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quinta-feira, 4 de março de 2021

VACINA SIM, JÁ, IMEDIATAMENTE! (3)

 

Personalidades das mais diversas áreas de atuação estão rindo à toa após receber vacina contra a Covid-19.

Já receberam a primeira dose os atores Fernanda Montenegro, Ary Fontoura, Laura Cardoso e Lima Duarte, o apresentador de TV Silvio Santos, o humorista Renato Aragão, o desenhista Maurício de Sousa e as cantoras Elza Soares e Anastácia (acima, no destaque). 

Anastácia, de batismo Lucinete Ferreira, nasceu em recife, PE, e no próximo dia 30 de maio completará 80 anos de idade, embora nos seus documentos indique que nasceu em 1940. Ela trocou a Capital pernambucana por São Paulo no começo dos anos 60. Queria ser aeromoça, mas desistiu a tempo de se transformar na mais representativa forrozeira do Brasil.

A respeito de Anastácia, leia mais: ANASTÁCIA, PRINCESA OU RAINHA?

A IMPRENSA CONTINUA SENDO ALVO DE BOLSONARO

Soldado, soldadinho
Que fazes na contramão
Pensando no passado 
Quando eras capitão?

Uma coisa vou contar 
Escute, preste atenção 
Um soldado de verdade 
Não marcha na contramão

Contramão é pra maluco 
Pra sujeito sem noção
Pra sujeito que não sabe 
Dirigir uma nação

Os versinhos que produzi aí acima dizem um pouco do comportamento do cara que assumiu a Presidência sem interesse algum de cuidar do bem estar do país e da nação. Pena.
O que mais faz o sujeito aí é marchar na contramão contra o povo e seus interesses reais. 
Não precisamos de um analfabeto que insiste em não aprender o bê-á-bá que leva ao sucesso um país. 
Só é analfabeto, no sentido aqui exposto, quem não quer, ou quer, afundar um país combatendo o seu povo. É o caso, não? 
O incompetente e negacionista Bolsonaro insiste em detonar o povo e a Imprensa. 
No dia 11 de março de 2020, a OMS declarou estar o mundo em pandemia provocada pela covid-19.
Um dia antes, 10, o presidente do Brasil declarou: "Obviamente, temos no momento uma crise, uma pequena crise, né, no meu entender muito mais fantasia a questão do coronavírus, que não é isso tudo que a grande mídia propaga pelo mundo todo".
A partir daí Bolsonaro, que nem um cachorro louco, partiu pra cima dos jornalistas brasileiros. Confira:

“Ela queria dar o furo a qualquer preço contra mim” (18/02) 
"Há um alarmismo muito grande por grande parte da mídia. Alguns dizem que estou na contramão. Eu estou naquilo que acho que tem que ser feito. Posso estar errado, mas acho que deve ser tratado dessa maneira". (22/03)
"Eu não vou falar com a imprensa, porque eu não preciso falar. Vocês não distorcem mais, inventam. O que eu li hoje…Inventam tudo. Então, podem continuar inventando aí” (22/04)
"Imprensa lixo chamada Globo" (30/04)
“É uma manchete canalha e mentirosa, e vocês da mídia, tenham vergonha cara. A grande parte publica patifaria” (05/05)
"Vocês da Folha têm que entrar de novo numa faculdade que presta e fazer um bom jornalismo. E não contratar qualquer uma ou qualquer um pra ser jornalista. Pra ficar semeando discórdia e perguntando besteira" (16/05)
"Vamos parar com essa bobagem, a campanha acabou para a imprensa. Eu ganhei! A imprensa tem que entender que eu ganhei. Eu, Johnny Bravo, Jair Bolsonaro, ganhou, porra! Ganhou, porra! Vamos entender isso” (05/08)
"Vontade de encher tua boca com porrada, tá? Seu safado" (23/08)
"Jornalista "bundão", "só usam caneta para maldade" (24/08)
"Você tem uma cara de homossexual terrível, mas nem por isso eu te acuso de ser homossexual" (20/12)
'Pergunta para tua mãe o comprovante que ela deu pro teu pai' (20/12)

A imprensa continua sendo alvo de Bolsonaro, ontem mesmo ele disse que a imprensa leva o povo ao pânico, ao divulgar informações sobre a pandemia. Até agora, 260 mil brasileiros morrera, vitimas da covid-19. 



