Esse modo exagerado de declarar-se ao ser amado surgiu na segunda parte dos anos de 1920.
O primeiro grande representante musical do estilo brega foi o tenor carioca Vicente Celestino (1894-1968). São dele, entre outras, as canções O Ébrio e Coração Materno; a primeira gravada no dia 7 de agosto de 1936, e a segunda lançada há exatos 70 anos.
Depois de Celestino, que morreu em 1968, surgiram outros cantores exagerados no seu modo de cantar. Entre esses o recifense Orlando Dias, de batismo José Adauto Michiles (1923-2001).
Dias alcançou grande sucesso entre o público feminino, a partir dos anos de 1950. Por essa época, e logo depois, ele gravou Tenho Ciúmes de Tudo, Perdoa-me Pelo Bem que te Quero, Com Pedras na Mão e Tu És o Maior Amor da Minha Vida.
Dentre todos os bregas, Orlando Dias foi, talvez, o que mais exageradamente se atirou aos braços da amada. No palco, Dias fazia grandes malabarismos. “Era incrível. Chegava a rolar no chão, como nenhum ator jamais fez”, lembra o cartunista Fausto, segundo ele mesmo “testemunha ocular da história”.
Cantores que se consagraram no estilo interpretado por Orlando Dias, podemos destacar Cauby Peixoto, Teixeirinha, Raul Sampaio, Amado Batista, Waldick Soriano, Odair José, Wando, Bartô Galeno, Alípio Martins, Sidney Magal, Agnaldo Timóteo, Nelson Ned, Lindomar Castilho, Fernando Mendes, Reginaldo Rossi e Falcão.
Teixeirinha consagrou-se com Coração de Luto, pejorativamente chamada esta canção de “Churrasquinho de Mãe”. Essa música foi regravada em vários idiomas: alemão, francês, inglês...
Wando marcou seu estilo com Moça.
Fernando Mendes alcançou um sucesso danado com o título Cadeira de Rodas.
Reginaldo Rossi, pernambucano, emplacou um sucesso atrás do outro. O último, Garçom. Essa música, aliás, chegou a ganhar uma “resposta” feita pelo compositor e violeiro mineiro Téo Azevedo.
E Falcão, hein?
Em entrevista exclusiva a este colunista, Falcão definiu a modo próprio o que é o programa de TV que apresenta toda quinta, à noite na TV Ceará, Leruaite. Esse programa, tascou o atual Rei dos Bregas: “É uma tertúlia flácida para conduzir bovinos aos braços de Morfeu”. E caiu numa risada, bem humorado como sempre. E seguiu: “Do meu programa participam dois cegos e um meio cego. Os dois cegos são os irmãos Vanda e Valdecir. Vanda é triangueira e Valdecir, sanfoneiro. E o meio cego tem por nome Bubu, zabumbeiro. Isso mesmo, Bubu”.
Como se não bastasse, o programa com nome em inglês que apresenta, Falcão é também um excelente “versionista”. Lembra Fausto: “A interpretação que Falcão dá a Eu Não Sou Cachorro Não é hilariante”. É mesmo, concordo. Confiram: I'M NOT DOG NO
Falcão, de batismo Marcondes Falcão, disse que os cegos que participam do seu programa formam o Trio Tô Nem Vendo.
Anna da Hora (assistente de Assis), Falcão e Assis, nos traços de Fausto Bergocce |
O programa Leruaite tem um quadro em que o cego Valdecir apresenta a previsão
do tempo. “E ele jurando, diz: Se for mentira, eu cegui!”, conta o gracioso
cantador de lorotas do Ceará.
Falcão já participou de alguns filmes,
dentre os quais Cine Holiúdy. “Eu interpreto um cego que é doido por cinema e
de cinema sabe tudo. É um barato!”, disse o aplaudido cearense revelando que
está concluindo as gravações de uma nova temporada que estreará em breve na
telinha da Plim, Plim. “Estou gostando dessa brincadeira”.
Completando
este ano três décadas de carreira, Falcão lembra que o primeiro disco (LP),
gravou de modo independente, em Fortaleza. “Esse disco,
Bonito, Lindo E Joiado, foi relançado pela extinta Continental. Depois gravei mais dois LPs.
Títulos:
O Dinheiro Não É Tudo, Mas É 100%
e
A Besteira É A Base Da Sabedoria”.
E projetos é o que mais tem. “Se for preciso, a trilha sonora do meu
novo filme será toda minha. Uma das músicas que acabo de compor é Horrível de
Linda”, conclui Falcão alisando o girassol pregado no peito,
espalhafatosamente.
E mais não disse.
Abaixo a abertura da série
Cine Holiúdy, com Falcão e Elba Ramalho. Coisa boa! Confira: