Mês das
flores, mês de alegria
De lindos
cantos, mês de Maria...
Parece
que estou ouvindo as irmãs cantoras Celia e Celma entoando os versos acima em
homenagem à mãe de Jesus. E agora não estou só a ouvi-las, estou a lembrar meus
tempos de moleque no interior da Paraíba, ouvindo contrito as ladainhas puxadas
por minha avó Alcina.
A
lembrança, muitas vezes, dói.
Estamos
no Mês de Maria, mais precisamente no meio do Mês de Maria, quando as crianças,
enlevadas, coroam a imagem da santa. É cena marcante.
Em
Alagoinha, uma cidadezinha muito bonita, localizada a poucos quilômetros da
capital paraibana, João Pessoa, eu costumava passar férias e também fins de
semana: saía do colégio e ia pra lá, brincar de agricultor, junto com meus
primos, plantando no roçado do tio José. Tempos inesquecíveis de alegria, de
descompromisso, de aprendizagem, de vida.
O
Mês de Maria me traz, enfim, boníssimas lembranças de um tempo que não volta mais.
Mas o Mês de Maria se repete, com sua graça como se fosse ontem. É do mesmo
período a queima de flores, com cânticos alusivos à mãe de Jesus e com os devotos
fazendo louvação, com as crianças cantando versos assim:
que te podemos
ofertar Mãe pura
com expressão
de filial ternura
recebe, já que
outros bens não temos
esta coroa que
te oferecemos...
Pois é, coisas anônimas, coisas do povo, que continuam na boca do povo. Falo de cultura popular. Alás, a nossa cultura popular, incluindo a música popular, é muito rica. Quando falamos de cultura popular, falamos de coisas anônimas do povo. Mas, a música popular em casos específicos tem autor e nem por isso deixa de ser popular. É popular porque cai na boca do povo. Um exemplo? O carioca Lamartine Babo entrou para a galeria dos nossos grandes compositores por compor obras incríveis como esta, Ó Maria Concebida, que ele fez aos 15 anos de idade. Clique: