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domingo, 29 de abril de 2012

VANDRÉ E TAIGUARA, NO SESC...

Dia 1º está chegando, do Trabalho.
O Sesc Belenzinho anuncia Vandré e Taiguara.
Vandré tá por cá, Taiguara tá por lá.
Que coisa!
De um jeito, dá pra pensar que ambos estarão juntos.
Não, impossível.
Marketing.
Importante é anunciar, o resto é resto.
Parece que o Sesc assumiu isso.
Isso por isso.
Ingressos esgotados.
Importa.
Eu agora, em horas poucas, estarei indo a Corumbá, MS.
Vou falar de Vandré e Taiguara; mas, principalmente, de Luiz Gonzaga, rei do baião.
Gonzaga é raiz, é marco.
Há 100 anos ele nasceu.
Mas dele 1000 anos se falará.
Viva o Brasil!

sábado, 28 de abril de 2012

CAROLINA MARIA DE JESUS, LIXÃO E AUDÁLIO DANTAS

Vi reportagem ontem no Globo Repórter sobre lixões.
Antes, acessei capítulos da novela Avenida Brasil.
Uma coisa a ver com outra, não?
No começo dos 70 - vejam -, fiz reportagem sobre esse assunto publicada no jornal pessoense O Norte (ao lado, chamada de 1ª página), hoje desativado.
O assunto é tão ontem como cantar de galo.
A Globo tinha, por isso mesmo, que dizer e mostrar mais.
História.
E nem falou da Carolina tão importante que mestre Audálio Dantas descobriu catando a vida no lixo coisas jogadas fora no Canindé de tempos idos.
Tão importante foi ela - e ele- que mereceu reportagens em grandes páginas de boa parte do mundo, incluindo a Time.
Alguém pode, porém, perguntar: mas ela não era lixão, do lixão.
Ok.
Ela, Carolina Maria de Jesus, catava a vida como catam todos que catam coisas jogadas fora para viver.
Audálio orientou.
Carolina fez livro (Quarto de Despejo) e ele fez publicar.
O poeta Manuel Bandeira elogiou, emocionado.
E tantos Brasil e mundo a fora.
Por que, então, a Plim, Plim não falou ontem de Carolina Maria de Jesus e Audálio Dantas, hein?
Não seria demais, é certo, porque, aliás, em 1983, a mesma Plim Plim fez um Caso Verdade inesquecível, enfocando a vida e consequências de Carolina Maria de Jesus.
A atriz Ruth de Souza interpetou Carolina, com uma verdade tanta como se fosse Carolina.
Repetir nem sempre é redundâcia.
Memória quando se quer é lembrança.
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A semana foi movimentada, com a seca torrando o Nordeste e Cachoeira fazendo torrentes de sacanagens Brasil a fora. Se brincar, o senador Demóstenes sairá dessa historia como vítima e pedindo indenização por perdas e danos ou sei lá o quê.
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Patético: o governador Marconi Perillo pedindo investigação contra si própio.
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E o senador Aécio Neves, hein, defendendo em texto na Folha a necessidade de o Brasil privatizar o Brasil. O que dizer ou comentar? Arrisco:
- Para nós, Kafka; para os tucanos, óbvio.
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Essa idea da reforma do Código Florestal sempre me deixou com uma orelha de pé.
Não, as duas orelhas.
Do jeito que foi aprovado, vai sobrar, mesmo, pra os pequenos das ribeirinhas.
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Claro, Cacareco e as eleições de primeiro turno na França têm tudo a ver.
Ou vocês acham que devem ser levados a sério os votos para a extrema direita de lá?
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Esta semana que finda li um dos melhores textos sobre respeito, cidadania e direito, assinado por Ives Gandra da Silva Martins, na Folha. Entendo cada vez mais a necessidade de ler Ives.
Um mestre.
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Não tenho como deixar de lembrar o incrível Paulo Francis, com quem trabalhei nos tempos da Folha.
Uma tarde, junto com o cartunista Fortuna e outros amigos, almoçamos num boteco (vejam: para os mortais comuns, uma coisa incomum se tratando de Francis).
Lendo hoje a Folha, umas das porradas de Francis foi anuncianda como chamaraiz do livro lançado com coisas que escreveu. Uma:
- Vejo que o pivete José Guilherme Merquior está avancando corajosamente de cara contra meu punho...
Paulo Francis é inteligência que está faltando no jornalismo, hoje.
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Tô indo palestrar amanhã sobre brasilidade em Corumbá.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

MIGUEL DOS SANTOS, ARTE COM PERSONALIDADE

O multiartista plástico pernambucano Miguel dos Santos, inquieto a toda hora, continua a mil. Isto é: aprontando arte de maneira incansável e provocando o mundo com seus seres e mitos fantásticos saídos de sua fertilíssima e privilegiada imaginação.
Seu espaço de criação é a oficina que mantém viva e em movimento constante num bairro da capital paraibana, onde mora desde 1960.
Eu o conheci nos tempos que ele ainda assinava seus quadros com o pseudônimo Maiko.
Chegamos a estudar juntos, na Divisão de Extensão Artística da Universidade Federal da Paraíba.
Bons tempos.
Tínhamos como professores, entre outros, o pintor João Câmara Filho e o xilogravador Samico.
Não aprendi nada, embora me sobrasse dedicação.
As bobagens que pintei levavam o pseudônimo de Di Angelus.
Depois adotei outros, uns 15.
Alguns Di Angelus ficaram perdidos n´algum lugar da memória e nas páginas dos jornais da terrinha.
Certa vez, por acaso, reconheci alguns deles pendurados à toa nas paredes do extinto diário O Norte.
Eu desconhecia em mim qualquer talento no campo das artes plásticas, por isso segui outro rumo e me firmei no ramo profissional do Jornalismo.
Como jornalista, cheguei a assinar artigos, reportagens e críticas de literatura e artes com esse pseudônimo.
Abaixo, na edição de 18 de novembro de 1973 do jornal Correio da Paraíba, uma amostra.
Miguel continuou desenvolvendo sua arte.
Uma arte estupenda, de personalidade própria, forte, inquieta, provocadora e bela.
É único no que faz, no Brasil ou fora do Brasil.
Para melhor se entender, Miguel fez diversos experimentos, transitando por expressões que ignorava.
Fez música; aprendeu a tocar piano, por exemplo.
E a fazer poesia, tanto que chegou a lançar um livro com um punhado delas.
Ainda insatisfeito, ele caminhou por mais veredas desconhecidas.
O resultado foi o acúmulo de experiência, saber e fôlego como ceramista e escultor.
Logo chamou a atenção de nomes consagrados para a sua arte, como Clarival do Prado Valadares, Walmir Ayala, Ariano Suassuna e Pietro Maria Bardi.
Bardi, aliás, o convidou em fins dos 70 para expor no Masp.
Convite aceito.
Os aplausos da critica coroaram a exposição.
E também não custou para seus quadros serem vistos no horário nobre por milhões de noveleiros da Globo.
Eles ilustravam ambientes das novelas.
Hoje sua obra é disputada por marchands e colecionadores do mundo todo, tanto que cada vez mais lhe tem sido missão impossível juntar quantidade suficiente de quadros, cerâmicas e esculturas para uma individual em galerias de São Paulo, Rio de Janeiro ou de qualquer outro lugar do País e do Exterior.
Agora ele está mergulhado na produção de painéis com relevo (acima), é o que me informam.
Ah! Sim, sei: elogiar a obra de Miguel dos Santos é lugar comum, redundância das brabas.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

ITIRAPINA GANHA HINO DE ANTONIO MARQUES JR.

Hino é a reza de um povo, de um município, de um estado, de um país. E de uma agremiação esportiva também, como o Palmeiras, o Corinthians, o Flamengo ou o Treze Futebol Clune, de Campina Grande, PB.
Mas nem todos os municípios e até estados brasileiros têm um hino próprio, oficial.
O Estado de Minas Gerais, por exemplo, não tem; embora muitos considerem oficial a valsa Oh! Minas Gerais, cuja melodia foi extraída da canção napolitana Vieni Sul Mar, adaptada pelo mineiro De Morais e pelo pernambucano Manezinho Araújo, imortalizado como Rei da Embolada.
Minas, porém, é o Estado que maior número de municípios tem no seu mapa: 853.
Em 2º lugar vem o Estado de São Paulo, com 645, seguidos do Rio Grande do Sul, com 496 e a Bahia, com 417.
Roraima, cuja capital é Boa Vista, ao norte do País, tem no seu território o menor número de municípios dentre todas as demais unidades da Federação: 15.
Itirapina, cidade a 214 quilômetros da capital paulista, com 564,2 km² e pouco mais de 14 mil habitantes, acaba de ganhar o seu símbolo musical oficial composto pelo itirapinense Antonio Marques Jr. e pelo capitão músico José Leitão Sobrinho.
Antonio Marques Jr., filho de Antonio Augusto Marques e Beatriz de Jesus Marques, era músico profissional e autor de choros, polcas, baiões, valsas e marchas. Nasceu no dia 16 de fevereiro de 1916, de acordo com alguns documentos; e de acordo com outros, no dia 5 de novembro de 1912. Nos anos de 1930, ele integrou com seu violino o Grupo dos Caipiras ao lado de Antonio Ribeiro (cavaquinho) e José Laurindo (violão) e o Trio Seresta, junto com Ramires (cavaquinho) e Laurindo (violão).
Marques Jr., desaparecido no dia 5 de março de 1999, foi, sem dúvida, o artista que mais cantou Itirapina.
É dele, por exemplo, Luar de Itirapina, Recordações de Itirapina, Dobrado Itirapinense e Saudades de Itirapina.
Até para Itaquiri, único distrito de Itirapina, Marques Jr. compôs: Serenata em Itaquiri.
O Hino de de Itirapina (partitura acima) agora vai ganhar gravação em CD, para distribuição nas escolas e entidades culturais do Estado. Na foto abaixo, o Trio Seresta.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

MERENGUES E BÁVAROS, UM JOGAÇO!

Nem Lionel Messi, nem Cristiano Ronaldo.
O Baça caiu ontem, diante do Chelsea.
O Real Madrid caiu hoje, diante do Bayern.
Nos pênaltis.
Mas foi um jogaço, com direito a muitas emoções!
Os merengues caíram diante dos bávaros, na batida dos pênaltis.
Agora, a final pela Liga dos Campeões será na Alemanha, no próximo dia 19, como desejava o Bayern.
A vitória do Chelsea contra o Barça de Messi, ontem, deveu-se ao gol de bomba, golaço, do brasileiro Ramires que o técnico da seleção Mano Menezes ignora, sabe-se lá – e cá – por quê!
A vitória do Bayern contra o Real Madrid deveu-se à falha do brasileiro Kaká, que perdeu um gol ao se sair mal na batida de pênalti.
Esperemos a final, contra os ingleses.
A vida continua.
Enquanto isso, o Corinthians continua sua escalada pela Libertadores.
Agora está na 27ª posição, atrás do seu rival nas Oitavas, o Sport Emelec.
O Coringão também está atrás do Cruzeiro, Palmeiras e Grêmio.
Mas isso não o impede de perder mais um campeonato, diz maliciosa a torcida contrária.
Eu, hein!

LIBERTADORES
- Hoje à noite a TV transmite Bolivar x Santos, ao vivo, pela Libertadores, naturalmente. Depois de Messi e Cristiano Ronaldo, tem Neymar? Veremos no decorrer do jogo. Mas se Neymar não brilhar na partida, voltemos os olhos e inteligência aos times de várzea, que técnico nenhum tem dado bola, sem trocadilho...

terça-feira, 24 de abril de 2012

NA VIDA, TUDO PASSA

Pois é, se até o Corinthians perdeu para a Ponte, por que o Barça não poderia perder como perdeu, hoje, para o Chelsea, hein?
Elementar, meus caros.
E se sabemos que a terra é redonda e gira ela em torno do sol, por que nós, tolos humanos, nos espantamos tanto com cosas tan pequeñas?
Somos, enfim, o quê?
Passageiros, turistas da vida?
Não queremos problemas, mas eles vêm.
Não queremos dores, mas elas vêm.
Não queremos tantas coisas que não nos interessa, mas elas vêm.
O desafio é sair inteiro dos problemas, das dores, de tantas coisas que nos machucam.
Há dúvidas que os torcedores do Corinthians sofreram com a eliminação do Timão, no Paulistão?
Há dúvidas que os torcedores do Barcelona estão sofrendo com a eliminação do seu time da Liga dos Campeões?
Mas tudo na vida passa, disse um dia o filósofo dos corações machucados, Nélson Ned:

"... E nada fica, nada ficará
Só se encontra a felicidade
Quando se entrega o coração...".

Os tempos de ontem, hoje, são outros.
Isto é, o presente é passado...
E tudo passa muito rapidamente, numa fração de segundos.
Assim, num piscar d´olhos...
Viu?
Acalmemo-nos, pois.
Estamos no Outono, hahaha; e a Lua é Nova até domingo, quando farei palestra sobre o Lua em Corumbá, Mato Grosso do Sul.
Novos campeonatos recomeçarão amanhã.
E a razão da vida é: vivê-la.
Então...

segunda-feira, 23 de abril de 2012

AV. PAULISTA, UMA OBRA-PRIMA DE LUIZ GÊ

Sob qualquer aspecto, de argumento, roteiro ou traço, é uma obra-prima a história em quadrinhos Av. Paulista (ao lado, reprodução da capa) do craque do ramo Luiz Gê, que acaba de chegar à praça em brochura de 88 páginas coloridas, impressa pela Geográfica em couché reflex da Suzano, no formato 21x27 e chancelada pela editora especializada, a Quadrinhos na Cia.
A obra abre com um texto assinado pelo autor sobre suas lembranças dos tempos de menino na capital de São Paulo, onde nasceu e se profissionalizou primeiro como arquiteto formado pela USP.
O cenário de suas memórias expressas na obra, para melhor compreensão do leitor, é a Paulista velha de guerra há muito símbolo e cartão postal da Paulicéia de que falava o poeta, romancista e estudioso da nossa cultura Mário de Andrade.
Gê recorda passagens interessantes nas suas idas e vindas à escola, depois à faculdade.
Conta do início de sua carreira como estudante e quadrinista, das dificuldades de publicar suas primeiras histórias, das revistas que ajudou a criar, como a Balão; da sua passagem pela Folha como cartunista e de outros momentos valiosos que sua memória guardou ora como coadjuvante, ora como personagem de destaque na vida paulistana.
A São Paulo tão cantada e decantada é relíquia que há muito ele registra em quadrinhos.
Outros contaram de formas diversas, até pela via da música, a história da cidade e também da avenida, cuja extensão é de quase três quilômetros, em linha reta.
Só com seu nome como título, há uma dezena.
E outras com variações, como Canção da Avenida Paulista, de Mário Albanese e Geraldo Vidigal, gravada por Inezita Barroso e Agnaldo Rayol em 1991.
Por fim, Gê conta como se deu a iniciativa de roteirizar e desenhar Av. Paulista que há duas décadas ganhou as páginas de uma edição especial da Revista Goodyear, hoje sem dúvida raro exemplar de colecionador.
Gê remete o leitor desde pouco antes de a famosa avenida ser inagurada no dia 5 de dezembro de 1891, quando ainda era servida por uma linha de bonde e sua iluminação era mais do que precária.
Para contar essa história, o artista mergulhou fundo em pesquisas históricas e iconográficas.
Teve acesso a documentos importantes e visitou ambientes de acesso restrito ao público, além de entrevistar síndicos da região e outras pessoas.
E assim surgiu a Av. Paulista, uma mistura do real com a ficção.
A própria vida é uma mistura disso.
Só que o olhar e o talento de Luiz Gê captam isso tudo de maneira perfeita e muito rapidamente.
Os textos muito bem escritos que entremeiam a história são detalhes preciosos à parte.
Gê traz às páginas o que o olho comum aparentemente não ver.
Mas mais do que falar dele é ler as suas histórias, a começar por Av. Paulista.
Boa leitura a todos.
Viva Gê!
A propósito, o amigo aí já foi ver a exposição Roteiro Musical da Cidade de São Paulo, instalada no Sesc Santana. Então, vá. Valerá a apena, garanto. Uma amostra, num clique:

domingo, 22 de abril de 2012

OUTONO ATRASADO

Um mês depois da entrada oficial do outono, só agora, pra valer, essa estação começa a dar a cara.
Primeiro, foi ontem.
Clima ameno, tranquilo, de vento frio e garoa.
Repetido hoje.
Nesse tempo, a gente fica com cara de bobo.
Imangens esquecidas nos tornam à mente.
Lembramos de coisas, de histórias.
Parece que ouço, lá longe, o Alceu cantando o belíssimo poema do seu conterrâneo pernambucano, Pena Filho.
Aquele que fala de chopp, de mesa em bar.
Lá vem o refrão que não saiu da memória, este:

São trinta copos de chopp,
São trinta homens sentados,
Trezentos desejos presos,
Trinta mil sonhos frustrados...

Olhei para o teto, para os lados, desliguei da vitrola Gonzaga cantando Asa Branca, enfiei a roupa no corpo e decidi bater pernas em direção a um shopping.
Eu estava com fome e o lugar estava entupido de gente de todo tipo e idade.
Não gosto de shopping, mas fui.
Antes, a avenida que me levou ao tal, a Angélica, era uma confusão só: totalmente engarrafada, uma chuvinha persistente caindo, o frio pegando e buzinas enlouquecedoras dos automóveis não paravam.
Ensurdecedor.
Começo da tarde.
O taxista me diz o óbvio: é assim mesmo, daqui a pouco não haverá espaço nas ruas pra ninguém; nem para pessoas, nem para carros.
Já não há nem nos fins de semana, retruquei.
Bati num restaurante de nome Japengo ou algo parecido.
A pedida era um rodízio de sabores japoneses.
Imaginem! Um rodízio de comida japonesa.
Onde vamos parar?
O ambiente era pequeno; metido a chic, de uns 100 m², se tanto.
E três televisores pregados na parede, ligados.
Uma tortura.
Os garçons devagar, pra lá e pra cá sem trajes próprios da profissão.
No balcão, os responsáveis pelo preparo das iguarias trabalhando sem luvas...
Agora, pela janela do meu apartamento, veja a noite chegar.
O jornal anuncia Corinthians x Ponte Preta.
Vou assistir e depois findar de ler a história em quadrinhos de mestre Luiz Gê, Av. Paulista.

sábado, 21 de abril de 2012

ARTISTA JORGE MELLO, DE IMPROVISO NO JÔ

Ao contrário do sertanejo Elomar, eternamente recluso nas barrancas do Rio Gavião, na Bahia, e que detesta a Internet, o cantor, compositor, arranjador e maestro Jorge Mello, também cordelista e repentista autodefinido como trovador eletrônico, do Piauí, começa, aos poucos, a se mostrar com categoria no Youtube, postando entrevistas que ao longo do tempo concedeu a diversos apresentadores de TV, entre os quais Rolando Boldrin, Jô Soares, Ney Galvão, Inezita Barroso e até Jair Rodrigues, o mais que perfeito intérprete da moda de viola Disparada, da dupla Théo-Vandré.
A entrevista que ele deu a Jô, eu lembro bem.
Até uma fita VHS com ela, eu tenho guardada.
Ele quem me deu, à época.
Ainda não havia Internet e nem as facilidades e encantos de um toca DVD, pois também não havia DVD.
Quase todas as perguntas do apresentador, Jorge respondeu em versos, como, aliás, também o faria anos depois o poeta cearense Patativa do Assaré.
No caso de Patativa, pra fazer bonito Jô decorou uma estrofe em sextilhas, acho, e daí não saiu.
Foi ótima a performance de Patativa, toda de improviso, como ótima foi a performance de Jorge Mello, ao Jô.
Jorge deu uma aula de conhecimentos, mostrando o que sabia a respeito do repentismo que herdamos dos portugueses, que herdaram dos mouros...
Vale a pena ver. É só clicar:

sexta-feira, 20 de abril de 2012

VIVA O BRASIL, TRISTE BRASIL

Aos olhos do mundo o Brasil vai bem, obrigado.
Nossa economia de mercado livre e exportador ocupa hoje o 6º lugar no ranking entre os melhores países, segundo o FMI; ou o 7º, segundo o Banco Mundial.
Nosso PIB nominal é da ordem de US$ 2,48 trilhões ou R$ 4,14 trilhões.
Não é pouca coisa.
O diacho se acha no campo da educação e da cultura.
No item educação, estamos muito longe de alcançarmos os primeiros lugares no ranking que a mede.
No item cultura, estamos ainda no ponto em ponto morto, ao Deus-dará.
A cultura, pelos chamados caminhos do incentivo, ainda recebe migalhas.
Lamentável, se pensamos que a cultura é o que melhor identifica uma nação.
No item condições de vida, então...
Um em cada grupo de dez pessoas no Brasil vive em péssimas condições, na pobreza máxima.
No total, mais de 16 milhões de brasileiros come no dia a dia o pão que o diabo amassou.
E o que se vê na TV aberta ou a cabo?
Bobagens, bobagens mil.
E ainda vem o cidadão Ratinho falando como falou no seu programa do SBT, noite dessa, que é preciso investir na educação.
Falou o óbvio; e como e onde ele falou isso, soou mais do que falso.
Ratinho, Faustão, Gugu e outros televisivos contribuem enormemente para o emburrecimento do País, ou não?
Por outro lado, a rede pública de televisão da Fundação Padre Anchieta, que deveria primar pela programação que leva ao ar, está, como se vê, em franco processo de sucateamento.
Socorro!
A rádio USP, também pública, ainda apresenta aos ouvintes alguma coisa que presta, embora a sua grade de apresentação sofra a falta de apresentadores.
No fundo, a rádio USP é um grande “vitrolão”, ou seja: grosso modo, toca música sem apresentadores.
Parodiando Lobato, eu diria: Uma nação se forma com educação, cultura e respeito.
E pensar que até a Colômbia já superou o Brasil no propósito de implantar pelo menos uma biblioteca em cada município...
A defasagem brasileira nesse campo é grande, pois nos faltam bibliotecas em pelo menos 400 cidades, das 5.565.
Um governo que não prioriza o seu povo está fadado à globalização, no sentido mais triste do termo, é ou não é?

SESC
Danilo Miranda, diretor regional do SESC, à Folha de S.Paulo quinta passada:
“O Sesc se firmou por ter um foco muito objetivo, de oferecer cultura para todos. E cultura não é só arte, espetáculo e patrimônio. Tem a ver com valores, ética e estética, com a construção de uma sociedade ancorada na educação contínua e permanente”. Aliás, vocês já foram ver a exposição Roteiro Musical da Cidade de São Paulo, instalada no Sesc, sob minha curadoria? Acho que vale a pena. E leve os amigos, parentes e aderentes. Nesse caso os vizinhos, namorados e namoradas, também. Estudantes de idades diversas em caravanas; universitários, doutores, jornalistas, poetas, escritores e artistas têm ido. Vá e depois me conte o que achou.

ECAD
CPI formada pelo Senado para investigar o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição de direitos autorais no campo musical deve apresentar obviedades, como formação de cartel, apropriação indébita e sonegação fiscal. E com os infratores, o que deverá ocorrer?

CPI
O Congresso anuncia a formação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar a lambança do bicheiro Cachoeira, que a Globo chama de empresário. Tapem as narinas, porque a catinga pode se espalhar ainda mais do que já se espalhou. Um chuá de porcarias se avizinha.

LUIZ GONZAGA
Pipocam em todo o País homenagens a Luiz Gonzaga, em nome do seu centenário de nascimento. Muito justo, mas aguardo novidades em torno da obra do criador do baião.

