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sexta-feira, 31 de julho de 2015

CAIXA PRETA NO PETROLÃO

Tem um cara da nossa literatura, que eu gosto muito: Machado de Assis
A obra de Machado, especialmente seus contos, parece ser toda baseada na vida brasileira de seus personagens. De hoje, inclusive.
Baseado em supostos manuscritos beneditinos, o diabo certa vez, segundo lê-se num conto de Machado – A Igreja do Diabo –, decidiu disputar com Deus as atenções de todos os católicos e não-católicos, criando ele mesmo, o diabo, a sua igreja. Com essa decisão, o diabo mudaria seu modo de governar desde as trevas.
Assim, as virtudes teriam todas o seu teor invertido: a preguiça, a gula, a ira etc.; seriam transformadas em coisas que não prestam. O diabo também faria valer na sua igreja o fim de todos os direitos; o humanismo não teria sentido, o amor ao próximo seria totalmente destruído, o homem teria como positividade o “direito” de vender-se, incluindo o voto, a fé e a alma.
Aliás, vender a alma, é algo que os filhos do cão têm feito desde sempre.
Ouvindo a advogada Beatriz Catta Pretta, que em nome do medo e de seus filhos afirma ter renunciado ao exercício da própria profissão, fiquei de “queixo caído”.
Queixo caído é uma expressão que faz parte do rico tesouro da cultura popular.
Ao ouvi-la, lembrei-me também da desculpa esfarrapada do engraçado e perigoso Jânio Quadros que, ao renunciar a presidência da República, num 24 de agosto, atribuiu a sua decisão “às forças ocultas”.
Pois é, como nos contos do carioca Machado de Assis, há muita realidade dolorosa expressa na fala dos personagens que dilapidam o patrimônio nacional e pululam por aí no campo do real e do irreal, deixando-nos de pelos arrepiados. Enfim, “no céu e na terra há muitas coisas e mistérios além do que pensa a vã filosofia”.
A advogada Catta Pretta seria “caixa preta” do enésimo escândalo que rouba o sonho e a esperança de nós, pobres mortais brasileiros?

Esperemos, pois nada melhor do que um dia atrás do outro.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

QUEM SÃO OS BOBOS DA CORTE?

Atualmente, o astral do brasileiro está tão baixo quanto a popularidade da senhora presidente Dilma Rousseff que, aliás, se reunirá daqui a pouco com todos ou quase todos os governadores do País. A pauta é meio doida: trata de governabilidade e ajuste fiscal.
Vai sobrar de novo para nós, que ficamos sempre com a parte podre do poder.
Tudo no Brasil está pra baixo atualmente, inclusive a esperança que, dizem, é a última que morre; mas que, pelo trotar dos cavalinhos chucros, já está com a corda no pescoço e pedindo pelo amor de Deus que a salvem.
Sei não, mas cá com meus botões começo a pensar que dessa reunião não vai sair coelho e, se sair, será indigesto para nós pobres mortais comuns.
O que essa reunião de governadores vai dar mesmo é manchete de jornal, fotos e imagens em movimento para o noticiário de daqui a pouco, para amanhã e para os horários políticos para ilustrar as promessas da próxima campanha política que se avizinha.
O que tudo isso tem a ver com a cultura popular? Nada, a não ser que,  mais uma vez, precisa-se por os pingos nos is.
“Pingos nos is” é uma expressão que habita há séculos o imaginário popular, certo?
Só mais uma coisinha: o sistema que rege a República Federativa do Brasil é cruel por ser totalmente centralizador; daí o presidente – ou presidenta – estalar os dedos e, como num passe de mágica, ter a seu dispor, com os pires nas mãos, os principais administradores das unidades da Federação.

Em última instância, fico a pensar: serão os governadores bobos da corte? 

terça-feira, 28 de julho de 2015

O HOMEM DO CAMPO E MINHOCAS

Todo dia deveria ser o dia da terra, do homem e da agricultura.
Hoje é o dia da Agricultura, constante  do nosso calendário de datas comemorativas.
Da terra vem tudo de bom que nos alimenta, incluindo a fé e a esperança, pois sem esperança na vida não há fé no homem.
Todo dia deveria ser dia da lua , do sol, da terra e do homem.
Os antigos se baseavam na lua para tudo que fizessem na terra, desde a data certa para plantar e a data certa para colher.
A música tem a ver com o homem, a terra, a lua, o sol e tudo o mais que conhecemos e até desconhecemos. Por que não ?
Música é som, como o bater binário do nosso coração e certamente como o bater do  coração de todos os outros  animais.
O som esta no vento, que balança as árvores; na chuva que cai no chão, no relâmpago que anuncia o trovão, na garganta de divas como Dalva de Oliveira, Elis Regina, Carmélia Alves,  Inezita Barroso, Gal Costa, Elza Soares...
Na viola do cantador o bom som também se acha.
Como esquecer Renato Andrade, por exemplo.




Hoje é o dia do agricultar.
O homem do campo é tão importante desde sempre, que até o nosso Cornélio Pires não deixou de ver nele o braço encantado da natureza que cuida com sua sabedoria de plantar e colher.
O sal da terra é o calor do sol; e também o estrume e minhocas.
No Brasil há pelo menos duas mil espécies de minhoca, das quais apenas 350  devidamente catalogadas.
Pois é, minhoca é muito importante para dar vida a mãe terra.
Viva o homem do campo!




segunda-feira, 27 de julho de 2015

NO POÇO FUNDO...

Um dos mais importantes diários que tratam da economia do mundo, o Financial Times, publicou na semana passada um artigo intitulado Recessão e Corrupção: a Podridão Crescente no Brasil, que por si só diz tudo do que não gostaríamos que dissesse. Mas o diário da  terra da Rainha vai fundo no poço em que, no momento, o nosso país se afoga. É poço pior e mais profundo do que um mortal comum, como nós, possa imaginar. A água que se acha lá, bem no fundo, é lama como a que transformou a vida do gaúcho Getúlio Vargas que, acuado, acabou por dar um tiro no próprio peito na madrugada de 24 de agosto de 1954.
O mês do cachorro louco esta se aproximando
O que poderá ocorrer ainda de tão ruim para a vida brasileira?
Será que é ainda atual o Samba do Crioulo Doido, do gaiato  Stanislaw?







Sabemos que o Brasil é muito especial pical, um país abençoado por Deus e até cantado  por Jorge Bem.

sexta-feira, 24 de julho de 2015

THE ECONOMIST, VITAL E ARIANO


Do repertório dos violeiros Tião Carreiro & Pardinho consta uma bela composição que diz “a coisa tá feia... / a coisa da preta...” que, em parte, traduz o momento que nós – simples brasileiros – vivemos hoje.

A nova edição da revista britânica The Economist que está chegando às bancas traz reportagem em destaque que trata da corte planaltina. Diz a revista, em matéria assinada por seu correspondente no Brasil, que põe o vice-presidente Michel Temer, como “primeiro-ministro”.
Primeiro-ministro é figura principal do sistema parlamentarista. Não é o caso, mas a revista o coloca nessa posição por estar ele desenvolvendo, aparentemente, as funções que cabem à dona Dilma como “presidenta” da nossa capenga e judiada República Federativa do Brasil, criada pelos militares que ocuparam o poder após o movimento de botinas que resultou em 21 anos de tristeza, pancada e escuridão (1964-1985).  O título da reportagem, em tradução livre: “o poder por trás do trono”.
Vamos ver até onde isso vai dar, não é mesmo?
Na noite de segunda-feira passada, no palco da Sala São Paulo, o menestrel Vital Farias teceu algumas palavras elogiosas à minha pessoa. Que bom. Aliás, foi ele muitíssimo aplaudido ao interpretar, de sua autoria, a pérola musical A Saga da Amazônia, que está completando 36 anos de existência.
Vital é paraibano de Taperoá, do mesmo modo que foi o erudito brincante Ariano Suassuna.
Ariano, figura ímpar e inesquecível da vida cultural brasileira, nasceu no dia 16 de junho de 1927.
A ausência de Ariano entre nós dá uma saudade danada. Ele partiu rumo às estrelas no dia 23 de julho do ano passado. Ou seja: faz um ano e um dia, mas a impressão que se tem é que ele nos deixou há mais tempo, não é mesmo?
No Planalto, terra onde se planta nasce sempre um político safado, há um chafurdo danado. Lá ninguém se entende, tá tudo quebrado.
Certa vez, Ariano disse, entre sério e brincando, que morreria sim, mas os personagens que criou, não.
Tem muito João Grilo aprontando por aí, não tem mesmo?

Em Vital Farias e em Ariano Suassuna a esperança morou e fez festa. Não à toa, continua atualizadíssima a bela guarânia “Pra não dizer que não falei de flores”, de outro grande menestrel paraibano Geraldo Vandré. Ouçam: 



quinta-feira, 23 de julho de 2015

DE DILMA E AMÉLIAS

Crise política, crise econômica, crise institucional, crise de tudo. O Brasil tá frito, e de tabela nós todos, brasileiros.
Você sabe o que é superávit primário?
Superávit primário é uma espécie de caderneta de poupança, de reserva técnica, de caixa, de grana, enfim, para ser utilizada nos momentos necessários, difíceis, complicados, como o que estamos todos vivendo. Mas a irresponsabilidade dos dirigentes por nós escolhidos para por o cabresto nos problemas de ordem geral não o puseram, e o resultado é o que se vê: arrocho geral, pois, como sempre, nós contribuintes somos arrolados para tapar os rombos que se multiplicam e se alastram Brasil afora.
As contas do Governo estão mais furadas do que tábua de pirulito.
Gastou-se o que não se tinha, e quando se gasta o que não se tem o resultado é o que se vê: desgraceira geral no bolso de todos nós.
Isso, aliás, me lembra o personagem Honório da história A Carteira, dos contos fantásticos do fantástico Machado de Assis, que todos deveriam ler.
Nesse conto trata Machado de um advogado de 30 e poucos anos, que gasta o que não tem para satisfazer a mulher Amélia nas suas necessidades de integrante da classe média. Ele pede dinheiro emprestado a Deus e ao diabo para atender as vontades de sua amada e assim entra no buraco sem fundo das dívidas que se acumulam, até que acha uma carteira e aí cai noutro buraco, que é o da dúvida. Quase pira, e não vou contar mais porque é uma história que lembra a história dos gastos extraordinários feitos pela gerente da República Federativa do Brasil.
Há, sim! A Amélia de Machado, como a Dilma do Planalto, está muito longe da Amélia do samba de Ataulfo e Mário Lago.

Que pena? 


quarta-feira, 22 de julho de 2015

HADDAD, PETER E PETER



Amanhã, 23, completam-se dois anos da transferência do sanfoneiro Dominguinhos, da terra para o infinito. Pernambucano de Garanhuns, o primeiro e principal discípulo de Luiz Gonzaga, o rei do baião, foi uma pessoa de grande compreensão entre os homens. Era sensível, discreto e tinha gosto de ajudar quem o procurava. Mais ou menos como Gonzaga, com quem aprendeu todos os segredos e mistérios da sanfona. Ele levava muito a sério a máxima franciscana que diz “é dando que se recebe”. Gonzaga o ajudou em tudo. E numa situação mais difícil, Fagner também. E assim foi até que Deus o levou.
Dia desses, aqui em casa, seu colega de muitos baixos, Oswaldinho do Acordeon me disse que ele sofreu muito nos meses que antecederam sua morte. “Dominguinhos, com voz muito cansada, contou-me da sua tristeza de ter sido esquecido ainda em vida porque poucos foram os amigos que o visitaram. Ele me disse isso com profunda tristeza”.
Eu conheço essa história, a história do esquecimento em vida; o luto em vida.
Pois é, eu conheço essa história.
Mas não era de Dominguinhos que eu ia falar. Eu ia falar do presente de grego que o prefeito paulistano Fernando Haddad inventou de dar ao Papa Francisco, no Vaticano: o disco "Sobrevivendo no Inferno", dos Racionais MC's. Podia ter dado um CD de Dominguinhos ou de Gonzaga ou de Katya Teixeira ou de Renato Teixeira ou de Consuelo de Paula ou de Celia e Celma (acima), que, aliás, cantaram para ele na primeira vez que nos visitou, em Aparecida do Norte; ou, ainda, uma coletânea de músicas dos quatro cantos do Brasil e por que não o disco A paixão segundo Cristino, de autoria do paraibano Geraldo Vandré que conta a história da vida difícil do trabalhador brasileiro? Podia também ter dado o folheto de cordel Encontro no Metrô, de Pedro Nordestino/Peter Alouche (abaixo). Nesse folheto, o autor conta uma história muito bonita que tem Cristo como personagem. Mas, não, o prefeito paulistano decidiu dar de presente ao papa Francisco, um CD de rap, recheado de cabeludos palavrões etc.
Tomara que vocês que me leem não entendam que esteja eu, com estas palavras, mostrando qualquer tipo de discriminação musical, social, racial, religiosa, até porque já fui alvo desse tipo de coisa. E eu sei, dói. Portanto, longe de mim qualquer tipo de discriminação. Acho apenas que presente a um papa tem que ser de altíssimo nível, que mostre pelo menos parte da nossa tão rica e abrangente cultura. Particularmente, eu gosto dos Racionais.
Aliás, não é de hoje que o papa recebe presentes esquisitos e até grotescos, como o que o Presidente da Bolívia, Evo Morales lhe deu há poucos dias: um crucifixo com foice e martelo, o símbolo do Comunismo.
Eu li Marx e sabe o que eu acho dessa história da foice do martelo para o papa? O Marx do Capital não iria gostar desse chafurdo.

Você já imaginou o papa dançando rap?


terça-feira, 21 de julho de 2015

DE AMOR, CARINHO E TATI

"Eu sonhei que estava na minha terra, Taperoá, cantando para um público de 500 pessoas. O teatro estava lotado. Eu estava feliz. Cantando para 500 pessoas. Não de repente, uma pessoa saiu, outra pessoa saiu e outra pessoa saiu também. No total, umas dez pessoas saíram. E eu ainda estava a cantar. E não de repente continuei a cantar baixando a voz. As pessoas que saíram, saíram. As outras continuaram sentadas me ouvindo. De repente, notei que elas estavam dormindo. Foi quando entendi que cheguei ao auge como artista. Fiz 490 pessoas dormirem. E aí, quando notei isso, saí de fininho, pé ante pé para não acorda-las."

Foi mais ou menos isso que ouvi do meu amigo Vital Farias, quando me telefonou horas antes de subir ao palco da Sala São Paulo.
Ontem o dia me deu uma noite incrível.
Foi incrível porque reencontrei pessoas incríveis: Maria da Paz, Joceline, Avelima, Neumanne, Audálio, e tantos amigos. E o Guerrero ao meu lado, sempre atento, me levando ao coração dos meus amigos.
E aí foi tudo muto bonito. O Secretário da cultura, Marco Mendonça, dizendo o que tinha que dizer a respeito da cultura. Disse que foi quase tão difícil construir a Sala São Paulo, como convencer o Boldrin a fazer o programa Sr. Brasil.
Coisa de político.
O fato é que a noite foi super agradável, incrível.
E aí subiu ao palco o Brasil, que começou com Vital Farias e terminou com Geraldo Vandré.
Eu já disse que foi uma noite linda, marcante, para a história.
Foi uma noite incrível, a noite do dia 20 de julho na Sala São Paulo, que é uma jóia, da música de concerto do mundo.

Viva o Brasil! Viva a música popular brasileira no ambiente erudito!

