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domingo, 31 de março de 2024
DITADURA NUNCA MAIS, MESMO! (2, FINAL)
sábado, 30 de março de 2024
DITADURA NUNCA MAIS, MESMO! (1)
sexta-feira, 29 de março de 2024
A MORTE LEVA DOIS MESTRES
À esquerda Oswald Barroso, à direita Lúcia Junqueira, Klévisson Viana e Érico Junqueira |
quinta-feira, 28 de março de 2024
LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (85)
César, Lucrécia e Rodrigo Bórgia |
O sobrinho de Alonso, que ganhou o nome papal de Alexandre VI, foi corrupto e assassino. Era vingativo e praticante da esbórnia. Teve amantes e pelo menos nove filhos, entre esses César (1475-1503) e Lucrécia (1480-1519).
César puxou ao pai. Era violento e por isso mesmo temido. Lambuzou-se com a riqueza que tinha à disposição.
Lucrécia não costumava dormir só, tampouco deixava esfriar a cama. Como o pai, teve amantes.
Alonso Bórgia, aquele tio do Rodrigo pra quem foi uma verdadeira mãe, também assumiu a cadeira de papa com o nome Calisto III (1455-1458).
O tema corrupção no Clero se acha também na ficção. No romance, na poesia…
Já que estamos ali pelo século 15, lembro que naquele tempo existiu um papa de nome Pio II (1458-1464). Esse papa entrou na história por razões diversas. Era um cara simples, sabido e observador das minúcias do cotidiano. Lia muito e escrevia coisas com gosto. Algumas impublicáveis.
Em 1444, o futuro papa, Enea Silvio Piccolomini (1405-1464) escreveu e publicou um conto erótico. Título: O Conto Dos Dois Amantes, em que “defendia” o amor adúltero.
Pois, pois.
A literatura em todas ou quase todas as línguas registra muitas passagens de personagens reais e fictícios, envolvidos em tudo quanto é pecado. A tragédia prevalece, ao contrário do chavão “E foram felizes para sempre”.
Moisés e os Dez Mandamentos, de Rembrandt Harmensz |
Nem é preciso ir muito longe pra conferir na literatura a presença de figuras da Igreja dando vazão aos prazeres da carne e à corrupção.
A Religiosa, mais do que um romance, é a memória de uma personagem real transformada em ficção, que sofre que nem uma condenada ao fogo do Inferno quando a mãe morre. Diderot foi perfeito na narrativa do texto memorialista da personagem Suzanne.
Suzanne Simonin é a caçula dentre duas irmãs. Fruto, porém, de um pulo de cerca da mãe que o pai só iria desconfiar anos depois. E ficaria puto com isso.
A mãe de Suzanne ajeita a vida das duas filhas mais velhas casando-as e dando materialmente tudo que lhe é possível.
A história se passa no século 18, por aí.
Nessa história cabeludíssima tem corrupção, tortura e abusos cometidos até pela madre superiora.
Suzanne a essa altura tem por ali uns 20 anos de idade. Sofre que nem Cristo pregado na cruz.
Pura, simples, natural e ingênua, embora inteligente, considerava-se incapaz de seguir como opção a vida religiosa. Acreditava, porém, na força divina.Há um momento no livro de Diderot que freiras tiram sarro da jovem Suzanne e a torturam, levando-a a se lascar num calabouço. Ela pede clemência, rogando aos céus pelas desgraças que lhe acontecem. Em vão.
A caminho do calabouço, lembra:
Conduziram-me, com a cabeça nua e os pés descalços, através dos corredores. Eu gritava e pedia socorro, mas tinham tocado o sino a avisar que ninguém acudisse. Eu invocava o céu e deitava-me para o chão, e arrastavam-me. Quando cheguei ao pé das escadas, tinha os pés ensanguentados e as pernas magoadas; teria comovido uma alma de bronze. Abriram com uma grande chave a porta de um pequeno canto subterrâneo e escuro e atiraram-me para cima de uma esteira meio apodrecida pela umidade. Ali, encontrei um bocado de pão negro e um cântaro de água e mais alguns recipientes necessários e toscos. A esteira, enrolada numa das pontas, formava uma almofada. Num bloco de pedra havia uma caveira e um crucifixo de madeira. O meu primeiro impulso foi destruir-me; levei as mãos à garganta, rasguei a minha roupa com os dentes, dei gritos pavorosos. Uivava como um animal feroz, batia com a cabeça nas paredes e fiquei coberta de sangue. [...]
