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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018
MISÉRIA, MORTE E COLARINHO BRANCO
Outro dia falei sobre Mineirinho, o pistoleiro que rendeu muitas manchetes na Imprensa carioca e acabou morto com 13 tiros. Isso em 1962. Prá ser exato no último dia de abril daquele ano.
Mineirinho, de batismo José Rosa de Miranda, foi um fora da Lei comparado a Lampião. Aliás também comparado a Lampião, foi o pernambucano Vilmar Gaia. Como Lampião, Vilmar, que entrevistei na cadeia de Caruaru, caiu no mundo do crime para vingar a morte do pai. Mas Vilmar, depois de preso, escapou da cova comum. E é bem capaz de ainda estar vivo, não sei.
No próximo dia 28 de Julho completam-se 70 anos da armadilha em que caíram Lampião, Maria Bonita e mais pelo menos 11 cangaceiros. Isso, em Sergipe.
Sergipe é, segundo dados oficiais, o Estado brasileiro que encabeça o ranking dos mais violentos do País.
Muitos bandidos, assassinos, fizeram história. Eu conheci e entrevistei alguns deles, como João Acácio (1942-1998). João ficou conhecido como o Bandido da Luz Vermelha, eu o entrevistei no Juqueri, foto ao lado. Também entrevistei Mariel Mariscot (1940-1981).
Mariscot era um policial da elite do Rio de Janeiro. Ele integrava a Scuderie Detetive Le Cocq e era também conhecido por integrar o Esquadrão da Morte, no Rio.
Pois é, entrevistei muita gente do mundo do crime. Não, não entrevistei Lampião, mas entrevistei alguns do seu bando, como Sila e tal. E também sua irmã, Dona Mocinha, falecida com 102 anos, a filha Expedita e a neta Vera, que moram em Sergipe.
O esquadrão da morte ganhou muita força em São Paulo. O delegado Sérgio Paranhos Fleury (1933-1979) era um dos seus cabeças. Diziam até que era o chefão. Guardo péssimas lembranças dele. Do esquadrão entrevistei, na Penitenciária do Estado de São Paulo Zé Guarda, Fininho e Correiinha, tidos como perigosíssimos. Nesse pacote de entrevistas sobre o Esquadrão também entrevistei o jurista Hélio Bicudo e o ex secretário de Segurança Pública de São Paulo Erasmo Dias, o mesmo que invadiu com centenas de policiais o campus da PUC-SP. Tudo isso foi publicado em várias páginas de uma edição só do extinto semanário Pasquim (detalhe da capa com a reportagem acima).
Vocês já ouviram falar da rebelião ocorrida no Presídio da Ilha Anchieta, litoral Norte de São Paulo, em 1952? Essa rebelião resultou em mais de cem mortos, entre presos e policiais. O líder dessa rebelião, a maior do mundo à época, foi o pernambucano João Pereira Lima. Claro, Também o entrevistei para a Folha, mas essa é outra história.
O Brasil anda muito violento. Muitos Estados pedindo intervenção Federal. A propósito, a colega jornalista Cris Alves acaba de me trazer uma frase que leu em algum lugar:
"No Brasil o governo é corrupto. A justiça é uma bagunça, mas o crime é organizado". E não custa dizer: o crime organizado usa colarinho branco.
Uma perguntinha: quem matou mais, o cangaço de Lampião ou o ex governador Sérgio Cabral?
POVO E JECE VALADÃO
O ator Jece Valadão viveu no cinema o fora da Lei Mineirinho. Numa entrevista para a Folha, Jece um dia me disse : "Se o povo soubesse a força que tem, não deixaria que lhe pusesse cabresto".
GILMAR MENDES, QUE HORROR
Esse ministro sabe tudo sobre o crime.
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