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PARQUE DA ÁGUA BRANCA

Está claro, no sorriso da Tati que a vida é alegria.
Esse parque é um parque dos mais importantes da Cidade de São Paulo. Por todas as razões, incluindo a variedade de árvores e pássaros. Por esse parque, passaram pessoas incríveis da história, como Mário de Andrade e Inezita Barrozo. Esse parque tem história, história que é preservada e carinhosamente cuidada por uma pessoa incrível: Tati Fraga.
Tati Fraga nasceu com coração e asas de passarinho. Pois é, a gente vê a Tati e pensa que ela é mulher, simplesmente mulher, humana, maravilhosa. Poxa, a Tati é tudo isso e mais do que isso: é uma administradora pé no chão, voa com o pé no chão. Ela faz o que um peixe gostaria de fazer: viver fora d'água.

Pois é meus amigos, minhas amigas, domingo que vem, 26, eu convido vocês a irem bater palmas para Tati por uma razão simples: faz 5 anos que ela está à frente de um projeto incrível, que é mostrar a importância e beleza do Parque da Água Branca, num projeto muito especial: O Espaço de Leitura.

Foi nesse parque, foi nesse projeto, que a Tati Fraga apresentou Inezita Barrozo, frequentadora desse espaço a muito tempo.




segunda-feira, 20 de julho de 2015

FRIGIDEIRA, LEITURA E CALANGO

Certo dia, o Diabo resolveu fundar uma igreja.
Essa história, do carioca Machado Assis, me fez lembrar, não sei por quê, o nordestino Luiz Lulalá.
Na história, o Capeta se diz insatisfeito com tudo e vai até Deus falar de um projeto de fundação de uma igreja. De uma igreja dele, do Capeta.
Não sei por quê, continuo lembrando do Lulalá.
A Igreja do Diabo, este um dos títulos da série de Contos Fantásticos do genial Machado, trata da mudança que o Capiroto quis fazer na vida nossa cotidiana, que tem como símbolos ou regras os ditames do bom caminho. De cara, ele, o Fela, resolveu mudar as virtudes que tanto honramos para valores totalmente condenáveis, como a gula, a injúria, a luxúria, a preguiça, a inveja, a ira, etc.
A ira, por exemplo, o Sete Peles, como cita o Bahiano Riachão na música “Vai morar com o Diabo”, foi o que levou Homero a escrever Iliade, em que se destaca o furor de Ulysses, obra-prima traduzida para o português pelo meu querido Houaiss.
E não sei por quê, continuo achando que a Igreja do Diabo tem a ver com o Lulalá.
O Diabo fundou sua igreja que não levou a nada, está no conto do Machado.
No comecinho dos anos de 1930, o assassino suicida Adolf Hitler investiu-se de salvador da pátria a partir de um movimento de trabalhadores na velha Alemanha.
Eu digo sempre: ler é fundamental, nossos autores são incríveis.
Quem ler mais, sabe mais. E o Lobato já dizia: “Um país se faz com homens e livros”. E no século XVI, o inglês Francis Bacon já dizia que a leitura torna o homem um ser completo.
Pensando assim e lembrando de fatos e gentes, chego à conclusão que os luminares da nossa judiada república estão numa peinha e merecidamente, pulando miudinho feito calango na frigideira.
Janelas se abrirão em dias próximos, para o bem do Brasil.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

SEMPRE É TEMPO PRA LER E APRENDER...

Ler é sempre bom, mesmo!

