Sílvio, estiveram aqui dizendo coisa com coisa. A foto aí mostra esse encontro.
Pessoas em situação de rua sempre existiram. Diógenes, aquele que morava numa barrica se incluía nessa condição. As narrativas levam a essa conclusão. No correr de todo o século 19 não era diferente, no Brasil. No livro A Alma Encantadora das Ruas, que reúne uma trintena de textos impagáveis de João do Rio, essa situação também é explícita. Esse livro foi publicado em 1907/08. Nele o autor mostra que as cadeias já andavam lotadas de homicidas, ladrões etc. Não eram diferentes também os reformatórios, orfanatos e hospícios. Lembro essa questão após a leitura do clássico Capitães da Areia, de Jorge Amado, lançado em 1937. Nesse livro o autor retrata o dia a dia de uma centena de crianças jogadas à rua. Pedro Bala, um loiro com uma cicatriz de navalha na cara, é o líder do grupo. Tem uns quinze anos. Os outros personagens são tão visíveis na trama jorge amadiana quanto as ondas do mar que lambem as praias da Bahia. Gato, bonitão e elegante, anda bamboleando nos cabarés e chamando a atenção das quengas. Uma delas, Dalva, rende-se a seus encantos e termina sendo por ele explorada, sexualmente. O professor é outro personagem incrível. Ele passa a noite lendo a luz de vela. Prá si e prá seus companheiros de aventuras. Em Capitães da Areia a violência policial é marcante. O personagem Sem Pernas pode ser comparado a qualquer um aleijado. Naquele tempo não havia essa coisa de cadeirante. Aleijado era aleijado, cego era cego, mudo era mudo. Sem Pernas era órfão e muito cedo caiu na rua. Ele, na trama de Jorge Amado, é o espião do grupo. Quer dizer, era quem infiltrava-se numa casa de gente rica prá anotar dela os pontos fracos, passíveis de invasão. E aí é quando o leitor é tocado pelos passos de Sem Pernas. Ele é ocasionalmente "adotado" por Dona Ester e seu marido, o advogado Raul. E mais não conto. O bulling também está presente nesse romance do autor baiano. A pederastia e tudo mais. É muito bonito esse livro. É um romance realista. O mais novo integrante do bando de Lampião, Volta Seca, também passeia nas páginas de Capitães de Areia. Há muito o Brasil é como um dos meninos do bando de Pedro Bala: abandonado. Em São Paulo há entre 20 e 25 mil pessoas em situação de rua. Desse total, 3% são crianças. A população de São Paulo cresce, anualmente, 0,7%, enquanto a população em situação de rua cresce 4,1% no mesmo período. Quer dizer: os capitães da areia se multiplicam como a miséria no Brasil. A propósito, dados divulgados hoje indicam que o número de pessoas que sobrevivem abaixo da linha da pobreza, no Brasil, anda num crescente. A mais recente pesquisa do Banco Mundial indica que o número de pobres no Brasil pode chegar a 3,6 milhões até o final deste ano. QUE NEM GENTE Foi morta sem razão. Umas porradas desferidas com a violência do mundo levou a morte uma cachorrinha sem nome. O caso ocorreu semana passada, em área própria de um supermercado Carrefour em Osasco, região da grande São Paulo. O assassino ainda não foi preso, mas já está mais do que claro que faz parte do corpo de segurança desse supermercado. Caso seja preso e condenado, o criminoso pode pegar uns 3 anos e cumprir a pena solto, sem tornozeleira. São os absurdos da vida, repetidos no dia a dia de todo canto.Sobre cães leias mais:
Mais uma vez reencontrei amigos queridos como Elifas Andreato, Sérgio Gomes, o Sérgião;Vanira Kunk e sua filha Mariana, Eduardo Ribeiro, Marco Aurélio, José Roberto e o diretor do hospital Premier, Samir Salman. Foi ontem 1(registro acima) no começo da tarde, no centro cultural jardim de Soraya, localizado na zona sul da Capital paulista. Sobre o palco do jardim apresentou-se o grupo feminino Ilu Obá de Min. Aí abaixo uma pequeníssima mostra da apresentação das mulheres que formam esse grupo.
O pretexto desse reencontro foi o lançamento do livro Empoderadas (Mulheres eternas, corpo a corpo com a vida), do amigo jornalista Palmério Dória.
