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terça-feira, 31 de outubro de 2023

O MENINO E O MAR




O Brasil e o mundo estão pegando fogo. E também sofrendo com inundações, que provocam desespero e morte. No Amazonas, Norte do Brasil, a seca tá correndo solta. 
No Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, Sul do Brasil, a chuvarada está matando afogados bichos e gente. 
No Nordeste do Brasil, o sol quente de sempre cai forte na cabeça do povo.
Tanto no Norte quanto no Sul há caminhos para o Saci se divertir. No Nordeste também.
O Saci é um ser criado pela imaginação popular e como o Saci existem muitas criações povoando o mundo da imaginação. 
Sempre é tempo de pormos nossa imaginação no oco do mundo, para descobrir os seres mágicos que lá povoam. 
Seca d'água e enchentes ferem e matam.
E o mar, hein?
Sempre é tempo de pensarmos a respeito dos mares do nosso planetinha, que podem morrer secos ou matar tudo e todos com água e tal.
Hoje, mais do que nunca, é preciso que cuidemos do nosso meio ambiente. 
Acompanhe a aventura fabulosa que gerei e interpreto aqui: O Menino e o Mar na Trilha do Etéreo


segunda-feira, 30 de outubro de 2023

ADEUS, DANILO!

A cada dia vejo se distanciar do povo a própria cultura que faz.
Cultura popular é a cultura que o povo faz desde que povo é povo. Anônimo.
Cada vez mais esse tipo de cultura fica distante de quem a aprecia e a aplaude. E cada perda de quem a aprecia e a leva a outros olhares é de se lamentar, é uma tristeza.
São Paulo e boa parte do Brasil estão hoje de luto pela perda do agitador cultural fluminense Danilo Santos de Miranda, aos 80 anos de idade.
Danilo dedicou bem mais da metade do tempo de vida à vida cultural levada aos brasileiros pelas diversas unidades do Sesc.
Aqui rendo minhas homenagens a esse grande brasileiro.

domingo, 29 de outubro de 2023

É PRECISO FAZER MAIS PELA CULTURA

É importante, mas não basta "tombar" um ritmo ou gênero musical com o intuito de enaltecê-lo ou preservá-lo, transformando-o em patrimônio imaterial. É preciso mais.
O samba já foi tombado e já virou patrimônio, como patrimônio também já viraram o samba de roda, o jongo, o forró, o frevo...
Além de fazer isso é preciso fazer com que o alvo pretendido seja levado de todas as maneiras principalmente ao conhecimento dos jovens, que aparentemente por falta de opção consomem e dançam tranqueiras estrangeiras. Bom, o começo de uma boa mudança no campo cultural pode ser a realização de festivais que visem descobrir e incentivar talentos. 
No caso da música, mais precisamente a música folclórica, necessário se faz que chegue às escolas públicas e privadas de primeiro e segundo graus. Da mesma maneira também se faz necessário abrir concursos para descobrir e incentivar talentos no campo literário. A propósito, hoje é o Dia Nacional do Livro.
O que está sendo feito para de fato preservar os nossos valores literários?
O frevo como eu já disse foi tombado. E daí?
Será que o Brasil sabe quem foi Capiba?
Será que o Brasil sabe quem foram os criadores do samba?
E o jongo, hein?
O forró sabe-se o que é. Sabe-se, aspas.
Andei falando de Capiba um monte de vezes. Esse cara foi incrível. Fez músicas maravilhosas, do samba ao maracatu. Aliás, ontem 28 foi o dia do seu nascimento. E nem uma linhazinha sequer saiu por aí para lembrá-lo.
Pois é!

sábado, 28 de outubro de 2023

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (49)

“Seria na moda, entretanto, que a galanteria, servida por fundamentos filosóficos, estava destinada a encontrar
a sua maior concretização.
No complicado das roupas de golas largas e na opulência das perucas havia repousado até os princípios do século toda gama de diferenças sociais, que faziam as odiosas distinções entre as senhoras burguesas e as senhoras nobres, e entre estas servia para tornar diferente uma duquesa de uma condessa − quando vestidas, naturalmente.
O grande vento da liberdade, que em breve ia fazer desaparecer no redemoinho da Revolução títulos e privilégios, fez voar longe o emaranhado das rendas e das fitas, enquanto ao calor da libertinagem abria-se cada vez mais o ângulo obtuso dos decotes.
Os irmãos Edmond e Jules de Goncourt, falando da mulher do século XVIII, afirmaram que era a volúpia que as vestia.
Em lugar das perucas, passaram homens e mulheres a empoar os cabelos, e a estilização das vestes tornou-se em certo momento tão semelhante à moda feminina a masculina que o Marquês de Sade
atribuiu a essa identidade aparente de sexos o incremento do amor entre iguais.
Aliás, nunca esteve tanto na moda o amor por vias travessas e, enquanto Mme. Tallien podia ser vista, na Ópera, usando um provocante vestido aberto dos lados, nas ruas se viam comumente mulheres exibindo o chamado cul de Paris, um desinibido modelo que lhes deixava à mostra aquela parte do corpo que a riqueza de músculos não torna menos vulnerável.
Como um desafio à velha moral cultivada por tantos séculos de escolástica, apareceram as sandálias de salto alto, origem daquele andar que imprime aos quadris o compasso binário a que hoje chamamos rebolado.
Num corolário perfeito, a filosofia reivindicava a liberdade de discussão, a liberdade de discussão levava à conclusão de que a felicidade estava em viver de acordo com a natureza, a natureza indicava que a felicidade estava no gozo dos sentidos, e como nada excitava mais os sentidos do que a musculatura desenvolta das mulheres, em sua parte posterior, o rebolado feminino chegou a extremado requinte no século XVIII.
As mais famosas rebolantes do tempo saíam dos teatros, e d’Alembert, aplicando com cinismo bem-humorado o seu espírito científico na observação desse fenômeno sociológico, chegaria a concluir que ‘a prosperidade e fortuna das bailarinas era uma consequência natural da lei do movimento’.
Onde toda a galanteria do século XVIII marcava seu encontro, no entanto, era nas longas avenidas do Palais Royal, a vasta área em forma de paralelogramo próxima ao Louvre, que Felipe Igualdade convertera num elegante conjunto de palacetes, jardins, bazares, teatros, cafés, restaurantes e dezenas de pequenos bosques, a cuja sombra homens e mulheres podiam tranquilamente procurar a bem-aventurança que Deus lhes punha ao alcance das sôfregas mãos.
Uma eficiente guarda de soldados suíços impedia a entrada apenas de escolares, trabalhadores e cachorros.
Diderot confessa no seu Le Neveu de Rameau que gostava de sentar-se solitariamente por volta das cinco horas da tarde num dos bancos do Palais Royal: ‘Converso comigo mesmo sobre política, sobre amor, sobre filosofia e abandono meu espírito a toda doce libertinagem’ − escreveu, confessando com bonomia: ‘E como me agrada ver, pela avenida da Fé, um satirozinho de cabeleira empoada e casaquinho de Lyon seguir os passos de uma ninfa, que tanto mais revela suas graças, quanto mais finge ocultá-las’.
Por seus jardins, Rétif de la Bretonne pôde conhecer, orientado pelo médico Guillebert de Préval, charlatão em doenças venéreas, as várias espécies de mulheres que classificaria por nomes que indicavam à maravilha as suas especialidades no amor: segundo Rétif faziam ponto no Palais Royal as ‘boquissábias’, as ‘mãosintrépidas’ e as ‘sunamitas’, virgens de 12 a 15 anos cujo nome e função lembrava a bíblica figura de Abisas Sunamita, de quem nos fala o Livro I do Velho Testamento: a moça levada ao decrépito Rei Davi para lhe servir de cobertor, e que, colada a ele, ‘o esquentava e o servia’, como lá diz o Santo Livro. Assim foi o galante e
profundo século XVIII, tão levianamente acusado às vezes de ter sido apenas um século de frivolidade cortesã e
de sangue revolucionário.
Um século ao mesmo tempo tão galante e tão profundo, que soube encontrar um jeito de conciliar a moral e o gozo da vida, como sintetizaria Saint-Lambert num verso em que, referindo-se a Deus, afirmava:
‘Jouir c’est l’honorer; jouissons, il l’ordonne.’
O bravo Saint-Lambert que, feitas as contas com a posteridade, só lhe restaria a glória extraliterária de ter tomado Mme. du Châtelet de Voltaire e Mme. d’Houdetot do cândido Jean-Jacques Rousseau − no melhor estilo galante do século XVIII.” (Fim)

Foto e ilustrações por Flor Maria e Anna da Hora

sexta-feira, 27 de outubro de 2023

É CAPIBA, MEU BEM!

O pernambucano de Surubim Lourenço da Fonseca Barbosa marcou época e fez história deixando para os de hoje e os que virão depois uma obra fundamental para entender a música do Nordeste, no caso aqui, o Frevo pernambucano.
Esse Lourenço ficou famoso pelo pseudônimo de Capiba.
Já escrevi muito a respeito de Capiba e dele ouvi muita coisa bonita na boca de pessoas do povo. Destacar o que eu ouvi é algo praticamente impossível. Mas nesse espaço de hoje, recomendo que ouçam É Frevo, Meu Bem! e Oh! Bela.
Dêem uma procurada aqui no Blog que acharão muita coisa bonita desse grande artista, desse grande compositor, que costumava compor sozinho tocando piano na sua casa em Recife, PE.

quinta-feira, 26 de outubro de 2023

VOCÊ JÁ OUVIU FALAR DE CAPIBA?

Capiba e Assis
A Discografia Brasileira registra nomes de grandes compositores e intérpretes, como Capiba.
Capiba, de batismo Lourenço da Fonseca Barbosa, era pianista e compositor dos mais importantes do Brasil. Nasceu em Pernambuco e deixou uma quantidade incrível de músicas de sua autoria. Uma vez o chamei de Pai do Frevo. Ele não gostou.
A verdade é que Capiba não compôs só frevos.
Da discografia de Capiba constam canções, cirandas e tal. 
Chico Alves, o Rei da Voz, foi o primeiro artista de renome a gravar uma composição de Capiba: a canção-frevo Júlia, de 1938, um ano antes de explodir a 2ª Grande Guerra.
A primeira composição de Capiba foi a valsa Lágrimas de Mãe, que compôs junto com seu irmão Antonio, em homenagem a mãe Maria Digna da Fonseca Barbosa. 
Corria o ano de 1924 quando isso ocorreu. 
Em 1924, Capiba escolhera João Pessoa/PB, para estudar. Nesse mesmo ano em São Paulo estourava a Revolução Constitucionalista.
Capiba nasceu no dia 04... Não! Capiba nasceu no dia 28 de outubro de 1904, 10 anos antes de explodir a 1ª Grande Guerra.
Capiba foi um herói da nossa música e continuou a compor até pouco antes de nos deixar, no dia 31 de dezembro de 1997. 
Em dezembro de 1933, portanto há 80 anos, o cantor Mário Reis gravava de Capiba a marcha pernambucana intitulada É de Amargar. Essa música foi composta em homenagem ao irmão do autor, Antonio, que morrera naquele ano. Ouça: 


LEIA MAIS: CARNAVAIS DAS PANDEMIAS DE ONTEM E DE HOJE (1)

quarta-feira, 25 de outubro de 2023

AS GUERRAS SURGEM DO NADA

Ilustração de Fausto Bergocce

Uma guerra pode começar do nada. Pode ser pequena, de alcance regional, ou grandona que nem a 1ª de 1917. Essa começou do nada, durante ou após uma briga de rua. Foi assim: um tiro de pistola e um homem morto caído no chão.
A 2ª Guerra começou também do nada: um doente dos infernos, Hitler, achou de "transformar" o mundo matando tudo quanto era judeu e deficientes físicos e mentais. 
O ódio é, a rigor, o estopim que leva à guerra.
Desde que nos entendemos por gente, da linhagem Sapiens, milhares e milhares de guerras já explodiram nesta terrinha-de-meu-Deus-do-céu!
Agora mesmo um número incalculável de homens, mulheres e crianças estão morrendo a tiros, de sede e de fome mundo afora. Na Ucrânia, por exemplo.
O Continente africano, que é formado por 54 países, vive o tempo todo em guerra. Muitas delas, entre tribos.
E pensar que foi na África que surgiu o Homo Sapiens...
Milhares de jovens estão armados até os dentes em Israel esperando dos chefões o grito de ordem para invadir por terra a Faixa de Gaza. Pode ser a qualquer momento. A Faixa, localizada no Oriente Médio, tem apenas 365 km². E Israel: 22.145 km² de área ocupada por 9,5 milhões de pessoas. 
Aquele pedaço do mundo, das Mil e Uma Noites, vive pegando fogo. Não é de hoje, portanto.
Cristo, nascido em Nazaré, morreu por nós depois de pregar a paz e seu conhecimento na Palestina, Judeia, Galileia e redondezas. 
Em terras do Egito Cristo também pisou, ao lado dos pais José e Maria. Ver Bíblia.
Em 1948, Israel foi criado. Também era para ter sido criado o Estado da Palestina, que já era um pedacinho de terra do tamnho de nada.
Os árabes, mesmo preteridos, nunca desistiram da Palestina. Tanto que em 1967 falaram alto pedindo o que lhes era de direito. E de surpresa Israel encheu de morte o Egito, jogando bombas do céu. Depois do Egito, Síria, Jordânia e Iraque, que receberam o apoio velado dos vizinhos Kuwait, Líbia, Arábia Saudita, Argélia e Sudão. Mas não adiantou. Israel ganhou e na ocasião anexou ao seu território a Península do Sinai, a Faixa de Gaza, a Cisjordânia, Jerusalém e as Colinas de Golã.
A Península do Sinai foi devolvida ao Egito em 1982. E não custa lembrar às memórias adormecidas que foi nessa região que Deus entregou a Moisés as tábuas da Lei.
Essa guerra, que durou apenas 6 dias, deixou um saldo de mais de 5 mil mortos de ambos os lados.
Atenção! Importante: o grupo terrorista Hamas não representa os anseios dos palestinos. O Hamas quer o fim do mundo, como Hezbollah e outros e outros. Quem representa a Palestina é a chamada Autoridade Palestina, hoje liderada por Mahmoud Abbas.
Mahmoud representa a OLP, criada em 1964 por Yasser Arafat (1929-2004).
E como diria o REPÓRTER ESSO: ATENÇÃO! ATENÇÃO! ATENÇÃO!!! Os EUA estão atulhando de armas os quarteis de Israel. Querem a guerra.
E ATENÇÃO! ATENÇÃO! A Rússia está prometendo encher de armas os terroristas do Hamas.
A paz é o que nos faz integrados harmoniosamente com o próximo e a natureza.
A pensar, não é mesmo?


LEIA MAIS: GUERRAS SÃO PASSAPORTE PARA O FIM DO MUNDO (1) • GUERRAS SÃO PASSAPORTE PARA O FIM DO MUNDO (2, FINAL)

terça-feira, 24 de outubro de 2023

O PEQUENO PRÍNCIPE CHEGA AOS 80

Não foi só o grande escritor Saint Exupéry que participou de guerra.
O avião de Exupéry, do Correio Postal, caiu no mar no dia 31 de julho de 1944. O tempo era de guerra, da Segunda Grande Guerra.
O livro O Pequeno Príncipe foi escrito nos EUA e publicado em inglês e francês em 1943, portanto um ano antes de o autor ter o avião abatido por aviadores alemães, hitleristas.
O escritor norte-americano Ernest Hemingway participou não de uma, mas de três guerras: da Primeira Grande Guerra, da Guerra Civil Espanhola e da Segunda Grande Guerra. Da primeira escapou ferido e da segunda e terceira ileso, como correspondente de jornais de sua terra.
É de Hemingway o livro Adeus às Armas.
O indiano Eric Arthur Blair, para o grande público George Orwell, naturalizou-se norte-americano e pela terra nova que adotou participou da Segunda Guerra. Depois é que publicaria por lá A Revolução dos Bichos e 1984. Obras-primas.
Até a escritora Agatha Christie participou de uma guerra, da Primeira, em 1917. Sua participação foi como enfermeira da Cruz Vermelha. Logo depois dessa guera, Agatha começou a publicar livros policiais. Uns 500.
Da chamada Revolução de 32, de São Paulo, participou o violonista Aníbal Sardinha que entrou para a história do violão brasileiro com o pseudônimo de Garoto.
Pessoalmente gosto de todos esses escritores e seus livros. Mas Hemingway tem um livro apaixonante: O Velho e o Mar, que não deixa de ser guerra. No caso é o homem brigando até não mais poder para se salvar da violência das ondas do mar. Esse livro foi publicado no ano em que nasci: 1952.
Hemingway deixou a vida suicidando-se.
O mundo continua em guerra...

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

ATENÇÃO, O ESTOPIM DO MUNDO ESTÁ ACESSO!

O governo Biden soltou nas primeiras horas de hoje 23 comunicado pedindo para que os americanos residentes no Líbano deixassem o lugar, com urgência. Aí tem coisa. Nos preparemos para o pior. O mundo naquelas bandas árabes está que nem uma bomba, com o estopim aceso. Fiquemos ligados e rezemos...
Meu amigo minha amiga, você já leu ou ouviu falar de Julio Verne, Saint-Exupéry ou Khalil Gibran?
Gibran nasceu no Líbano e logo teve que fugir.
Israel já invadiu o Líbado para afugentar os palestinos. Foi em 1982.


Os franceses Júlio Verne (1828-1905) e Saint-Exupéry (1900-1944) marcaram época dizendo e escrevendo coisas bonitas como o amor. Verne deixou um monte de livros como 20 mil léguas submarinas. Li na infância. Exupéry, que era aviador e sumiu com seu avião no céu, deixou poucos livros. Dentre esses, O Pequeno Príncipe.
Julio Verne sempre foi um autor recomendado para tudo quanto era idade, desde quando aprendemos o be-a-bá.
Cresci ouvindo dizer que O Pequeno Príncipe era uma bobagem, "um livro pra ser lido por misses".
Os livros de Verne e Exupéry são todos ótimos. Verne: "O amor é uma paixão absorvente e deixa pouco espaço para algo mais no coração humano".
Exupéry, também sobre o amor, escreveu: "O amor não consiste em olhar um para o outro, mas sim em olhar juntos para a mesma direção".
O amor foi e é cantado e decantado em todas as línguas, desde sempre.
A temática dos românticos é, literalmente, o amor. Pergunto: Khalil Gibran era romântico?
O poeta, pintor e pensador libanês Khalil Gibran chegou à fase adulta vivendo em terras norte-americanas. A sua poesia, sem métrica nem rima, despertou e ainda desperta a curiosidade de muita gente. Seu libro O Profeta, publicado em 1923, é o mais conhecido da sua lavra. Ele falou de muitos temas, de quase todos os temas, incluindo a tristeza e a alegria, Deus,o amor e tal. Sobre o amor, disse:

Quando o amor vier ter convosco, 
Seguros embora os seus caminhos sejam árduos e sinuosos. 
E quando as suas asas vos envolverem, abraçai-o, embora a espada oculta sob 
as asas vos possa ferir. 
E quando ele falar convosco, acreditai, 
Embora a sua voz possa abalar os vossos sonhos como o vento do norte 
devasta o jardim. 
Pois o amor, coroando-vos, também vos sacrificará. Assim como é para o 
vosso crescimento também é para a vossa decadência. 
Mesmo que ele suba até vós e acaricie os mais ternos ramos que tremem ao 
sol, 
Também até às raízes ele descerá e abaná-las-à 
Enquanto elas se agarram à terra. 
Como molhos de trigo ele vos junta a si. 
Vos amanha para vos pôr a nu. 
Vos peneira para vos libertar das impurezas. 
Vos mói até à alvura. 
Vos amassa até vos tomardes moldáveis; 
E depois entrega-vos ao seu fogo sagrado, para que vos tomeis pão sagrado 
para a sagrada festa de Deus. 
Toda estas coisas vos fará o amor até que conheçais os segredos do vosso 
coração, e, com esse conhecimento, vos tomeis um fragmento do coração da 
Vida. 
Mas se, receosos, procurardes só a paz do amor e o prazer do amor, 
Então é melhor que oculteis a vossa nudez e saiais do amor, 
Para o mundo sem sentido onde rireis, mas não com todo o vosso riso, e 
chorareis mas não com todas as vossas lágrimas. 
O amor só se dá a si e não tira nada senão de si. 
O amor não possui nem é possuído; 
Pois o amor basta-se a si próprio. 
Quando amardes não deveis dizer "Deus está no meu coração", mas antes 
"Eu estou no coração de Deus". 
E não penseis que podeis alterar o rumo do amor, pois o amor, se vos achar 
dignos, dirigirá o seu curso. 
O amor não tem outro desejo que o de se preencher a si próprio. 
Mas se amardes e tiverdes desejos, que sejam esses os vossos desejos: 
Fundir-se e ser como um regato que corre e canta a sua melodia para a noite. 
Para conhecer a dor de tanta ternura. 
Ser ferido pela vossa própria compreensão do amor; 
E sangrar com vontade e alegremente. 
Despertar de madrugada com um coração alado e dar graças por mais um dia 
de amor; 
Repousar ao fim da tarde e meditar sobre o êxtase do amor; 
Regressar a casa à noite com gratidão; 
E depois adormecer com uma prece para os amados do vosso coração e um 
cântico de louvor nos vossos lábios.  

Pra quem tiver a curiosidade de ler o livro completo, clique: O PROFETA

domingo, 22 de outubro de 2023

VIVA O CHORO E OS CHORÕES!

Callado e Patápio 
Mais o craque Pixinguinha 
Ao Choro deram formas
Diferentes da modinha

Quem sabe tocar choro
É chamado de "chorão"
O Choro vem da flauta 
Do cavaco e violão 

Quem não sabe tocar choro
Se quiser pode aprender
Impossível isso não é 
Para tanto é só querer 

O caso é que o choro
É bonito e delicado
Foi feito por Patápio 
Pixinguinha e Callado!

Foi o tempo em que as mídias, como rádio e jornal, tinham interesse de divulgar tudo o que ocorria no campo das artes.
Esse interesse acabou.
O rádio hoje divulga basicamente tudo o que não presta. O mesmo faz o jornal, sem falar em revista e TV.
Quando completou 90 anos de idade, o jornalista e historiador José Ramos Tinhorão declarou em entrevista a Wilson Baroncelli que a MPB já não existia e por isso considerava concluída a sua bibliografia de temática musical. 
A MPB, na visão de Tinhorão, foi-se acabando aos poucos.
Ligo o rádio e a TV e não escuto lhufas com cheiro de qualidade musical.
É uma droga o que se ouve ora no rádio. Só bobagens a ferir ouvidos e sensibilidades. A programação da USP e da Cultura ainda respeita o ouvinte, tanto da área popular quanto da área erudita.
O Choro como ritmo e gênero caiu na vala comum dos mortos. Pena. 
Aqui não custa lembrar da importância de Joaquim da Silva Callado, Patápio Silva e Pixinguinha. 
Patápio nasceu no dia 22 de outubro de 1880 e morreu 26 anos depois. Deixou uma obra pequena em quantidade e enorme em qualidade. Com sua flauta ele ia do popular ao erudito. Os discos que gravou saíram pela pioneira Casa Edison, do Rio.
O ano do nascimento de Patápio foi o mesmo da morte de Callado, que nasceu em 1848. 
Callado, que era funcionário público no Império, foi o cara que juntou amigos para cantar e tocar. Os instrumentos do grupo eram flauta, cavaquinho e violão. Foi daí que nasceu o embrião do Choro.
Na primeira década do século 20, Pattápio achou o ponto e começou a gravar Choro. 
Em 1898, nascia Alfredo Vianna Filho que entraria para a história com o pseudônimo de Pixinguinha. 
Pixinguinha foi o cara que deu o acabamento necessário ao choro.
Um clássico de Callado é Flor Amorosa. 
Um clássico de Patápio é Primeiro Amor. 
Um clássico de Pixinguinha é Carinhoso. 
Fica o registro.
 

sábado, 21 de outubro de 2023

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (48)

O fogo da carne não se acendia sem espírito. E essa necessidade de espírito chegaria a tal ponto, no século XVIII, que uma mulher de certa categoria não se sentia o suficientemente excitada antes de pelo menos meia hora de conversação inteligente.