Como Eça de Queiroz, Diderot desenvolve o texto tascando o pau no Clero do seu tempo e do tempo da personagem Suzanne.
Foto e reproduções de Flor Maria e Anna da Hora
quarta-feira, 27 de março de 2024
VAMOS BRINCAR DE CIRCO?
terça-feira, 26 de março de 2024
CENSURA É UMA MERDA!
segunda-feira, 25 de março de 2024
LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (84)
Desde sempre mil histórias de safadeza são descobertas e contadas pra quem quiser ouvir.
O Papa Francisco, escolhido por seus pares cardeais em 2013, assumiu o cargo dizendo a que vinha. E não demorou a abrir a caixinha dita de Pandora cheia de pecados cabeludos cometidos por padres, freiras e noviços ao longo da história da santa Igreja Católica.
Ao denunciar em público o comportamento delituoso de religiosos, Francisco por muitos foi amaldiçoado e por pouco não sucumbiu no fogaréu do Inferno. Disse coisas assim:
“Diante dos abusos cometidos por membros da Igreja, não basta pedir perdão”
E continuou:
“Trabalhamos por muito tempo sobre este assunto. Suspendemos vários clérigos, que foram despedidos por isso”.
Falou também de freiras que se comportam diferentemente do que orienta a Igreja:
“Não sei se o processo (canônico) terminou, mas também dissolvemos algumas congregações femininas que estiveram muito vinculadas à corrupção”.
Vale a pena ler o livro Erotismo, do francês Georges Bataille (1897-1962).
Vale a pena também ler o livro A Religiosa, de Denis Diderot (1713-1784), mesmo autor de Carta sobre os Cegos para uso daqueles que vêem.
Diderot estudou em colégios de jesuítas, mas não virou padre. Virou ateu cáustico crítico da Igreja Católica. Dizia ser menos penoso negar a Deus do que aceitá-lo, por isso foi preso.
Vale a pena também ler Decamerão, do escrachado Boccaccio. O livro trata de amor e moralismo.
Foto e reproduções de Flor Maria e Anna da Hora
domingo, 24 de março de 2024
LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (83)
Camões, pelos traços de Fausto Bergocce |
Cena idêntica a essa aqui narrada acha-se no livro Os Lusíadas. É quando Netuno, incentivado por seu parceiro Baco, faz do fundo do mar emergirem monstros que botam, literalmente, pra quebrar embarcações onde se acham marujos desbravadores dos caminhos das Índias. Dito isso, digo também o óbvio: Camões inspirou-se nos escritos de Homero para compor sua fabulosa obra.
Ovídio também inspirou-se em Homero, que o tinha como mestre. Isso é válido também para Virgílio, que pôs o guerreiro troiano Enéias como herói da epopeia narrada em Eneida.
Ovídio, Virgílio, Homero…
No clássico A Divina Comédia, de Dante Alighieri, aparecem os poetas ora citados. Aparecem na primeira das três partes do livro: O Inferno.
Quando Dante morre está a sua espera, na porta do Inferno, o autor de Eneida que outro não é senão Virgílio.
Virgílio pega Dante pela mão e a ele vai mostrando os labirintos do reino de Lúcifer. O passeio é cansativo e enervante.
Depois de conhecer o Inferno, Dante segue com seu guia labirinto adentro. Chega ao Purgatório. Ali pelas proximidades vê o Limbo e almas ora apáticas, ora tensas.
Na última parte ou estação do livro, o Paraíso, se acha o grande amor de Dante: Beatriz. E mais não digo.
