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sexta-feira, 4 de setembro de 2020

CEGO TAMBÉM VÊ

Cegos e demais pessoas portadoras de deficiência, seja ela qual for, come o pão que o diabo amassou. Diariamente. SER CEGO É UMA MERDA!
Não é fácil ser cego.
Cego é a pessoa que não vê com os olhos, certo?
Pois bem, dizem que eu sou cego porque não vejo com os olhos. Mas eu vejo com a memória, eu vejo com os olhos de amigos e de amigas. Com a intuição, até.
Não, não estou falando do que não sei.
Cego é um ser fora do contexto, fora de programa, fora de tudo. Dói.
A exclusão cai-nos como uma condenação. É uma condenação. Pagamos por crimes e pecados que não cometemos.
A questão da inclusão é questão pra ser levada à sério, à discussão, às escolas.
Eu nem ia falar sobre o que estou falando, mas a cedulazinha de 200 mangos, que começa a circular entre os mais abastardos, fez-me falar o que estou falando.
Confesso que ainda tenho dificuldade em identificar cédulas. Mas ouço dizer que a nova cédula é bem parecida, em tamanho e textura com a notinha de 20 paus.
Por que isso, é pra complicar ainda mais a vida cega dos cegos?
Por que o Banco Central não fez uma cédula diferenciada das demais em circulação?
Melhor: Por que quem tem olhos não nos vêem?
Estou louco para trabalhar, para voltar a radio, a televisão. Louco pra publicar livros, dar palestras, cantar, tocar e dizer ao mundo que cego também vê.

 

NAS ONDAS DO RÁDIO (1)

O mês de setembro é um mês cheio de coisas bonitas. E de gente boa, inteligente.
Muita gente gabaritada nasceu e morreu nesse mês de chuvas e flores.
Vandré nasceu no dia 12 de setembro de 1935. Eu e o Manézinho Araújo nascemos no dia 27. Ele em 1910, eu em 1952.
Em 1952, na madrugada de 27, morreu na Dutra o cantor Chico Alves. Chico era chamado o Rei da Voz. Muito querido. Sua morte enlutou o Páis, de norte a sul.
Foi no dia 18 de setembro de 1950 que o paraibano Assis Chateaubriand (1892 - 1968) inaugurou no Brasil, mais precisamente em São Paulo, a televisão, essa maquininha de fazer doido, como dizia Stanislau Ponte Preta.
Chamou-se Tupi a primeira TV brasileira, que anos depois seria comprada pelo animador Sílvio Santos e incorporada ao SBT. E o rádio, hein?
O dia do rádio é comemorado no dia 25 de setembro. Isso porque foi nesse dia e mês que nasceu lá em 1884, o cientista Roquette Pinto.
Foi Roquette o criador da primeira emissora de rádio do país, que chamou-se Rádio Sociedade do Rio de Janeiro.
Nesta e nas outras sextas setembrinas, postaremos programas de rádio que andei apresentando. O primeiro, esse aí, no link abaixo, traz conversas saborosas que fiz com Antônio Rago, Élio Sindô, Lea Freire, Heraldo do Monte, Aquiles Reis (MPB4), Arismar o Espirito Santo, Antônio Nóbrega, Eduardo Valbueno, Sebastião Martinho, Luzivam Pereira, Benito de Paula, Maria da Paz, Jackson Antunes, Luiz Vieira, Dorival Caymmi, Fagner (foto acima), Jair Rodrigues e entre outros da nossa música popular.
Rago (e seu Regional) foi o último instrumentista a acompanhar o cantor Chico Alves, na última apresentação que fez pouco antes de morrer na Dutra. No programa, ele conta essa história.
Fagner, na ocasião em que o entrevistei no programa São Paulo Capital Nordeste, conta um pouco da canção Três Irmãos, da tradição francesa. Tem a narrativa da literatura de cordel. Fala da violência do século XVI e dos dias atuais. Bom, tomara que vocês gostem.


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