Seguindo a trilha de Descartes, a filosofia já era capaz de reduzir a metafísica do amor ao plano das demonstrações matemáticas. E eis porque, quando uma mulher finalmente se entregava ao seu galanteador, fazia-o com a satisfação superior de não estar cedendo exatamente à carne, mas a um argumento irrespondível.

Aliás, mesmo quando fazia alguma resistência, não era absolutamente para opor pela força o que não soubera contrapor pelos argumentos, mas apenas — como escrevia de uma sua personagem o contemporâneo Pigault Lebrun — para não deixar sem um preço a sua derrota. 

O próprio Marquês de Sade — o Divino Marquês, que um dia distribuiu bombons recheados com cantárida num bordel de Marselha, provocando o maior escândalo jamais presenciado numa casa de escândalos — chegou a apontar o aparecimento do romance como consequência da galanteria, que refinava os espíritos fazendo ainda a fortuna de muitos especialistas na incipiente ciência dos males venéreos. Escrevendo um ensaio intitulado "Idéia Sobre os Romances", o Marquês notou que o homem oscila entre a superstição e o amor, concluindo: 


"...et voilà la base de tous les romans."


Amor de tipo especial que serviria realmente de base a Choderlos de Laclos para compor a mais

pungente história de um libertino, a do Visconde de Valmont, no seu romance "As Ligações Perigosas". O dramático Visconde de Valmont, que, por puro amor da libertinagem, escrevia cartas fingindo amor puro à pudica. Mme. de Tourvel debruçado sobre o corpo de uma amante, o que confessava depois a uma terceira mulher com este requintado pormenor: "Elle me servit de pupitre pour écrire à ma belle dévote."

Mas o espírito do século não se revelaria apenas na filosofia e na literatura, onde se demonstrava que o vício era a melhor forma de protestar contra a autoridade, simbolizada na virtude. A galanteria e a libertinagem invadiram também o teatro, a pintura, a arquitetura, a moda e até o mobiliário, pois foi exatamente no século XVIII que os franceses adotaram do Oriente o uso do sofá, com tôdas as suas implicações.

A nova sociedade burguesa, mal-acomodada nos rígidos esquemas herdados da organização feudal, ao levar o escândalo ao campo das artes estava apenas pregando a libertação da educação retórica jesuítica do século XVII, que tão tiranicamente os obrigava nos planos da cultura e do sexo à obediência dos modelos clássicos.

As representações das peças de Molière caíram de 132 para apenas 66, anualmente, e em seu lugar entraram a proliferar as óperas cômicas, os ballets, os teatros de boulevard e as marionnettes.

Era a vitória dos chamados petits genres, que deixariam como legado às gerações futuras tantos exemplos de obras-primas construídas sobre o nada.

Segundo Mercier, havia no Palais Royal um teatro público onde, em 1791, se representou uma comédia tão espontânea que a cena de maior comicidade deu-se quando os três casais de atores começaram a agir no palco exatamente como os casais de verdade agem em casa, geralmente à noite.

Os mais calorosos aplausos — observou Mercier — partiram das mulheres, que compunham, aliás, a maioria da assistência.

Na pintura, Boucher, Watteau, Lancret e principalmente Fragonard, desprezando a sadia nudez das deusas de Lebrun e Nicolau Mignard, vestiam suas dianas e pastoras pelo modelo daquelas meninas fáceis de Paris que — no dizer indignado de George Brandes — "tinham orgulho em mostrar seus seios e traseiros, ora no Trianon ora em Luciennes."

Os maiores conquistadores da época davam-se ao luxo de mandar pintar suas amantes em posições provocadoras, e Casanova, de passagem por Paris, estava destinado a pagar caro essa galanteria: mostrando ao Rei Luís XV o retrato da jovem irmã da atriz O'Morphi numa pose cheia de intenções, o soberano revelou tal interesse em conhecer a moça, para "apreciar com justeza a fidelidade da reprodução", que não houve como deixar de trazê-la ao retiro do Parque dos Cervos — ficando daí por diante Luís XV com o original e Casanova apenas com a pintura.

O arredondamento das formas, tão apreciado nas mulheres, acabaria influenciando a arquitetura, também sujeita até ali à rigidez das linhas clássicas. A figura de Pan passou a povoar os jardins, ao fundo dos quais a necessidade de pousos quietos para o exercício do amor fez surgirem as petites maisons, perfeitas garçonières de um tempo em que não havia apartamentos.


Foto e ilustrações por Flor Maria e Anna da Hora.

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

AGORA E NA HORA DA NOSSA MORTE., AMÉM!

O mundo é uma bola, não é?

Pois bem, a cada dia essa bola está ficando menor e perigosa. Nessa bola há, vivendo, mais de oito bilhões de pessoas. Dessas, pelo menos oitocentos milhões não têm o que comer no dia a dia. Isso não é brinquedo. 

Enquanto a bola que é esse mundinho se apequena e ferve que nem uma chaleira tapada esquecida num fogão. Quer dizer, prestes a explodir. 

O presidente dos EUA, Joe Biden, dá corda para que as guerras na Ucrânia e em Israel prossigam. E isso não é de graça. Faturam-se com as guerras. O faturamento vem da fabricação e venda de armas. 

Na guerra da Ucrânia os EUA já investiram bilhões de dólares. 

Nesse caminho, de investimento, os EUA deverão de cara enfiar pelo menos 14 bilhões de dólares para que Israel prossiga na guerra.

Isso tudo quer dizer: indústria da guerra, que provavelmente jamais falirá. 

Pois é, nesse meio tempo ou tempo que nunca finda, os mais de oitocentos milhões de pessoas que vivem mundo afora abaixo da linha da pobreza propositadamente continuam esquecidas pelos EUA e outras potências desta bolinha doida em que vivemos. 

Essa coisa de bola me faz lembrar a minha querida e saudosa vó Alcina. Ela jurava por tudo quanto era santo que um dia "o mundo vai se acabar numa bola de fogo". Quer dizer, numa explosão. 

Estamos à beira do Apocalipse?

Sei não, mas por via das dúvidas acho bom começarmos a rezar:

"... rogai por nós pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém".

quinta-feira, 19 de outubro de 2023

CANGAÇO: ACHADO HISTÓRICO

Com 24 anos 

Virgulino Ferreira 

Ganhou lugar no bando

De Sinhô Pereira 


Chefe de cangaço 

Era o maior do Sertão 

Antes de Virgulino 

Transformar-se em Lampião 


Sinhô era discreto

E desejava Lampião 

Comandando o seu grupo

Nas quebradas do Sertão...


Documentos referentes a um processo criminal contra Lampião e o seu bando acabam de ser descobertos num canto qualquer do Fórum do município de Triunfo, PE, a 410 km da Capital pernambucana.

Esse processo é o primeiro em que o famoso cangaceiro é arrolado. Não consta, porém, que ele tenha se sentado no banco dos réus. 

Aparece como vítima no processo uma pessoa influente da região. 

Há 20 anos promovi um julgamento em que Lampião era o réu. Foi uma sessão muito concorrida, com todos os lugares ocupados por estudantes, convidados e jornalistas de vários órgãos da imprensa paulistana. Isso ocorreu em 2003 no Centro Acadêmico da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. 

Lampião, de batismo Virgulino Ferreira da Silva, foi "condenado" a 12 anos de cadeia por matar um morador da cidade de Jeremoabo, BA. A vítima era um informante da polícia. 

A TV Globo deu a notícia ao vivo.

Importante que se diga que o julgamento foi uma espécie de aula magna para os estudantes de Direito de São Paulo. Ficcional só a sessão, mas o histórico do processo relatado foi real. Quanto ao achado histórico em Triunfo deve-se dizer que é muito importante para os estudiosos do cangaço. 

Fica o registro. 


quarta-feira, 18 de outubro de 2023

GUERRA DO FIM DO MUNDO?