Esse novo livro de Dória trata, como sugere o título, de mulheres que se destacaram na sociedade do tempo em que viveram no Brasil e fora do Brasil. Entre essas mulheres a compositora e instrumentista Francica Edwiges Neves Gonzaga (1847-1935) que entrou para a história de nossa música como Chiquinha Gonzada; Patrícia Galvão, a Pagu (1910-1962); a psiquiatra Nise da Silveira (1905-1999); Maria da Penha; Marielle Franco e até a deputada paraibana, Luiza Erundina, até a cantora Josephine Baker, que chegou a gravar música do mineiro Ary Barroso, se acha lá.
Empoderadas é um livro que se lê de um só fôlego, pois a leitura flui fácil, fácil. Nessa coisa de escrever Palmério Dória é craque.
O reencontro no jardim de Soraya findou com uma belíssima feijoada e caipirinha.
Achei apenas uma falha no livro , a falta de numeração das páginas. Ah, não custa dizer, senti falta de textos sobre Maria dos Reis e a poeta Potiguar, Nízia Floresta. Andei escrevendo sobre ela,confiram:
Há exatamente 89 anos, completando-se hoje 1, nascia na cidade paraibana de Serraria o menino que se transformaria num dos mais importantes cantores do Brasil: Roberto Luna
A história desse artista é fabulosa.
Luna conviveu com grandes nomes de nossa música, entre os quais Chico Alves, Orlando Silva, Nelson Gonçalves com quem uma vez teve um arranca rabo por causa de uma cubana muito bonita; Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Dorival Caymmi e tantos e tantos mais, sem esquecer Assis Valente, que lhe ensinou a arte da prótese, pois Assis era um valente protético.
Roberto Luna merece toda a nossa atenção e respeito, até porque ele é de um tempo em que os cantores costumavam cantar bem e bonito. O seu maior sucesso foi o samba canção Molambo de Jaime Florence e Augusto Mesquita. A propósito, a música completa este mês que se inicia, 63 anos do seu lançamento. Ela foi gravada, originalmente, no dia 28 de novembro de 1955 (Odeon),
No acervo do Instituo Memória Brasil, IMB, se acha toda a discografia desse artista. Ouça Molambo, com o próprio Luna:
No nosso Patropi tudo acontece com muita rapidez, num piscar de olhos. E não são notícias coisinhas não, são notícias bombásticas, cabeludas, de arrepiar. Hoje, logo cedo, ouvi no rádio a notícia dando conta da prisão do governador Pezão, do Rio de Janeiro. Com eles foram presos alguns dos seus assessores diretos. Pois é! Há coisa de dois anos, quatro governadores do Rio de Janeiro foram presos por corrupção e outros crimes: Garotinho, sua mulher Garotinha (parece que não crescem e não aprendem), Cabral e, agora, Pezão. Que nome! Pezão passou muito tempo dando com o pé na bunda do povo, e agora deu no que deu! Num momento qualquer da vida, Pezão ganhou uma música de Jorge Benjor. E que música:
O dia começou com Pezão e terminou com chicana, prá dizer o mínimo, no STF.
As excelências reunidas em plenário discutiam o poder do senhor presidente da República de indultar quem bem entendesse, inclusive o senhor Eduardo Cunha e outros senhores que descaradamente meteram a mão no bolso do povo e por isso foram parar no Xilindró. Pois é!
A primeira vez que um presidente indultou bandidos foi em 1937. O bandido em tela era o sanguinário Antonio Silvino, que foi condenado a 230 anos e oito meses de cadeia. E o presidente, Getúlio Vargas. O mesmo Getúlio indultaria 8 anos depois soldados que cometeram atrocidades em nome do Brasil. Em 1954, Getúlio voltaria a indultar mais um cangaceiro: Volta Seca, condenado a 145 anos de pena. E a onda de indultos continuou até a chegada de Jango ao poder. Ele disse, em 1962, que não assinaria indulto coisa nenhuma, fosse para quem fosse. Quer dizer, ele disse o que disse há pouco o recém eleito presidente, Bolsonaro. Curiosa a justificativa de Lewandowsky: ele disse que há muitos presos na prisão e está na hora de botar alguns prá fora, escolhidos a dedo, é claro!