O amor está na vida, nos seres viventes, e nos elementos naturais: Terra, Fogo, Água e Ar.
Inferno, Canto XXXII − gravura de Gustave Doré |
O retorno do herói grego durou mais tempo do que a guerra travada em Tróia: quase duas décadas.
Ali pelo século 4 da nossa Era, um cidadão chamado Agostinho era doido por um rabo de saia. Tinha uns 15 anos quando se apaixonou por uma garotinha de 12. Queria com ela se juntar, mas as leis da época não permitiam; só depois dos 14. Volúvel, desistiu de casar com a menina. Sem ter muito o que fazer, o varão estudava e aos domingos ia com sua turma à Igreja só pra paquerar.
No texto autobiográfico Confissões, confessou Agostinho: “Eu me esbanjava e ardia nas minhas fornicações”.
Dois anos depois de deixar sua juvenil paixão, Agostinho juntou-se com uma jovem e com ela teve um filho de nome Adeodato.
Resumo da ópera: Agostinho separou-se depois de 15 anos de casamento.
Com 33 anos de idade, Agostinho converteu-se ao cristianismo pra valer a pedido da mãe, Mônica. Virou monge em Hipona, África. Morreu e virou santo. A mãe também. O pai, não sei.
sexta-feira, 22 de março de 2024
HISTÓRIA TRISTE
Hitler deu um tiro no coco em abril de 1945.
Milhares de livros já foram publicados sobre Hitler e seus comparsas nazistas.
Muitos livros eu já li sobre Hitler, nazismo e o holocausto que deixou pelo menos 6,5 milhões de pessoas mortas. Dessas eram cerca de 1,5 milhão de crianças e adolescentes.
Nada no mundo foi tão terrível como o assassinato em massa provocado pelo "Füher".
Dentre tudo que li até agora poucos me marcaram tanto como O Menino do Pijama Listrado, livro de John Boyne.
Não, esse livro não é do gênero infanto-juvenil. É trágico, terrivelmente trágico. Trata da amizade entre dois meninos de nove anos de idade nascidos num mesmo dia, num mesmo mês e de um mesmo ano: 1939.
Um dos meninos é Bruno, filho de um oficial nazista.
O pai e a mãe de Bruno, o próprio Bruno e sua irmã vivem aparentemente tranquilos num lugar qualquer da Alemanha.
Um dia, o pai do Bruno é convocado para servir na Polônia, mais precisamente nas proximidades do campo de concentração de Auschwitz. Só que quem sabe disso é o próprio oficial e para a nova casa todos vão.
O pequeno Bruno não gosta da nova moradia e diz isso o tempo todo aos pais e à irmã sempre entretida no quarto com suas inúmeras bonecas. Ela tem 13 anos e acha o irmão uma criança. Ele não gosta e brigas entre ambos se sucedem.
Sentindo-se só, sem ter com quem brincar, Bruno passa a procurar novidades na região. Esgueirando-se pela cerca do campo de concentração, ele encontra um menino da sua idade vestido com uma roupa listrada. Esse menino, Shmuel, acabou no campo junto com o pai, a mãe, a família toda.
Bruno e Samuel logo viram grandes amigos.
E mais não digo.
quarta-feira, 20 de março de 2024
FELICIDADE É CHUPAR PIRULITO
Ei, vem cá: você sabe que hoje é o Dia da Felicidade?
Pois é, hoje é Dia da Felicidade. Ouvi no rádio e na TV.
Disseram que o povo mais feliz do mundo é o finlandês.
A Finlândia é um país deste tamaiinho. Tem 5,5 milhões de habitantes. Dizem que faz por lá, ihhhhhh, um frio danado!
O segundo povo mais feliz, dizem ainda, é o dinamarquês.
E o terceiro do ranking outro não é senão o islandês.
Esses três países classificados pela ONU como os mais felizes do mundo estão localizados na pras bandas da Escandinávia.
Olhando tal ranking procurei a posição do Brasil. Entre não sei quantos países, o Brasil está aliiii, na quadragésimo quarta posição. Ufa!
Os critérios predefinidos para a conclusão disso tudo não tinha o item grana na cabeça.
Isso quer dizer ou quis dizer que grana não compra felicidade. Hummmm, sei lá! O que sei é que se eu atrasar o pagamento da luz que alumia a minha casa eles... plaft! Cortam, simples assim.
De qualquer modo meu amigo, minha amiga, volto a perguntar: você sabe que hoje é o Dia da Felicidade?
Você meu amigo, minha amiga, sabe o que é felicidade?
A minha sábia avó Alcina dizia que felicidade é chupar pirulito e sair por aí assobiando.
terça-feira, 19 de março de 2024
MEUS BOTÕES (75)
Que festa é essa pessoal, perguntei.
Lampa me olhou com aquele seu jeito perscrutador, disse algo ininteligível, antes de se levantar e responder com voz cavernosa: " O feladaputa agora vai!".
Calma, calma, Lampa! Que feladaputa é esse a quem você se refere?
Todos se levantaram, batendo palmas, numa algazarra que eu nunca vira antes. Todos queriam falar ao mesmo tempo. Zilidoro, com calma franciscana, levantou a mão pedindo palavra. Com seu notebook aberto, o poeta leu: "Hoje de manhã o ex-presidente Jair Bolsonaro foi legalmente indiciado pela Polícia Federal. Foi acusado de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema de informações e tal e tal e tal...".
Pois é, confesso que estou tomando conhecimento disso agora.
Lampa, falando aos borbotões, conseguiu dizer: "Isso mesmo! Isso mesmo! Esse é o começo do fim dele, daquele filho do cão!".
Lá do fundo Barrica e o seu irmão Biu dizem: "O portão da Papuda já está aberto pra ele!".
Calma, pessoal...
"Calma coisa nenhuma seu Assis! O Brasil todo, o Brasil do bem, está aguardando a hora de a Justiça julgar e condenar aqueles que tanto mal têm feito", disse Zé chamando a atenção de Mané e Zoião.
Zoião disse: "Muito bem! Muito bem! Isso mesmo, isso mesmo. Lugar de bandido é na cadeia!".
Hummmm... A rapaziada hoje tá que tá...
Como se adivinhasse que eu já estava me indo, Mané pediu licença pra perguntar se eu conheci o dono da Livraria Cultura, pois ele acabara de morrer. Eu disse que sim, que o Pedro Hertz eu o conheci ainda ali pelos anos 80, 90.
"Ele era legal, seu Assis?", emendou Zilidoro.
O Pedro era de pouco papo, de pouco riso, mas gostava de falar olhando nos olhos das pessoas. Que Deus o tenha.
segunda-feira, 18 de março de 2024
LOBATO RACISTA?
domingo, 17 de março de 2024
LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (82)
Ovídio |
Zeus, não custa lembrar, era casado com a vingativa protetora das mulheres grávidas Hera. Ciumenta lá com suas razões, pois o maridão não era brinquedo. Com ela teve meia dúzia de bruguelos importantes e com outras muitos outros, que se tornaram famosos como Hércules, que Hera tentou matar de todas as maneiras.
Hércules foi fruto da união de Zeus com Alcmena, a mulher de Anfitrião, rei de Tirinto.
Entre os filhos de Zeus, fora Hércules, estão Afrodite, Ares, Hefesto, as nove musas do Olimpo e Apolo, irmão gêmeo de Ártemis…
À propósito, Apolo era doido pelo amor do mortal espartano Jacinto, que era também disputado pelo deus Zéfiro, mal casado com a deusa Íris.
Íris é personagem de Ilíada.
Cupido, filho de Vênus, mete flecha no coração de tudo quanto é ninfa habitante da ilha dos amores constante em Os Lusíadas.
Antes de Camões, Ovídio andou falando de amor. Mais do que isso: definiu e ensinou a quem quisesse aprender a arte de amar.
Virgílio |
A Arte de Amar é uma obra curiosa e atual, distribuída em três pequenos volumes.