As leituras substanciosas, com conteúdo, marcam para sempre.
O Lobato –quem não lembra?- dizia que “um país se faz com homens e livros”.
A leitura forma, informa, esclarece, acrescenta, muda e marca um tempo, uma sociedade.
Quem ler mais, sabe mais.
Francis Bacon dizia lá pelo século 16 que “a leitura faz do homem um ser completo”. E dizia também algo como a conversa nos prepara para a vida, para o descobrimento. Naturalmente, a conversa é um diálogo. Um fala, outro escuta, fala. E é por aí que tanto um quanto outro interlocutor se enriquece e enriquece as pessoas do entorno.
A conversa gera conhecimento.
Bacon também dizia que a escrita mostra o saber, a sabedoria de quem escreve.
Escrever é fácil ou difícil?
Eu sempre gostei de ler e muitas leituras, pelo menos parte delas, ficaram retidas na minha memória. Aliás, tudo é memória. A memória não retém o tempo, mas registra a história.
O amanhã é hoje, que vira ontem, passado, história; história que guarda tudo, tudo o que é memória, até o escárnio da escória.
Guardo comigo autores que me fizeram e me fazem o ser que sou, antenado, compreensivo, ciente da presença enriquecedora do outro.
Os clássicos, da música inclusive, estão aí, mais presentes do que nunca.
O livro, Grandes Sertões: Veredas, do Rosa, traz uma passagem que me remete à minha infância. É aquela em que Riobaldo antes da fase adulta é encaminhado por seu padrinho Selorico Mendes, a estudar no lugar chamado Curralinho porque não tinha queda para trabalhar no pesado. Uma hora ele conta que Mestre Lucas, seu professor, era rígido, grosso, e que dava de palmatória na molecada; nele, inclusive.
Eu também apanhei muito de palmatória. Mais: eu fui posto de joelhos em cima de caroços de milho. E com os braços abertos, diante da classe...
Sobrevivi.
Lembro essa historiazinha em homenagem ao 1º ano –completado esta semana- da lei federal que proíbe os pais, professores ou quem for a dar palmada nos seus pequenos, pupilos.   
Grande Sertão: Veredas está para completar 70 anos do seu lançamento.

Sem dúvida, ler é bom demais: informa e forma.


quarta-feira, 15 de julho de 2015

O MUNDO PEGANDO FOGO

Certa vez, o sanfoneiro Sivuca me contou que fizera parte de um trio musical chamado O Mundo Pegando Fogo. Desse grupo participavam, além dele, Hermeto Pascoal e seu irmão Zé Neto.
Hermeto é sanfoneiro e multitudo musical, como todo mundo sabe.
Zé Neto é pianista.
Por que lembro disso?
Simples: o mundo hoje, mais do que nunca, está pegando fogo. A Grécia, por exemplo, está numa enrascada de fazer dó. Dó de dor, não musical.
No Brasil vê-se o que se vê: o legislativo brigando com o judiciário e, no meio dessa briga, o governo impotente da dona Dilma, que, aliás, outro dia andou saudando a modo muito próprio, a nossa mandioca de sempre.
Por falar em mandioca, lembro que no belo livro Iracema, do cearense José de Alencar, há uma passagem em que a mandioca é citada.
Falei Iracema?
Pois bem, esse livro clássico, lançado a público em 1865, começa assim: “Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba. Verdes mares que brilhais como líquida esmeralda aos raios do sol nascente perlongando as alvas praias ensombradas de coqueiros. Serenai, verdes mares, alisai com doçura a vaga impetuosa para que o barco aventureiro, manso, resvale a flor das águas”.
É uma história muito bonita, de conteúdo indigenista, que trata, mesmo ficcionalmente, de um pouco da história dos primeiros habitantes desta terra. Pelas páginas deste livro se movimentam o guerreiro branco Martim e a “virgem dos lábios de mel” Iracema, ora de olhos verdes, azuis e negros como “as asas da graúna”.
É uma história que tem muito a ver com o Brasil. Inclusive no tocante à nossa cultura popular.
Você sabia que é de autoria do mesmo José de Alencar o romance também indigenista O Guarani, que virou tema da primeira ópera do paulista Antônio Carlos Gomes, estreada no Ala Scalla, de Milão, em 1870?
Ler é sempre bom.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

