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quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

BICHO, BICHO, BICHO. MEU DEUS! É GENTE. É GENTE?

O pernambucano Manuel Bandeira narrou a seu jeito seus próprios versos, nos fins dos anos de 1950:

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus
Era um homem.

Arrepiei-me todo há pouco quando vi esse bicho, que não era homem, que não era gente, que não sei o que era.
Esse bicho também era não/era mulher, meu Deus!
Estava ali esse bicho nos baixios do viaduto Minhocão, bem perto de onde moro entre Campos Elíseos, Barra Funda e Higienópolis, terreno do humorista Jô Soares, do político ex-presidente da República FHC e tantos.
Meu Deus!
Era nada tudo aquilo que vi:
- Um jovem puxando cachimbo craqueano com os olhos virados...
- Uma jovem, bem jovem, barriguda de um bebê sabe-se lá de quem...
- Outros jovens em volta fumando coisas... E outros bebendo eu não sei o quê.
Havia no meio também uns desnudos, dizendo coisas sem coisas e exalando um fedor dos infernos.
E chovia.
Eu vi.
Vi também um monte de sombras chegando com coisas/comidas nas mãos, oferecendo sei lá o quê aos oferecidos que pegavam autômatos engole-engole às cegas o que lhes oferecia sem saber o quê.
Meu Deus!
Manuel Bandeira viu tudo.

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