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domingo, 2 de abril de 2023

HÁ 40 ANOS MORRIA GREGÓRIO BEZERRA

 O golpe militar de 1964 foi efetivado no final da madrugada do dia 1° de abril. Loucura. Pego de sopetão, o Brasil calou estupefato. O pior viria em seguida, com perseguições e tudo o mais.

No dia 2 de abril daquele ano o líder das Ligas Camponesas e ex-deputado federal Gregório Bezerra foi preso e torturado em praça pública.  Isso em Recife, PE. Bezerra foi manietado e arrastado por um jipe do Exército. Sofreu, sangrou e quase morreu diante de pessoas comuns que a tudo assistiam nas ruas da capital pernambucana. O horror foi transmitido ao vivo por canais de TV locais. Esse horror só foi suspenso por intervenção de freiras de um colégio perto de onde tudo acontecia.

A violência contra Gregório foi tanta que prefiro parar por aqui.

Não conheci pessoalmente Gregório Bezerra, mas fui escalado pela chefia de reportagem da Folha para fazer a cobertura de seu velório no hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo. Bezerra morreu de um ataque cardíaco na madrugada do dia 21 de outubro de 1983. Para minha surpresa deparei-me com Luís Carlos Prestes, o da Coluna. Entrevistei-o. Falou-me da sua relação histórica com Bezerra. Aproveitei a ocasião para perguntar a Prestes se ele conhecera o gangaceiro Virgolino Ferreira, o Lampião. Olhou-me surpreso e respondeu-me o que lhe perguntara. Foi um papo de uns 20 minutos, talvez um pouco mais. Disse-me que não conheceu Lampião pessoalmente, mas se viram à distância. Enfileirados,no Ceará, acho que em 1926 ou 1927.

O causo foi o seguinte: o governo usou padre Cícero para convencer Lampião a combater a Coluna Prestes. Para isso, o famoso cangaceiro receberia armas e ganharia a patente de capitão. Prestes disse-me algo como "não topou por entender rapidamente que estaria combatendo contra quem combatia o mesmo inimigo. Ou seja, o governo".

Lampião virou capitão por conta própria. 

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (4)


 Seguindo a mesma temática, isto é a licenciosidade como tema do nosso dia a dia, o poeta repentista Otacílio Batista publicou de sua autoria o cordel em décimas de sete sílabas O Corpo da Mulher Nua. Na penúltima estrofe diz:
Assis Angelo e Otacilio Batista, em programa da Rádio Atual

Sobe tudo neste mundo
Sem dó e sem compaixão,
O relógio da inflação
Nunca atrasou um segundo.
É raro um cheque ter fundo
Num país mal governado.
A rolinha do passado
Abre o bico mas não canta,
Mulher pelada levanta
Salário de aposentado…


O editor e cordelista cearense Klévisson Viana transformou em literatura poética o caso de uma prostituta que providencia um catimbó pra matar um delegado que a humilhou desferindo socos e pontapés. O final é feliz. Começa assim:

Leitores, não se enfadam
Vou retornar ao passado
Para narrar uma história
Que passou em nosso Estado
O caso de um puta
Que matou, numa disputa,

Um temível delegado...

Esse folheto, intitulado O Romance da Quenga que matou o Delegado, foi adaptado para um capítulo da série Brava Gente, da TV Globo. A personagem feminina foi interpretada pela atriz Ana Paula Arósio. Confira:

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