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Ilustração de Fausto Bergocce
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O desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro e de São Paulo começaram nesta sexta-feira 22, a partir das 22h.
Na Sapucaí desfilarão Imperatriz Leopoldinense, Estação Primeira de Mangueira, Acadêmicos do Salgueiro, São Clemente, Unidos do Viradouro e Beija-Flor de Nilópolis.
A Salgueiro e a Beija-Flor desenvolveram seu samba com base no negro escravizado, no Brasil.
Em São Paulo, nessa primeira noite de desfile, estarão no Sambódromo do Anhembi as escolas
A Colorado do Brás escolheu a mineira negra Carolina Maria de Jesus como enredo do seu samba.
A Mocidade, por sua vez, escolheu a cantora negra fluminense
Clementina de Jesus mexer com a sensibilidade dos foliões. É maravilhoso esse samba.
Curiosidade: A Academicos do Tatuapé entrará na avenida com o samba Preto Velho Conta A Saga Do Café Num Canto De Fé, assinado por 22 compositores. É demais, não?
A história segue.
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Representação de um Entrudo
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A pandemia provocada pelo Novo Coronavírus tirou da avenida o Carnaval e carnavalescos de 2020 e 2021.
Essa pandemia, que no Brasil já matou quase 700 mil pessoas, promete não sair do ar tão cedo.
Domingo 17 o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, ocupou a cadeia nacional de rádio e televisão para anunciar aos brasileiros e brasileiras que chegara ao fim a Emergência em Saúde Pública relacionada à Covid-19. Decisão sua e do jeitinho que seu chefe queria. Ora, ora. Queiroga pegou onhonha e ficou doido.
Onhonha é um mal ainda desconhecido pela Ciência, mas especialistas em bestialidade garantem que quem o pega são cretinos, puxa-sacos, que desse modo lutam para garantir o seu nome na lata de lixo da história.
Bolsonaro tem onhonha desde pequeno, desde quando começou a dedurar pessoas e a fazer mal a elas.
Numa tentativa talvez inconsciente e quase desesperada de exorcizar todos os malefícios e mágoas advindos do Coronavírus, neste 2022 os foliões prometem descontar e pular e beber até o corpo aguentar. É isso, pelo menos, o que sugere o noticiário de rádio, jornal e TV.
O Carnaval cai normalmente no mês de fevereiro, às vezes em março. Neste ano, em abril.
O mês de abril foi escolhido por causa do feriado de Tiradentes.
Sobrou pra Tiradentes.
Tiradentes foi o primeiro herói reconhecido oficialmente pela luta que travou contra os invasores portugueses.
Existem ampla literatura e vários sambas de enredo enaltecendo o nome de Tiradentes.
Os desfiles de escolas de samba em São Paulo começaram em 1968, na avenida São João. Depois em 1977, os desfiles foram transferidos para a avenida Tiradentes e daí para o Sambódromo, em 1991.
Neste ano de 2022, a escola
Acadêmicos do Tucuruvi entra no Anhembi lembrando velhos carnavais e dos desfiles da avenida Tiradentes.
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Carro dos Democráticos
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E a história segue…
Os desfiles de escolas de samba começaram no Rio, todo mundo ou quase todo mundo sabe disso.
São Paulo sempre ficou em 2º plano nos desfiles de avenida. Mas hoje São Paulo não deve nada ao Rio de Janeiro, e se deve é muito pouco.
A primeira escola de samba surgida no Brasil foi Deixa Falar, no Rio. Em São Paulo,
Lavapés, em 1937.
Os sambas de enredo são marcas indeléveis na história do nosso Carnaval. Contam a trajetória de grandes nomes da nossa história, como Tiradentes e Castro Alves. Mas antes de falar disso, quero lembrar dos primórdios. Lá de trás, dos tempos do
Entrudo.
O Entrudo era uma graça sem graça. Coisa de mau gosto.
O tempo foi passando e as coisas se modificando, claro.
Enquanto rolava a brincadeira sem graça do Entrudo, foram surgindo cordões, ranchos e
blocos que faziam a festa do povo e da elite.
No Rio surgiram grandes grupos de foliões, como Tenentes do Diabo (1855), Democráticos (1867) e
Fenianos (1869).
Tenentes do Diabo, embora criado em 1855, só começou a funcionar em 1867. Curiosidade: o Fenianos deve seu nome aos soldados que lutaram pela libertação da Irlanda contra as amarras inglesas.
No século seguinte, 20, os grupos carnavalescos continuaram surgindo no Rio e São Paulo, principalmente.
Fala meu Louro ficou marcado na história do Carnaval carioca.
No Carnaval carioca também ficou marcado o Cordão do Bola Preta, criado em 1918 e em atividade até hoje. É assim, o mais antigo do Brasil e o que arrasta mais foliões. O seu berço é a Lapa.
Os corsos ganharam formas e adeptos nas avenidas dos grandes centros, como o Rio de Janeiro.
E em São Paulo, hein?
Além dos corsos, surgiu o Grupo Carnavalesco da Barra Funda, criado por
Dionísio Barbosa. Esse grupo, cujo integrantes utilizavam vestimenta verde e branca, foram perseguidos pela ditadura Vargas. Motivo: as cores lembravam a bandeira dos Integralistas de Plínio Salgado. Durou até 1936.
No carnaval paulistano há, hoje, mais de 700 blocos. E no Rio, pelo menos 500.
Em Recife, João Pessoa, Florianópolis e outras capitais brasileiras também têm grandes blocos carnavalescos.O maior bloco do Nordeste é o
Galo da Madrugada.