Outras notícias incríveis continuaram ocorrendo, depois da prisão de Pezão e antes da chicana dos juízes no STF: 70 mil metros quadrados de área do governo estavam sendo explorados por bandidos, há anos. Em São Paulo não sei quantas toneladas de cocaína e maconha foram apreendidas. No Rio mais um policial foi morto pela bandidagem etc, etc, etc.
Ilustração especialmente feita por Fausto para o poema A Viagem à Índia
Um dia Júpiter chamou Seus pares pra conversar Queria deles saber Que posição adotar Sobre certa viagem de um certo homem no mar
Deuses foram chegando Decididos a escutar Decididos a entender O que Júpiter tinha a falar Seria sobre a viagem Daquele homem no mar?
Ouviu-se um zum, zum, zum Eram Deuses a murmurar: Quem seria esse valente decidido a enfrentar Os mau humores do tempo E as estranhezas do mar?
Seguiram-se discussões Concordar ou discordar? Proteger e garantir ou simplesmente negar o apoio preciso ao valente homem do mar?
Júpiter no seu discurso Não falou só por falar Foi ele quem afirmou Ser preciso apostar Nos valentes portugueses Desbravadores do mar
O poema Os Lusíadas, o épico poético mais conhecido em língua
portuguesa e noutras línguas, talvez, foi publicado em 1572 com o aval do
censor oficial da inquisição, o dominicano Bartolomeu Ferreira. Essa obra
demorou pelo menos 15 anos até ser concluída pelo seu autor Luís Vaz de Camões
(1524-1580). Começou a ser escrita numa prisão de Lisboa e foi concluída
provavelmente noutra prisão,na Índia. Trata do
heroísmo do povo português, das conquistas marítimas dos navegantes
portugueses, como Vasco da Gama (1469-1524) que descobriu um meio diferente de
chegar à Índia: pelo mar.
Vasco
da Gama foi expressão máxima da navegação portuguesa.
O
cristianismo e o paganismo se juntam tão perfeitamente na obra de Camões que ao
menos avisado pode parecer uma obra feita pós Inquisição.
Camões
mistura o real ao irreal.
Camões
conta a história do heroísmo português de um modo como até então ninguém tinha
contado. Ele começa do meio para o começo e daí para o final.
Os
Lusíadas é uma obra composta por dez cantos, partes ou capítulos.
O
IX Canto, como os demais cantos, é fabuloso. Li te ral men te fabuloso. É lá
que se acha a Ilha dos Amores, que me levou a gerar arriscadamente o poema que
abre este texto. É um canto lindo! É o canto em que o gigante Adamastor é
transformado em pedra, pelo simples fato de apaixonar-se por uma Ninfa, mulher
de um mágico.
Pra
desenvolver essa obra, Camões fez uso da invenção de um poeta italiano chamado
Ariosto. Foi esse poeta que inventou, ainda no século 16, a nova modalidade
poética chamada de Medida Nova. Essa modalidade, nova, foi levada da Itália
para Portugal por outro poeta: Sá de Miranda, em 1427.
Mil
cento e duas estrofes de oito versos decassílabos formam Os Lusíadas.
Richard Burton
Estou terminando este texto quando o craque do traço brasileiro Fausto
Bergoce telefona prá dizer que gostou demais do poema A Viagem à Índia, que
lhe mandara momentos antes. Disse isso e disse mais: que um britânico de nome
Richard Francis Burton (1821-1890) foi o cão chupando manga. Esse cara, que
nada tem a ver com o maridão da Taylor, a atriz, pintou e bordou.
Richard
Francis Burton foi tudo o que um homem poderia ser na vida, na cama e na mesa.
Apreciador de bom vinho, nunca se perdeu pelo copo.
Burton
foi poeta, viajante, antropólogo, tradutor, espião britânico e, cônsul na
Pérsia, no Brasil e em outros lugares. Na China, aprendeu a
língua e os dialetos do país.Até pelo Rio São Francisco ele
navegou,antes descobrir a nascente do rio Tanganica, na África.Conviveu com
canibais e pigmeus. Esse cabra, dito assim, parece até que não existiu. Do
árabe para o inglês ele traduziu As Mil e um Noites e poemas de Catulo, não o
nosso, mas o italiano Caio Valério. Quem o mandou ao Brasil foi a rainha Vitória.
A Editora Cia das Letras tem uma Biografia muito interessante sobre ele, vale a
pena ler. Ah! Richard Burton aprendeu português para ler Os Lusíadas, que pouco
depois traduziria. Ele amava Camões.
Hoje é o dia nacional da Consciência Negra, feriado em mil e poucos municípios. Em São Paulo, inclusive.
O mês de Novembro, é historicamente, marcante
no Brasil. É o mês de tragédias, grandes acontecimentos.
O primeiro grande embate entre o povo e o
Exército começou no dia 7 de novembro de 1896 e terminou pouco menos de 1 anos
depois, dia 5 de outubro de 1897.Falo da guerra de Canudos. Desse conflito
resultou na mortede 25 mil pessoas,
incluindo homens, mulheres, crianças e o líder Conselheiro.E
resultou também no clássicoOs Sertões,
de Euclides da Cunha, que narra esses acontecimentos tintim por tintim.
O primeiro golpe civil militar derrubou o
imperador D. Pedro II e pôs no seu lugar, o marechal alagoano Deodoro da
Fonseca, que antes de renunciar ao cargo de presidente fecharia o Congresso. Isso em novembro.
Ao findar aRepública Velha, iniciada por Deodoro, começou a República de
GetúlioVargas, que foi de 1930 a 1945.
Nesse período, Vargas instaurou o sombrio período do Estado Novo. Isso ocorreu
no dia 10 de novembro de 1937.
No dia 29 de Novembro de 1967, morreu o
mineiro João Guimarães Rosa, a sua morte ocorreu 3 dias depois de ter sido
empossado como imortal da Academia Brasileira de Letras, ABL. Isso é ou não
é uma tragédia?
No último dia 8 o STF suspendeu a proibição do
Jornal O Estado de S. Paulo de publicar qualquer notícia sobre a família Sarney.
Essa proibição durou exatos 3.327 dias. Censura braba!
No último dia 17 a justiça proibiu a Rede
Globo de noticiar o andamento das investigações em torno do assassinato da
vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Pedro Gomes. Censura brava
rolando de novo no mês de novembro no Brasil.
O Ato Institucional no.5 foi escrito 20 dias
antes de ser decretado pelo generalCosta e Silva e anunciado ao País pelo ministro da justiça Gama e Silva,
no dia 13 de Dezembro de 1968.
O AI-5
foi o ato mais violento do governo militar (1964-85) e durou exatos 7.655
dias.
A guerra de Canudos motivou uma quantidade
enorme de folhetos de cordel, peças de teatro, músicas, etc.
Em 2002, no livro O Clarim e a Oração (Geração Editorial) eu apresento um levantamento completo sobre Canudos na
cultura popular brasileira.
A primeira música que fala de Canudos é o
samba "Cabide de Molambo", de João da Baiana, lançado em dezembro de
1931 pelo cantor Patrício Teixeira (disco Odeon, no. 10.000, 883-A). A segunda,
tratando do Conselheiro, é a toada "Pai João", de Almirante de Luz
Peixoto, lançada por Gastão Formenti, com acompanhamento da Osquestra Victor
Brasileira (Victor, no.33595-B) em dezembro de 1932.
Todo esse material, incluindo folhetos,
livros, discos,se acha no acervo do
Instituto Memória Brasil- IMB.
Ele nasceu 1 ano uma semana e 1 dia antes de Getúlio Vargas implantar no Brasil o regime político denominado Estado Novo.
Ele foi agricultor, garimpeiro e marinheiro cassado no ano do golpe civil militar que durou 7.665 dias ou de outra forma: 21 anos de regime de recessão que levou a prisão e a tortura de pelo menos 20 mil brasileiros e brasileiras, com perseguição e mortes etc. Estou falando do nordestino de Currais Novos, RN, José Xavier Cortez, que o tempo transformaria num dos nomes mais conhecidos da indústria editorial do País...
Ele nasceu bem antes de Cortez.
Diz a lenda que ele insistia para nascer antes do tempo. O seu comportamento no útero materno já indicava que ele viria ao mundo para registrar em canetas e pincéis o comportamento das pessoas, pobres ou ricas, simples ou poderosas.Dito e feito. Tudo isso com graça e crítica. Estou falando do paulista de Reginópolis Fausto Bergocce, nascido no mesmo dia e mês em que nasceu o nordestino supimpa José Cortez: 18 de novembro.