No 1° volume, diz Ovídio:
É justo o que peço: que a moça que ainda há pouco me cativou ou tenha amor por mim ou faça com que tenha eu amor por ela.No 2° volume, o poeta nos dá uma aula sobre a Beleza:
Ah, foi demasiado o meu desejo! Que apenas consinta em ser amada, e já Citereia terá ouvido todas as minhas súplicas.
Longe de nós todos os meios proibidos. Para ser amado, seja amável, pois não é suficiente a beleza dos traços ou do corpo. Assim mesmo você será, Nireu, amado pelo velho Homero, ou Hilas, de delicada beleza, que as Náiades raptaram por um crime. Se você quer conservar sua amiga e não ter nunca a surpresa de ser abandonado por ela, una os dons do espírito às vantagens do corpo…E lá pras tantas, já no 3° volume, quase no final, ele destaca:
Onde me deixei levar, insensato que sou? Por que ir ao encontro do inimigo com o peito aberto? Por que me denunciar? O pássaro não ensina ao passarinheiro os meios de prendê-lo; a corça não ensina a correr os cães que se lançam contra ela. Que importa meu interesse? Prosseguirei lealmente em minha empreitada e darei às mulheres de Lemnos as armas para me matar.Antes de Ovídio, e ainda na Antiguidade, Virgílio, no seu clássico Eneida, não deixa de falar de amor. Diz:
Façam de conta (e é fácil) e nós nos sentiremos amados: a paixão se convence facilmente do que ela deseja. A mulher só precisa lançar sobre seu amigo um olhar mais amoroso, suspirar profundamente, perguntar por que ele vem tão tarde. Acrescente lágrimas, a cólera de um fingido ciúme, e arranhe-lhe o rosto com suas unhas. Ele ficará logo persuadido; será o primeiro a se comover; ele dirá: “Ela me ama loucamente”, principalmente se ele for elegante e se admirar no espelho, se acreditará capaz de alcançar o coração de uma deusa. Mas, em todo caso, não se deixe aborrecer demais por uma ofensa, e não perca a cabeça ao saber que tem uma rival!
Homero |
Porém Apolo de Grínia ordenou-me há pouquinho buscarmos a Grande Itália, essa Itália que os vates da Lícia apontaram. Ali, o amor; ali, a pátria.E antes de Virgílio, Homero no seu Ilíada põe sereias à disposição do herói Ulisses, cuja mulher Penélope o aguarda de volta pacientemente. Fora lutar em Tróia onde uma guerra estourara depois que a rainha grega Helena, mulher de Menelau, rei de Esparta e irmão mais novo de Agamémnon, foi raptada pelo príncipe guerreiro troiano Páris. Foi quando o tempo fechou com raios e trovões pondo em rebuliço o mar que de repente encheu-se de sangue.
sábado, 16 de março de 2024
LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (81)
Camões |
O inspirado português Luiz Vaz de Camões (1524-1580), vai mais longe:
Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor
Na sua obra-prima, Os Lusíadas, o autor fala de amor, sexo e sensualidade entre marujos e sereias encantadas habitantes de uma certa ilha criada pela deusa Vênus. Essa referência está no Canto IX. Eu recriei:
Há na Ilha dos Amores
Mitos e lendas no ar
E figuras encantadas
Dançando à luz do luar
Enquanto o vento canta
Antigas cantigas do mar
Desde sempre se sabe
Que na vida é bom sonhar
Na Ilha dos Amores
Não é pecado pecar
Pecado é não ouvir
Os cantos que vêm do mar
Essa ilha foi o lugar que a deusa Vênus arrumou para alegrar o corpo e a alma dos marujos que se aventuraram mar adentro acompanhados de Vasco da Gama até o desconhecido país Índia, na Ásia.
sexta-feira, 15 de março de 2024
DEU SONO ZZZZZ
Quando eu acordava sobressaltado ao escapar de uma geleira, por exemplo, eu gritava e pulava da cama num piscar d'olhos.
Às vezes eu caía na besteira de dizer isso a um filho, uma filha, de quem ouvia sarcasticamente a perguntinha irritante: pai, você perdeu o sono e o reencontrou depois?
Mais ou menos isso.
Confesso que sempre dormi pouco: cinco ou seis horas, no máximo.
Pois, pois, desde sempre. Até hoje. Não durmo de dia e não sofro indisposição.
Alguém, e mais de uma pessoa, já me disse que o nosso corpo carece de pelo menos oito horas de sono.
Faz sentido.
O dia tem 24 horas, dividido por 3... Olha aí: sobram 16 horas pra trabalhar e gandaiá no circo da vida.
Bom, tenho mais de 16 horas diárias pra não fazer nada. Só um textinho aqui, outro ali; um poeminha e coisa e tal. O tempo sobrante é todo disponibilizado ao corpo e alma do meu amor: Flor Maria.
Meu amigo, minha amiga, você sabia que hoje é o Dia Mundial do Sono? ZZzzzz
quinta-feira, 14 de março de 2024
HOJE É DIA DA MATEMÁTICA
Pois bem, 14 de março, é o Dia Internacional da Matemática.
Pois bem, existe também o Dia Nacional da Matemática: 6 de maio.
O 6 de maio foi o dia que nasceu o carioca Júlio César de Mello e Souza tornado famoso através do pseudônimo Malba Tahan. Seu livro mais conhecido é O Homem Que Calculava.
Júlio César foi professor de Ciências, Geografia e Matemática, claro.
Entre romances e livros referentes à principal matéria que ministrou somam-se mais de 110 títulos.
Malba Tahan era craque dos craques em História, inclusive.
Também era um exímio contador de histórias. Chegou a adaptar até o clássico As Mil e Uma
Noites para crianças e adolescentes, principalmente.
Eu não conheci Júlio César de Melo e Souza, mas até hoje admiro profundamente sua obra. Morreu no dia 18 de junho de 1974, em Recife, PE. Guardo comigo vários livros de sua autoria.
domingo, 10 de março de 2024
LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (80)
Até nas sagradas escrituras, precisamente em Cântico dos Cânticos, o amor físico se acha presente, como se representasse Deus como pessoa. Um trecho:
Beije-me ele com os beijos da sua boca; porque melhor é o teu amor do que o vinho.O Cântico dos Cânticos, que se acha em Gênesis, é desenvolvido em 8 capítulos. Um trecho:
Suave é o aroma dos teus ungüentos; como o ungüento derramado é o teu nome; por isso as virgens te amam.
Leva-me tu; correremos após ti. O rei me introduziu nas suas câmaras; em ti nos regozijaremos e nos alegraremos; do teu amor nos lembraremos, mais do que do vinho; os retos te amam.
Eu sou morena, porém formosa, ó filhas de Jerusalém…
Formosas são as tuas faces entre os teus enfeites, o teu pescoço com os colares.
Enfeites de ouro te faremos, com incrustações de prata.
Enquanto o rei está assentado à sua mesa, o meu nardo exala o seu perfume.
O meu amado é para mim como um ramalhete de mirra, posto entre os meus seios.
Como um ramalhete de hena nas vinhas de En-Gedi, é para mim o meu amado.
Eis que és formosa, ó meu amor, eis que és formosa; os teus olhos são como os das pombas.
Eis que és formoso, ó amado meu, e também amável; o nosso leito é verde.
sábado, 9 de março de 2024
LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (79)
Erasmo de Rotterdã |
… Que seria esta vida, se é que de vida merece o nome, sem os prazeres da volúpia? Oh!
Oh! Vós me aplaudis? Já vejo que não há aqui nenhum insensato que não possua esse
sentimento. Sois todos muito sábios, uma vez que, a meu ver, loucura é o mesmo que
sabedoria…
(Erasmo de Rotterdã, Elogio da Loucura)
Essas são palavras que têm, na prática, o mesmo significado.