O sangue de inocentes
Enche de dor a terra
Que em fúria maldiz
Os homens que fazem guerra

São homens violentos
Nascidos para matar
Matam tudo que se mexe
Se o gatilho não falhar

Assim tudo acontece
Neste mundão de meu Deus
É homem matando homem
Palestinos e judeus

Triste logo percebo
Que não temos salvação 
Que somos uma praga
Em eterna gestação 

Ao contrário das crianças
Que não pedem para nascer
O bicho homem não presta
Porque faz tudo para ter poder

Isso dito e posto
Pergunto se tem perdão
Para quem faz o que fez
O Caim com seu irmão!

Centenas e centenas de conflitos ocorrem todos os dias nesse nosso planetinha azul. São conflitos de todos os tamanhos. Golpes e guerras. 
A guerra declarada pela Rússia contra a Ucrânia continua como antes, agora sem detalhes.
Os golpes e guerras no continente africano parecem extintos.
O que está pegando agora é a guerra declarada de Israel contra os criminosos do Hamas, grupo de radicais atuante no Oriente Médio.
São muitos os grupos armados, terroristas em atividade naquelas bandas.
O Brasil está no momento à frente do conselho de segurança da ONU, mas pouco está conseguindo fazer.
O Brasil quer o imediato cessar fogo de Israel.
Os EUA querem que Israel continue a matar.
O Irã tá doidinho pra entrar nessa história, junto com o grupo Hezbollah, que há muito o apoia financeiramente. 
Do jeito que a coisa anda é possível que o mundo exploda. Ou parte dele, como de certo modo previu um cara francês chamado Nostradamus.
E mais não digo.

segunda-feira, 16 de outubro de 2023

SÃO PAULO QG DO FORRÓ

Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e Zé Calixto, nascido José Calixto da Silva há 90 anos, são alguns dos principais pilares do forró como gênero musical.
Gonzaga era pernambucano de Exu e Jackson e Zé paraibanos de Alagoa Grande e de Campina Grande respectivamente.
A partir do Forró de Mané Vito, de Gonzaga e Zé Dantas, esse ritmo primeiramente gravado no Rio de Janeiro ganhou o Brasil de Norte a Sul.
Zé Calixto morreu no Dia Nacional do Forró: 13 de dezembro, em 2020.
Com a chegada da Bossa Nova em 1958, o Forró entrou em declínio como em declínio entrou também o Baião. Por pouco Gonzaga não desistiu da carreira, pendurando a sanfona num prego de parede.
No começo de 1960, fazia algum sucesso em São Paulo a casa de forró do baiano Pedro Sertanejo. Era na Zona Leste, frequentada até pelo então jovem Lula.
O tempo passou e o Forró foi renascendo das cinzas, como a Fênix. 
O detalhe nessa história é que o Forró de Gonzaga metamorfoseou-se e virou tranqueira. Entre essas tranqueiras uma tal de "pisadinha". Mas é em São Paulo que o Forró começa a revigorar-se.
Várias casas de forró "pé de serra" foram abertas na Capital paulista, entre essas Remelexo e Canto da Ema, na região de Pinheiros. 
Está se revigorando, pois o Forró iniciado por Luiz Gonzaga segue na base de triângulo, sanfona e zabumba. Portanto não será exagero dizer que São Paulo é uma espécie de QG do Forró, como foi do Baião até o final dos 70. A propósito, Gonzaga gravou um LP com esse título (acima).

Clarissa e colegas do Instituto Brincante

Na Capital paulista muita gente boa e jovem aderiu ao canto e dança do Forró inserindo a rabeca ao lado de pandeiro e zabumba e tal. Entre essas pessoas, Clarissa Angelo. Ouça: https://www.instagram.com/p/CbvTLWNjzOJ/ • https://www.instagram.com/reel/Cxla2g7vPln • https://www.instagram.com/p/CKSsUCTn7zk/ • https://www.instagram.com/reel/CfpcF8ljwn6/ • https://www.instagram.com/reel/CdefwGMD-sO/
Meu amigo, minha amiga, você já escutou o pessoal aí abaixo? Garanto que é supimpa, que toca rabeca de modo que nos faz bem. Se procurar na Internet, acha: Siba, Renata Rosa, Filpo Ribeiro, Luana Caroline, Maria Carolina Fernandes, Zé Pereira, Renato Macedo, Felipe Gomide, Alício Amaral, Wan Dourado, Vanille Goovaerts, Nicolas Krassik, Ricardo Herz, Carla Raiza, Antônio Nóbrega (Brincante).
Como se não bastasse, sempre em prontidão para atender quem os procura estão os Luthiers Adam Bahrami, Ricardo Bressan e Filpo Ribeiro.
Até numa reserva indígena de Sampa, a Casa de cultura Yvy Porã Jaraguá, há rabequeiros mantendo a tradição de tocar o que é bom.
Está gostando?
Pois é! E pra gostar mais ainda procure um lugar bem bom no seu apartamento ou no quintal de casa, abra uma cervejinha gelada e caia num gostosíssimo Baile de Rabeca clicando: https://open.spotify.com/playlist/2EPIVkhjHCmaWu2IFG3VnS?si=3a80beddc88e4231
Quer mais?
Faça o mesmo no apartamento ou em casa e caia num "pé de serra", clicando: https://open.spotify.com/playlist/5ALkIdVcXKdKSwf424sY2j?si=8271a0f490eb49cd
No correr da última pandemia, rabequeiros do Brasil se reuniram pra tascar o arco na rabeca. Confira o resultado: https://youtu.be/eBsOyXMb2-w
Por fim meus amigos, minhas amigas, tire aí um tempinho para ouvir um podcast sobre a rabeca e tal. Vale a pena: https://open.spotify.com/show/2JSfxL4pzDZUaE4l14fs7o?si=0eb9cdd8ddb44d7a
Em 2021, o Forró foi reconhecido pelo Iphan como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. Antes, em 2019, foi criado em São Paulo o prêmio Anastácia de Forró. Merecidamente. Viva!

domingo, 15 de outubro de 2023

PROFESSOR COME O PÃO DO DIABO

Atenção eu vou pedir

Que me ouça por favor 

Tenho muito o que dizer 

De aluno e professor 


Professor faz o que pode 

Ensinando sem parar

Pois quer ver o seu aluno

De ano em ano passar


De nada sou exemplo 

Mas não me custa contar

Que coisa boa na vida

É aprender pra ensinar 


É pouco dizer que é pífia a educação no Brasil. 

Entra governo sai governo e a situação, no campo da educação, piora que nem a cantiga da perua. Numa nota só e, ainda assim, inaudível.

A pandemia da Covid-19 matou muita gente mundo agora e atrofiou a mente já lerda daqueles que foram escolhidos para governar o País.

Estamos retroagindo é certo, dando um passo pra frente e quinze pra trás. 

Tem aumentado de modo estratosférico a tal educação à distância (EAD).  Esse negócio, pois é negócio mesmo, aumentou uns 500, 600 ou sei lá quanto por cento. Só sei que é uma vergonha!

Essa tal educação está crescendo que nem fermento em pão de padaria. Em miúdos: são milhões de formandos no campo da graduação à distância. Pode?

Com meus botões, penso que daqui a pouquíssimo tempo teremos doutores analfabetos. Já temos, mas vai crescer horrores. 

Fico imaginando pedagogos ensinando o que não sabem a quem nada de nada sabe bulhufas.

Também fico imaginando um advogado analfabeto, sem conhecimento de leis, defendendo um cidadão acusado sei lá do quê!

E os futuros administradores, hein?

Poi bem, esses são os cursos mais concorridos nas faculdades de garagens, de balcões, pois é nesses ambientes que muitos futuros profissionais podem estar começando e terminando suas graduações. 

As mensalidades para essas graduações variam de uns 30 a uns 200 reais.

Enquanto isso profissionais formados anos atrás, depois de muito pastar nas bancas de verdade, estão comendo o pão que o diabo amassa nos fornos do inferno. Isto é: ganham 20 merrecas por hora. Ao fim do mês, no bolso uns 2 paus. 

Isso tudo sem falar na violência física que os professores sofrem.

Se isso não for o fundo do poço da educação no Brasil, não sei o que é fundo nem fim de nada. Falência?

Bom, jornalista também é um ser ferrado. Aposentado então...

