Há exatos 50 anos e numa quarta-feira como esta, só que às 20h30, a mais famosa casa de shows nova-iorquina, Carnegie Hall, abria as suas portas para um grupo de artistas brasileiros apresentar o ritmo bossa nova surgido quatro anos antes, na zona sul do Rio de Janeiro.
Nas suas origens, a batida de João Gilberto que deu forma à bossa nova traz óbvios e ululantes fragmentos rítmicos do jazz, que é a boa música negra dos norte-americanos.
Após a apresentação dos brasileiros lá na Hall - pífia, segundo registro de jornais da época - a bossa começou aos poucos a ganhar repercussão na terra do Tio Sam, mas não tardou a virar praga aqui e alhures.
Vítima disso tombou momentaneamente o Rei do Baião, que chegou até a ensaiar a sua retirada do campo da nossa música. "Ninguém me quer mais", ele resmungou aos ouvidos de Dominguinhos, seu mais autêntico sucessor. Mas recompôs-se ao surgir o boato de que os beatles iam gravar Asa Branca.
The Beatles não gravou Asa Branca, mas o boato levado às páginas dos jornais e revistas da época revigorou Luiz Gonzaga.
Todas as células musicais do baião são de origem brasileira.
Por conta do sucesso da bossa no Exterior - mas não do show no Carnegie Hall, como indica matéria do jornal O Globo, acima - muitos artistas seguiram a pancada quase inaudível do papa João.
Até o conjunto de samba mais antigo do País, o Demônios da Garoa, entrou na onda (abaixo, reprodução da capa de um LP lançado na Argentina).
Aliás, na noite de 21 de novembro de 1962 um grupo de argentinos também participou da festa, regada a café.
A festa no Carnegie Hall foi patrocinada todinha pelo governo brasileiro, que queria que os norte-americanos se não trocassem pelo menos incluissem nos seus hábitos o gosto pelo café.
A trilha da bosa é The Girl From Ipanema, de Gimble-Jobim-Moraes.
Curiosidade: no dia 23 de janeiro de 1961, o norte-americano criador do be bop junto com Charlie Parker, Dizzy Gillespie, apresentou no Monterey Jazz Festival, na Califórnia, Estados Unidos, o maracatu em ritmo de bossa Pau de Arara, de Luiz Gonzaga e Guio de Moraes. Essa gravação saiu em 1962 no LP Dizzy on The French Riviera, na penúltima faixa do lado B (o lado A trazia Desafinado). Detalhe: desse mesmo festival, e naquele ano, participaram Louis Armstrong e Duke Ellington, entre outros artistas de peso.
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quarta-feira, 21 de novembro de 2012
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