Há
anos li De Notícias e Não Notícias Faz~se a Crônica, de Drummond de Andrade, no
qual, com a singeleza dos sábios barrocos, conta o óbvio que aparece no título.
Quantas
vezes um cronista sem assunto escreve sua crônica aparentemente sem assunto
para preencher os vazios desafiantes do jornal, hein? Eu
mesmo, nos meus tempos de Correio da Paraíba, fiz isso muitas vezes.
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Eu e Milton, na noite de autógrafos |
É
uma aula de jornalismo o que o poeta mineiro nos dá.
Aula
de jornalismo também nos dá o paulistano Milton Blay (aí ao lado, na noite de
autógrafos) em Direto de Paris (Coq au Vin Com Feijoada), seu livro de crônicas
que acaba sair pela editora Contexto.
Meio
despretensioso, Milton dá uma geral na sua vida agitada de jornalista longe da
terra natal lembrando algumas coberturas que, por uma razão ou outra, lhe ficaram
marcadas definitivamente na memória, como aquelas que ele fez com Chagal, Orson
Welles e o finado mandachuva Khomeini, do Irã, e com os ex-presidentes Jânio,
Sarney e FHC.
No
seu texto leve e chamariz, Milton se investe de guia perfeito e sem se fazer de
rogado nos levar a conhecer inimagináveis belezas e curiosidades de Paris, cidade
que habita há quase 40 anos como cidadão e correspondente da Rádio Bandeirantes,
de São Paulo.
É
um livraço esse Direto de Paris!
Outro
importante e necessário livro para qualquer leitor, principalmente de
jornalistas em formação ou em início de carreira, é O Bisbilhoteiro das Galáxias,
do paraibano Jotabê Medeiros, que trata mais ou menos do que diz Drummond.
O
livro de Jotabè reúne quarenta e tantos textos, narrando momentos e histórias
fora do comum, como aquela em que o autor mergulha Bahia adentro em busca de
uma entrevista com o conterrâneo Zé Ramalho, que além de não lhe dá bola ameaça
não fazer show na cidade, para desespero do prefeito que o teria contratado por
algo em torno de R$ 150 mil.
A
notícia, aparentemente não notícia, rendeu a capa do Caderno 2, suplemento de
cultura do sisudo Estadão.
E
o que dizer do texto que narra Bob Dylan perambulando sozinho numa noite de
outono em Copacabana, de capote e gorro na cabeça?
Esses
dois textos inseridos no Bisbilhoteiro das Galáxias são antológicos.
Mas
o livro traz ainda peculiaridades do chato Roberto Carlos e Manu Shao tomando
umas canas na noite paulistana.
Só
faltou falar da inesperada ligação que Joan Baez lhe fez às vésperas de se
apresentar em São Paulo dois meses e pouco atrás.
GONZAGÃO
Do
sanfoneiro Lulinha Alencar, recebo convite para o show de lançamento de seu
primeiro CD, intitulado Cem Gonzaga, título de referência ao centenário do Rei do
Baião, Luiz Gonzaga.
Será
logo mais às 19 horas no Sesc, unidade Pompéia. No repertório estão algumas
músicas pouco conhecidas do chamado grande
público, como Vira e Mexe, Araponga, Sanfona Dourada, Pisa de Mansinho, Sanfonando e Treze de Dezembro.
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Lulinha Alencar |
FOLIA DO DIVINO
Iniciada em 2000 no Espaço Cultural Cachuêra, a
festa do Divino Espirito Santo das caixeiras da família Menezes, de São Luís do
Maranhão, prossegue hoje e segue até o próximo dia 29, com entrada gratuita ao
público de todas as idades. Endereço: Rua Monte Alegre, 1094, Perdizes. As tocadoras
de caixas ou tambores são a grande atração da festa, que tem origem remota no
catolicismo. Elas tocam ao mesmo tempo em que entoam cânticos religiosos
tradicionais, entremeados por versos improvisados. Este ano, segundo os
organizadores, as caixeiras da família Menezes e a Associação
Cultural Cachuera! solicitaram recursos através de um site de financiamento
coletivo, o Movere (www.movere.me), para cobrir
parte dos custos dessa festa que já faz parte do calendário festivo da cidade.
As origens da festa remontam à Idade Média em Portugal,
quando a rainha D. Isabel recorre com promessa ao Espirito Santo para que interceda
na decisão do marido, o rei D. Diniz, de não transferir o trono para um filho
bastardo. O recurso da rainha santa teria logrado êxito.No Brasil, a Festa do Divino teve início por volta do século
18.