O erudito e o popular se misturam no rádio e televisão.
Há 100 anos, quando o rádio foi inaugurado no Brasil, ainda não havia repórteres pondo a voz e as reportagens no ar. Só no final dos anos 30, começo dos 40, é que a figura do rádio-repórter passou a informar os ouvintes. Hoje há rádios voltadas especialmente para o radiojornalismo, como a CBN (Central Brasileira de Notícias; FM 90,5).
A primeira emissora de rádio com Frequência Modulada (FM) surgiu em 1971. Nome: Imprensa, FM 102,5.
Todos os grandes artistas, principalmente da música popular, passaram e continuam passando pelas emissoras de rádio. E até compositores e maestros, como o paulistano Júlio Medaglia, tem programa no rádio. No caso, na Cultura FM 103,3.
Há 35 anos, Júlio Medaglia faz-se presente com o programa Fim de Tarde.
A história de Júlio Medaglia é uma história interessantíssima, importantíssima. Fez parte do Tropicalismo e até um programa de TV criou e apresenta desde outubro de 2005 na TV Cultura. Título: Prelúdio. E chegou a ser até diretor da rádio Roquette Pinto.
Eu pedi e Júlio escreveu o texto que segue:
O rádio brasileiro representa (ou representou) um dos exemplos mais significativos de nossa cultura popular. Na época de sua implantação na Europa, os profissionais foram logo buscar em suas tradições culturais, a matéria prima do veículo. O rádio europeu transmitia peças literárias, teatrais, concertos, o máximo a que chegaram da cultura mais popular, era o cabaré. Ou seja. O rádio naquele continente era um veículo de outros veículos.
Como o Brasil não possui tradições tão pesadas como as europeias, os brasileiros foram brincar com o som transmitido e acabaram criando uma linguagem própria e muito original. O radialista nacional imediatamente inventou uma forma de jogar com a imaginação dos ouvintes, manipulando de forma brilhante o feitiço sonoro, fazendo o fazendo absorver aquelas sonoridades de forma criativa. As radiofonizações de novelas eram um primor, pois envolvidas em riquíssima sonoplastia de música clássica do século XX e final do XIX, transformava as ingênuas novelinhas em verdadeiras óperas faladas. Sim, porque os radio-atores impostavam a voz como se estivessem cantando.
Toda a música popular brasileira, da fundação do rádio até os anos 60, tinha no rádio seu principal veículo. Todas as emissoras possuíam orquestras sinfônicas – algumas enormes, como as da Rádio Nacional ou as das grandes emissoras de São Paulo, ou menores, de acordo com as possibilidades comerciais da empresa.
O noticiário era envolvido num tipo de locução e sonoplastia como se a coisa acontecesse num palco teatral em sua casa.
Quando o rádio completou 50 anos eu era diretor da Rádio Roquette Pinto do Rio de Janeiro. Recebi na época, patrocinado pelo Goethe Institut uma visita de radialistas alemães que aqui exibiram suas riquíssimas produções.
Deveriam fazer 4 palestras e eu uma pelo rádio brasileiro. Reuni trechos de novelas, humor dos mais variados, exibição de músicos populares famosos, irradiações de jogo de futebol e coisas assim. Quando acabou minha palestra um radialista alemão disse: não queremos fazer nossa última palestra. Pois o rádio que estamos trazendo e começando a fazer na Alemanha, moderno e criativo, é o que vocês fazem aqui no Brasil há 50 anos... Me orgulho, portanto, de ter, nesse veículo, um programa diário na Rádio Cultura de São Paulo à 5 da tarde, há 35 anos. Fim de tarde com o maestro Júlio Medaglia que assina esta crônica.
Como o Brasil não possui tradições tão pesadas como as europeias, os brasileiros foram brincar com o som transmitido e acabaram criando uma linguagem própria e muito original. O radialista nacional imediatamente inventou uma forma de jogar com a imaginação dos ouvintes, manipulando de forma brilhante o feitiço sonoro, fazendo o fazendo absorver aquelas sonoridades de forma criativa. As radiofonizações de novelas eram um primor, pois envolvidas em riquíssima sonoplastia de música clássica do século XX e final do XIX, transformava as ingênuas novelinhas em verdadeiras óperas faladas. Sim, porque os radio-atores impostavam a voz como se estivessem cantando.
Toda a música popular brasileira, da fundação do rádio até os anos 60, tinha no rádio seu principal veículo. Todas as emissoras possuíam orquestras sinfônicas – algumas enormes, como as da Rádio Nacional ou as das grandes emissoras de São Paulo, ou menores, de acordo com as possibilidades comerciais da empresa.
O noticiário era envolvido num tipo de locução e sonoplastia como se a coisa acontecesse num palco teatral em sua casa.
Quando o rádio completou 50 anos eu era diretor da Rádio Roquette Pinto do Rio de Janeiro. Recebi na época, patrocinado pelo Goethe Institut uma visita de radialistas alemães que aqui exibiram suas riquíssimas produções.
Deveriam fazer 4 palestras e eu uma pelo rádio brasileiro. Reuni trechos de novelas, humor dos mais variados, exibição de músicos populares famosos, irradiações de jogo de futebol e coisas assim. Quando acabou minha palestra um radialista alemão disse: não queremos fazer nossa última palestra. Pois o rádio que estamos trazendo e começando a fazer na Alemanha, moderno e criativo, é o que vocês fazem aqui no Brasil há 50 anos... Me orgulho, portanto, de ter, nesse veículo, um programa diário na Rádio Cultura de São Paulo à 5 da tarde, há 35 anos. Fim de tarde com o maestro Júlio Medaglia que assina esta crônica.