Não é à toa que o Brasil se acha em 52° lugar no ranking mundial da Educação, atrás de países do Oriente Médio como Egito, Irã e Jordânia. 

E atenção: em 1963, no governo João Goulart, foi aprovado por congressistas o Dia do Professor: 15 de outubro. 

Diante do exposto, pergunto: tem o professor brasileiro a comemorar o quê no seu dia?


LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (47)

Tinhorão não cita, mas é do século 18 uma das raríssimas reedições do livro Sonetos Luxuriosos do italiano Pietro Aretino. Era bocudo, obsceno até a medula. Por esse caminho foi muito mais longe do
que o nosso baiano Gregório de Matos e Guerra. Para lembrá-lo, não custa:
Diverti-me ... escrevendo os sonetos que podeis ver ... sob cada pintura. A indecente memória deles, eu a dedico a todos os hipócritas, pois não tenho mais paciência para as suas mesquinhas censuras, para o seu sujo costume de dizer aos olhos que não podem ver o que mais os deleita.
O livro Sonetos Luxuriosos, traduzido para o português pelo poeta paulista de Taquaritinga José Paulo Paes (1926-1998), é um bom começo para um mergulho no pensamento e obra do debochado e desbocado italiano Pietro Aretino (1492-1556).
José Ramos Tinhorão dedicou-se abertamente à pesquisas sobre as origens da música popular brasileira, mas isso não o impediu de cavucar outros temas. Escreveu e publicou 29 livros. O 30° livro poderia ter sido sobre encontros e desencontros provocados pelos impulsos sexuais. Gostava disso e se interessava por tudo que tivesse no meio um quê de sacanagem.
Eu achava graça quando Tinhorão usava termos como putaria, safadeza, libertinagem e hipocrisia. "Somos hipócritas! Qual é o homem que não deseja levar para a cama uma mulher bonita e sensual?"
Mais de uma vez lembrei que a licenciosidade se acha em todo canto, até na literatura de cordel e nos quadrinhos. E conversa vai conversa vem, apresentei-lhe um amigo que poderia contribuir nessa questão. Esse amigo, Rômulo Nóbrega, passou a mandar-lhe folhetos de sacanagem. "O Tinhorão foi um cara surpreendente", diz Rômulo.
O encontro de Tinhorão com Rômulo aconteceu na tarde de agosto de 2017, na capital Paulista. Desse encontro participou também o cartunista Fausto. Houve um momento que Fausto sacou seu celular e mostrou um monte de fotos e vídeos eróticos. Tinhorão: "Qual é o homem que não gosta disso?".

Sempre alçando voos mais altos, me incumbiu de garimpar cordéis que abordassem o tema da  sacanagem, da putaria, em alto estilo, e assim caí em campo nas cidades fontes dessa literatura nos estados do Nordeste.
Conheci Tinhorão num prazeroso encontro na casa do jornalista Assis Ângelo em São Paulo, quando fui presenteado com um de seus livros, ao mesmo tempo em que recebi comentários sobre a edição da  biografia do compositor Rosil Cavalcanti feita por mim. O tema já vinha sendo abordado há anos por Tinhorão de forma suave, quando publicamente era quase que proibido se falar em putaria, em sacanagem, em sexo explícito, a menos nos famosos “catecismos” elaborados por Carlos Zéfiro −  pseudônimo, mais tarde descoberto, de Alcides Caminha −, vendidos a sete chaves.
Tinhorão, especialista em análise musical, daria um verdadeiro furo com o tema em pauta, o que não era estranho nem novidade para um jornalista do seu quilate.
- Rômulo Nóbrega
Em algumas entrevistas que deu ao completar 90 anos, José Ramos Tinhorão chegou a dizer que desejava encerrar sua bibliografia com um livro que tratasse do interesse de todos pelo sexo.
À pergunta sobre quantos livros tinha publicado e se havia algum em andamento, Tinhorão respondeu a Wilson Baroncelli, editor do newsletter Jornalistas&Cia:

"Não sei de cabeça, acho que uns 30. O mais recente foi um ensaio biográfico sobre Ismael Silva. Não sei se vou escrever mais algum. Estou em fim de vida (risos). Se fizer não será sobre MPB, pois esta não existe mais. Tenho pesquisado, juntado material sobre literatura erótica, livros proibidos. Quem sabe?".
Leia a entrevista completa de Tinhorão a Baroncelli: Os 90 anos de José Ramos Tinhorão
Leia na íntegra o texto Galanteria, originalmente publicado na extinta revista Senhor e anos depois, inserida no livro Crítica Cheia de Graça:
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O século XVIII, na França, foi um século de galanteria iluminado pelas luzes da razão filosófica.
Como os grandes pensadores haviam chegado à conclusão de que à filosofia cabia a tarefa de indicar o caminho da felicidade para o homem, os amantes depreenderam que ao amor cabia indicar, logicamente, o caminho do prazer. E foi assim que, numa síntese perfeita, metade do pensamento e da literatura francesas de 1700 à Grande Revolução surgiu dentre lençóis, não sendo por acaso que o médico e filósofo La Mettrie (1709-1751) publicaria em 1751 o seu conhecido livro L’Art de Jouir (A Arte de Gozar).
Certos termos julgados até então antiéticos se conciliariam a tal ponto, aliás, que Rétif de la Bretonne — o precursor de Nabokov — poderia escrever um dia, estendendo as conclusões da filosofia ao campo da moral, que "o prazer era a virtude sob um nome mais alegre".
Não era sem razão, também, que antes de serem denominados filósofos, os maiores pensadores do início
Marquês de Sade
do século, como Saint-Évremmond (1613-1703), haviam sido chamados de libertinos.
O Dr. Eugênio Duehren, escrevendo sobre o Marquês de Sade um livro feito expressamente para intrigar a França com o resto do mundo, declarou que o século XVIII francês foi "o século da concupiscência erigida em sistema".
No que se refere aos representantes da nobreza decadente que se reuniam nos célebres salões dos Deffand, Necker, Lespinasse, Geofrin ou Grandval, pelo menos, a afirmação não deixa de ser verdadeira.
Mme. d'Epinay conta no primeiro volume das suas "Memórias" que era muito comum nas tertúlias dos Duclos ou Saint-Lambert a conversa recair sobre assuntos como a virtude ou o pudor. Era quando se travavam diálogos animados, como este que ela descreve citando as falas entre aspas — embora omitindo os nomes das personagens — e em que uma senhora diz, entre risadas:
— "Veja, marquês: o meu pudor é como o meu vestido; só o prendo em mim por alfinetes que, ao menor esforço..." E, unindo o gesto à palavra - é Mme. d'Epinay quem conclui - abre suavemente as sedas que lhe encobrem o seio, numa gentil demonstração do seu argumento".
Não havia nessas cenas a mínima intenção de escândalo: em Paris, sob a aparência fácil da libertinagem, fazia-se então o amor para provar princípios filosóficos.

Foto e ilustrações por Flor Maria e Anna da Hora.

sábado, 14 de outubro de 2023

O PAPO É BOM: FORRÓ PRA TODO LADO!

Você sabe de onde vem o forró?
Se eu disser que o forró vem das quebradas do Sertão é certo que não estarei dizendo tudo. Mas se eu disser que o forró como ritmo e gênero musical vem da sensibilidade dos pernambucanos Luiz Gonzaga e José Dantas, aí sim, estarei mais do que nunca dizendo coisa com coisa.
E se eu lhe perguntar, meu amigo, minha amiga, qual a origem da expressão forró, o que você responderia? É certo que não tem nada a ver com "for all"...
Luiz Gonzaga é o artista mais biografado na história da nossa música popular. Em 1950 ele levou à praça, pela extinta RCA Victor, a música Forró de Mané Vito. Depois disso, especialmente a partir do anos 60, vários livros estamparam na capa a palavra forró. Nessa linha, há muitas curiosidades.
Em 1964 o jornalista Antonio Callado (1917-1997) publicou o texto pra teatro intitulado Forró no Engenho Cananéia, que trata da vida nordestina e dos trabalhadores notadamente. Até então os trabalhadores tinham pouca ou nenhuma segurança no trabalho que faziam. No livro de Callado tem na trilha um belo balanço musical.
Ah! Sim, somente em 1963, há 60 anos portanto, os trabalhadores do campo conquistaram oficialmente o seu Estatuto.
Em 2013, o jornalista paraibano Ricardo Anísio fez polêmica com o livro Forró de Cabo a Rabo (acima). À propósito, Forró de Cabo a Rabo é título também de um LP do Rei do Baião.