BRASIL
Claro, continuo acreditando piamente que o Brasil viverá bons tempos comigo ainda por cá.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

UMA REVELAÇÃO FAÇO HOJE, COMPARTILHEM

Eu vou revelar uma coisa.
Uma coisa que, de certo modo, passou em branco a mim.
Eu sou displicente.
Uma coisa simples quero dizer, bonita, como são as coisas simples.
Um dia, eu quis gravar algo do Guimarães Rosa, um mestre reinventor da nossa língua como o cantador repentista Zé Limeira.
A primeira página do Grande Sertão: Veredas, eu queria gravar.
Gravei.
De uma tomada só, sem repetição.
Ou eu estava inspirado, que é uma bobagem isso, ou eu estava tomado do Rosa, que para as sensibilidades não é e nunca será novidade.
E aí saiu.
Acho até que ficou bonito o texto que interpretei da primeira página de Grande Sertão.
Uma das minhas filhas, Clarissa, caçula, linda, disse que adorou o que gravei; tanto que prometeu fazer, digamos, uma ilustração para o áudio que ouviu.
Surpresa pra mim: incrível!
E só hoje, imperdoável, eu vi/ouvi o que ela fez.
Confiram clicando abaixo o texto A Seca Volta a Arder no Nordeste.
Uma leitura expressa por João Duarte, filho, em O Sertão e o Centro, de 1939 (Livraria José Olympio
Editora), começa assim:
“O sertão era o Nordeste. Sertão brasileiro que só se entremostrava, antigamente, nas eternas lamentações contra as secas, contra o êxodo eterno dos homens magros, das mulheres esqueléticas, dos meninos famintos, de todas aquelas populações desgraçadas, fazendo fila nas estradas poeirentas, como se fossem uma centopeia humana; o sertão era o Nordeste que somente aparecia no resto do Brasil para fornecer homens para a guerra, para encher efetivos policiais estaduais e de batalhões de marinha, para pedir auxílios que não se davam e que morriam, como o sertanejo, nos exercícios findos dos orçamentos. O sertão era o sol e a falta d´água...”
O Nordeste tem muito mais a dar, mas o rádio e a televisão, os jornais e as revistas de hoje não falam disso.
Por que, hein?
Ficamos por cá.

terça-feira, 17 de abril de 2012

BLOG Nº 500!

Só agora notei que o texto que acabo de postar, abaixo, é o de nº 500.
500!
Dizem que jornalista é o cidadão que acha que sabe de tudo, mas na verdade não sabe de nada.
Isso, aliás, já dizia o anteniense Sócrates, na velha Grécia:
- Sei que nada sei.
Pois bem, mesmo nada sabendo, no correr dos dias tenho postado textos nos quais informo e opino.
Do mal da omissão não morrerei.
O primeiro texto que publiquei neste blog, no dia 1º de abril de 2009, foi sobre Vanja Orico, atriz e cantora de renome internacional, nascida no Rio de Janeiro, onde mora até hoje.
Com ela me apresentei no Sesc Consolação, para uma plateia seleta e atenta.
Depois e depois falei sobre a música de São Paulo, de Paulo Vanzolini, Luiz Gonzaga, Inezita Barroso, Altamiro Carrilho, Oliveira de Panelas, Rolando Boldrin, Vital Farias, Xangai, Elomar, Costa Senna, Celia & Celma, José Antônio Severo, Patativa do Assaré, Roniwalter Jatobá, Lula, Osvaldinho da Cuíca, Lampião, Miguel dos Santos; do choro, do samba etc.
Escrevi comentários sobre artes plásticas, cinema, política, futebol, televisão, romance e romancistas, poesia e poetas, jornalistas e teatrólogos.
De tudo um pouco eu tenho falado.
Do bem e do mau.
Elogiei quando tive de elogiar um livro, um disco, um filme.
E vamos que vamos!
Você já foi visitar a exposição Roteiro Musical da Cidade de São Paulo, no Sesc Santana?
Então, vá.

A SECA VOLTA A ARDER NO NORDESTE

A seca d´água continua vitimando gente e bicho em parte do Nordeste.
Centenas de municípios do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas estão hoje com estados de emergência decretados.
A Bahia é a região mais atingida, junto com o Piauí.
Mais de 4 milhões de pessoas estão sofrendo com essa seca, já vista como uma das maiores do século.
A seca tem provocado também centenas de focos de incêndio Nordeste afora.
Para amenizar o problema, o governo federal tem liberado alguns recursos.
Por que não extinguir o problema?
Só não há solução para a morte...
Do século 19, a maior estiagem ocorreu em 1877.
O Ceará foi o Estado mais atingido.
Pelo menos 500 mil pessoas morreram, na ocasião.
O imperador Dom Pedro chorou pitangas e foi pessoalmente à área da tragédia. Depois do que viu, prometeu vender até “a última joia da Coroa”.
Promessa não cumprida.
E as tragédias se sucederam.
As maiores do século 20 se localizaram também no Nordeste, entre 1934 e 1936; e 1979, que se prolongou até 1981.
Antes, em 1932, houve uma grandona no Ceará que dizimou muita gente.
Essa inspirou o poeta Patativa do Assaré a compor a canção A Morte de Nanã.
Patativa também se inspiraria em 1981, quando compôs Seca D´água, com melodia de Chico Buarque e outros artistas que engrossaram um coral de quase 140 vozes num disco posto no mercado via Caixa Econômica Federal, cuja renda foi toda revertida às vítimas.
Mas o problema continua.
Até quando?
Em abril de 1962, o governo brasileiro conseguiu dos Estados Unidos um empréstimo de US$ 131 milhões para ajudar no combate à seca do Nordeste.
O dinheiro acabou e a seca continua.
Em 1953, Luiz Gonzaga e Zé Dantas compuseram Vozes da Seca, que Gonzaga gravou. A letra diz:

Seu doutô os nordestinos
Têm muita gratidão
Pelo auxílio dos sulistas
Nessa seca do sertão
Mas doutô uma esmola
A um homem qui é são
Ou lhe mata de vergonha
Ou vicia o cidadão...

O tema seca está na música, nas artes plásticas, no cinema, na TV, no teatro, na literatura, em todo canto e lugar.
Zé Lins e Guimarães Rosa deixaram obras-primas.
Clique para ouvir um trecho da obra-prima Grande Sertão: Veredas, que gravei nos estúdios da Rádio Globo, há alguns anos:

domingo, 15 de abril de 2012

E ZIZÃO ESTREIA QUANDO, HEIN?

Foi bonito o jogo Corinthians x Ponte Preta, findo há pouco em Campinas.
Mas poderia ter sido ainda mais bonito, caso Arão não tivesse partido pra cima de Maranhão com a violência que partiu, já no finalzinho do 2º tempo.
Uma pena.
A resposta do árbitro foi imediata e inquestionável: pênalti.
Além do pênalti, cartão amarelo para o agressor.
Justo.
Cajá foi escalado para marcar e marcou, diminuindo um tento a favor da Ponte.
Apesar da feiura da ação de Arão, o resultado coloca o time do Parque São Jorge de volta à posição de 1º lugar com 46 pontos, três a mais do que tem o São Paulo.
Detalhe: a Ponte jogou com a seleção B do Timão, de reservas (Chicão foi exceção), pois os titulares estão sendo poupados por Tite para a Libertadores.
E o chinês Zizão estreia quando, hein?

sábado, 14 de abril de 2012

COM QUANTOS PAUS SE FAZ UMA CANOA, HEIN?

