Censura nunca mais!
A censura é uma praga que existe desde sempre, no Brasil e
no mundo todo. A Imprensa Régia já veio com isso e seguiu Império a dentro.
A censura continua viva.
Agora a pouco a Justiça proibiu a Globo de noticiar qualquer
coisa sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco. Encurtando o papo estão
se completando 50 anos da decretação do Ato Institucional nº5.
Esse Ato foi, dentre todos os 17 Atos baixados pelo governo
militar, o mais violento, o mais temido o mais arrasador, o mais tudo ruim que
se possa imaginar. O fim do mundo, digamos assim. O AI-5, anunciado ao Brasil
na noite de 13 de Dezembro de 1968, permitia que os militares fizessem com o
povo o que bem quisesse. E ai aconteceram cassações, torturas e mortes. Pelo
menos 7 mil brasileiros e brasileiras foram forçados a deixar o País. Vandré, Chico,
Caetano e outros e outros viveram essa situação.
O AI-5 fez misérias, destruindo carreiras artísticas
brilhantes como a de Vandre. O AI-5 durou 10 anos de vigência. Nesse período
foram censuradas milhares de músicas, peças de teatro e filmes, uns 500 pelo
menos.
Mais de 2 centenas de escritores tiveram obras censuradas.
Entre as músicas censuradas incluíram-se Apesar de Você, de
Chico; e Sinal Fechado, de Paulinho da Viola. LPs inteiros foram proibidos de
circular como o álbum branco do Chico e Imyra Tayra Ipy, de Taiguara.
Taiguara, chamado de Cantor dos Festivais foi o artista mais
proibido do período em que esteve em vigência o famigerado Ato Institucional nº
5.
Que essa desgraça nunca mais caia sobre nós!
No acervo do Instituto Memória Brasil, IMB, se acha muitos
discos e livros da época em que a Censura foi mais violenta entre nós.
Detalhe: em pesquisa publicada há 10 anos pelo paulistano
Folha de S.Paulo dizia que oito num grupo de dez brasileiros e brasileiras
nunca ouviram falar do AI-5 e suas consequências. Isso é péssimo, não é?
Para lembrar ouça:
A canção Pra Não Dizer que não Falei de Flores foi liberada
ao público depois de uma longa e polêmica entrevista que fiz com o autor,
Geraldo Vandré, publicada em setembro de 1978 no suplemento dominical, extinto,
da Folha.