Vocês já ouviram falar de Chiquinha Gonzaga e dos craques do teatro de revista Carlos Bittencourt e Luiz Peixoto?
Vocês já ouviram falar do filólogo Cândido de Figueiredo?
Bom, questões como estas serão por mim abordadas no correr da prosa que farei logo mais às 13h na sede paulistana do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, IPHAN, ali na Av. Angélia,  626.
Encarque nos links aí abaixo e saiba algo mais sobre o forró. É coisa boa!
Pra embalar os links, dois forrozinhos que fiz com Jorge Ribbas: FORRÓ PRA ANASTÁCIA • FORRÓ NA LUA
E por falar em Lua, logo mais às 15h quem quiser pode ver o eclipse solar total.


ASSIS ANGELO FALA DE FORRÓ COM CACÁ LOPES • PALESTRA VIDA E OBRA DE LUIZ GONZAGA • PROGRAMA SOU FORRÓ

sexta-feira, 13 de outubro de 2023

EU E MEUS BOTÕES (73)

Todo agasalhado, de touca inclusive, Lampa abriu o botão pra dizer: "Porra! Esse é um frio que a gente chama do caralho!".

Todos que ali se achavam caíram na gargalhada. Eu, inclusive. 

Mané, com luvas nas mãos, olhou pra Zoião e piscou comentando: "Acho que o Lampa endoidou ou caiu na real". Zoião, cochichando: "Verdade, acho que você tem razão".

Sentado no tamborete onde já se achava há alguns minutos, Lampa com aquele olhar arredio de poucos amigos, apenas a tudo observava girando os olhos até que se fixou em Zoião: "Qualé, vocês aí são tão frouxos que têm medo de falar alto?".

Calma, calma. O mundo é belo e nosso. Não podemos perder as estribeiras, não podemos ser indelicados com ninguém. 

Barrica levantou a mão pra me elogiar: "Parabéns, chefe! Gostei do que ouvi".

E Lampa só ouvindo...

Com voz alta Biu perguntou no que pode dar a guerra declarada por Israel ao Hamas. Respondi que não sou advinhão, mas não é tão ruim que não possa piorar. 

Chamando a atenção de Mané, Zé sugeriu baixinho que me perguntasse se acredito em azar e sorte. Não perceberam, mas ouvi o que de mim pretendiam e rapidamente respondi: Não acredito na sorte e nem no azar, mas que no ar há algo mais que avião, ah! isso há!

"Hoje é sexta-feira 13", lembrou Zilidoro com risinho sarcástico acrescentando: "E foi num 13 de dezembro que nasceu em Pernambuco aquele que seria chamado de Rei do Baião".

Muito bem Zilidoro, eu disse. Gonzaga nasceu numa sexta 13, lá em 1912.

Após essa informação, Zilidoro perguntou se eu falara com Oxford. Aproveitei pra dizer-lhe que o telefone que ele anotará não era de Oxford; era de Cambridge. Ele desculpou-se lembrando que na hora que anotará o telefone havia muito barulho na casa. É verdade, confirmei. E pra matar a sua curiosidade, disse-lhe que o departamento de eventos da universidade de Cambridge queria de mim uma palestra sobre os rítmos e gêneros musicais do Nordeste, com destaque para o forró. Queriam saber se há relação com a expressão "For all".

Jão, que até então se mantinha calado, apressou-se para com a boca cheia soltar um sonoro "Poxa!!!"

Confesso que achei graça na forma como Jão se manifestou. Informei que a tal palestra era para esse fim de semana. Adiada, ficou para o dia 13 de dezembro. Zilidoro perguntou a razão do adiamento em Cambridge. Respondi que já tinha compromisso assumido com o IPHAN aqui em Sampa. Será sobre Forró e Imprensa. 

"Hummm... gostei. Eu posso ir lá assistir a sua fala?", perguntou o já surpreendente Lampa. E os demais presentes a mim fizeram a mesma pergunta. Naturalmente, eu disse: Espero todos vocês lá. O papo é amanhã e começa às 13 horas. É ali na avenida Angélica, 626.

Na parede, o termômetro marcava 13 graus. 

VIVA O FORRÓ!

 
O forró como gênero musical foi gravado em 1949 e lançado à praça em 1950. O que deu título a isso foi a composição Forró de Mané Vito, de Zé Dantas e Gonzaga.
O forró está na nossa mente e nos pés de tão gostoso que é cantar e dançar nesse ritmo. 
Em junho de 2000, quando eu ainda me achava apresentando o programa São Paulo Capital Nordeste, a revista Jornal dos Jornais publicou um belo papo meu a respeito do assunto. Confiram aí em baixo:

quinta-feira, 12 de outubro de 2023

FORRÓ EM PAUTA


É sempre bom lembrar da importância do pernambucano de Exu Luiz Gonzaga. Deixou uma obra monumental, de resgate e afirmação do Nordeste em todos os sentidos. Inovou, porque não dizer a música popular brasileira. Inventou e adaptou gêneros musicais como o Xote, o Xaxado, a Marcha Junina, o Baião e o Forró. Era genial, sem dúvida.
Já falei muito a respeito de Luiz Gonzaga. Palestras e tal. E livros também.
No próximo sábado 14, das 13h às 15h, estarei falando especificamente de forró para quem quiser ouvir ou discutir. Será na sede paulistana do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, IPHAN, ali na Av. Angélica, 626. É na faixa!
Ah! Ia-me esquecendo de dizer que em 2021, o jornalista paraibano Antônio Carlos da Fonseca Barbosa lançou à praça o livro São Paulo é Forró do Gogó ao Mocotó. Esse livro, que saiu através de um edital da prefeitura de Sampa, reúne entrevistas de vários artistas. 
Até a Rainha do Baião, Carmélia Alves, se acha no livro. E não sei bem porquê, Antônio Carlos insere no livro um papo que tivemos há 20 anos. Confiram: Assis Ângelo no Ritmo & Melodia
Mais uma coisinha: o forró é bom de ouvir e de dançar. Lembro que nos dias 1, 2 e 3 de 2005 fui convidado pra falar no 5º Encontro do Forró em Aracaju, SE. Aí na foto, pra todo mundo ver, uma lembrancinha expressa numa garrafa de bom licor.

quarta-feira, 11 de outubro de 2023

EU E MEUS BOTÕES (72)

 O calor tá de lascar! Fui dizendo enquanto com uma revista eu abanava o rosto. Eu estava encharcado. Perguntei esbaforido se alguém poderia me arrumar um copinho de água fresca. Eu nem bem acabara de perguntar isso, quando o solícito e espontâneo Mané estendia a mão com uma caneca cheia d'água e um sorriso na cara. Agradeci. Do canto esquerdo da casa, lá dos fundos, ouvi uma voz grossa dizendo: "Tá de lascar! Tá de lascar! Tô que não aguento mais".

Era Lampa abrindo a camisa e enxugando o peito com um bolo de papel. 

Alguém aí liga um ventilador, abre a janela, porta...?

Enquanto eu dizia isso, Jão se levantava do tamborete e piscando um olho chamou o Zé pra dar um pulinho lá embaixo pra ver se arrumava o que eu pedira. Nisso Zoião, calmo como que nem uma toupeira, levantou-se assobiando. Passo seguinte, destravando as janelas deixou que um mormaço entrasse pegando a todos de sopetão. Quente que só!

Nesse instante, o telefone toca e mais do que depressa Zilidoro corre para atender. Nisso reaparecem na sala Jão e Zé com um trambolho nas mãos. Jão: "Taí chefe, foi o que a gente achou. Mas parece que funciona".

Era, digamos, um ventilador daqueles antigões. Depois de uma rápida troca de palavras, Jão deixou que Zé esticasse um fio e o enfiasse numa tomada nunca usada. Pó em volta. Coisa antiga. De repente ouviu-se um pipoco, um curto?

Depois do espanto e correria abortada, Lampa levantou-se chamando a atenção de todos ao arrancar o fio da tomada. Disse: "Vocês são uns trouxas!".

Enquanto ele dizia isso, do fio saía uma fumacinha e um cheiro de queimado insuportável. Pediu calma, cortou um pedaço do fio,mexeu pra lá e pra cá e após dar um chute o trambolho passou a funcionar. 

Todos bateram palmas vibrando, levantando a bola do Lampa. E em uníssono: "É o maior! É o maior! É o maior!".

Achei graça. 

Zilidoro, nervoso, pede silêncio. É uma ligação internacional. 

Pergunto quem é. E Zilidoro: "Seu Assis, é de Oxford. Querem uma palestra sua. O tema é a Cultura Popular Brasileira, com destaque a uma coisa que eles chamam de Foro, Forol, Farol, sei lá!".

Pega o telefone e diga que ligarei depois.

Os irmãos Biu e Barrica cochichavam. Barrica tomou a palavra: "O assunto do dia é a guerra em Israel. Queremos saber a sua posição. É a favor ou contra? O Lula até agora está em cima do muro...".

Bom, pessoalmente eu sou contra a qualquer tipo de violência. O que o Hamas está fazendo não se faz. São um bando de criminosos espalhando o terror em Israel a partir da Faixa de Gaza. Quem sofre, quem perde, é o povo dos dois lados: israelenses e palestinos. Os caras do Hamas são o pior que se possa imaginar no mundo. Como friamente degolar crianças, idosos, mulheres, pessoas...?

Nem bem eu concluíra a frase, Zoião levantou a voz e disse: "São uns demônios os caras do Hamas!".

Barrica, eu disse, acho que o Lula ainda não chamou os terroristas do Hamas de terroristas porque ele espera que todos os brasileiros deixem a região. Depois é outro tempo, outro momento. 

Barrica olhou pra Zilidoro, que olhou pra Biu, que olhou pra Jão, Zé e Mané. Silêncio. Barrica murmurando em tom maior: "Hummmm...". 

Zilidoro em voz alta, como se falasse pra si próprio: "É, faz sentido!".



terça-feira, 10 de outubro de 2023

ESTADO PARA OS PALESTINOS. É ISSO!

O pau continua cantando no Oriente Médio, como sempre. 
O Oriente Médio, com suas loucuras, vive em guerra há milênios. O homem simples não tem vez, mas a ele infelizmente é dado o direito de fazer com a mulher o que bem entender. Pena.
É daquelas bandas o berço de Maomé.
É daquelas bandas o surgimento do Alcorão. A propósito, o filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860) em Metafísica do Amor, no capítulo quatro, disse que esse "é um livro medíocre".
O terror continua a ser disparado a partir da Faixa de Gaza sobre a cabeça do povo de Israel.
A saída desse impasse criminoso e sangrento é a criação de um Estado para os palestinos.
O mundo continua correndo risco.

segunda-feira, 9 de outubro de 2023

COMEÇOU O FIM DO MUNDO?

Atenção! Atenção!

O velho Nostradamus previu muita coisa ruim, incluindo a chegada do fela Hitler e, portanto, a 2ª Guerra Mundial.
Atenção, e já estou fazendo "pelo sinal":
Nostradamus previu que a 3ª Guerra Mundial será deflagrada ainda neste ano de 2023.
Hmmmmm...
Ali pelos fins dos anos 70, ou começo dos 80, a cordelista Berenice de Souza Lima escreveu um folheto intitulado As Profecias de Nostradamus, A Morte do Papa e o Fim do Mundo. Lá pras tantas, em sextilhas, ela diz:

... Segundo a profecia
Lutando contra os árabes
A terra da Palestina
Os judeus ocupariam
Bandos vindo do Eufrates
A Palestina retomaria

A Palestina será
Novamente reconquistada
Os judeus serão vencidos
Não aguentarão a parada
E um novo cativeiro
Para os judeus está preparado...


De um lado e de outro da Faixa de Gaza estão morrendo pessoas. De um lado fica Israel e do outro, a Palestina.
No fim da madrugada de sábado 7 partiu da Faixa de Gaza uma chuva de foguetes em direção a Israel. Rebuliço e sangue. O 1º Ministro Netanyahu em segundos declarou guerra.
Além de mortos e feridos dos dois lados duas ou três centenas de civis, entre os quais brasileiros, foram sequestrados pelos caras do Hamas.
Netanyahu jurou por Deus ou sei lá por quem, que vai transformar em pó e varrer da Terra o Hamas.
O Hamas é um grupo armado que faz tudo e mais um pouco em nome do sacrificado e sempre ludibriado povo palestino.
A Palestina é uma terra oficialmente sem dono. Isto é, não é Estado constituído, embora tenha uma nação.
São apátridas todos os palestinos.
A história recente naquele pedaço de mundo tem como ponto de partida o dia 14 de maio de 1948. Nesse dia, por sugestão e orientação da ONU, foi criado o Estado de Israel. Era pra serem criados dois Estados: o dos judeus e o dos árabes.
Judeus, leiam-se: israelenses.
Árabes, leiam-se: árabes cuja a minoria até hoje atende por palestinos.
Logo após a formação de Israel, insatisfeitos egípcios, libaneses, sírios e outros mais quebraram o pau e perderam a batalha que ficou conhecida por Guerra dos Seis Dias.
O Hamas é financeiramente alimentado pela Arábia Saudita e Irã.
Muitos grupos armados agem em nome dos palestinos, inclusive o Hamas. Pergunto: e se o Hezbollah entrar na parada em apoio ao Hamas, hein?
Os palestinos sofrem desde os tempos de Cristo. Aliás, o povo daquele lugar nunca encontrou paz. E é o que se vê.
Não custa lembrar que Israel é um dos países que têm bem guardadinhas bombinhas atômicas.
Durma-se com um barulho desses!
Em 1939, a portuguesinha Carmem Miranda gravou uma joinha chamada E... O Mundo Não Se Acabou, do baiano Assis Valente. Ouça:

domingo, 8 de outubro de 2023

PAULINHO NOGUEIRA GANHA LIVRO

Hoje, 8 de outubro, é o Dia dos Nordestinos. Esse dia faz parte do calendário comemorativo de São Paulo. 
São milhões e milhões de nordestinos espalhados no território paulista, especialmente na Capital.
Sampa é considerada "a capital do Nordeste". A propósito, durante anos produzi e apresentei o programa líder de audiência São Paulo Capital Nordeste, pela rádio Capital AM 1040.
Entrevistei muitos conterrâneos famosos e também não famosos. E não só nordestinos como Inezita Barroso, Paulo Vanzolini, Mário Zan, Benedito Ruy Barbosa, Antonio Fagundes, Mário Lago, Martinho da Vila, o maestro João Carlos Martins, o cartunista argentino Quino e tantos mais.
Lembro com alegria da entrevista que fiz com o violonista Paulinho Nogueira. 
Paulo Nuzzi e Assis Angelo
Paulinho nasceu no dia 8 de outubro de 1927 em Campinas, SP e morreu na sua própria casa há 20 anos, do coração, depois de beber água e sentar-se numa poltrona com o violão no colo.
Coração Violão Paulinho Nogueira Simplesmente. Este é o título do livro que o jornalista paulistano Vitor Nuzzi está concluindo e que será publicado no começo do próximo ano. Antes Nuzzi lançará um livro sobre o mago da música Hermeto Pascoal.
Vitor Nuzzi promete contar muita coisa que o grande público desconhece a respeito de Paulinho Nogueira e Hermeto. 
Numa apresentação em Cuba, Paulinho entusiasmou e arrancou aplausos de todo mundo. No dia seguinte formou-se uma quilométrica fila à porta do teatro. Motivo: todos queriam assistir a mais uma performance do "maestro Paulinho". 
Essa é uma das histórias que estão no livro do Nuzzi. 
Paulinho Nogueira deixou muitos discos gravados e compôs muitos sucessos. Entre esses Menina, inspirado numa sobrinha.
 

CATULO

Hoje, 8 de outubro faz 160 anos que nasceu.no Maranhão o compositor e violonista Catulo da Paixão Cearense. Nascido em 1863, o autor de Luar do Sertão morreu em 1946. Fica a lembrança. 

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