Iniciado na manhã do último dia 29 termina hoje mais uma edição do Congresso Mega Brasil de
Comunicação, no Centro de Convenções Rebouças.
Mais de 1.200 pessoas continuam participando e acompanhando as palestras e debates.
Logo mais às 11h50, será a minha vez de expor e trocar ideias no Congresso.
Faço isso pela terceira vez, em anos alternados.
Hoje, abordarei o tema A CULTURA POPULAR E AS OPORTUNIDADES DE MARKETING E COMUNICAÇÃO QUE O BRASIL E AS EMPRESAS BRASILEIRAS DESCONHECEM.
A mediadora será uma representante do Exército brasileiro, a capitã Marília Villas Bôas.
Vamos lá?
Abaixo, registro da homenagem recebida no Congresso pelo diretor-presidente da Rádio Jovem Pan, A. A. A. de Carvalho, o Tuta, cuja fala de agradecimento não durou um minuto sequer: findou com um grito pelo fim da retransmissão do horário oficial Voz do Brasil.
A título de curiosidade: foi nessa rádio que entrevistei pela última vez o rei do baião, Luiz Gonzaga.
A entrevista foi feita por telefone e na ocasião Gonzaga, emocionado ao falar comigo, disse que estava indo naquele momento fazer promessa em Canindé, a Meca do povo nordestino.
Não tenho comigo essa entrevista, talvez esteja nos arquivos da rádio.
Tomara. Clique:
Depois de falar a respeito da seca que novamente castiga sem dó nem piedade o forte e heroico povo nordestino e de citar a região onde viveu até a idade de rapaz o romancista Roniwalter Jatobá, de berço mineiro - Campanário -, eu fiquei sabendo que o ponto onde se acha a montanha azul do seu livro foi outrora um verdadeiro paraíso de verdor e beleza sem par e festa incomum para as meninas dos nossos olhos.
Mas tudo mudou, embora persistam as tradições.
A Procissão dos Homens, por exemplo, é muito antiga, de origem portuguesa, que ainda anda viva nos dias de hoje.
Ocorre em Bananeiras - não confundir com o belo município do brejo paraibano.
Bananeiras, aqui, é um distrito de Pindobaçu, ao norte de Piemonte, na Bahia.
Enfim, como complemento ao que escrevi, Roniwalter (em primeiro plano, de camiseta) acrescenta num texto via email que compartilho com vocês, este:
“Publicado pela primeira vez em 1982, Viagem à Montanha Azul é o meu primeiro livro dirigido às crianças. Além de ser uma história cheia de aventuras, também é uma oportunidade para que os jovens leitores conheçam um fantástico mundo onde convivem o sonho e a realidade, onde bichos e homens coabitam em profundo respeito, e onde a integridade dos seres humanos e da natureza permanece como regra essencial.
No Dicionário crítico da literatura infantil/juvenil brasileira, a professora Nelly Novaes Coelho afirmou que Viagem à Montanha Azul “é uma excelente leitura para jovens leitores, no sentido de lhes sugerir atitudes positivas para a ação ou o sonho e principalmente por lhes dar a certeza de que temos raízes profundas no tempo e no espaço.” Já o crítico Edmir Perrotti, em O Estado de S. Paulo, apontou que Viagem à Montanha Azul é um livro de resgate. “Tenta, narrando as aventuras de três meninos, recuperar a memória de um grupo indígena, os Muribecas, totalmente exterminado pelas armas de fogo do branco invasor”, disse. “É um pequeno livro que merece ser lido com atenção.”
Traduzido em 1983 para o inglês pela professora Janet Romberg, da Universidade do Colorado, recebeu o título de Travels to Blue Mountain.
A montanha azul, referida no livro, existe de verdade. Fica em Bananeiras, sertão da Bahia, um lugarejo perto de Campo Formoso e onde vive parte de minha família. Ali nasce o rio Aipim - o rio da minha infância -, hoje seco devido a seca que, de novo, castiga o Nordeste e seu povo”.
MEGA BRASIL
Começou ontem o Congresso Mega Brasil, no Centro de Convenções Rebouças. Comparecemos à solenidade de entrega do Prêmio Personalidade da Comunicação ao diretor-presidente da Rádio Jovem Pan, A. A. A. de Carvalho, o Tuta. Também como destaque do Congresso, hoje será lançado o Anuário Brasileiro da Comunicação Corporativa 2012. Evento marcado para às 19 horas. Vamos?
No registro acima, os jornalistas Vanira Kunk, Eduardo Ribeiro, Sérgio Gomes, Jorge Miranda e Audálio Dantas; Darlan Ferreira, eu e Andrea Lago.
Foi no dia 29 de maio do ano de 1453 que se iniciou o período da chamada Idade Moderna.
A data marca o fim da Idade Média depois de três tempos, pelo menos.
O marco é a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos.
A defesa dessa data como início da era moderna é dos franceses, que levariam para o mundo a ideia de democracia, após a queda ou tomada da Bastilha, em 14 de julho de 1789.
Mas os portugueses não aceitam isso.
Para os portugueses, a era moderna começa com a conquista de Ceuta, cidade islâmica localizada no Norte africano, em 1415.
Foi nessa guerra que o poeta Camões foi atingido por uma flecha perdida e perdeu um olho.
Mas isso é apenas um detalhe.
Importante mesmo é o que meu amigo Roniwalter Jatobá acaba de me dizer, via fone: que esteve durante três dias em visita a sua terra, a Bahia.
Palestrou para estudantes da escola onde aprendeu as primeiras letras: Colégio Augusto Galvão.
Sua presença na escola motivou a direção a fretar um ônibus e levar 40 meninos e meninas para conhecer a região de Campo Formoso, BA.
Roni foi o guia.
Guia do roteiro que ele escreveu sobre a Montanha Azul.
Viagem à Montanha Azul é o título de um de seus livros infantojuvenis, lançado originalmente em 1982 e depois relançado várias vezes (reprodução da capa da edição da Global).
Uma grande tristeza aguardava Roni e os estudantes: a seca braba que está acabando de novo com o Nordeste.
“Chorei, meu amigo”, ele acaba de me dizer.
“Nunca vi tanta tristeza junta na terra que me inspirou a escrever Viagem à Montanha Azul”.
A montanha azul fica no sertão baiano.
MORTE
E Roni ainda me diz:
“O nosso amigo Souza Lopes acaba de morrer”.
Souza Lopes era poeta e advogado, de origem também baiana.
Que Deus o tenha.
Leio nos jornais notícia sobre desentendimento entre herdeiros e desvio de dinheiro do espólio do artista plástico Alfredo Volpi (1896-1988), O Pintor das Bandeirinhas, também chamado de Mestre do Cambuci.
Fico triste.
Mas eu sabia que isso um dia iria acontecer.
Essa certeza teve por base uma entrevista (ao lado)que fiz com ele em junho de 1977, publicada em dezenas de jornais Brasil afora.
Foi uma entrevista bonita, reveladora da arte e do artista, um autodidata nascido em Lucca, Itália, e chegado ao nosso País com apenas dois anos de idade. Com 12, ele já enchia telas e telas com figuras e cores.
“Pintor das bandeirinhas”, ele me disse na ocasião, “foi uma besteira anunciada por Di Cavalcanti” e explicou:
“O problema da pintura é linha, forma e cor”.
Pois é, só isso aliado à técnica e sensibilidade que ele tinha de sobra.
Mesmo iniciado na pintura em 1910, só em 1944 é que ele tomou coragem para mostrar seus quadros numa exposição individual.
A nossa conversa foi longa.
Ao nos despedirmos, ele me presenteou com um desenho.
Meio sem jeito, aceitei.
Surpresa:
À saída, sem que ele soubesse, uma pessoa da sua família me cortou o caminho e tomou de volta o presente.
Até aqui, esse foi um dos maiores constrangimentos que já senti.
Claro, jamais contei isso ao pintor.
O CORVO
Peguei a última sessão de cinema ontem.
Assisti O Corvo, baseado em conto homônomo de Edgar Alan Poe. Obra-prima.
O filme surpreende.
Com o roteiro bem resolvido de Ben Livingston e Hannah Shakespeare, o diretor James MacTeigue deita e rola, em alguns momentos provocando calafrios.
É bonito, de suspense na medida certa.
A história gira em torno de um serial que dá dor de cabeça a polícia.
O assassino atua na esteira de personagens criados por Poe, que é envenenado.
O final leu eu não conto.
OSWALDINHO DO ACORDEON
Ainda o espetáculo no auditório Ibirapuera.
Clique:
A cantora, compositora e instrumentista paraibana Socorro Lira (ao lado) é atração especial amanhã no Sesc Pinheiros, a partir das 19h30. Ela preparará para os felizardos que lá estiverem um rubacão daqueles.
Rubacão, ou arrubacão, é um dos mais saborosos pratos típicos da Paraíba, parecido com o velho e também bom baião-de-dois, de que tanto o Rei do Baião gostava.
