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segunda-feira, 16 de setembro de 2013

SABIÁ, A AVE-SÍMBOLO DO BRASIL

Diz a lenda que um sabiá-laranjeira todos os dias exibia seu trinar do alto de uma palmeira na Praça da Sé.
Ele trinava e trinava ao amanhecer, mas só uma menina de rua o escutava.
Mas um dia a menina notou que o sabiá sumira.
E ela ficou muito preocupada com isso, até que lhe foi dito que o sabiá fora-se embora porque as pessoas não gostavam dele.
Pois é, simples assim: as pessoas não gostavam dele.
E não gostavam dele porque trinava e trinava bem alto, parecendo provocação.
Em notícia de quase página inteira o jornal Folha de S.Paulo diz hoje que o trinar dos sabiás está incomodando os paulistanos.  
Pode?
Pode sim, especialmente quando as pessoas perdem a sensibilidade e trocam o trinar dos pássaros pelo barulho das ruas e dos carros.
O repórter o que nem deveria dizer, ou seja: que o belo trinar dos sabiás é comparado ao som de uma flauta doce.
Pois é, e desde quando o som bem tirado de uma flauta doce pode incomodar alguém, hein?
O trinar dos sabiás servem para seus filhotes aprenderem a também trinar.
E se os sabiás fazem isso da madrugada para o amanhecer é para não expor os filhotes aos predadores, que não são poucos.
Uma pergunta: você sabia que o sabiá-laranjeira é a ave-símbolo do Estado de São Paulo, desde 1966?
Outra: que o sabiá-laranjeira é a ave-símbolo do Brasil, desde 2002?
O sabiá é personagem de muitas obras literárias e musicais.
Quem não se lembra destes versos, do maranhense Gonçalves Dias constante do poema famoso Canção do Exílio?

Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá...

É de Luiz Gonzaga e Zé Dantas o baião Sabiá, cujos versos dizem:

A todo mundo eu dou psiu
Perguntando por meu bem
Tendo um coração vazio
Vivo assim a dar psiu
Sabiá vem cá também...

Aliás, o seguinte: o sabiá como “personagem” musical se acha na discografia brasileira desde os primeiros anos do século passado, quando o cantor e violinista carioca, de Campos, Mario Pinheiro gravou no estrangeiro a modinha Sabiá, de autor desconhecido, para a Victor Record. Isso entre 1910, 1911.
O trinar do sabiá-laranjeira pode ser ouvido na moda Disparada, de Geraldo Vandré/Téo de Barros, numa gravação, para o selo musical Sabiá (acima), coordenada pelo ornitólogo Dalgas Frisch.
Fica o registro.  

SABIÁ-LARANJEIRA
No dia 13 de maio de 1937, o cantor carioca Patrício Teixeira (1893-1972) entrou num estúdio da extinta Victor, no Rio, e gravou o samba Sabiá-laranjeira, de Max Bulhões e Milton de Oliveira, lançado à praça três meses depois.
Clique, ouça e opine:
http://www.youtube.com/watch?v=0Zx0lw1-cAA

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