No começo da tarde, fui dar uma volta na Benedito Calixto, em Pinheiros.
Fazia tempo que eu não punha os pés por lá.
Comprei discos na feirinha e depois fui almoçar no Consulado.
Sol quentíssimo, até parecia de verão.
Ou de inverno, sei lá!
O fato é que o sol de hoje não era de outono, era de lascar.
Comi um arrumadinho de carne seca e emborquei duas Germana pixoxotinhas e duas Original de jeito, geladas.
Revi amigos, entre os quais o Guilherme terminando pós na USP, de Economia.
Na mesa ao lado, com uma turma. o Fernando Rocha que um tempo atrás fez uma belíssima matéria comigo cá em casa sobre os festejos juninos para o SPTV, junto com o cinegrafista, e agora também ator premiado, Davi de Almeida.
Sim, hoje estava bonita a tarde na região do Consulado, do mineiro Geraldo Magela.
Até um flautista apareceu tocando, primeiro, o baião Assum Preto, de Gonzaga e Humberto, seguido do chorinho Carinhoso de Pixinguinha e Braguiha e até o samba Trem das Onze, de Adoniran.
Bom, agora vou ler os jornais do dia antes de me redebruçar sobre Augusto dos Anjos, que na minha meninice tanto me infernizou junto com Nietzche e Shopenhauer.
E a pergunta de hoje, é: com quantos paus se faz um canoa?
Antes de responderem, cliquem abaixo uma belo vídeo montado pelo craque Darlan Ferreira, sobre homenagem recebida na noite de terça 10, no restaurante Villa Tavola, no Bixiga de Adoniran. 

sexta-feira, 13 de abril de 2012

EVA PERÓN, LUIZ GONZAGA E LIA CORDONI

O leitor Jurandir Chamusca arrisca resposta à pergunta de ontem, neste blog.
- Gonzaga tocou para Truman numa cerimônia que não me lembro.
Mais ou menos e incompleta a resposta.
O Rei do Baião cantou para Harry Truman em agosto de 1947 em Petrópolis, região serrana do Rio.
Mas o que há em comum, mesmo, entre os dois, é o fato de não terem título universitário; como o ex-presidente Lula, aliás.
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Ontem foi 12, hoje é 13.
O dia de ontem foi de sorte, para muitos.
O ano tem 12 meses, os apóstolos de Cristo eram 12 e 12 são os signos do Zodíaco.
E há muitos outros 12 na nossa vida.
O 13, também.
Mas o 13 carrega peso pesado.
Principalmente quando cai numa sexta-feira.
Mais ainda quando a sexta é do mês de agosto...
Mas ainda estamos em abril.
Mesmo assim duas sextas-feiras já se passaram, contando com a de hoje.
Um inglês chamado Brown fez as contas e descobriu que de 400 em 400 anos há no nosso calendário 97 anos bissextos e 688 sextas-feiras 13. Detalhe: em cada 100 anos, há 172 sextas.
Ok, ok, é cultura inútil, portanto vamos debitá-la na caixinha de curiosidades.
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A cantora Lia Cordoni manda email pedindo uma correção, ela:
“Agradeço que tenha escrito a respeito do meu trabalho, mas acho importante que as informações estejam corretas.
Na quarta-feira lancei meu primeiro vídeo-clipe, mas o CD Samba-Fusão foi lançado em 2010, ok?!
No seu blog você coloca como se eu estivesse lançando o CD agora...
Corrija essa informação pra mim, por favor.
Se quiser saber mais sobre o Histórico do Projeto Samba-Fusão, está tudo documentado no meu site:
http://www.liacordoni.com/
A maioria das canções nasceu em 2007, o CD foi produzido entre 2008 e 2009, e lançado em 2010.
O clipe foi lançado agora em 2012.
Tudo de bom e um ótimo dia pra você!
Salve a música brasileira! E salve a música autoral!”.
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Outra perguntinha: Luiz Gonzaga também tocou para Eva Perón, mulher do general-presidente da Argentina Juan Domingo. Quando foi isso?

quinta-feira, 12 de abril de 2012

TRUMAN, HITLER E LUIZ GONZAGA

O 12 de abril de 1945 amanheceu de luto, nos Estados Unidos.
Nesse dia, vítima de complicações cerebrais, morria o 32º presidente da poderosa nação do centro da América do Norte, Roosevelt.
O vice Truman, atarantado, assumia o governo sem saber direito o que ocorria no caldeirão fervente das decisões em torno da 2ª Grande Guerra.
Hitler babava de ódio contra os humanos.
Sem dúvida, o mundo estava em perigo.
Por sua vez, o Brasil cumpria acordo firmado com os EUA, enviando toneladas de látex extraídas a duras penas das profundezas amazônicas pela vigorosa força nordestina.
Essa força foi decisiva para a vitória dos aliados contra os nazistas.
Contarei depois, em livro já adiantado.
Inexplicavelmente naquele 12 de abril não houve gravação musical nos estúdios da Victor, a segunda maior gravadora implantada no Brasil.
Era uma quinta-feira de sol, com pássaros trinando onde havia árvores e verde.
Um dia antes, o pernambucano Luiz Gonzaga realizava o sonho de gravar um disco cantando e não só solando sanfona, como até então fizera.
Ele já gravara 49 músicas, em 24 discos de 78 RPM (Rotações Por Minuto) com o selo da Victor.
Mas os mandachuvas da gravadora não o queriam cantando.
Gonzaga blefou, ele me disse:
“Contei que estava indo de mala e cuia para a Odeon, pois lá eu poderia gravar cantando”.
O blefe surtiu efeito.
No 11 de abril de 1945, Gonzaga entrou em estúdio gravou a mazurca Dança Mariquinha, dele e Miguel Lima; e Impertinente, uma polquinha só dele.
Sessenta e tantos anos depois, o resto dessa história todo mundo sabe.
Pois bem, e hoje estamos no ano do seu centenário de nascimento.
No vídeo abaixo, uma apresentação que fiz numa das unidades do CEU (Centro Educativo Unificado), ao lado do violonista, cantor e compositor baiano Gereba. Clique:
Ah! Antes, uma pergunta: você o que há em comum entre Truman e o Rei do Baião?

quarta-feira, 11 de abril de 2012

PADRE LANDELL, A UM PASSO DO RECONHECIMENTO

A paulistana de trinta e poucos anos Lia Cordoni não é propriamente uma revolucionária na arte do canto, mas também não faz feio no disco de estreia que está chegando ao mercado por meios próprios, com distribuição da Trattore.
Sua voz é boa, sua dicção também.
As letras são simples, todas de autoria de Jairo Cechin.
O carro chefe do disco é uma suposta mistura de ritmos intitulada Samba-fusão, que abusa de citações a gêneros musicais.
Ela canta, talvez explicando a razão da “fusão”:

...Samba-fusão, samba-fusão
É hip-hop, reggae rap
Repente, rock, baião...

O samba vem de longe, dos batuques negros de além África, e ganhou forma na casa da velha baiana Tia Ciata nos primeiros anos do século passado, no Rio de Janeiro.
A primeira gravação de um samba (Pelo Telefone), que nem era samba, era maxixe, data da virada de 1916 para o carnaval de 17.
Sucesso enorme.
Mas isso não vem ao caso.
O caso é que Lia Cordoni tem voz bonita, apurada, e sabe se movimentar em público, mesmo quando imita os trejeitos da gauchinha Elis Regina, de saudosa memória.
Caso se dedique à profissão que está abraçando, poderá ir longe.
Bons ouvidos carecem de boas vozes.
Na discografia brasileira, desde a era dos discos de cera, de 78 RPM, há todo tipo de samba, como sambalanço, sambatuque, sambaião, samba acalanto, samba de breque, samba caipira, samba choro, samba chula, samba estilizado, samba exaltação, samba tango, samba tuiste, samba de roda e mais uma infinidade de outras variações ou "fusões".
Agora mesmo o craque Criolo está fazendo bonito, misturando ritmos.
Jorge Ben fez algo parecido, lá atrás.
Odair Cabeça de Poeta, também.
E tantos.
O disco de Lia será lançado com um pocket show na Fenac, loja da avenida Paulista, logo mais a partir das 19 horas.
Vale conferir.