Entre os ingredientes para o prato em questão estão o charque ou carne de sol, feijão verde, nata fresca, queijo de coalho, coentro, cominho, tomate e pimentão.
A última vez que comi um bom rubacão, e faz tempo, foi na casa de José Nêumanne, ao lado de Zé Ramalho e do seu amigo e empresário, Otto Guerra.
Em tempo: Socorro está concorrendo ao prêmio de Melhor Cantora do Prêmio Música Popular Brasileira na sua 23ª edição, ao lado de Kátya Teixeira e Roberta Nistra, pelos discos Zé do Norte 100 Anos, Feito de Corda e Cantiga e Roberta Nistra, respetivamente.
Para o CD de Socorro, dei uns pitacos e assinei o encarte.
É coisa boa.
Concorrem ao Prêmio Música Brasileira 104 artistas, selecionados dentre 735 CDs e 93 inscritos.
João Bosco, que está fazendo 40 anos de carreira, é o grande homenageado dessa edição do Prêmio.
Os ganhadores do 23º Prêmio Música Popular Brasileira serão conhecidos em noite de gala no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, no próximo dia 13 de junho.
INEZITA BARROSO
No primeiro momento, ela me pareceu triste.
Falou de uma dorzinha aqui, outra ali e de Balancinho, que morreu há três dias.
Mas é a vida.
Depois falou de Ventania, que nasceu para cantar e de certo modo substituir Balancinho.
Mas o frio destes dias aperreia, e muito, principalmente para quem gosta de temperatura amena, como ela.
E aí brincou, sorriu, gargalhou.
Mostrou que está atualizada, ouvindo discos e vendo hora ou outra a televisão.
Quanta bobagem no ar!
Contou que outro dia falou ao programa Cocoricó a respeito do livro A Menina Inezita Barroso (Cortez Editora), que escrevi sobre ela no ano passado.
Repetiu, aliás, o desejo da neta que mora em Londres, que quer porque quer que eu dê continuação à história da Menina.
E aí perguntou se já terminou a exposição Roteiro Musical da Cidade de São Paulo.
Já, eu disse.
E foi ontem.
E falou e falou; e como sempre, ouvi e falei também.
Nossos telefonemas são assim, duram pelo menos uma hora.
E hoje não foi diferente.
Perguntou o que acho do som de CD.
Comprimido, esquisito...
E ela: O som é ruim, bom mesmo é o som do vinil.
Há como discordar?
E Balancinho?
Balancinho era o nome de um sabiá dela, que tinha hora que parecia disputar trinos com Ventania.
Ventania é um sabiá que se deixa ouvir até por Virgulino, um chorrinho forte e compridinho, de centímetros, peralta que só, abusado, que come agrião, castanha de caju, toma café, bebe água mineral e só falta falar.
Um dia ele vai virar gente, ela acha.
Sei não, acho que isso não será bom pra ele...
OSWALDINHO DO ACORDEON
Foi um belo espetáculo o de ontem à noite no Auditório Ibirapuera, com Oswaldinho fazendo o que sabe fazer, e muito bem: encantar gente.
Um privilégio e tanto para o público presente.
No horário marcado, o regional Vibrafone Chorão entrou no palco esquentando os instrumentos e preparando terreno para mestre Oswaldinho deitar e rolar; o que fez com categoria, sob uma chuva de aplausos.
Foi só coisa boa, música de primeira, como Forró Chorado, do próprio Oswaldinho; Gracioso, de Altamiro Carrilho; Um Chorinho Diferente, de Gaúcho e Ivone Rabelo; Treze de Dezembro, de Luiz Gonzaga e Zé Dantas, com letra de Gilberto Gil interpretada por Bia Goes; Viajando, de K-Ximbinho; Oswaldinho no Choro, de Washington Luiz; Músicos e Poetas, de Sivuca.
Ainda no repertório de ontem, obras de Jacob do Bandolim, Waldir Azevedo e Rosil Cavalcanti, autor do clássico Meu Cariri.
Rosil morreu sem saber por que Dilu Melo consta como parceira nessa música.
A Quitanda Musical assinou a produção de Forró Chorado, título do espetáculo de Oswaldinho do Acordeon, que tem tudo pra correr o Brasil.
Fica o registro.
Ah! a foto aí de baixo, feita por DArlan Ferreira, se justifica pelo seguinte: na última hora, a produção me convocou para subir ao palco e dizer o óbvio, ou seja, que Oswaldinho é um mágico etc., que domina o acordeom como a própria respiração, para a alegria de quem gosta do que é bom. Em minutos, contei um pouco da história da sanfona no Brasil, que começou com o italiano Giuseppe Rielli, seu filho Rielinho, Antenógenes Silva, Luiz Gonzaga, Gerson Filho, Sivuca, Dominguinhos, Oswaldinho...
Hoje é o último dia de visitação pública - e gratuita - à exposição Roteiro Musical da Cidade de São Paulo, instalada com visibilidade na área de Convivência II do Sesc Santana, desde o último 25 de janeiro.
Foi a forma que encontrei para homenagear a cidade que tão bem me acolheu nos idos dos 70.
Muitos milhares de pessoas do Brasil e de fora, gente simples, cantores e compositores, jornalistas, poetas, escritores, atores e atrizes, além de estudantes de idades diversas, do 1º ao último grau a visitaram nesses meses todos.
Mas hoje é o último dia infelizmente, pois tudo tem começo, meio e fim.
Pela exposição Roteiro Musical da Cidade de São Paulo passaram emoções de quem viveu a Revolução de 32, as comemorações do 4º Centenário e o dia a dia da cidade hoje em dia.
Nos livros de presença colocados discretamente na área chamada Arena, acham-se centenas de opiniões a respeito do Roteiro Musical da Cidade de São Paulo.
Eu, autor da exposição e dos textos, curador, também na condição de presidente do Instituto Memória Brasil, de onde todas as peças e história foram extraídas, só posso dizer que estou feliz com o resultado final; satisfeito com o carinho e o respeito a mim dispensados pelo Sesc e, por extensão, à criativa e dedicada profissional do campo da produção cultural Andrea Lago, que do coração e da mente gerou ideias definitivas e tanto por esse caminho se empenhou para que tudo desse certo, como deu.
Os nossos agradecimentos são extensivos também às empresas incumbidas de por o imaginado de pé.
Por isso temos ainda de retribuir aos programadores, coordenadores e dirigentes do rede Sesc o carinho e o respeito a nós dispensados.
Agradecemos por tudo que nos foi oferecido além do carinho, a atenção e a sensibilidade, pois sabemos que não é fácil pôr fichas e apostar no desconhecido.
Nosso caso.
Digo isso porque experiência igual como a que apresentamos ao público frequentador do Sesc jamais foi apresentada em qualquer parte do mundo, por ninguém.
Enfim, são mais de três mil músicas reunidas sobre a cidade; sem falar das milhares de fotos e partituras, além de jornais e revistas raros disponibilizados para a exposição.
Quer dizer: nunca a história de uma cidade - São Paulo no caso, a 5ª maior do planeta - foi contada através da música numa exposição/instalação pública, como a que apresentamos com o conhecimento de quem imagina saber valorizar a história.
Claro, não custa lembrar o espantoso número de pessoas que visitou a exposição, de maneira espontânea.
Espontânea porque assim foi, de boca a boca e pela Internet.
Num estalar de dedos, num piscar d´olhos, o público se multiplicou no Sesc Santana sem ser levado por uma reportagem sequer de qualquer expressivo jornal ou revista de São Paulo ou de outro grande centro do País, fosse Folha, Estado ou O Globo; Veja, Isto É ou Época.
Daí a certeza de que o trabalho apresentado foi de qualidade e valia.
O nosso próximo passo será produzir uma enciclopédia.
Nome?
Roteiro Musical da Cidade de São Paulo, Pequena Enciclopédia da Música Brasileira.
Essa obra será disponibilizada em todas as bibliotecas escolares do Brasil, gratuitamente e em breve.
Num clique abaixo, um pouco da exposição ainda hoje visitável:
OSWALDINHO DO ACORDEON
Meu amigo e parceiro Oswaldinho do Acordeon, filho do grande Pedro Sertanejo, estará logo mais às 19 horas se apresentando no Auditório Ibirapauera e lançando um novo disco (Forró Chorado). O auditório Ibirapuera fica ali na Avenida Pedro Álvares Cabral, 702, Moema. O mágico do Acordeon Oswaldinho será acompanhado por Zeli Silva (baixo), Vinicius Gomes (guitarra), Ricardo Valverde (zabumba e vibrafone), Vinicius Barros (pandeiro), Welligton (violão 7 cordas), Washington Luiz (sax curvo), Deni Domênico (cavaquinho) e Bia Goes (voz). O espetáculo terá a participação especial de Thiago Santo e o do grupo Vibrafone Chorão. Claro que estaremos lá não só prestigiando o artista, mas antes de tudo testemunhando um acontecimento histórico.
Vá também e leve os amigos, e faça com que os amigos levem também seus amigos.
