Seguir o blog

domingo, 27 de dezembro de 2009

O RADIOJORNALISMO PERDE O SAMURAI MUÍBO CURY

A história dos samurais de Kurosawa a que me referi ontem neste espaço vem do século 16, como Ran, Os Senhores da Guerra, outro filme imperdível e plasticamente perfeito do grande diretor japonês que veio a este mundo só para fazer obras primas.
E foram muitas.
Os Sete Samurais e Ran são exemplos, como Kagemusha, Derzu Usala e Madadayo, cujo lançamento nacional, em 1993, eu assisti encantado numa sala do Conjunto Nacional, na capital paulista.
Pois bem, a história de Os Sete Samurais (Schichinin no Samurai) tem origem nos tempos feudais da vida japonesa, quando ponteavam homens corretos e treinados militarmente pelo império para viver – e morrer – com honra em nome da paz e da justiça, custasse o que custasse.
Ao fracassarem, se matavam.
Seu tempo durou cerca de 800 anos.
Na história de Kurosawa, o samurai Kambei (Takashi Shimura) é contratado por indefesos camponeses a preço de quase nada para defendê-los das garras de um bando de celerados que os assaltam nos tempos de colheita.
Kambei escolhe a dedo os companheiros que o seguirão na árdua tarefa, entre os quais o bem humorado Kikuchiyo (Toshiro Mifune).
E se dá bem.
No Nordeste de padre Cícero e Gonzagão, a história e os personagens dessa história encontrariam alguma equivalência no Cangaço e, forçando um pouco a barra, nos pistoleiros de aluguel que pululam por aí.
Lembram de Billy, the Kid?
E de Robin Hood?
Pois é, o detalhe nessa história toda é que Kurosawa bota pra lascar, filmando melhor do que todos os jovens Barretos de hoje juntos e quase tanto quanto o velho Lima, de O Cangaceiro.
No começo dos anos de 1960, o norte-americano John Sturges levou à tela uma cópia da história dos samurais kurosawanos: Sete Homens e um Destino, com Charles Bronson, Yul Brynner e Steve McQueen, entre outros durões.
Fica o registro.
Ah! Sete Homens e um Destino é também um filme muito bom.
Acabei de assistir Avatar.

TRISTE PERDA: MUÍBO CURY
O paulista de Duartina Muíbo César Cury, uma espécie de samurai do radiobrasileiro, partiu silenciosamente ontem aos 80 para a Eternidade, sem se despedir de ninguém. Era calmo, discreto, e foi tudo muito rápido. Ocorreu após complicações no coração. Ele era uma pessoa exemplar, um profissional correto, inconteste, descoberto por Ariowaldo Pires no começo dos anos de 1950. Dono de uma voz muito bonita, Muíbo ocupou os microfones da Rádio Bandeirantes por quase 60 anos. Compôs músicas, gravou discos, fez dublagem para cinema e televisão. Era um monumento do radiojornalismo brasileiro. A última vez que nos vimos foi no ano passado, quando tive o prazer de lhe entregar exemplares do CD Inéditos do Capitão Furtado & Téo Azevedo, que produzimos ao lado de Inezita Barroso, Tinoco, Moacyr Franco e duplas como Irmãs Galvão, Mococa & Paraíso e Rodrigo Mattos & Praiano. O primeiro depoimento que se ouve no disco é o de Muíbo, sobre seu amigo o Capitão.
Fica entre nós o seu exemplo de vida por um mundo melhor. Saudade.

POSTAGENS MAIS VISTAS