O Brasil é destaque no bloco dos cinco países das Américas que dão atenção e tratamento adequado aos deficientes, incluindo os visuais.
Mas certamente ainda há muito a fazer.
Louis Braille era francês do começo do século 19 e perdeu os olhos num acidente doméstico quando tinha três anos. Aos dez, pediu ao pai para entrar numa escola e estudar. E estudou. Até desenvolveu um método próprio para leitura, conhecido hoje mundialmente por seu sobrenome.
O Braille tem por base seis pontos em relevo dispostos em duas colunas paralelas, permitindo 63 combinações diferentes e a leitura e a escrita a cegos.
Calcula-se que o total de pessoas desprovidas de visão no Brasil chegue ou passe um pouco de 1% da população, estimada em 200 milhões de pessoas.
A Organização Mundial de Saúde estima em 45 milhões o número de cegos e 135 milhões o total de pessoas que apresenta algum tipo de deficiência visual ou visão curta.
Os cegos, historicamente, sempre encontraram todos os tipos de dificuldade para conviver em sociedade.
João Tomé era mineiro de Uberaba e tocava instrumentos de sopro e de cordas, entre os quais cavaquinho, violão e bandolim.
Nasceu cego.
Sua filha, Dolores, lhe seguiu os passos e tem dedicado a vida ao ensino de música aos cegos.
Foi dela, aliás, a iniciativa de criação do Clube do Choro de Brasília.
E mais: desenvolveu um programa para computador que permite a transcrição de partituras para o Braille.
Há muitas histórias de cegos famosos.
Conta-se que na antiga Grécia havia um cego de nome Diógenes.
Ele nascera antes de Cristo uns 400 anos, e por alguma razão fora expulso de sua cidade natal, Sínope.
Em Atenas, onde passou a viver, tornou-se aluno de Antístenes, um velho discípulo de Sócrates.
Era sedento por saber.
Porém pobre, ele morava nas ruas, nas esquinas, e costumava sair na hora do meio-dia com uma lanterna acesa à procura de um homem honesto.
Não consta se achou.
Outro cego grego e famoso foi Homero, autor de Ilíada, sobre a Guerra de Tróia; e Odisséia, sobre as viagens de Ulisses.
O genial compositor alemão Sebastian Bach, também violinista e maestro, não enxergava e escutava muito pouco.
Dentre os cantores cegos norte-americanos os destaques são Ray Charles e Stevie Wonder.
E dentre os cantores italiano, hoje o mais famoso é Andrea Bocelli.
Também houve faraós que não viam nada, como Anisis, da IV Dinastia; e reis como Fineu, da Tracia; e Louis III, da Provença e da Itália.
O cientista Galileu Galilei também era cego.
E Jorge Luís Borges.
A galeria é grande e das boas. De um olho: o cangaceiro Lampião e o cantor e sanfoneiro Luiz Gonzaga, pernambucanos. De ambos os olhos: os poetas repentistas Aderaldo, Oliveira, Patativa, esses do Ceará.
Eu faço parte dessa galeria.
Para falar comigo a respeito do assunto no programa O BRASIL TÁ NA MODA, convidei um especialista: Marrey Luiz Peres Junior. Nossa conversa, recheada de boa música, vai ao ar, ao vivo, às 14 horas pela Rádio Trianon AM 740, e será reprisado amanhã, às 4:30.
TV RECORD
Logo mais às 22:15, estarei proseando com Arnaldo Duran, titular do programa Entrevista Record Cultura, no ar ao vivo pela Rede Record. Junto comigo, para um molho especial, estarão representantes do Movimento Sincopado interpretando clássicos do choro, como Rosa, Yaô e Carinhoso, de Pixinguinha; Brasileirinho, de Waldir Azevedo; e Apanhei-te Cavaquinho, de Ernesto Nazaré. Renato Vidal e Ivan Banho, ambos na percussão; Maik Moura (bandolim), Anita Bueno (voz), Rodrigo Carneiro (violão 7), Samuel Marques (trombone) e Eduardo Camargo (cavaquinho) são artistas do Sincopado, movimento de São Paulo que existe para trazer do limbo a boa música brasileira.
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quinta-feira, 30 de junho de 2011
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