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domingo, 2 de agosto de 2009

REI MORTO, REI POSTO?

Foi numa manhã fria de vento gelado como essa, e de sol medroso, que o Brasil inteiro caiu em lágrimas e chorou.
Choro de dor sentida.
Aquela manhã chegou acabrunhada aos corredores do Hospital Santa Joana, na capital pernambucana, prenunciando tristeza das maiores.
Num leito branco, um homem.
Inerte, olhos pregados no teto, ele balbuciava algo como um pedido para cantar num aboio as dores que lhe maltratavam.
A sua volta, médicos e enfermeiras lhe acalentavam, fazendo de um tudo para lhe trazer de volta à vida, que agora depressa lhe fugia.
Além do corpo médico, uma mulher apaixonada ilustrava o quadro: Edelzuíta Rabelo, a quem o paciente chamava de “meus amor” desde quando se conheceram numa festa de São João, em Recife.
Ao invés de gemer ou chorar, ele apenas aboiava.
Tangia uma boiada imaginária. Seu povo, talvez, a quem dizia amar e querer só bem.
A cena quem me narrou foi a própria Edelzuíta, numa palestra que fizemos em câmara de vereadores de uma das cidades dos arredores de São Paulo, ao lado de Amorim Filho e Expedito Duarte. Faz tempo. Entre os presentes, o sanfoneiro Zé Paraíba.
Bom, o velho aboiador ou cantador, como ele gostava de ser chamado, partiu para a eternidade exatamente às 5h15m do dia 2 de agosto do ano da graça de 1989.
Ele?
Luiz Gonzaga do Nascimento, o segundo dos nove filhos do casal pernambucano Januário José dos Santos e Ana Batista de Jesus, a quem o Brasil ainda hoje chama de Rei do Baião.

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