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quarta-feira, 24 de maio de 2023

OLIVEIRA DE PANELAS: 77 ANOS

Localizado no Agreste pernambucano, Panelas é um dos 5.570 municípios brasileiros. Com tal denominação foi fundado em 1909. A sua população é estimada, segundo o IBGE, em pouco mais de 26 mil habitantes. Fica a cerca de 200km da capital, Recife.
Quem nasce em Panelas é panelense.
O artista mais conhecido de Panelas é Oliveira Francisco de Melo. À propósito, esse Francisco carrega em si como nome artístico Panelas.
Falo, é claro, de um dos mais importantes poetas repentistas do Brasil: Oliveira de Panelas.
Oliveira começou a fazer versos de improviso quando tinha 8 anos de idade. Aos 12, já cantava com a violinha no peito. Quer dizer, uma "violinha" quase tão grande quanto a sua própria estatura física. Havia quem se referisse a ele como "O menino da viola".
O tempo foi passando, passando e esse Oliveira acabou por se tornar um verdadeiro gigante da Cantoria. Hoje tem no currículo 19 livros publicados e pelo menos 40 discos, incluindo 11 LPs gravados e lançados à praça. 
O nome de Oliveira de Panelas está definitivamente registrado na história do repentismo brasileiro. É um gênio, por que não dizer?
Oliveira Francisco de Melo nasceu no dia 24 de maio de 1946.
Não tenho certeza, mas acho que foi num dia qualquer de 2012 que gravei um papo com o poeta antes de apresentá-lo a uma plateia que o esperava ansiosa na unidade Sesc Santana, SP, onde eu realizava a ocupação Roteiro Musical da Cidade de São Paulo. Ouça um trecho dessa entrevista:


ESTAMOS DE VOLTA À PRÉ-HISTÓRIA

Essa tirinha faz parte do livro Pré-Histórias, do cartunista Fausto Bergocce
 
Um terço da população brasileira, cerca de 70 milhões de pessoas, se acha na linha da pobreza e boa parte se afundando na miséria.
Dados do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) indicam que pelo menos 30 milhões de brasileiros, entre homens e mulheres, passam fome; não têm o que comer, não sabem o que comer.
Um terço da população brasileira, cerca de 70 milhões de pessoas, vive de esperança ou de reza, quem sabe?
A desigualdade entre os brasileiros é muito grande. Há um abismo, um poço sem fundo, no qual a gente anda caindo.
A população brasileira é, historicamente, miscigenada.
Formamos a nação mais miscigenada do mundo. Esse fato poderia ser uma bela amostra de integração entre as pessoas, mas não é.
Infelizmente somos uma sociedade dividida entre pobres e ricos, pretos e brancos.
A discriminação é uma praga que se acha em todos os campos sociais.
Salta aos olhos o que passa o pobre e o preto. O pobre preto então, nem se fala.
Para um pobre preto alcançar status social come o pão que o diabo amassa. Parece natural, pode parecer natural, mas não é.
Nos últimos quatro anos, o Brasil foi arrasado pelo tsunami do ódio destilado pelo poder vulgar e perigoso do nazi-bolsonarismo. E assim, mais uma vez, o Brasil foi dividido.
Quase todos os dias nos deparamos com notícia dando conta de que um brasileiro foi agredido pela ira racista, num lugar qualquer do mundo. Domingo foi em Valência, na Espanha.
É bem como eu disse ontem 23: estamos voltando ao tempo em que os trogloditas arrastavam as mulheres pelos cabelos.
E hoje não só a mulher é arrastada pelos cabelos, os pobres também; os negros, idem; e minorias como a comunidade LGBTQIAP+.
Do jeito que o mundo anda, tudo vai explodir.
Os conflitos armados continuam se multiplicando mundo afora.
Atenção, pra refletir: Lula está sendo criticado por dizer que nem a Ucrânia e tampouco a Rússia, através Zelensky e Putin, querem a paz.
Tudo gira em torno de grana e poder. 
Ao mesmo tempo que as guerras matam, as guerras fazem com que montanhas de dinheiro se movimentem em prol das grandes potências.
Enquanto isso, por não ter o que fazer, fiz este poeminha cujo título é Mais Amor e Menos Ódio:

Todos sabem muito bem
Que o mundo anda mal
Girando um tanto torto
No seu eixo natural

É caso muito sério
De difícil solução
Pode tudo se findar
À base de explosão

Como rastro de pólvora
Feito só para matar
As guerras se multiplicam
No campo, na serra, no mar

Aviões atiram bombas
Aleatoriamente
Destruindo meio mundo
E matando muita gente

Tudo isso sob as ordens
De um ser que planta o mal
De um ser que quer fazer
Nova guerra mundial

Pare enquanto é tempo
Chega de tanto terror
Em fuga o povo chora
Pedindo paz e mais amor

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