PATATIVA, A VOZ DO POVO



A pandemia fechou as livrarias, no Brasil e no mundo.
Já não se ouve falar em lançamento de livros ou de quem está com livro pra lançar. De poesia inclusive.
O Brasil é uma terra de poetas. De grandes poetas, como Gregório de Matos, Casimiro de Abreu, Alphonsus de Guimaraens, Augusto dos Anjos, Olavo Bilac, Mário Quintana, Ascenso Ferreira, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e tantos e tantos. Esses, eruditos, digamos assim. E populares, como Leandro Gomes Barros, Firmino Teixeira do Amaral, João Martins de Athayde, Francisco das Chagas Batista, João Melchíades Ferreira, Pedro Bandeira, José Camelo de Melo Resende, José Pacheco, Zé Praxédi, Zé da Luz, Manoel Camilo dos Santos e Patativa do Assaré. 
Patativa, de batismo Antônio Gonçalves da Silva, nasceu no município cearense de Assaré em 5 de março de 1909. Teve uma penca de irmãos, mas somente ele deu pra poesia. Começou a carreira como cantador repentista, profissão que largou ali pelos fins de 1930. Perguntei-lhe por qual razão fizera isso. Resposta: “Já tinha muito cantador e eu seria só mais um no meio”. 
A história desse Antônio que virou Patativa é longa e cheia de altos e baixos. Logo cedo perdeu a visão de um olho e cego completamente ficou na fase adulta, mas isso não o impediu de trabalhar e se “divertir” compondo suas “coisas”, mentalmente. “Guardo tudo na cachola”, disse-me um dia na sua casa em Assaré. 
Conheci Patativa do Assaré em dezembro de 1979, em São Paulo. Nessa ocasião ele estava lançando o primeiro de dois LPs que seu conterrâneo Raimundo Fagner produzira. Títulos: Poemas e Canções e A Terra É Naturá (1980). 
Antes e depois de publicar o primeiro livro, Inspiração Nordestina (1956), Patativa publicou vários folhetos de cordel. A rigor, era um cordelista.
A obra de Patativa é desenvolvida em quadras, sextilhas, décimas e aqui e acolá, sonetos. 
Baixinho, franzino, o poeta tirava da alma belíssimos poemas que faziam chorar, como chorar fazia e faz o Assum Preto, de Luiz Gonzaga. Quando não líricos, os poemas eram de protesto contra o poder vigente. É dele, por exemplo, Eu Quero. Dele também é A Triste Partida, gravada pelo Rei do Baião em 1964. Não poupava políticos. Meteu a ripa em FHC quando foi lançado o Real. 
Os políticos o procuravam o tempo todo, notadamente nos períodos de pré-eleição. Dentre todos, o que mais dele se aproximou foi o ex-governador do Ceará Tasso Jereissati. 
Em 1989, Tasso telefonou a Patativa perguntando o que ele queria de presente de aniversário. Um carro, por exemplo. Estava completando 88 anos. Resposta do poeta: “Pra que diabo eu quero um carro se sou cego e não sei dirigir, obrigado”, e desligou. O governador insistiu e Patativa: “Não precisa nada, muito obrigado. Estou bem”. 
Uma semana depois desse diálogo, Patativa ganhou uma cadeira de balanço com os números 88. 
Há muitas histórias engraçadas, curiosas em torno do poeta cearense. 
No livro O Poeta do Povo eu conto a história desse cidadão que nos deixou uma obra à altura do seu talento e cidadania. 
Sobre ele, Gereba, Klévisson Viana e eu compusemos a canção A Flor de Cacto no Sertão da Vida:
 
 
Era, como diziam: a voz do povo é sacrificada, judiada pelos poderosos de plantão. 
Antônio Gonçalves da Silva morreu no dia 8 de julho de 2002.

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