Na África também nasceu o jumento, que o rei do baião Luiz Gonzaga chamava de “nosso irmão”.
Mas esse animal, referido no Evangelho de Mateus (2, 13-18) como meio de fuga de Jesus, Maria e José para o Egito, está sendo abandonado nas ruas e estradas do interior do Brasil, e não só do Nordeste.
O que se faz com o jumento é maldade.
Num trecho da letra O Jumento é Nosso Irmão, de 1967 (LP O Sanfoneiro do Povo de Deus, RCA), dizem os autores Gonzaga e José Clemente:
O
jumento sempre foi
O maior desenvolvimentista
Do sertão...
Ajudou
o homem na vida diáriaO maior desenvolvimentista
Do sertão...
Ajudou o homem...
Ajudou o Brasil a se desenvolver,
Arrastou lenha...
Madeira, pedra, cal, cimento, tijolo, telha
Fez açude, estrada de rodagem,
Carregou água pra casa do homem,
Fez a feira e serviu de montaria
O jumento é nosso irmão...
E o homem em retribuição o que lhe dar?
Castigo, pancada, pau nas pernas, pau no lombo,
Pau no pescoço, pau na cara, nas orelhas...
A ideia agora é abatê-los e levá-los à mesa em pratos finos e ao calor das grelhas de churrasco.