GANHAR E PERDER É O JOGO DA VIDA

Hoje é véspera do dia D para gregos e troianos. Mas como troianos se a Tóia não passa ora de um sítio arqueológico esquecido do mundo moderno?
O Aléxis, primeiro ministro dos tempos de hoje da Grécia está fazendo das tripas coração para salvar a história marcada por Sócrates, Platão, Aristóteles e do bebum Epicuro, e também do cego fantástico Diógenes, que passou a vida inteira andando ans ruas de Atenas com uma lanterna acesa em pleno meio-dia procurando homem honesto, que nunca achou.
Mas, verdade seja dita, não era bem o que eu queria dizer agora.
Dia D, sim, pois amanhã o Aléxis vai tentar convencer os credores europeus para continuarem a investir na Grécia. Ele está mais forte, pois seus eleitores lhe deram mais um crédito ao optarem pelo “não” no plebiscito de ontem.
Mas ainda não é exatamente o que eu quero dizer aqui.
Pagar conta faz parte da vida, como faz parte da vida morrer.
Todos nós pagamos conta desde que nascemos. E desde que nascemos perdemos. Os gregos e todos nós perdemos o tempo todo.
Sim, é mais ou menos isto o que eu quero dizer: nascemos e morremos. E ao nascermos, além de começarmos a morrer, começamos também a perder. Ou seja: ao ganharmos perdemos, pois a morte leva tudo.
A perda é a única coisa definitiva na vida.
Pois bem, ontem o meu amigo Osvaldinho da Cuíca telefonou para saber como eu estou. Bem, eu disse. Conversa vai conversa vem ele falou da tristeza de perder mais um amigo do mundo do samba. Foi quinta e a perda, o nome, Aldo Menezes.
Aldo era ritmista, um incrível pandeirista e craque nas cordas do cavaquinho.
Aldo era do camisa verde. Aldo era um cara brincalhão, presepeiro, cheio de marmota.
Aldo estava indo para mais um show com amigos numa Van. Na estrada, a certa hora ele começou a fazer trejeitos, caretas, se retorcer em si. Os amigos riam, mas lá pra frente...o Aldo estava apresentando os sintomas comuns de um AVC.
E Aldo partiu.
E Aldo foi embora deixando tristeza e saudade no coração e na mente dos amigos. E a imprensa nem, nem.

Perda por perda, amanhã é o dia D para os gregos.

domingo, 5 de julho de 2015

MÁRIO DE ANDRADE É DO POVO

O ano de 1893, foi um ano muito importante. Foi ano, por exemplo, em que pela primeira vez na história mulheres puderam votar. Foi na Nova Zelândia. Nesse mesmo ano, uma bobagem: Os franceses brincaram o carnaval atirando serpentina num e noutro.
No Brasil dois fatos importantes se destacam: As margens do Rio Vaza-Barris, na Bahia, seguidores do peregrino cearense Antonio Conselheiro se reuniam para discutir os rumos do arraial de Canudos em formação. O segundo fato importante desse ano foi o nascimento de um moleque que o Brasil todo passaria a admirar:  Mário de Andrade.
Mário de Andrade foi tudo que um brasileiro poderia ser: intelectual sob todos os pontos de vista. Até compositor ele foi. É dele por exemplo a bela moda Viola Quebrada, que entrou para a lista dos clássicos da musica nacional.
Porque falo do Mário?
Hoje termina o evento literário mais importante do País, que anualmente se realiza lá pelas bandas do Rio de Janeiro: Flip. E por ser tão importante esse evento, fico eu a pensar: Porque diachos ao se elevar, lá, à as estrelas o nome do grande nome que representa Mário para as artes destaca-se em primeiro plano a sua escolha homossexual? Será que o fato de o autor de Macunaima, um marco de nossa literatura, ter sido gay diminuí o seu talento?
Os ingleses tiveram Oscar Wilde...
Em 1945, Luiz Gonzaga poria a sua voz em disco pela primeira vez. A musica foi Dança Mariquinha, uma mazurca de Miguel Lima e do próprio Gonzaga.
Nesse mesmo ano, o mundo respirava com alivio, o fim da Segunda Grande Guerra.
Ainda nesse mesmo ano, morria Mário de Andrade. A consequência disso é que toda a sua obra está em domínio público. Ou seja: depois de setenta anos, a obra de Mário está ao alcance de todos os brasileiros.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