Oswaldinho é um fenômeno musical e orgulho da arte musical brasileira.
Agora clique abaixo na arte do craque da informática Darlan Ferreira enriquecida por fotos tiradas no estúdio da Rádio Trianon durante o programa O Brasil tá na Moda com a cantora Inezita Barroso, o xilogravurista Ciro Fernandes, o próprio Oswaldinho e sua filha Samanta e, com calma, ouça uma música (Lua do Sertão) que fizemos juntos - eu e Oswaldinho - em homenagem ao Rei do Baião, cujo centenário de nascimento está se aproximando. A voz que canta é de Daiane.
Num sábado 26 de maio como este, portanto há exatos 56 anos, a TV Record canal 7 realizava pela primeira vez no País uma retransmissão ao vivo do Rio de Janeiro para São Paulo.
Uma façanha e tanto!
As primeiras imagens foram geradas a partir do Jóquei Clube.
Essa informação se acha no livro Ninguém Faz Sucesso Sozinho, assinado pelo herdeiro e diretor-presidente da Rádio Panamericana, hoje Pan, A. A. A. de Carvalho, o Tuta.
O livro foi levado à praça com a chancela da Escrituras, em 2009.
Organizado e editorialmente coordenado pelo craque do jornalismo nacional José Nêumanne Pinto, que fez coleta de depoimentos de personagens que se movimentam em 400 e tantas páginas com texto final de sua autoria, a obra é sem dúvida importante por conter informações no modo de lembranças de quem de fato viveu os primeiros dias de implantação da TV no Brasil, como o próprio Tuta.
À época, o fato mereceu anúncio em jornal (ao lado, conferir).
A Record foi inaugurada às 20 horas do dia 27 de setembro de 1953, três anos e uma semana depois de a Tupi, do paraibano Assis Chateaubriand, ser fundada.
Antonio Augusto Amaral de Carvalho, Tuta, é paulistano nascido no dia 28 de abril de 1931 e filho mais novo do empresário Paulo Machado de Carvalho.
Dr. Paulo, como era chamado o pai de Tuta, se imortalizou por integrar as equipes de futebol que ganharam a Copa de 1958 e 1962, e por essa razão viru nome do estádio do Pacaembu, na capital paulista.
Tuta começou a trabalhar na Panamericana, depois na TV Record.
Tornou-se empresário de fino faro do rádio e televisão, por isso, por conhecer como poucos os meios de comunicação desde tempos de outrora, é o grande homenageado do 15º Congresso Mega Brasil de Comunicação a se realizar entre os dias 29 e 31 deste mês, no Centro de Convenções Rebouças, com 36 palestras e oito conferências.
Tura recerá o Prêmio Personalidade de Comunicação.
O Congresso Mega Brasil de Comunicação é considerado o maior evento de comunicação corporativa da América Latina, ao qual já compareceram mais de 15 mil profissionais.
Tenho a alegria de dizer uma coisa: que trabalhei na Pan, nos fins dos anos de 1980.
E que foi lá nessa rádio, por telefone, que fiz a última entrevista com o rei do baião, Luiz Gonzaga, cujo centenário de nascimento se completa no próximo dia 13 de dezembro.
Uma tristeza também a dizer: não tenho cópia dessa entrevista.
Para lembrar o grande pernambucano de Exu, clique:
ATENÇÃO!
Não custa lembrar: amanhã é o último dia de visitação à exposição ROTEIRO MUSICAL DA CIDADE DE SÃO PAULO, instalada no Sesc Santana. Através dela, eu conto um pouco a história de Sampa. Cerca de 40 mil pessoas já a visitaram, desde o último dia 25 de janeiro.
Se ainda não foi, vá e depois me conte se valeu a pena ir.
Na próxima semana, São Paulo abrigará três grandes eventos sobre comunicação com público e participantes que somarão cerca de cinco mil profissionais.
Os dois primeiros eventos, o 4º Congresso Internacional Cult de Jornalismo Cultural e o 5º Congresso Brasileiro da Indústria da Comunicação, serão inaugurados no dia 28 no Tuca (teatro da PUC) e no Wold Trade Center, respectivamente, e se estenderão até o último dia do mês.
O terceiro grande encontro é o Congresso Mega Brasil de Comunicação na sua 15ª edição ininterrupta, que será aberto na manhã do próximo dia 29 no Centro de Convenções Rebouças.
Segundo seu criador, Eduardo Ribeiro, já se acham inscritos cerca de 1.000 profissionais de todas as partes do País e até do Exterior.
O diretor da empresa Mega Brasil, Marco Antonio Rossi, diz que não é à toa que a capital paulista continua hospedando grandes eventos, inclusive da área de comunicação. Isso, segundo ele, “reflete a força de São Paulo como uma cidade que, além de negócios, tem se mostrado como um grande centro de debate sobre comunicação, reunindo a maior parte das empresas do gênero do País e colaborando para aquecer o mercado brasileiro, de modo geral”.
O Congresso Internacional Cult de Jornalismo Cultural terá entre os palestrantes o quadrinhista sueco Art Spiegelman, o escritor e jornalista americano Gay Talese, e Robert Darnton, intelectual norte-americano tido como referência em História da Cultura, além dos brasileiros Alcino Leite Neto, Francisco Bosco e Marcos Flamínio.
O 5º Congresso da Indústria de Comunicação contará com abertura do arcebispo sul-africano Desmond Tutu, Prêmio Nobel da Paz, e terá palestras de nomes como Ronaldo Nazário, Dalton Pastore, Erh Ray, Gilberto Leifert e Carlos Ayres Britto.
O Congresso Mega Brasil de Comunicação também apresentará painéis com especialistas internacionais, entre os quais Lisa Evia, diretora da Navistar International Corporation; Sebastian Remoy, presidente de Public Affairs da Kreab Gavin Anderson; Josh Shapiro, diretor da MSL Global; e Ann Wool, diretora executiva da Ketchum Sports & Entertainment Worldwide; além de destaques do mercado brasileiro como Miguel Jorge, Ricardo Gandour, Marcos Jank, Pedro Luiz Dias e Luciano Suassuna.
Pelo menos outros três grandes encontros do gênero estão marcados para junho (16º Congresso Anual de Comunicação Interna), julho (7º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo) e outubro (2º Congresso Internacional em Comunicação e Consumo).
Por ano, São Paulo acolhe mais de 90 mil eventos de porte, 75% identificadas como grandes feiras dos mais diversos setores de produção do País.
Pela terceira vez participo do congresso promovido pela Mega Brasil.
Minha participação este ano está prevista para o dia de encerramento, 31. Tema que abordarei: A Cultura Popular e as Oportunidades de Marketing e Comunicação Que o Brasil e as Empresas Brasileiras Desconhecem.
Informações sobre o 4º Congresso Internacional Cult de Jornalismo Cultural podem ser obtidas no site www.espacorevistacult.com.br/congresso ou pelo telefone 11-3032-2800; do Congresso da Indústria Brasileira da Comunicação, pelo www.vcongresso.com.br; e do Congresso Mega Brasil de Comunicação, pelo www.megabrasil.com.br ou tel. 11-5576-5600.
Começa no próximo dia 29 e termina no dia 31 o 15º Congresso Mega Brasil de Comunicação no Centro de Convenções Rebouças, à Avenida Dr. Enéias de Carvalho Aguiar, 23, Pinheiros Paulo.
Não à toa, esse é considerado o maior e mais completo evento de comunicação corporativa da América Latina.
A sua abertura, às 9h30, contará com palestra do diretor geral da Aberje - Associação Brasileira de Comunicação Empresarial -, Paulo Nassar, sob o tema A Nova Comunicação Corporativa.
A primeira conferência, A Comunicação Transformadora que Impacta Organizações e Sociedade, a ser apresentada pelo presidente da Unica – União das Indústrias de Cana de Açúcar -, Marcos Jank, se iniciará às 12h10 e seu encerramento, as 13 horas.
As palestras se desenvolverão simultaneamente em vários ambientes do Rebouças.
O homenageado do dia da abertura será o presidente da Rádio Joven Pan, Antonio Augusto Amaral de Carvalho, o Tuta, que receberá o Prêmio Personalidade da Comunicação.
O público esperado é de 1.200 pessoas de todas as partes do País.
Como participantes ou espectadores estarão presentes jornalistas, radialistas e profissionais de marketing e relações públicas, além de publicitários, diretores e executivos de agências e de departamentos de comunicação de empresas, mais outros profissionais de áreas diversas.
Tradicionalmente, o público que comparece ao Congresso Mega Brasil de Comunicação, promovido pela Mega Brasil e apoiado por Itaú, Sebrae, Embraer, GM e outras grandes empresas, é formado por jornalistas, assessores de imprensa, profissionais de marketing e relações públicas; publicitários, diretores e executivos de agências e de departamentos de comunicação de empresas e profissionais de outras áreas.