HERÓI DA PÁTRIA
O padre gaúcho Roberto Landell de Moura (1861-1928) está a um passo de ter o nome reconhecido pelo governo e incluido no Livro dos Heróis da Pátria. Campanha nesse sentido foi abraçada pelo ex-senador Sérgio Zambiasi e continuada por sua sucessora, Ana Amélia. Na imprensa, ganhou força através do newsletter Jornalistas&Cia., dirigido por Edu Ribeiro. O padre Landell é pioneiro das telecomunicações. Além disso, ele inventou o rádio e o telefone sem fio. O rádio nasceu da experiência que fez entre a avenida Paulista e o bairro de Santana no dia 3 de junho de 1900, dois anos antes de ser gravada por Bahiano a primeira música em disco, no Brasil: Isto é Bom, lundu de Xisto Bahia. Para o padre virar oficialmente herói brasileiro, basta uma assinatura da presidente Dilma Rousseff.

terça-feira, 10 de abril de 2012

DIRETAS JÁ: 18 ANOS E MOVIMENTO, UMA REPORTAGEM

Num dia como hoje, terça 10 de abril, há 18 anos, ocorria na região da Candelária, no Rio de Janeiro, a maior manifestação popular já realizada no País: o comício pelas eleições Diretas, que reuniu cerca de 1,2 milhão de pessoas.
O comício foi o começo do fim do regime militar implantado no Brasil desde a tomada de poder, em 1964.
Às 14 horas, a multidão começou a se aglomerar.
Às 16h10, começaram os discursos.
Discursaram artistas, intelectuais, políticos; entre os quais vários governadores, antes de Brizola.
Já era tarde da noite, quando a multidão entoava o Hino Nacional.
O final foi cheio de emoção, quando a multidão toda cantava a todo pulmões a célebre canção Pra Não Dizer que Não Falei de Flores, do paraibano Geraldo Vandré.
Quinze dias depois, a grande decepção: a emenda pelas Diretas Já não foi aprovada pelo Congresso Nacional, pois eram preciso 320 votos, ou 2/3 dos deputados.
O resto da história se sabe: Tancredo venceu Maluf, no Colégio Eleitoral formado por 686 delegados de vários partidos, entre os quais PMDB e PT.
Esse era um tempo de exceção, com censura na imprensa, inclusive. Daí existirem vários jornais pequenos, alternativos, nanicos.
Entre os jornais alternativos à chamada grande imprensa, havia Pasquim, Opinião e Movimento.
Movimento teve 334 edições; a primeira no dia 7 de julho de 1975 e a última, no dia 23 de novembro de 1981.
Foi um jornal raçudo, de posição, cuja história se acha no livro Uma Reportagem que acompanha um DVD com todas as edições do jornal.
A obra é assinada por Carlos Azevedo, Marina Amaral e Natalia Viana (Manifesto Editora, 2011).
Leiam-no.
Leiam também um dos mais importantes livros sobre a nossa chamada imprensa nanica: Jornalismo de Guerrilha, a Imprensa Alternativa Brasileira - da Ditadura à Internet (Disal Editora, 2004). 

JEQUIBAU E MÁRIO ALBANESE
Logo mais, às 20 horas, estarei dando um abraço no amigo paulistano Mário Albanese (foto), cocriador com o maestro gaúcho Ciro Pereira. São dos dois o ritmo musical Jequibau, lançado mundialmente em agosto de 1965. Mário será homenageado pela Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo com um jantar no restaurante Vila Távola, no Bixiga de Adoniran Barbosa. Motivo? Trabalhos prestados à cultura. Flores em vida! Detalhe: Mário é destaque na exposição instalada na área de Convivência II do Sesc Santana, no Jardim Paulista, que continuará aberta à visitação pública até o próximo dia 27 de maio. Você ainda não a viu? Tá na hora...

segunda-feira, 9 de abril de 2012

AYRTON MUGNAINI, DE NOVO NA PRAÇA

Tem jornalista cantor, compositor, pintor, poeta, romancista, dramaturgo, cineasta, roteirista, humorista, político.
Tem jornalista metido em tudo quanto é profissão.
Conheço vários e bons, como Maída Novais, criadora do grupo Trovadores Urbanos; Chico César, hoje titular da Secretaria de Cultura do Estado da Paraíba; Carlos Aranha, cantor e compositor; Enio Squeff, pintor; José Nêumanne, poeta; Moacir Japiassu, romancista; Roniwalter Jatobá, contista...
Ayrton Mugnaini compõe, toca vários instrumentos de corda, pinta e borda, além de escrever e publicar livros sobre rock etc. e tal.
Sim, ele também é tradutor de inglês, juramentado, e tem composições gravadas por ele mesmo e outros intérpretes, como Falcão, Pato Fu e os grupos Língua de Trapo e Nasi & os Irmãos do Blues.
Chegou até a lançar músicas de sua autoria em LP.
Agora ele vem com mais um CD: Lados-E (de Eletrônica), com 23 faixas boas e curiosas, com letras e explicações bem feitas numa revistinha que acompanha o disco.
O novo CD de Ayrton traz ótimas participações, como Leo Nogueira, Osvaldir Spadim, Sonya Prazeres, Tato Fischer, Tereza Miguel, Wilson Rocha e Silva e a cantora paraibana Socorro Lira, interpretando A Letra do Caymmi, em homenagem a Dorival, que começa assim:

Tem a letra do Caymmi
Que eu lembro como é:
"Por que foi que eu vim de longe
Pra gostar dessa mulher"?
Pois agora inventei outra
Só pra poder te dizer:
Você veio de tão longe
Pra eu gostar de você...
.
Eu se fosse você, iria correndo procurar por aí esse disco de Ayrton Mugnaini. Começaria acessando o email milledischi@yahoo.com.br Depois entraria no endereço www.ayrtonmugnainijr.blogspot.com e até arriscaria a lhe telefonar (9116.3027), quem sabe ele atenderia, hein?

domingo, 8 de abril de 2012

JORNALISTAS EM FESTA E OPERETA INFANTIL

Ontem, 7 de abril, foi - não sei se foi - comemorado o Dia Nacional do Jornalista.
Nesse dia, 100 anos depois da chegada da família Real portuguesa ao Brasil, com a Imprensa Régia, foi fundada a Associação Brasileira de Imprensa, ABI, no Rio de Janeiro, por iniciativa do catarinense Gustavo de Lacerda, nascido em Desterro, atual Florianópolis, no ano de 1854.
Mas antes, no dia 16 de fevereiro, foi - não sei se foi - comemorado o Dia do Repórter.
Não sei, na verdade, o porquê da diferença entre repórter e jornalista.
Será porque repórter reporta notícias e o jornalista o que faz, então? Só trabalha em jornal e repórter nos meios de comunicação todos, incluindo rádio etc.?
Tem também o Dia do Repórter Fotográfico: 2 de setembro.
Justo, nesse caso.
O repórter fotográfico se difere do fotógrafo que simplesmente faz cliques num batizado, por exemplo; num casamento, num aniversário ou velório ou por mero divertimento ou passatempo ou hobby... Esse pode até ter uma foto publicada num jornal ou revista ilustrando uma notícia, um artigo, uma reportagem ou entrevista pingue-pongue, mas não pode ser considerado, no rigor do termo, um repórter fotográfico.
Um repórter fotográfico se especializa, vira profissional como José Pinto, Jorge Araújo, U. Dettmar...
A história da fotografia é antiga e não aponta apenas um nome como seu único descobridor.
Sabe-se que foram muitos os que se dedicaram às pesquisas que acabaram por nos revelar a arte e a importância da fotografia.
Uma das primeiras fotografias teve como autor o francês Joseph Nicéphore Niépce, que começou a mexer com compostos químicos e luz no início da primeira metade do século 18.
Antes até Da Vinci dava suas investidas nessa área, além da pintura que o tornou gênio.
Tem ainda o Dia do Jornalista Internacional: 8 de setembro,
E o Dia do Repórter Policial: 31 de outubro, mesma data dedicada ao Dia do Repórter Político.
Mas eu não ia falar nada disso.
Falei porque não falaram do criador do Prêmio Esso de Jornalismo, Ney Peixoto do Vale, que morreu em decorrência de um AVC no dia 1º de abril passado.
O prêmio que Ney criou, em 1955, surgiu com a denominação de Prêmio Esso de Reportagem, que teve como primeiro premiado, Mário de Moraes.
Como uma coisa puxa outra, e perguntar não ofende... Eu pergunto: o jornalista continua buscando a notícia ou a notícia anda buscando o jornalista?

BABÁ BOA
Babá boa nos Estados Unidos ganha até R$ 13 mil por mês, segundo a Folha de hoje. E um jornalista bom quanto ganha, aqui ou nos Stêites?

VERÍSSIMO
Muito bom o texto de Mário Prata publicado hoje na Folha, lembrando o imorrível Millôr. Na rua, a velhinha simpática o confundiu com Veríssimo, hahaha. Ótimo.