O traço da arte de Fausto é único, como único é o de Picasso e Millôr.
Cortez completa hoje 82 anos de vida.
Fausto, como é conhecido por aí afora, nasceu 1 mês, 3 semanas e 1 dia depois que o rei da voz Chico Alves, subia ao céu após um violento acidente automobilístico na via Dutra: 27 de Setembro. Aliás, foi nesse dia que eu nasci.
Esses 2 brasileiros são incríveis e eu sou amigo deles.
José Xavier Cortez, comeu literalmente, o pão que o Diabo amassou. Fausto, também.
Fausto nasceu no tamanho de nada, mas foi crescendo, crescendo e virou quem hoje é. Claro, para chegar onde chegou, fez bicos, caras e caretas. Não nasceu em berço de ouro, mas é ouro para o Brasil.
No primeiro aniversário de Cortez não houve quem lhe cantasse parabéns, por uma razão: a canção Parabéns a Voce ainda não existia em versão brasileira. Isso só foi acontecer em Janeiro de 1951, quando Nilo Sérgio a lançou em disco Todamérica. Essa música, de autoria das irmãs norte americanas Mildred e Patrícia, ganhou versão na nossa língua de Léa Magalhães. Até Roberto Carlos, vejam vocês, a gravou.
Musicalmente o Brasil é riquíssimo e em tudo, até em pobreza.
Uma porcentagem enorme de cidades brasileiras vivem tempos que parece serem da Idade Média.
A Idade Média.se não sabem, saibam, viveu 3 fases. A mais pior, como diria Adoniran Barbosa, foi aquela de média nada tinha. Era só loucura, violência e tudo o mais que não presta, que muita gente chama de negra, obscura, etc.
Pois bem, musicalmente e em tudo o Brasil é riquíssimo.....
Na manha de 29 de novembro de 1807, Dom João VI deixou Portugal com Napoleão no encalço. Quer dizer, Dom João naquele dia fugiu da sua terra de origem para aventurar-se no Brasil.
Naquele tempo, o Brasil economicamente, estava numa pindaíba dos infernos. Tudo travado, como agora.
Logo após chegar ao Brasil, notadamente em Salvador, Dom João botou para quebrar, destravando as amarras econômicas da economia brasileira. Plim plim! e aí, pouco depois de estar em terras firmes, ele abriu os portos. E tudo mudou. Teve zebras, mas tudo mudou.
Musicalmente e em tudo o Brasil é riquíssimo.
O primeiro gênero musical autenticamente, digamos assim, brasileiro é o choro, o chorinho.
O choro como expressão musical apareceu pela primeira vez numa partitura do flautista José Antonio da Silva calado, em 1870.
Essa história, a história do choro, é contada tim tim por tim tim, na nova série da TV Cultura: O Brasil Toca Choro, que a TV Cultura está levando ao ar todos os domingos a partir das 11 horas.
Amanhã, 18, é dia de choro na TV Cultura. Antes, clique abaixo para ver o segundo capítulo da série.
A série que a TV Cultura está exibindo sobre choro, foi apresentada à imprensa no final de Outubro, num restaurante da Capital paulista. Estive lá. Antes, no começo do ano, o presidente da Fundação Padre Anchieta que administra a TV Cultura, Marcos Mendonça e eu trocamos idéias no Centro Cultural Rebouças, onde se realizava um Congresso patrocinado pelo News Letter JornalistaseCia. O papo foi choro, no bom sentido. Abaixo, o registro.
O repente e o cordel
caminham de mãos dadas
encantando gerações
com histórias bem contadas
feitas de improviso
e também a canetadas
Umas são muito tristes
outras são engraçadas
umas são verdadeiras
outras são inventadas
pra fazer quem quiser curtir
dando boas gargalhadas (Assis Angelo)
Os poetas de bancada que escrevem a canetadas e os poetas repentistas que improvisam versos ao som de violas, historicamente sempre estiveram presentes onde os fatos acontecem. Sempre foi assim, desde que o Cordel e o Repente sentaram praça no Brasil. Quer dizer, desde o século 19.
O paraibano Silvino Pirauá Lima era cordelista e cantador repentista. Ele e seu conterrâneo Leandro Gomes de Barros foram pioneiros no campo da poesia popular cantada.