A pauta do segundo dia do Congresso começará a movimentar o público primeiro com a exibição do documentário London 1 Year to go, do produtor e cineasta autor do documentário Kleber Mazziero, professor da ESPM. Após a exibição do documentário, se seguirá um debate em torno do tema O Papel da Comunicação e o Efeito dos Grandes Eventos Esportivos no Brasil: Copa das Confederações, Copa do Mundo e Olimpíadas, com convidados que vão do ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, ao secretário especial de Articulação para a Copa do Mundo 2014 em São Paulo, Gilmar Tadeu.
Esse dia se encerrará com o lançamento do Anuário Brasileiro de Comunicação Corporativa 2012, seguido de uma exposição sob o título O Hoje e o Amanhã do Jornalismo Brasileiro, a cargo do diretor de Conteúdo do Grupo Estado, Ricardo Gandour.
Eu estarei presente na segunda palestra do terceiro dia do Congresso, desenvolvendo o tema A Cultura Popular e as Oportunidades de Marketing e Comunicação que o Brasil e as Empresas Brasileiras Desconhecem, entre às 11h50 e 13 horas.
Mais informações com Carolina Pedace, através do email carol@megabrasil.com.br ou do telefone 5576.5600.
GREVE
A greve de parte dos metroviários e ferroviários de São Paulo provocou um prejuízo no comércio de quase R$ 50 milhões. Isso, em menos de 24 horas. O governo agiu rápido, mas poderia ter agido mais rápido se tivesse negociado pra valer com os grevistas. Em resumo: a morosidade dos governantes prejudica irrecuperavelmente a rotina dos trabalhadores e todos acabam perdendo com isso.
Faz uma semana que a presidente Dilma Rousseff marcou um belo tento ao anunciar à Nação a formação de uma comissão baseada na Lei 12.528 para contar, sem mentiras, a história do Brasil a partir do ano da promulgação da melhor Constituição do País, 1946, até 1988, período em que foram praticadas as maiores atrocidades contra o povo brasileiro.
A comissão é formada por nomes de gabarito: Claudio Fonteles, Gilson Dipp, José Carlos Dias, José Paulo Cavalcanti Filho, Maria Rita Kehl, Paulo Sérgio Pinheiro e Rosa Maria Cardoso.
O foco será a época reinante da ditadura militar, que vai de 1964 a 1985.
Nesse período muita gente inocente foi presa, torturada e morta; ou desaparecida.
Disse Dilma:
“A palavra verdade, na tradição grega, é o contrário de esquecimento. Não abriga nem o ressentimento, nem o ódio, nem o perdão: é memória e é história”.
E disse também:
“Não nos move o desejo de reescrever a história, mas a necessidade de conhecê-la”.
FHC entendeu e opinou:
“Não será uma revanche. Uma coisa é a justiça, outra coisa é a memória. Cada um dará a interpretação que quiser, mas os fatos são os fatos. Chegou o momento. Temos que revelar tudo”.
A iniciativa de Dilma é, sem dúvida, histórica em todos os sentidos, pois pela primeira vez se vislumbra a possibilidade de se passar a limpo a história do nosso país.
Essa história de passar o Brasil a limpo começa em 1985, quando a Arquidiocese de São Paulo editou o livro Brasil Nunca Mais, com uma longa lista de vítimas e algozes do regime militar; seguida da extinção do SNI pelo governo Collor, em 1990; da formação da primeira comissão do gênero (Comissão da Verdade) encetada pelo governo FHC, que também ampliou a lei de Anistia em 2002; a abertura dos arquivos em 2005 por Lula, quando presidente da República; e a condenação do Brasil pela OEA, que exigiu que se apurassem os crimes praticados durante o regime militar.
Iniciei este texto falando sobre a Comissão da Verdade.
Mas eu queria mesmo era iniciá-lo contando sobre um grande brasileiro, um homem de fibra, quem nem sequer cheguei a conhecer pessoalmente, mas grande sem dúvida: José Alfredo Amaral Gurgel, da safra dos fins dos 20 do século passado.
Esse Gurgel foi o mais novo, em idade, vereador de Araraquara.
Anos 50.
Tinha 21 anos quando foi eleito e era craque na oratória.
Primeiro detalhe: vereador era função sem remuneração.
Depois, José Alfredo Amaral Gurgel virou deputado estadual em São Paulo, naturalmente, e - vejam que ousadia! - votou contra projeto de aposentadoria da categoria na Assembleia Legislativa.
Segundo detalhe: ao fim do seu mandato, devolveu integralmente ao erário os valores em dinheiro recebidos.
A pensar, não é?
Um dia após o desaparecimento de Afonso Arinos de Mello Franco, professor, historiador, crítico e memorialista brasileiro de grande valor, em agosto de 1990, por acaso eu me achava batendo pernas pela Rua Augusta, em São Paulo, onde moro, ao lado do advogado Geraldo Pedrosa de Araújo Dias, paraibano de nascimento, como eu.
Comentei a partida do grande jurista, e ele com a calma que a melancolia nos dá:
- O Dr. Afonso foi meu professor na Faculdade de Direito, na Guanabara.
Lembro-me disso, não à toa.
Primeiro, porque antes de optar pelo Jornalismo eu pensei ser promotor de Justiça.
Talvez pelo censo de justiça comum.
Talvez pelo que sentia vendo e ouvindo embevecido as réplicas e tréplicas no ambiente de julgamento do Tribunal, em João Pessoa.
Talvez, não sei, pelo sonho de ver o meu País melhor desde então.
Mas essas recordações me veem à tona talvez pelo fato de acabar de receber email do jurista e professor especializado em Direito Tributário Ives Gandra da Silva Martins, o maior na área e também poeta dos melhores, informando sobre o seminário José Frederico Marques e o Processo Civil Brasileiro na Atualidade, que se realiará no próximo dia 22 de junho, aqui mesmo na capital paulista.
O seminário marca o centenário de nascimento de um dos maiores juristas do País, o santista José Frederico Marques.
José Frederico Marques reunia as melhores qualidades de um estudioso das leis.
No mesmo ano que a elite paulistana se atirava às discussões sobre artes no Teatro Municipal, em 1922, o adolescente José Frederico Marques ganhava base de conhecimentos no Colégio Arquidiocesano de São Paulo, onde permaneceu durante seis anos.
Em 1929, quando o tieteense Cornélio Pires encantava boa parte do povo paulistano com sua graça e modas de viola de seus amigos em discos da extinta Columbia, José Frederico Marques ingressava na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco e quatro anos depois concluía o curso de Ciências Jurídicas e Sociais.
O seminário José Frederico Marques possibilitará tornar mais lembrado esse homem que dedicou a sua vida ao estudo do Direito.
Merecem aplausos a iniciativa e o homenageado.
Ah! Sim, Geraldo Pedrosa de Araújo Dias é o nome de batismo do poeta, compositor e intérprete Geraldo Vandré.
Mais informações, pelo telefone 3177-8303.
Uma vez mestre Sivuca me disse que num ano qualquer dos 50 formou trio com os irmãos Hermeto e Zé Neto.
Três albinos, três artistas.
Mas foi uma formação que não deu certo, por uma razão: não foi pra valer.
Nome: Trio Pegando Fogo.
Lembro-me disso e também da seca que ora, de novo, assola os nove Estados nordestinos.
Por lá, só sol fazendo o mato pegar fogo e enchendo de tristeza os olhos do povo e o Sertão.
É terrível, sim, a situação; agora agravada pelo furto d´água de adutoras por parte de inescrupulosos fazendeiros e industriais donos de fábricas do interior da Bahia, Pernambuco e Sergipe.
Os flagrantes são constantes, gritantes, diz o parco noticiário a respeito.
E sem falar nos impunes desvios de grana destinada aos flagelados pelo governo federal desde tempos d´antanho, o que caracteriza, sem dúvida, a discutida e lamentada indústria da seca à qual nunca, porém, foi dado um basta.
Até quando esse estado de coisas perdurará, hein?
Males de governos entreguistas?
Desde tempos d´antanho o Brasil tem sido entregue a estrangeiros.
Nas últimas décadas, principalmente.
E descaradamente.
Energia, telefonia e tudo o mais de todos os setores da vida cotidiana brasileira estão nas mãos de gringos.
Daqui a pouco será o ar que respiramos.
E foi não foi enfrento problemas no meu computador que são resolvidos só quando apelo para a Anatel.
O mesmo ocorre com os telefones fixo e o móvel.
Até já falei disso aqui, neste espaço.
E as contas não param de chegar, e pela hora da morte.
Outro dia mesmo o fixo ficou mudo, de uma hora pra outra.
Fui conferir as contas.
Tudo em dia.
A situação é pra deixar qualquer cidadão em desespero, não é?
E a Xuxa, hein?
Tudo por dinheiro, como diz o filósofo eletrônico Sílvio Santos.
Ontem, o Fantástico deve ter conquistado um montão de pontos no Ibope com o desabafo da Rainha dos Baixinhos.
Mais circo e menos pão é o que se vê.
Sob o olhar crítico e seletivo do poeta e estudioso de artes plásticas Paulo Klein, se acham expostas à visitação pública desde ontem e até o dia 29 de julho no Museu de Arte Sacra de São Paulo dúzia e meia de obras-primas captadas de modo instantâneo por ases da fotografia brasileira na penúltima década do século passado.
As fotografias reunidas por Klein encantam pela harmonia, singeleza e espontaneidade de seus autores, que vão desde Antenor Gondim e Aristides Alves a outros nomes igualmente importantes do fantástico mundo da arte fotográfica no Brasil, como Claudio Versiani, Edu Simões, Juca Martins, Miguel Chikaoko, Paulo Leite entre outros.
Visitar essa exposição – Luz da Fé, Fotógrafos Brasileiros Anos 80 – é passear pela alma do Brasil mais puro e simples e de seu povo crente e esforçado, guerreiro, batalhador, representado em flagrantes incríveis feitos nas beiras do Rio Araguaia por Nair Benedicto, por exemplo; ou nas romarias tradicionais de São Francisco das Chagas, Canindé, CE, por Pedro Afonso Vasquez, e em São Luiz de Paraitinga, SP, por Rosa Gauditano.
São obras que emocionam e nos enchem os olhos de beleza.
De tão belas e verdadeiras, as obras expostas ali no Museu de Arte Sacra parece que receberam um toque especial divino.
Se as obras não receberam esse toque, o receberam seus autores para concebê-las.
Numa escala de 0 a dez, a mostra Luz da Fé, sob curadoria de Paulo Klein, merece nota dez!
Leve a família e amigos para uma visita à Luz da Fé, no Museu de Arte Sacra de São Paulo.
Em seguida, estique a visita pelos corredores do Museu, onde centenas de originais do século 18 o esperam.
Essa, sem dúvida, é uma forma especial de conhecer melhor São Paulo e o Brasil com suas belezas e mistérios seculares guardados sob muitos véus.
Aliás, você já foi ver a exposição Roteiro Musical da Cidade de São Paulo, instalada no Sesc Santana desde 0 dia 25 de janeiro passado?
Acho que vale a pena uma ida ao Sesc.
O prazo pra isso é até domingo que vem, durante o dia todo e parte da noite.
PS- Clique sobre a foto acima e leia o que a diretora do Museu, Beatriz Vicente de Azevedo, escreveu sobre Luz da Fé.
Exemplar o comportamento do condutor de um trem do Metrô que colidiu com outro na linha 3 Vermelha.
O condutor, Rogério Fornaza, 29, estudante do segundo ano de Física na USP, agiu com frieza e profissionalismo ao reduzir o máximo que pode a velocidade do trem que conduzia quarta passada, evitando provavelmente um acidente de graves proporções.
O sistema metroviário é seguro, mas não é perfeito.
“Perfeito só Deus”, disse depois ao ser questionado por jornalistas o especialista Peter Alouche.
Seguro de si, Fornaza fez o que deveria ter feito ao pôr em prática o que lhe ensinaram nos treinamentos de rotina que a empresa costuma fazer junto a seus funcionários.
Herói?
Longe disso.
Cerca de 50 passageiros sofreram algum tipo de ferimento e outro tanto levou susto.
Um povo que precisa de heróis é um povo sem rumo.
FÉ
O amigo e crítico de artes plásticas Paulo Klein manda convite (acima) de abertura de uma exposição que reúne cliques de 18 fotógrafos brasileiros. O tema é a fé e será aberta à visitação pública amanhã, às 11 horas, no Museu da Arte Sacra (Av. Tiradentes, 676, bairro da Luz). Vamos?
ROTEIRO MUSICAL
No próximo dia 27 será dado o toque de recolher da exposição Roteiro Musical da Cidade de São Paulo, instalada no Sesc Santana desde o dia 25 de janeiro. Eu conto a história da cidade de São Paulo através da música. Você já foi vê-la? Está na hora...
Numa parte mais para o fim do filme rebobinado para DVD O Bandido da Luz Vermelha, do gaúcho Rogério Sganzerla (1946-2004), ouve-se o rei do baião Luiz Gonzaga cantando a bela toada Asa Branca que fez em parceria com o cearense Humberto Teixeira em fins de 1946, gravada no começo do ano seguinte.
No filme, um premiado policial da safra de 1968, hoje cult considerado o melhor do gênero, aparece também o rei do bolero Roberto Luna (abaixo) interpretando o cantor chileno Lucho Gatica, afilhado e babão do político corrupto J.B. da Silva, vivido por Pagano Sobrinho.
J.B. na pele de Pagano diz uma frase curiosa.
Uma não duas.
A primeira:
- Viva a pobreza!
A segunda:
- Um país sem miséria é um país sem folclore, e um país sem folclore o que podemos mostrar ao turista?
De lascar, não é?
Luz Vermelha foi um bandido que praticou uma onda de crimes de morte, assaltos e estupros na capital de São Paulo. Foi preso no dia 8 de agosto de 1967. Seu nome verdadeiro era João Acácio Pereira da Costa. Condenado a 351 anos, nove meses e três dias de prisão, cumpriu 30 anos e foi solto na noite de 26 de agosto de 1997 e assassinado quatro meses e 20 dias depois, durante briga num bar de Joivile, SC, a terra onde nasceu no ano de 1942.
Eu o entrevistei (foto acima) no Manicômio Judiciário do Estado de São Paulo, o Juqueri, 15 anos antes de ele ser solto.
A entrevista foi publicada na revista Polícia Magazine, Ano I, nº 8.
João Acácio começou falando:
- Vivi a vida enquanto pude, não me arrependo de nada do que fiz ou deixei de fazer. Sou passado, não gosto de falar do passado. O que passou, passou.
A primeira pergunta que lhe fiz foi esta:
- E sobre o Bandido da Luz Vermelha, o que é que diz?
Ele:
- Nada. Ele também passou. O Bandido da Luz Vermelha morreu numa câmara de gás, logo depois que o prenderam lá em Curitiba. Agora eu sou santo, autor da Bíblia Sagrada e defensor da Nação. E ai de quem não acreditar no que digo!
Ao fim da entrevista, ele me deu uma carta escrita à mão pedindo que eu a entregasse ao general-presidente João Baptista Figueiredo.
A toada Asa Branca, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, foi gravada originalmente por Luiz Gonzaga no dia 3 de março de 1947 e, no formato de disco de 78 RPM, lançada ao mercado dois meses depois pelo esquema publicitário da extinta RCA Victor.
Dessa gravação participaram Canhoto, no cavaquinho; Dino, no violão 7 cordas; Carlos Poyares, na flauta; Zequinha, no triângulo e agogô; e Catamilho, na zabumba.
Não confundir o Canhoto a quem me refiro, de batismo Waldiro Frederico Tramontano (1908-87), com o violonista Canhoto da Paraíba (Francisco Soares de Araújo; 1925-2008).
Dino e o próprio Canhoto, chamado de Canhoto do Cavaco, faziam parte do Regional de Benedito Lacerda, criado no começo dos anos de 1930 com o nome de Gente do Morro.
O regional de Benedito acabou e Canhoto o assumiu, levando Dino e Meira, que não participou da gravação de Asa Branca.
Em 1950 e em 1952, Luiz Gonzaga regravou Asa Branca.
Depois ele faria outras quatro ou cinco regravações, um delas no ritmo de forró.
Coube ao Trio Melodia o registro da 2ª gravação de Asa Branca, para a extinta Continental.
Esse trio era formado por Paulo Tapajós, Albertinho Fortuna e Nuno Roland.
A 3ª gravação dessa toada foi feita pelo flautista Altamiro Carrilho, que anos depois viria a gravar em estúdio com o próprio Rei do Baião.
Exatos 60 depois da 1ª gravação, eu e a produtora cultural Andrea Lago reunimos um grupo de artistas na paulistana Praça da Sé para lembrar a data.
Entre os artistas que atenderam ao nosso chamado marcaram presença a rainha do forró Anastácia e a cantora do grupo Bicho de Pé, Janaína Pereira; os poetas Moreira de Acopiara e Marco Haurélio, os brincantes Valdeck de Garanhuns e Costa Senna; o violonista Roberto Di Mello, Cacá Lopes, Nininho de Uauá, Joel Marques, Carlos Randall, a Banda de Pífanos de Caruaru o Trios Sabiá.
Os jornais qualificaram os artistas presentes de “pelotão de choque cultural contra a mesmice e a burrice nacionais” (foto acima, Jornal da Tarde, SP).
Como previsto, na ocasião lancei literalmente à praça o livro Dicionário Gonzagueano, de A a Z (foto abaixo, de Darlan Ferreira).
Foi uma festa e tanto!
Um casal de retirantes, dois filhos e uma cachorra.
São esses os principais personagens da obra-prima Vidas Secas, do alagoano Graciliano Ramos.
Essa obra começou a ser escrita num quarto de pensão no Rio de Janeiro primeiro na forma de conto para o jornal argentino La Prensa, em 1937, de acordo com carta do autor a sua mulher Heloisa de Medeiros Ramos, datada de 13 de maio daquele ano.
Depois, virou romance.
A história é triste, mas muito bem construída.
Porém ao contrário de Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, Vidas Secas não encontrou guarida imediata junto à crítica e público ao ser lançado em 1938.
A primeira edição, de 1.000 exemplares, demorou dez anos para se esgotar.
Só depois desse tempo a história, que tem por personagens Fabiano, Sinhá Vitória, os filhos Maior e Menor e a cachorra Baleia, passou a cair na graça dos comuns leitores e dos literatos tarimbados e de renome, tornando-se um clássico inquestionável do romance regionalista, cujo ciclo se iniciou com a publicação de A Bagaceira, de José Américo de Almeida, em 1928.
É vasta a bibliografia que tem por tema a seca.
A obra de José Américo, um político que chegou a ministro da Viação e Obras Públicas de Getúlio Vargas entre 1935 e 1937, senador em 1947 e governador do seu Estado em 1950, tem por base a tragédia da falta de chuvas na região nordestina no período de 1898 e 1915, como, aliás, mais uma vez se repete desde o Rio Grande do Norte à Bahia.
Ah! Sim.
Acho que Baleia tem a ver com mãe.
Lewi o livro e saiba porque digo isso.
MÃE
Conta-se que no seu leito de morte o poeta paraibano Augusto dos Anjos, autor da obra-prima Eu, após abençoar os filhos Glória e Guilherme, ainda encontrou forças para dizer que mandassem as suas lágrimas à mãe, dona Mocinha.
O dia chegou trazendo frio e assobiando forte, como querendo tirar da cama, antes do tempo, a população guardada debaixo dos lençóis.
Mas não é disso que quero hoje falar falar.
Quero falar de um escritor incrível e de um livro fantástico na forma e conteúdo como foi escrito.
Foi num mês outonal como este, maio, em 1952, que esse o romancista e diplomata mineiro de Cordisburgo iniciou viagem que resultaria numa obra-prima.
Essa obra tem por título Grande Sertão: Veredas, cujos principais personagens são Riobaldo e Diadorim.
Riobaldo é sertanejo forte e valente que não aceita desfeita e passa página a página em narrativa com um interlocutor invisível.
Mas ele quer morte, vingar o chefe e amigo Joca Ramiro traído por um certo Hermógenes.
Diadorim, órfão de Ramiro, é companheiro de Riobaldo nessa empreitada.
Nas páginas finais, há um grande duelo.
Após o duelo, sangrento e trágico, um grande segredo é revelado.
Que segredo será esse?
O que acontece com Riobaldo, encerra a carreira de vingador frustrado?
Um livrão, enfim, é o que Grande Sertão:Veredas.
Leiam-no ou releiam-no, valerá a pena o tempo a isso dedicado.
O autor é João Guimarães Rosa, primeiro de vários filhos da dona de casa Chiquitinha e do comerciante e caçador de onça dos sertões das Gerais, seu Fulô.
Grande Sertão: Veredas, dedicado à dona Aracy, mulher do autor, foi lançado à praça, com sucesso entrondoso, em 1956.
Dona Aracy faleceu no dia 3 de março de 2011, com pouco mais de 100 anos.
Antes de morrer, porém, ela foi reconhecida como heroína da guerra contra o nazismo, por salvar centenas de judeus na Alemanha, em cujo território viveu por uns tempos - antes e durante a eclosão da 2ª Grande Guerra - ao lado do marido, que era vice-cônsul do Brasil no país-berço de Hitler.
Clique abaixo para ouvir uma narração que fiz nos estúdios da Rádio Globo, em São Paulo.
Nova tragédia humana e social está abalando a vida nordestina.
Até o Maranhão, que estava fora do chamado Polígono das Secas, agora está sendo atingido.
Dos 1.794 municípios da região, quase o total dos 1.989 do semiárido, está sem chuvas.
Só no sertão da Bahia, não chove há um ano e tanto.
A previsão de água das nuvens no solo ardente de lá é setembro.
Tragédia das brabas, meu senhor e senhora; catástrofe real silenciada pela maioria dos meios de comunicação.
São curtas e de minutos as notícias que saem aqui e ali, pois feiura - dizem especialistas - não vende jornal e nem dá audiência.
Enquanto isso, o povo sofre os males na terra provocados pela falta d´água.
A primeira notícia de seca no território nordestino data de 1583 e durou cerca de dois anos, obrigando índios a deixarem o sul da Bahia em busca de abrigo, água e comida junto aos fazendeiros.
Entre 1692 e 1693, a seca levou a peste à Capitania de Pernambuco.
Muitos mortos, índios principalmente.
Em 1709 e nos dois anos seguintes foi a vez de o Maranhão sentir na pele os horrores da seca.
O Ceará e o Rio Grande do Norte foram atingidos violentamente pela falta d´água em 1720 e 1721.
Em 1932, enquanto São Paulo lutava por uma nova Constituição, o Estado do Ceará era praticamente dizimado pela seca. Nesse ano, o poeta popular Patativa do Assaré compôs A Morte de Nanã, um poema capaz de arrepiar o mais insensível dos seres.
Entre 1951 e 1953, o sol sem chuva queimou quase tudo que se bulia no sertão do Nordeste.
Porém, talvez a mais grave e prolongada de todas as secas na região tenha ocorrido entre 1979 e 1984, quando morreram 3,5 milhões de pessoas, a maioria crianças.
À época havia 62% de crianças de 0 a 5 anos sofrendo de desnutrição aguda no Nordeste, segundo a Unesco.
Mas a seca é cíclica, por isso previsível.
E se é previsível dá pra acabar com ela, não dá?
Enquanto isso, os escândalos políticos-financeiros se sucedem...
O novo caso - e isso ainda dá Ibope - tem como estrela o anapolino Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, que começou a ser mirado pelos holofotes do horário nobre em 2004.
É chuá demais, não é?
Som de Letras é um dos melhores programas de rádio do Brasil.
Apresentado pelo compositor, instrumentista e maestro paulistano Lívio Tragtenberg, o programa vai ao ar uma vez por semana pela Rádio MEC FM, 98,9 Mhz.
Vale a pena ouvi-lo.
No último dia 19, Lívio, artisticamente um dos mais nervosos criadores de boa música de São Paulo e do País, abordou uma de nossas produções concretizada na forma de CD (reprodução da capa, acima): Inéditos de Capitão furtado e Téo Azevedo, levada à praça em 2008.
Sem dúvida esse é um disco bonito e histórico, que contou com a participação de artistas importantíssimos da vida musical do Brasil, como Inezita Barroso e Tinoco.
Aliás, aquela foi a última vez que Tinoco, da dupla Tonico e Tinoco, participou da gravação de um disco.
Vamos conferir Som de Letras, com a abordagem de Lívio Tragtenberg sobre música caipira e preservação da memória?
Clique:
Conheci o professor Flávio Vespasiano di Giorgi de um aperto de mão, ao ser apresentado por minha companheira Andrea Lago, sua ex-aluna no Colégio Santa Cruz.
Faz uns três anos, talvez quatro, que isso ocorreu numa rua do Alto Pinheiros, zona oeste da capital paulista.
Ele não me pareceu ter a idade que tinha e meia dúzia de palavras selou nosso encontro, o suficiente, porém, para saber que eu estava diante de um grande homem, culto, poliglota, de muitas histórias e amado pelos alunos.
Falava e lia em 17 línguas.
Chegou a ser preso, cassado e processado em 1964, por causa de suas ideias contrárias ao sistema político vigente.
Agora nesta tarde fria de Outono leio na Folha, à página C5, notícia sobre o seu desaparecimento.
O título diz tudo: "Popular professsor de cultura geral".
Ele parte aos 79 anos, vítima de falência de órgãos.
Com isso o Brasil, intelectualmente, está ficando mais pobre.
SOCIALISMO
O socialismo volta ao poder após 17 anos, na França. E agora? Embolou o campo. François Hollande tem mais afinidades com nossa Dilma do que com a Angela dos alemães, especialmente no tocante a questões da zona do Euro. A Grécia não fez governo nas últimas eleições. Obama que se cuide. E por aí vai correndo água rio abaixo.
Pois é, deu no que deu: tiros, prisões e morte na Virada Cultural 2012.
Eu disse no texto anterior que cultura não é porre e nem overdose.
A morte registrada nessa Virada foi de uma adolescente, provocada por uma overdose de cocaína, segundo as primeiras informações.
Ela estava sem documentos e com coca no bolso.
Bom, sem comentários.
Mas o fato é que tudo demais é muito, não é?
Também no item referente à cultura, claro.
Imagino que a verba aplicada na programação se não é astronômica, beira perto.
No correr do ano todo, os artistas – e nem falo dos artistas de rua – comem no dia seguinte o feijão com arroz que ao menos deveriam comer na véspera.
Por que 24 horas de artes, se dá pra mostrar arte de maneira natural todos os dias, hein?
É certo que todos não vêm tudo da programação das Viradas.
Não está na hora de rever isso?
Deu gosto ver o Santos jogar hoje contra o Guarani no Pacaembu, horas e pouco atrás.
Verdade que no primeiro tempo, sobrou pisadas de bola.
E meio lento foi o jogo, no 1º tempo.
Neymar faminto pela redonda, corria e corria pelo campo feito doido.
Um gênio é esse menino da pelota, profissional.
E a redonda o evitando.
Houve momentos que esperei mais do Ganso, um de seus companheiros.
Mas Ganso não deslanchava.
Até que nos últimos minutos do 1º tempo, aconteceu.
Pimba!
Ele, Ganso, 1 x 0 na rede.
Iniciado o 2º tempo, alegria para os santistas e não santistas que gostam de bons jogos; jogos que nos levam a estar de bem com a vida, esportivamente falando.
E aí Neymar fez o que sabe fazer: gols.
Fez a rede adversária tremer duas vezes.
As arquibandas endoidaram, urras mil.
Ao fim, 3 x 0 para o Santos.
Uma coisa: Neymar tem o que só os grandes têm: o hábito de trabalhar com afinco e honestamente, pois o talento em si não basta.
E ele Neymar, me dizem, treina até quando recebe autorização do técnico para ir a baladas.
Mas o seu divertimento é brincar com a bola; aprender com ela, seu principal instrumento de êxito.
Lição: na vida, é preciso treinar sempre para melhor viver.
Pois, pois.
E o caso Luiz Gonzaga na Virada Cultural, hein?
Ontem à noite tirei pra bater pernas por aí, pra ver a tal da Virada.
Encontrei o seresteiro Roberto Luna, o rei do bolero.
Grande artista.
O texto do Nêumanne sobre Gonzaga, na Pan, e no Caderno 2+Música do Estadão, replicado aqui, levou pessoas a dizer que eu sei tudo de Luiz Gonzaga etc. e tal.
Não nego, imodestamente.
Sei muito a seu respeito.
E do Brasil, da nossa cultura popular.
Tem sido a vida inteira aprendendo, com a pretenção de ensinar.
Luis da Câmara Cascudo foi meu mestre.
Frequentei a sua casa e bebi da sua fonte, com gosto.
O Almanaque do jornal Folha de S.Paulo guardou isso, inclusive uma entrevista que fiz com ele, no final dos 70.
É só acessar o site da Folha.
Meu novo livro (Luiz Gonzaga, o Divisor de Águas da Música Brasileira), em dois volumes, e ainda sem editor, pretende mostrar toda a grandeza de Gonzaga na história da nossa música.
Mas aí na tal Virada o esqueceram.
Por que, hein?
E este 2012 é o ano do seu centenário de nascimento!
Repito o que disse ontem: isso precisa de esclarcimento público, da parte dos organizadores do evento.
Será que há mal intensão, discriminação em não levarem a obra de Luiz Gonzaga ao público paulistano nessa tal Virada Cultural?
No último dia 30 fiz palestra sobre ele, o Rei do Baião, em Corumbá, Mato Grosso do Sul (clique, acima).
Ora, ora, e a primeira vez que Luiz Gonzaga foi chamado de rei do baião foi aqui, em São Paulo.
Numa boa?
Não gostei da Virada Cultural 2012.
Cultura é coisa séria.
Não é porre, não é overdose de milhões de coisas identificadas ou assim chamadas de cultura.
Cultura é outra coisa.
Sobre isso, lembro: há uns anos fui convidado a encerrar um seminário no Congresso Nacional.
Aproveitei para dizer da necessidade de a nossa cultura musical votar às escolas.
Projeto a respeito foi apresentado por Roseana Sarney e aprovado.
Agora, me dizem: falta professor nas escolas para ensinar música, folclore...
Há uns anos tambpém conseguimos aprovar no Congresso Nacional, através da deputada Luiza Erundina, o Dia Nacional do Forró.
Levei pau.
Nova pergunta: por que os organizadores da tal Virada não mostra a cultura real do Nordeste?
O Nordeste em São Pualo é representado por mais de 4 milhões de pessoas.
Luna, um nordestino de Serraria, PB, ficou famoso como o Rei do Bolero.
Interessante, não é?
O Nordeste deu grandes presidentes na nossa República.
O primeiro, inclusive.
Depois outros e outros.
E Roberto Luna não sabia da exposição Roteiro Musical da Cidade de São Paulo, no Sesc Santana desde o dia 25 de janeiro.
Ok. Nenhum jornal publicou reportagem sobre isso.
Ele ficou sabendo indo comigo lá.
Peter Alouche, egipcio naturalizado, engenheiro, professor, poliglota, autor da toada São Paulo de Todos Nós, com o cantador Téo Azevedo, chegou de repente e juntos fomos passear pela exposição, chamada de instalação por ser multimídia etc. e tal..
O registro de nós três é este, feito por Andrea Lago:
...Peço licença ao truliso
Dos olbos das periférias
Dos chuás das pontilíneas
Dos chomotós das matérias
Das grotas dos veluais
Das mimosas deletérias.
Viva o poeta paraibano Zé Limeira!
E o grande Luiz Gonzaga!
Os versos acima, de uma sextilha, são de Zé Limeira, chamado de surrealista por seu biógrafo, Orlando Tejo.
Lembro Limeira, lembro o Rei do Baião (foto acima, tomando cerveja comigo num ano dos 70).
Certa vez perguntei a Luiz Gonzaga se conhecera ou ouvira falar de Zé Limeira.
Disse que não, nem uma coisa nem outra.
Então aproveitei para lhe falar do mote limeiriano No Dia Q´eu me Zangar/Mato Você de Carinho.
Ele adorou e disse:
- Dá baião.
Não deu, mas deu um gostoso arrasta-pé feito por ele e por seu parceiro mais frequente, João Silva.
Além de música o mote deu título a seu último LP, lançado em 1989.
Bem, eu mesmo não ia dizer nada hoje sobre Luiz Gonzaga.
Já falei e escrevi tanto a seu respeito.
Enfim, eu estava quieto, quietinho no meu canto, só uburuservando a vida, quando chegou email com mais um texto brilhante e inteligente do mais observador e ferino escrevinhador do Brasil: José Nêumanne Pinto, dizendo ora, ora, por que cargas d´águas o Rei do Baião não foi lembrado na Virada Cultural que se inicia logo mais na hora do Angelus, isto é, às 18?
Nêumanne mostrou num desabafo a sua profunda decepção e irritação.
Impossível não aplaudir Nêumanne.
Aliás, faço minhas as palavras dele (leia abaixo; texto, publicado originalmente à página D7 do Caderno 2+Música do jornal O Estado de S.Paulo, edição de hoje).
Intrigado, também me pergunto:
- Por que esqueceram de programar algo para lembrar o Rei do Baião na Virada Cultural, hein?
Essa incrível falta de sensibilidade e respeito por um dos gênios da música brasileira merece uma explicação pública da parte dos organizadores da Virada.
Será que o caso tem a ver com discriminação?
Uma vez, pelo fato de ser negro e nordestino, Gonzaga foi barrado à entrada da rádio Gazeta.
Mas a sua obra e importância do conhecimento de todo mundo.
Já andei batendo pernas mundo a fora em busca de músicas do Rei do Baião noutras línguas.
E achei em França, Portugal, Argentina...
Gravaram músicas suas a portuguesinha Carmen Miranda, em Hollywood; Peeg Lee, Dizzy Gislepie - criador do bebop, junto com Charles Parker - e outros e outros na Itália, Alemanha e e até na Ilha de Páscoa na língua lá deles, o rapa nui.
Nos anos 50 foi aprovada uma lei no Congresso argentino para impedir o baião por lá.
Motivo?
Os argentinos só queriam ouvir baião.
Agora querem nos impedir de ouvir a sua obra.
É danado isso, não é?
O texto-desabafo de José Nêumanne foi publicado hoje no Caderno 2+Música do jornal O Estado de S.Paulo.
Nêumanne também aproveitou os microfones da rádio Jovem Pan para protestar contra a insensibilidade dos programadores da Virada Cultural.
Leiam seu texto, este:l
"Os organizadores da Virada Cultural deram a maior bola fora da história da promoção ao se esquecerem da efeméride de música brasileira mais importante do ano: o centenário de Luiz Gonzaga, seu Lua, o Rei do Baião, nascido em Exu, no sertão do Araripe, Pernambuco.
Gonzagão não era apenas o compositor de clássicos do cancioneiro popular, como Asa Branca, só para citar o exemplo do maior de todos. Nem somente o intérprete singular que transportou o sertão nordestino para a programação do rádio e da televisão no Sudeste Maravilha. Sua relevância transcende a essas constatações por dois motivos.
O primeiro deles é que fundou a música regional nordestina. No dia em que resolveu o problema prático do transporte de seus acompanhantes no próprio automóvel para economizar o aluguel de um ônibus reduzindo o instrumental à sanfona que ele tocava, ao zabumba que dava o ritmo e à ajuda de um triângulo, criou um gênero, uma modalidade. E agendou no calendário nacional de festas populares a tradição de festejar as noites de São João e São Pedro com ritmos dos ermos sertanejos, tais como o xaxado dos cangaceiros de Lampião, o forró dançado nos terreiros de terra batida, o rojão do duplo sentido e o baião, que ele inventou com a cumplicidade de Humberto Teixeira, outro gênio esquecido. Se o filho do sanfoneiro Januário e de dona Santana não tivesse descoberto que o triângulo de metal percutido por uma vareta usado pelos vendedores de cavaco chinês na rua complementava a pegada do zabumba, Campina Grande, Caruaru e hoje praticamente o Nordeste inteiro não teriam adicionado a suas fontes de renda os festejos juninos.
Sem ele, sanfoneiros e cantores que se apresentam em arraiais juninos não ganhariam a vida com o suor de sua arte. Os sanfoneiros Dominguinhos e Flávio José, os intérpretes Jackson do Pandeiro, Genival Lacerda, Marinês, Elba Ramalho, Santana Cantador e Alcimar Monteiro e compositores como Antônio Barros e Cecéu, Maciel Filho, Onildo Almeida e Patativa do Assaré são filhos profissionais de Gonzagão.
A importância de Gonzaga no show business brasileiro só se compara com a da geração de sambistas da Época de Ouro dos anos 30 do século passado – Noel Rosa, Assis Valente, Ary Barroso, Cartola e Sinhô, entre tantos outros – inventaram o maior espetáculo do mundo, o samba carioca. E, um decênio depois, o sucesso do baião transportou os ecos da caatinga para os estúdios de emissoras de rádio e televisão e gravadoras.
Este sucesso lhe deu majestade e o tornou o grande símbolo da diáspora nordestina. Todas as gerações de autores e intérpretes originários do Nordeste – Manezinho Araújo, Zé Ramalho, Fagner, Alceu Valença, Geraldinho Azevedo, Caetano Veloso e Gilberto Gil, só para citar os exemplos mais óbvios – beberam na obra dele para produzirem a deles.
É, pois, signo de burrice e insensibilidade privar São Paulo, a maior cidade nordestina do mundo, de lembrar a voz que trouxe os aboios das quebradas para as esquinas de concreto. Uma virada sem Gonzaga não é paulistana de verdade".
Os paulistas descendentes de espanhóis Tonico e Tinoco, de batismo João e José Perez, o primeiro da safra de 1917 e o segundo de 1920, morreram.
Tonico, no dia 13 de agosto de 1994; e Tinoco hoje de madrugada, vítima de parada cardíaca.
Tonico e Tinoco formaram uma das mais preciosas duplas sertanejas do Brasil, no sentido mais completo do termo.
Eram autênticos no compor, no falar e no cantar.
Deixaram quase 170 discos de 78 RPM e 90 LPs gravados, além de compactos simples e duplos às dezenas.
O primeiro disco de 78 RPM que eles gravaram, para a Continental, trouxe o cateretê Em Vez de me Agradecer, de Ariowaldo Pires, Jaime Martins e Aimoré, do lado A; do lado B, a moda Salada Internacional, do referido Pires, mais Palmeira e Piraci.
Essas duas músicas foram gravadas no dia 8 de abril de 1944 e lançadas em julho do ano seguinte.
Curiosidade: na gravação da primeira música, a voz possante de Tinoco arrebentou o microfone. Por causa disso, faltou pouco para os dois serem mandados embora por começarem a dar “prejuízo”, segundo alguém da direção da gravadora.
O primeiro LP da dupla a ir à praça intitulou-se Tonico e Tinoco com Suas Modas Sertanejas, em 1958, pela já referida e extinta Continental.
Tonico e Tinoco foram descobertos pelo compositor tieteense Ariowaldo Pires, chamado de Capitão Furtado.
A maioria das músicas gravadas pela famosa dupla ganhou o formato de CD.
Conheci Tonico e Tinoco na segunda parte dos anos de 1970, quando os procurei para uma entrevista que
ocupou três páginas do suplemento dominical Folhetim, do paulistano Folha de S.Paulo.
Depois, publiquei muitos outros textos sobre ambos.
E até três discos deles nos formatos de LP e CD incluímos na coleção Som da Terra, da Warner/Continental em 1994, cujos textos de apresentação levaram a minha assinatura.
A última vez que encontrei Tinoco (no clique de Andrea Lago, acima) foi em 2008, num estúdio onde gravamos o CD Assis Ângelo Apresenta Inéditos de Capitão Furtado e Téo Azevedo, com sua participação e participação de Inezita Barroso, Moacir Franco, Muybo Cury, que também já partiu; Mococa & Paraiso e Rodrigo Mattos & Praiano, entre outros artistas.
A última homenagem a Tinoco - e seu irmão, Tonico - se acha na exposição Roteiro Musical da Cidade de São Paulo, instalada na Área de Convivência do Sesc Santana.
CORISCO
Quem também já se acha noutro plano de vida desde o último feriado é Waldemar Marchetti, no meio musical conehcido por Corisco. Seu principal instrumento era o pandeiro. Gravou poucos discos, como Outro Show de Bossa, com Os Sambaloucos (Philips, na reprodução da capa abaixo), e integrou grupos dos maestros Silvio Mazzuca, Totó, Pocho e Léo Peracchi, ex-professor de Tom Jobim. Preferiu a carreira de empresário da música. Para isso, fundou a editora musical Arlequim. Fazem parte da sua história Chico Buarque, Hermeto Pascoal, Paulo Vanzolini, Paulinho Nogueira, Paulinho da Viola, Zé Kétti, Tom Zé, Tim Maia, Milton Nascimento, Jorge Bem, Caetano, Belchior, Toquinho, Vinicius e Garoto, entre outros. Uma vez eu lhe disse que estava às voltas com uma pesquisa sobre músicas de autores brasileiros gravadas noutras línguas. De pronto ele chamou um de seus sócios, Juvenal Fernandes, já desaparecido, e autorizou que fizesse uma busca nos arquivos da editora. Dias depois recebi em casa alguns compactos com músicas de brasileiros vertidas para outros idiomas. Mas ele era um personagem polêmico. A missa de 7º Dia em sua memória será celebrada amanhã, às 15h30, na Igreja Nossa Senhora de Fátima, à Rua Barão da Passagem, 971, Vila Leopoldina.
Aconteceu. É pra valer: a presidente Dilma Rousseff acaba de xamegar assinatura em documento reconhecendo a importância do padre Landell de Moura como inventor do rádio, no Brasil.
Nacionalmente reconhecido, agora falta ser internacionalmente reconhecido como o primeiro inventor a obter êxito na até então incrível façanha de transmitir a voz humana através de radioemissão e telefonia por rádio, sem fio.
O caminho que o trouxe até aqui foi longo e tortuoso e muita gente boa se envolveu nesse processo de reconhecimento. A primeira pessoa a apostar anessa história foi o ex-senador Sérgio Zambiasi. Depois outras, como o criador do newsletter Jornalistas&Cia, Eduardo Ribeiro; e o biógrafo Hamilton Almeida.
O que importa é que Landell de Moura foi reconhecido como herói e o seu nome agora se acha no Panteão dos Heróis da Pátria.
Mas uma nova escalada começa.
Segundo Eduardo Ribeiro o desafio é levar o nome do padre aos livros didáticos, para que as novas gerações possam saber quem ele foi.
O brasileiro Roberto Landell de Moura nasceu no dia 21 de janeiro de 1861 e morreu de forma natural na mesma cidade em que nasceu, Porto Alegre, no dia 30 de junho de 1928.
Suas experiências bem-sucedidas em torno da invenção do rádio ocorreram na capital paulista, entre a Aenida Paulista e a Rua Voluntários da Pátria, numa área livre da Capela de Santa Cruz, no Alto de Santana, no ano de 1900.
Detalhe: no dia 16 de julho de 1899, o jornal A Provincia de São Paulo, hoje O Estado de S.Paulo, anunciava em letras graúdas a notícia de um teste de telefonia sem fio (facsimile acima) do inventor gaúcho.
Fica o registro.
SERRA DO RAMALHO
A população da pequena Serra do Ramalho, à oeste da Bahia, foi surpreendida hoje, mais uma vez, por um grupo de assaltantes que invadiu a agência do Banco do Brasil. Por causa desse assalto, a cidade pode perder a agência. Quem deve estar mujito triste com isso é o meu amigo cordelista Marco Haurélio, a mais importante personalidade da região.
PINTURA MAIS CARA
A obra O Grito, do pintor norueguês Edvard Munch (1863-1944), se tornou hoje a mais cara do mundo, em todos os tempos. Foi arrematada hoje em leilão da Sotheby´s em Nova Iorque por cerca de R$ 230 milhões. Detalhe: a obra leiloada é a 4ª versão do mesmo quadro. Sei não, mas eu começo a pensar que não deveria ter deixada para trás a minha acanhada carreira de pintor, hein Miguel dos Santos? Hahahaha. Viva a arte!