FALTAM TEXTOS
Textos como o do Prata estão faltando nos nossos jornais. Por que, hein? Edu, Audálio, Brickmann, Zé Hamilton, Zuenir, Dines e Guto têm respostas a essa pergunta? Experientes colegas continuam aposentados, fora do dia a dia e da pauta. Por que, hein? Os donos de jornais e editores nos matam a partir dos 40, que é quando ficamos melhor...

OPERETA
Não sei se pode ser chamada de opereta o musical Crianças do Brasil que assisti ontem à noite com os impecáveis Duofel e violinos, viola, cello e contrabaixo do Quinteto da Paraíba e arranjos de Adail Fernandes, no Auditório Ibirapuera. A obra de Fernando Melo e Luiz Bueno encanta, sim, mas não acho que seja uma opereta no sentido clássico do termo. Grosso modo, opereta é um resumo de ópera; uma história curta, com começo, meio e fim. Seu auge data dos fins do século 19, na Itália. Foi lá que se originou. É basicamente instrumental. Os instrumentos ganham “papéis” e “vida” próprios. A temática de Crianças do Brasil vem do massacre da noite de 23 de julho de 1993, em frente à Igreja da Candelária, Rio de Janeiro. Emociona e explica a longevidade incrível do Duofel no campo da música brasileira: 34 anos. Deixo aqui de comentar a segunda parte do espetáculo, por entender que o Duofel vai além dos Beatles.
Ah! O massacre da Calendária não rendeu Prêmio Esso.
Por que?

ZEZÉ FREITAS
A cantora Zézé Freitas convidando para espetáculo com seu Quarteto na próxima sexta 13, na Casa do Núcleo, à Rua Padre Cedro, nº 25, Alto de Pinheiros, a partir das 21 horas. Zezé é uma das melhores intérpretes de Zica Bergami, de Lampião de Gás. Reservas pelos telefones 3032.8401 e 3815.9714.

FUBÁ
Quer aprender a fazer um bom bolinho de fubá? Então, clique:

sexta-feira, 6 de abril de 2012

INEZITA BARROSO, DONA DE RESTAURANTE

- Você não sabia que eu fui dona de restaurante?
Não.
- Você não sabia que no meu restaurante tinha música ao vivo com Luiz Vieira, por exemplo?
Não.
- No meu restaurante eu sempre fiz do bom e melhor, por isso, talvez, durou ano e meio.
Eu não sabia...
- Nunca ninguém, até hoje, fez como eu fazia um picado à paulista...
Como era o nome do seu restaurante?
- Casa Inezita Barroso, na Avenida Santo Amaro, ano 1978.
...............
Esta conversa acabou de acontecer.
Foi agora, há cinco minutos.
Foi assim:
Inezita atendendo o telefone:
- Oi?... Só você, Assis...
Inezita continua sendo a mais importante cantora do Brasil, e como pessoa ou persoanalidade também.
Taí...
Aprendamos, não é?

quinta-feira, 5 de abril de 2012

DUOFEL NO AUDITÓRIO IBIRAPUERA, VAMOS?

O Duofel é uma incrível orquestra de violões formada por dois grandes artistas, Luiz e Fernando.
Fernando e Luiz (na foto) eram músicos aparentemente sem futuro, até o começo da segunda metade dos anos de 1970.
Luiz, um paulistano, tocava guitarra elétrica num grupo chamado The Ventures.
Fernando, alagoano, era cantor e tocava baixo elétrico na noite paulistana, apaixonado por rock, Elvis e Beatles.
Eu conheci a orquestra, isto é, a dupla, num ano qualquer dos 90, quando me encontrava à frente dos microfones da Rádio Capital, apresentando o programa referência da baoa música, São Paulo Capital Nordeste.
À época, os dois haviam gravado a moda de viola Disparada, do carioca Theo de Barros e do paraibano Geraldo Vandré.
Gostei dos dois tocando violões.
Na verdade, eu os achei incrível.
E de lá para cá tenho falado bastante a respeito de ambos.
Sábado e domingo próximos eles estarão se apresentando no Auditório Ibirapuera.
Estarei lá, junto com Andrea e Marina.
Tenho certeza de que farão um belo espetáculo.
Claro, vão tocar Beatles e outros bichos.
E certamente, Vandré.
Ah! Duofel?
Duofel é sinônimo mais que perfeito de boa música.
Vamos todos lá, no Auditório Ibirapuera?
Sábado estaremos lá, com certeza.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

PRORROGADA A EXPOSIÇÃO ROTEIRO MUSICAL

Acabo de ser informado que a exposição Roteiro Musical da Cidade de São Paulo continuará aberta à visitação pública, na área de Convivência II do Sesc Santana, até o próximo dia 27 de maio, em decorrência do grande sucesso de público e crítica. A mostra, da qual respondo pela Curadoria, foi inaugurada com coquetel para convidados na noite de 24 de janeiro. Desde então tem sido num crescente o número de visitantes, entre estudantes, artistas, jornalistas, escritores e público em geral.
No total, quase 30 mil pessoas a viram até agora.
Os dias mais movimentados são os de fim de semana.
Paralelamente à exposição, também chamada de instalação por conter ambientes especialmente criados por designers, arquitetos e montadores, se desenvolveu nos últimos três meses uma extensa programação musical, que contou com nomes expressivos da nossa música popular, como Inezita Barroso, Tom Zé (em visita à exposição, na foto), Altamiro Carrilho, Paulo Vanzolini, Mário Albanese, Eduardo Gudin, Elzo Augusto, Arrigo Barnabé, Lívio Tragtemberg, Fabiana Cozza, Osvaldinho da Cuíca e grupos de samba e choro.
Praticamente todos os gêneros musicais foram apresentados, de samba à valsa, passando por choro, batuque, rap e repente, esse último representado por Oliveira de Panelas e Sebastião Marinho.
No Roteiro Musical da Cidade de São Paulo se acha toda a evolução e variação musical da cidade.
As primeiras citações musicais à cidade se acham em discos gravados há cerca de 100 anos.
A história começa numa espécie de “túnel do tempo”, à entrada da mostra; seguida por uma linha memorial desde os anos 10 do século passado.
Foram criadas “janelas”, nas quais são homenageados grandes nomes da música, como Alberto Marino e Alberto Marino Jr., Paulo Vanzolini, Inezita Barroso, Zica Bergami, Adoniran Barbosa, os sambistas históricos, como Dionísio Barbosa e Geraldo Filme; os vanguardistas da cidade, como Itamar Assumpção, Suzana Salles, Tetê Espíndola e grupos Língua de Trapo e Premê; Mário Albanese, criador do ritmo Jequibau, ao lado do maestro Ciro Pereira etc.
Há ainda na mostra uma “Arena”, um “Boteco” e um “Mapa” da cidade.
Na Arena, destaque para dois grandes momentos da cidade: a Revolução de 1932, Constitucionalista; e os festejos comemorativos à fundação da cidade, em 1954.
No Boteco, o público poderá conferir uma amostragem musical dos times de futebol da cidade.
No Mapa, dispostos no chão, há círculos em que ao serem pisados acendem-se luzes e músicas feitas para determinados bairros são ouvidas.
O Brás é o bairro mais cantado pelos compositores.
Um jogo interativo, com base na exposição, foi impresso e está sendo distribuído nas escolas.
O SESC Santana se localiza à Avenida Luiz Dumont Villares, 579, Jardim São Paulo.
As visitas podem ser feitas entre as 10 e 21 hs, de terça a sábado; e aos domingos e feriados, das 10 às 18 hs.

MÁRIO ALBANESE
O compositor e instrumentista Mário Albanese será homenageado com um jantar pela Associação dos Comentaristas Esportivos do Estado de São Paulo no próximo dia 10, a partir das 20 horas, no restaurante Vila Tavola, à Rua 13 de Maio, Bixiga. Fica o registro.

terça-feira, 3 de abril de 2012

DE PAPO P'RO Á, AMANHÃ NO JORNALISTAS&CIA

É de autoria do mineiro de Uberaba Joubert de Carvalho a letra do cateretê de Papo P'ro á, sob melodia do pernambucano de Recife Olegário Mariano Carneiro da Cunha.
Essa música foi gravada pela primeira vez em disco de 78 RPM (rotações por minuto) no dia 28 de agosto de 1931, pelo paulista de Guaratinguetá Gastão Formenti.
Com alguns milhares de cópias, ela chegou à praça dois meses e poucos dias depois, através da extinta Victor, cujos estúdios ficavam na matriz, no Rio de Janeiro.
Tornou-se um clássico do nosso cancioneiro.
Um trecho:

...Quando no terreiro
Faz noite de luá
E vem a saudade
Me atormentá
Eu me vingo dela
Tocando viola
De papo p'ró á...

Há inúmeras gravações dessa música, no Brasil e no Exterior.
Joubert nasceu no dia 6 de março de 1900 e partiu para a eternidade no dia 20 de setembro de 1977.
Ele também é autor de outros clássicos populares, como a toada Maringá e a marcha-canção Ta-hí (Pra Você Gostar de Mim), cuja primeira gravação coube à portuguesinha Carmen Miranda, no finalzinho de 1929. Essa cantiga, gravada com acompanhamento da Orquestra Victor, à frente Pixinguinha, e participação especial à tuba o então futuro maestro Eleazar de Carvalho, foi lançada com grande sucesso no carnaval de 1930.
Maringá tem história própria.
Á época, o autor era estudante de Medicina.
Estudava no Rio.
Ao ser apresentado ao então ministro da Viação do governo Vargas, o paraibano José Américo de Almeida, já famoso pelo romance A Bagaceira, marco do regionalismo literário nordestino, ouviu a história de uma jovem retirante vítima da seca que assolava o interior da Paraíba. Chamava-se Maria, mas todos a conheciam por Maria do Ingá, por ser natural do município de Ingá, no Agreste paraibano. Lançada por Gastão Formenti, a toada logo ganhou a boca do povo. Tanto que em 1947 virou nome de uma cidade do Paraná, das mais belas e arborizadas do País, hoje com mais de 350 mil habitantes.
A coluna que passo a assinar no newsletter Jornalistas&Cia uma vez por semana, a partir de amanhã, é uma homenagem ao autor. Clique para ouvir o original De Papo P'ro á, com Gastão Formenti:

segunda-feira, 2 de abril de 2012

UM PAÍS SE FAZ COM HOMENS E LIVROS

Era uma vez um mundo muito doido, onde os pais não davam bola nem à História nem a histórias de ninar, aquelas de fazer bem a crianças do mundo todo.
E nem aos filhos os pais davam bola.
E não era bola de jogar pelada, era bola de desatenção.
E assim cresciam os filhos ao Deus dará, diante dos aparelhos de televisão.
Cresciam jogando game, matando gente e bicho por brincadeira.
Cresciam à toa, sem passado nem futuro.
...E os filhos iam à escola por obrigação.
Na escola, os professores não sabiam ensinar.
Na escola, os professores até errado falavam.
Mas os filhos dos pais que os mandavam à escola não ligavam pra isso e fingiam aprender a língua-mãe, Geografia. Matemática, Ciências e outras matérias.
Os professores fingiam que ensinavam e os alunos fingiam que aprendiam.
Era aquele um mundo muito doido.
Espécie de reino do faz-de-conta, às avessas.
Espécie péssima dos reinos encantados de verdade, aqueles habitados por príncipes e fadas e guerreiros valentes que não titubeavam um milésimo de segundo sequer para salvar princesas em apuros, fosse combatendo com espadas mágicas dragões ferozes, fosse pondo pra correr bruxas malvadas.
Até que um dia...
Bem, até que um dia alguém disse que um país se faz com homens e livros.
E aí tudo mudou.
Os pais começaram a se interessar por História e leitura.
Os pais começaram a dar importância aos filhos, que deixaram de lado o vício de ver TV e jogar games e assim nunca mais mataram gente nem bicho.
Na escola, os professores passaram a ensinar de verdade e de verdade os alunos passaram a aprender e descobriram durante pesquisas em livros didáticos o autor da frase que tratava de homens e livros: o paulista de Taubaté Monteiro Lobato.
E descobriram mais: que em homenagem a Lobato, autor de uma infinidade de obras para crianças e adolescentes, foi criado o Dia Nacional do Livro Infantil: 18 de abril.
Mas hoje é 2 de abril...
Descobriram que foi num 2 de abril que nasceu outro ilustre escritor: o dinamarquês Hans Christian Andersen.
Como Lobato, Andersen dedicou a vida a escrever histórias para o público infantojuvenil.
Como Lobato, Anderson nos legou à História obras-primas do gênero, como O Soldadinho de Chumbo, A Pequena Sereia e O Patinho Feio.
E como Lobato, Andersen ganhou o Dia Internacional do Livro Infantil.
É bom contar e ouvir histórias.
Você já leu A Menina Inezita Barroso?
Que viva a criança em todos nós!

domingo, 1 de abril de 2012

LEMBRANDO A ZEBRA DE 64 E O 1º DE ABRIL

Num dia como o de hoje, só que uma quarta-feira, o Brasil acordou em rebuliço, com tanques, soldados armados e cavalos nas ruas marchando contra civis.
No rosto das pessoas, medo e incerteza.
Um dia antes, João Goulart, o Jango, era deposto por pretender dá à luz a reforma agrária, assumir as refinarias de petróleo e tabelar os aluguéis.
No lugar dele assumiu, por 15 dias, o presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli.
Duas semanas depois, Mazzilli era substituído pelo marechal Castello Branco.
Com esse movimento era instalada a ditadura militar, que durou até 15 de janeiro de 1985, quando o mineiro Tancredo Neves foi escolhido presidente da República por um Colégio Eleitoral.
Detalhe: no governo parlamentarista (1961-62) de Jango, Tancredo foi Primeiro-Ministro.
O resto se sabe.
Hoje, no poder, se acha uma mulher que ajudou o País a voltar ao Estado de Direito: Dilma Rousseff.
Que o Brasil jamais volte ao Estado de Exceção.

DIA DA MENTIRA
Hoje, 1º de abril, é O Dia da Mentira ou dos Bobos, cujas origens remontam à França do século 16.
Boa parte do mundo brinca com essa data.
Muita gente já pagou "mico" nesse dia.
Personagens "mentirosos" aparecem em toda a história da literatura erudita e popular, como Seu Lunga, real, no Ceará; e, entre tantos, o fictício Pantaleão Pereira Peixoto, velho fazendeiro que tinha na mulher, Terta, a grande atestadora de seus incríveis feitos.
- É mentira, Terta? – perguntava em determinadas situações o seu criador, o humorista Chico Anysio, a sua dengosa, submissa e conivente amada.
E ela:
- É não...
Na Alemanha do século 17 surgiu o Barão de Münchhausen, mentiroso que só!
O cordelista Henrique César Pinheiro escreveu em sextilhas:

Existe gente na Terra
Sem ter credibilidade.
Mas os três priores sujeitos
Da triste modalidade,
Ganham de qualquer outro
Com muita facilidade.

Compõem essa trindade:
O bêbado, o torcedor,
Todo e qualquer político
Que engana seu eleitor.
Não torço mais este time
É o diz o perdedor

O bêbado de ressaca
Faz promessa ao criador
Que nunca mais vai beber
Na cabeça muita dor
O mundo inteiro girando
E ele tomando Anador.

Político pior raça
Que há na face da Terra.
Uma raça desprezível
Não vale que o gato enterra.
Promete como sem falta
E o eleitor só se ferra.

Após ganhar eleição
Do povo logo se esquece.
As promessas de campanha
Já não mais lhe apetece.
É esperar nomeação
E curtir o que merece.

Já o pobre torcedor
Não tem qualquer curtição.
Quando o seu time perde
É aturar a gozação.
E esperar outro jogo
Pra esquecer a frustração.

O diabo do cachaceiro
Espera passar ressaca.
Entra logo num boteco
E a velha cachaça ataca.
Não está nem preocupado
De encarar a jararaca.

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