A prática sexual é algo comum desde o surgimento do mundo, desde que nascemos, nós e todos os animais falantes, berrantes, sibilantes e tal.
O chamado pecado original ocorrido no Éden teve por princípio a provocação, a lascívia, representada por uma traiçoeira cobra e uma aparentemente inocente maçã. Isso no princípio, mas depois Deus recomendou que crescêssemos e multiplicássemos. Foi então que Adão e Eva mandaram brasa. Está em Gênesis, o primeiro dos 73 livros que formam a Bíblia.
E é na multiplicação que se acha um dos maiores problemas da humanidade.
Já somos mais de oito bilhões de homens e mulheres comendo o pão que o Diabo amassou com seus cascos sujos.
E as guerras mundo afora vitimando todo mundo, hein?
Como será daqui pra frente se continuarmos a nos multiplicar e a maltratar o nosso próprio meio ambiente?
Vida saudável não combina com depredação ambiental.
Ainda pela metade do século 20, o bambambã do cinema norte-americano Orson Welles (1915-1985) assustava os ouvintes de rádio com uma narração ao vivo de uma suposta invasão da Terra por ETs. Foi uma loucura, registrou a imprensa.
Enquanto Welles aprontava, cientistas procuravam o caminho da modernização tecnológica.
Nos EUA, o indiano de origem George Orwell (1903-1950) já previa TV ao vivo com programa do tipo Big Brother. Aliás, esse personagem se acha por inteiro no romance 1984, do referido Orwell.
Na década de 80 do século 20, a Internet chegou revolucionando o mercado em todo o mundo.
A revista semanal Veja, edição de 13 de fevereiro de 2013, trazia na capa a manchete: Você Quer Transar Comigo?
Pois é, àquela altura a Internet já servia de instrumento de onanistas e tal.
Sem falar no WhatsApp que distancia cada vez mais as pessoas do telefone ao vivo, figurinhas inventadas como Alexa e aqui já estamos falando de inteligência artificial tornando o mundo cada vez menor.
sexta-feira, 8 de março de 2024
SEM MULHER NÃO HAVERIA HOMEM
No tempo da pedra lascada e do toco torto os machos carregavam literalmente as mulheres pelo cabelo. Como um animal qualquer. Como uma fêmea qualquer. E o macho, por natureza, mostrava do seu jeito grosso a sua maneira lamentável de ser.
Em alguns países, ou todos, a mulher ainda é considerada pelos machos apenas um animal que dá prazer sexual.
Uma das figuras criadas pelo machismo atende por gueixa. Surgiu no Japão medieval ou sei lá!
Estou no capítulo 32 do livro Xógum, do escritor inglês James Clavell. É um calhamaço de 998 páginas, mas estou gostando. Trata de uma saga japonesa nas origens. Tem navios, guerra, samurais; política, poder, corrupção, paixão, amor, sexo...
Para os japoneses, a palavra amor que tão bem entendemos tem ou tinha sentido diferente lá na terra do sol nascente.
Mas por que diachos eu falo isso?
Antes de mais nada, lembro do livro de Clavell porque fala de gueixa e tudo mais.
As mulheres japonesas, incluindo as gueixas, achavam ou ainda acham que nasceram simplesmente para obedecer rigorosamente as ordens e as vontades mais íntimas dos machos. Pois é. Servil. Apenas isso. Ai, ai.
No final dos anos 1940 foi aprovada em assembleia na ONU a tão manjada Declaração dos Direitos Humanos.
No Brasil de 1988 foi aprovada, no Congresso, a nossa 7a. Constituição. Aí pelo Artigo 5° consta que homens e mulheres são todos iguais perante a lei.
Balela o que diz o artigo aí, pelo menos em parte.
Fica claro no comportamento dos homens que são mais iguais do que todos. Pena. Sou homem, sim, mas não me comporto de tal maneira.
Na literatura nacional há muitos exemplos de feminicídio, de personagens masculinos que por ciúme matam as personagens femininas por se sentirem traídos.
No livro Til, do escritor cearense José de Alencar, há caso de feminicídio e outros e outros. A história se passa numa fazenda do interior paulista. Foi publicado em 1872.
Já andei escrevendo sobre isso, aqui mesmo neste Blog.
Andei falando também sobre feminicídio praticado na ficção musical e até por compositores.
Bom, hoje 8 de março, é o Dia da Mulher. Aliás, entendo que o dia da mulher é todo dia.
Sem fêmea não haveria vida.
Sobre o tema escrevi o poema Avante Mulher! É esse aqui:
Mulher tu tens a força
E a boniteza do mar
Avante mulher, avante!
Vens pra vida, vens lutar
Quem não luta nada tem
O ideal manda lutar
Avante mulher, avante!
Tu tens a força do mar
Além dessa força tu tens
O brilho que tem o luar
Avante mulher, avante!
O perigo ronda o ar
A injustiça perdura
Em tudo quanto é lugar
Avante mulher, avante!
A vida precisa mudar
quinta-feira, 7 de março de 2024
CONVERSA COM JORGE RIBBAS
quarta-feira, 6 de março de 2024
CAÇADA SEM FIM
terça-feira, 5 de março de 2024
O BRASIL DOS BRASILEIROS
segunda-feira, 4 de março de 2024
CULTURA É LIXO. É ISSO!
Chorar, não choro.
Sou nordestino da Paraíba. Lá aprendi com minha avó Alcina que homem não chora. Não deve chorar, em situação nenhuma.
O tempo passou, minha avó foi para o céu. Os meus pais Maria e Severino, também.
Aprendi.
Chorei ontem quando Flor Maria me contou que parte do acervo do cantor e compositor Elton Medeiros foi encontrado no lixo.
A notícia saiu no jornal O Globo de 29 de fevereiro deste ano.
O jornal ressalta que o que foi encontrado no lixo era parte do acervo do Elton.
Que parte foi essa?
Gravações em fitas VHS e K7, manuscritos, roteiros de show, fotos e, nessa brincadeira, textos musicais inéditos.
Isso é o que faz o governo republicano que endossamos hoje.
Presidencialista.
Os governos no Brasil, desde o século 19, nunca deram bola à Cultura.
Cultura e Educação caminham juntas.
Sem Cultura e Educação não há futuro pra país nenhum.
É isso!
sábado, 2 de março de 2024
LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (78)
Na obra de Jorge são encontradas quase 900 personagens femininas, muitas delas estrelas de bordéis.
As prostitutas do escritor baiano passeiam com desembaraço em vários livros. Entre esses Mar Morto, Gabriela Cravo e Canela, Tieta do Agreste…
Tereza Batista Cansada de Guerra é uma personagem marcante, belíssima e de personalidade rara. Apaixonante. Ela transa por grana, dança por grana, mas por grana não transa quando seu coração palpita forte por um homem. Nesse caso, especialmente, mestre Januário é um sortudo. É homem do mar, dono de uma embarcação chamada Flor das Águas.
Santo Onofre |
O final do livro que tem Tereza Batista como protagonista é inesperado e emocionante. Toma toda a cena, deixando o leitor num estado de êxtase.
Em 2001, Chico Buarque e Edu Lobo compuseram a trilha sonora da peça Cambaio, de João e Adriana Falcão.
A música que dá título ao disco termina com os autores dizendo "Eu sou mais as putas".
Em 2023, a empresa NapLab fez uma pesquisa para saber qual o país, dentre 45, são os mais promíscuos.
Nessa pesquisa, a Austrália encabeça o ranking.
Ainda nessa pesquisa, o Brasil ganha o 2° lugar.
Ah! Curiosidade: o mestre Jacob do Bandolim (1918-1969) teve como mãe uma polaca: Raquel Pick.
A prostituição no Brasil foi legalizada em 2002.
Profissionais do sexo, reconhecidos por lei, são maiores de 18 anos.
Ia-me esquecendo de dizer que vagabundos, cachaceiros e prostitutas têm um santo protetor: Onofre.
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