ALICE NO BRASIL DAS MARAVILHAS

Ouço no rádio alguém dizer que Alice no País das Maravilhas, o livro, está completando 150 anos de existência.
No primeiro momento, lembrei-me do Brasil. Mas foi um pensamento que passou por mim muito depressa, pois o nosso País não é propriamente um país de maravilhas.  É  bonito por natureza, como dizia o Jorge Ben, lá atrás, embora formemos uma nação de entusiastas ao nosso País, que não tem terremotos, maremotos, vulcões, que provocam grandes catástrofes em lugares tão perto de nós como por exemplo, o Chile.
Pois bem, somos um país bonito por natureza, mas não cheio das maravilhas narradas por Charles Lutwidge Dogson (1832/1898).
Dogson era nada mais nada menos do que Lewis Carroll para todos nós.
A notícia do rádio fez-me lembrar os grandes autores pioneiros do encantado universo da cultura literária infantil, como os irmãos Grimm e Andersen, sem falar em Fontaine.
Naqueles tempos, tempos antigos, tempos em que gato falava e galinha tinha dentes, as histórias infantis não eram bem infantis. Eram violentas, tenebrosas até.
Tenebrosas como as histórias que a gente lê nos jornais e ouve de boca em boca sobre a Pátria espoliada de uma cera Dilma que nas caricaturas dos impagáveis cartunistas aparece com dentes de coelhinho.
O belíssimo livro Alice no País das Maravilhas, que tantos filmes e peças teatrais tem inspirado mundo afora, a mim me deixou marcas indeléveis.
Alice é uma menina incrível, que a curiosidade leva para a toca dum coelho. Na toca, a história começa e nunca termina.
Na toca do coelho em que Alice caiu, há ratos e livros que enriquecem a história.
Na república dos desalmados nunca há livros, há ratos.
Aliás, você sabia que a média de livros lidos/ano por pessoa no Brasil é de apenas 1,7?
Eu vejo em Alice uma menina incrível no mundo fantástico, no mundo completamente deteriorado, no abismo, praticamente em extinção, um pouco parecida com a Mafalda do meu querido Quino.
A menina Mafalda acabou de fazer 50 anos.
Mas, eu estava falando era de Alice.
Alice está fazendo amanhã 150 anos de história publicada, mas continua menina e sapeca.
Viva Alice!

Você quer saber mais sobre o mundo encantado das histórias infantis?

quinta-feira, 2 de julho de 2015

E SE OS GREGOS FALASSEM PORTUGUÊS?

O mundo ficou grego, pois parece que ninguém mais se entende. Nem os gregos entre si. O que está acontecendo lá no velho - e deserto - Olímpo de Zeus é coisa quem nem o mais sábio ser de Maracangalha consegue compreender. Como entender o que está acontecendo na terra dos deuses, dos filósofos, dos grandes poetas de séculos anos antes de Cristo?
O Capital está engolindo tudo. Gente, coisas e pensamento.
A Grécia é um país que habita até hoje a nossa imaginação ou a imaginação de todo mundo que um dia estudou a história antiga.
A Grécia pra mim, por exemplo, é uma terra tão importante e marcante quanto a Paraíba.
Domingo que vem o povo grego deverá escolher, através de plebicito, se permanecerá ou não afundado na areia movediça do bloco econômico chamado união européia ou se bancará o seu próprio destino com uma nova moeda.
Na verdade o mundo vive uma tragédia, incluindo o Brasil e a Grécia.
Lá, é o Aléxis; aqui, a Dilma.

Mas não era sobre isso que eu queria falar. Eu queria falar sobre leitura e cultura musical.
Pesquisa recente da conta de que o brasileiro lê 1,7 livro/ano. Esquisito, não? Mas, enfim, não lemos nem dois livros por ano.
Somos, mesmo, um país de analfabetos.
Aí estão as estatísticas mostrando a gravidade e perigo da vida nacional com nossas cadeias atulhadas por mais de 600 mil condenados. Agora querem levar pra cadeia também os adolescentes criminosos.
Isso é certo ou errado?
Só sei que matar não é certo, seja o criminoso de maior ou menor idade.

É como diz um personagem de Guimarães Rosa: "Viver é um negócio danado de perigoso!".

INDEPENDÊNCIA DA BAHIA

A independência do Brasil ocorreu em 1822. Por razões que a história explica, os baianos ficaram livres de Portugal um ano depois. tendo como um dos seus heróis, aliás uma heroína, Maria Quitéria. Saiba mais clicando no vídeo acima.

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