O Nordeste é berço dos grandes cordelistas e repentistas. A obra destes poetas, dos artista do povo, é absolutamente fantástica. Intelectuais do naipe de Ariano Suassuna beberam e bebem ainda no poço encantado do cordel e do repente.
Os ex-presidentes Getúlio Vargas e Lula da Silva foram os mais cantados na literatura de cordel, até hoje.
A corrida eleitoral que levou Jair Bolsonaro à cadeira de Presidente não poderia ser ignorada pelos poetas do povo. Até os veteranos Oliveira de Panelas e Ivanildo Vila Nova afinaram suas violas e desenvolveram um Quadrão Perguntado, que é uma das mais de 100 modalidades identificadas no Reino da Cantoria. Veja:
Caju e Castanha, pernambucanos como Ivanildo e Oliveira, bateram seus pandeiros e desenvolveram
o tema abaixo:
Muitos poetas cordelistas, como os dois aí abaixo, recolheram-se ao silêncio e puseram no papel os cordéis que declamam:
O Brasil é de uma grandeza tão grande que só assim faz-nos entender o que disse Ary Barroso no seu belo clássico: Brasil, meu Brasil brasileiro...
O Brasil é uma terra de gigantes, a parte mesmo do paulista operístico de Campinas Antonio Carlos Gomes. E hoje aqui em casa veio mais um grande, um grandíssimo artista que escolheu a fotografia como meio de fazer-se importante na história. E a história é ele: Jorge Araújo. Ô coisa boa a gente abraçar gente que faz história. Jorge Araújo é história, faz história. É grandão. Eu tive a alegria de trabalhar com Jorge Araújo, repórter-fotográfico. Na Folha.Ele, eu e tantos como, Ricardo Kostcho. O Jorge sempre esteve além do nosso tempo, além das nossas lentes, dos nossos olhos e muito além do sonho de pensar, a exemplo a mensagem na foto abaixo. Foi bom demais receber o Jorge hoje, em casa, prá lembrar tantas histórias. Comemos uma vaca atolada, prato gostosíssimo de Minas Gerais, praticado pela querida Ivone. Uma cachacinha na parada. E uma cachacinha tão gostosinha à mesa, o Jorge me trouxe... Jorge Araújo conhece mais da metade do mundo todo. Jorge Araújo comeu o pão que o diabo amassou, dizendo e apostando que a democracia é que faz bem para o povo. Jorge bateu retrato na cara de ditador, de gente que não presta. Jorge Araújo é demais! Estou com saudade do Ricardo Kotscho. Viva Jorge, viva Ricardo! Jorge Araújo é autor da foto da pomba da anistia, que emociona o olhar e correu o mundo todo (ao lado), mas não aprendemos ainda... Não custa ver de novo essa beleza do momento, na praça da Sé, em São Paulo, Diretas no dia 23 de agosto.Eu estava lá.
Ela é especialíssima. Pessoa, persona, gente. Gentil. Profissionalmente, profissionalíssima. Estar com ela é estar diante de um espelho. Ela diz o que a gente quer ouvir e ouve o que a gente quer dizer. E o povo, ouvinte, bate palmas. Isso no jornalismo não é fácil. Nova, bonita, do tamanho de uma deusa.
Estou falando de Maria Júlia Coutinho, Maju.
Maju, pessoa incrível, é aquela moça do tempo que a gente vê quase toda noite no Jornal Nacional.
Cabeça boa, pensante.
Ela arranca da gente tudo o que quer. E mais: Maju procura dar voz aos invisíveis, pessoas que vivem à margem da sociedade por sofrerem algum tipo de deficiência.
Quem me levou a Maju foi Ci, Cilene Soares. Jornalista que nem eu e ela.
Hoje 8, entre meio-dia e 14h, estive no seu programa na Rádio Globo: Papo de Almoço. Conosco estiveram, ao vivo, o humorista Bruno Motta, o craque em marketing de relacionamento Mauricio Patrocinio e o coach Wilson Nascimento.
Foi interessantíssimo o encontro que tivemos no programa da Maju. Mil e um assuntos foram postos à baila. Ela cheia de graça e nós na sua onda. O tema principal foi: Vencer na vida. E eu abri assim:
É um ideal humano
Querer vencer na vida
Mas pra vencer tem de lutar
Correr, tá na corrida
Na vida ou no jogo
Vence o ás a partida
Confiram aí nossa presença no programa Papo de Almoço: