Para radialistas e especialistas em radiodifusão o dia 7 de setembro é o Dia do Rádio no Brasil, mas a data é questionada por pesquisadores do tema em Pernambuco, PE.
Segundo pesquisadores da terra de
Capiba, grande compositor e pianista reinventor do frevo, no dia 6 de abril de 1919 um grupo de amadores diletantes do telégrafo fundou a Rádio Clube de Pernambuco. Na ocasião foi instalada uma geringonça que permitia a transmissão de voz a pouca distância. Era o rádio chegando em Pernambuco de modo amadorístico.
No estrangeiro, o italiano Marconi patenteava o que afirmava ser invenção sua. Pegou.
Em São Paulo, SP, o padre cientista Roberto Landell de Moura queimava as pestanas fazendo cálculos e cálculos e testes direcionados a mais uma de suas investidas no mundo encantado da Ciência. O objetivo, desafio mesmo, era transmitir a voz humana através de fios e tal.
Os esforços do padre Landell não receberam atenção nem compreensão de ninguém, nem dos membros da sua congregação. Achavam-no louco e até feiticeiro. Se a Inquisição ainda estivesse em voga, Landell teria certamente ardido em chamas numa fogueira qualquer.
No Brasil corria o
ano de 1881.
Por meios próprios, sem apoio econômico ou político, Landell de Moura conseguiu patentear suas pesquisas em torno do rádio nos EUA. Mas já era tarde e, assim, Guglielmo Marconi levou todos os créditos e aplausos como inventor do rádio.
No dia 7 de setembro de 1922, realizava-se no Rio de Janeiro uma exposição multifacetada para lembrar e comemorar o primeiro centenário da independência do Brasil. Marconi foi convidado e lá esteve. Uma antena transmissora foi instalada no Corcovado e, como num passe de mágica, habitantes de Niterói,
Petrópolis e adjacências, além das capitais fluminense e paulista, ouviram extasiados o presidente
Epitácio Pessoa proferir laudatório discurso sobre o evento.
No ano seguinte, 1923, o cientista
Roquette Pinto juntava-se a amigos e fundava a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, oficialmente considerada a primeira emissora de rádio do Brasil.
A Rádio Sociedade tinha como programação música de boa qualidade, erudita e popular.
Antonio Carlos Gomes e
Sinhô, de batismo João Batista da Silva, foram os primeiros compositores a terem obras executadas pela Rádio.
Era tudo feito de forma precária, amadorística.
Roquette Pinto usava muito o microfone da sua emissora para ler notas sobre artes e música, publicadas nos jornais da época. Talvez tenha sido ele o inventor do radiojornalismo. É meio esquisito dizer isso, mas a possibilidade não pode ser afastada.
Antes de 1930, as emissoras foram se multiplicando no Rio e em outros lugares.
Em 1926, surgiu a primeira rádio "comercial" do País: a Mayrink Veiga.
Logo após a tomada do poder por Getúlio Dornelles Vargas, as emissoras de rádio foram autorizadas por decreto para faturar com comerciais. A propósito: foi no governo Vargas que surgiu o programa A Voz do Brasil, no começo chamado Programa Nacional e A Hora do Brasil.
A Voz do Brasil é o programa de rádio mais antigo do mundo. Foi criado em 22 de julho de 1935, por um cara chamado Armando Campos. Esse Campos vinha a ser amigo de infância de Vargas.
Em 1936, Roquette Pinto doou a Rádio Sociedade para o Ministério da Educação e Cultura, MEC.
A
Rádio MEC está no ar até hoje com programação voltada à cultura.
No mesmo ano de 36, precisamente no dia 12 de setembro, era inaugurada a Rádio Nacional.
A Nacional marcou época na radiodifusão, no Brasil. Seus estúdios eram amplos, modernos, e funcionavam no prédio do jornal A Noite, localizado na praça Mauá, RJ.
Todos os grandes artistas da época passaram pela Nacional. Inclusive os humoristas.
A Rádio Nacional era riquíssima no item humor com Castro Barbosa, inclusive.
Em janeiro de 2003, o jornalista Paulo Perdigão lançava à praça o livro PRK-30, contando a história da Rádio Nacional e os artistas que por lá passaram. Detalhe: Esse livro traz dois importantíssimos CDs com trechos de vários programas apresentados na Nacional.
E não custa lembrar que a primeira radionovela no Brasil foi apresentada na Rádio Nacional. Título: Em Busca da Felicidade, do cubano Leandro Blanco. Essa mesma novela iria, em 1965, para a televisão. No caso, a extinta Excelsior.
Nos fins de 1937, começaram os concursos para "eleger" as cantoras mais admiradas. Foi assim, no começo de 1938, que a cantora Linda Batista virou a primeira Rainha do Rádio. As quatro seguintes foram: Dircinha Batista, Marlene, Emilinha Borba e Ângela Maria.
Linda Batista ficou como "rainha" durante quase 11 anos.
Emilinha Borba era a favorita, a preferida, da Marinha. E Marlene, a cantora do Exército.
Ângela Maria foi a "rainha" que mais recebeu votos na história dos concursos do gênero: 1,5 milhão. Ângela era, para Getúlio Vargas, a melhor cantora do Brasil. Foi ele quem a apelidou de Sapoti.
Atualmente existem mais ou menos 10 mil emissoras de rádio no Brasil, metade delas comunitárias.
Os tempos hoje são, claro, bem diferentes dos tempos de ontem.
Hoje tudo parece correr na velocidade dos raios.
A rádio, diziam, que estava com os dias contados com a chegada da televisão no Brasil, ocorrida no dia 18 de setembro de 1950. Coisa nenhuma, rádio e TV deram-se as mãos e continuam vivendo muito bem. Detalhe: entre os anos de 1940 e 1950 havia no país a Revista do Rádio e Radiolândia, que destacavam os artistas e apresentadores do rádio. E existia também revistas abordando temas ligados à rádio e a TV.
O rádio está na TV e a TV, no rádio.
E agora tem o Podcast chegando e, pelo jeito, pra ficar.
Fora isso, tem as rádios Web, como a rádio Conectados. Nessa rádio o baiano
Carlos Silvio apresenta, ao vivo, o programa Paiaiá na Conectados. Sobre a sua relação com o rádio, diz o apresentador:
“Como nasci e vivi até os meus 21 anos na roça, lá no Paiaiá (Bahia), sem luz elétrica e o luxo da televisão, o meu companheiro sempre foi o rádio. O rádio de pilha. Ao chegar na maior cidade do País, São Paulo, em busca de uma vida melhor, o amor pela comunicação me levou para o maravilhoso mundo do rádio. Jamais imaginaria ser indicado ao Prêmio Melhores do Rádio, pela APCA. O rádio é, para mim, o veículo de comunicação mais importante e com o advento da internet, deu mais vida ao que jamais morrerá. Viva o rádio!”.