"A política brasileira está uma loucura", começou Zilidoro, acrescentando: "A violência já começou".
Ao ouvir isso, acrescentei em tom natural: Sempre foi assim, Zilidoro. Os políticos se incumbem de por fogo na fogueira. Muita gente já morreu discutindo política.
E Lampa no seu canto, cutucando as unhas com seu punhalzinho, escutando, escutando. De repente, levanta a sobrancelha direita e resmunga: "Mataro até o presidente Vargas. Mataro Castello Branco. Mataro...".
"Você tá dizendo besteira, Lampa. Getúlio morreu pelas próprias mãos, ao detonar um tiro no peito", disse Biu.
Barrica, concordou com o irmão e acrescentou: "Castello morreu na queda dum avião".
Mané, que de besta não tem nada, lembrou que Getúlio caiu em desgraça pelos ataques do seu inimigo político Carlos Lacerda. E que o avião que transportava Castello Branco não foi abatido e caiu por problemas mecânicos. Lampa: "Isso é o que dizem, é o que dizem...".
Pessoal, eu disse, vamos mudar de assunto?
"É a gente pode mudar de assunto, mas continuar na política", foi a vez de Zé.
Jão, que a tudo observava, respirou fundo dizendo que "de tédio ninguém morre no Brasil". Esse Jão, esses meus botões estão me surpreendendo a todo momento.
Zoião parecia estar lendo meu pensamento. Disse ele: "A semana tá terminando em alvoroço, só não vê quem é cego!".
Achei graça e disse na brincadeira: Calma, calma Zoião, eu sou cego mas vejo. E ele: "Desculpa chefe, eu não queria chatear".
Jão deu uma risada gostosa depois de ouvir a gafe de Zoião.
Calado Zé voltou à tona dizendo:
"O Bozo, como diz uma amiga minha, está subindo parede com medo do Lula. O Ciro tá cortando o vento com os dentes. Chutando, como sempre, o pau da barraca. E não aguenta o Lula, como o Bozo".
Seu vizinho de casa, Zoião, balançou a cabeça concordando: "É isso mesmo e acho que o Lula está andando de salto alto com aquela sainha ridícula...".
"Sainha, que sainha?", perguntou o Barrica meio tonto. "É força de expressão, seu besta!", respondeu Zoião.
E a carta aos brasileiros e brasileiras que professores e alunos da USP abriram no site da USP?, quis eu saber dos meus queridos botões. "Achei bom, achei bom. Quem não gostou foi Bolsonaro", disse pontuando as palavras o Zilidoro. E Lampa só ouvindo. De repente, soltou a sua voz cavernosa: "Sei não, mas acho que isso inda vai dar problema".
"Que problema?", quis saber o Jão. "Problema de discussão, de briga, pois xingamento a carta já provocou", respondeu Lampa com seu jeitão de cabra de pouca conversa.
Peguei carona e andei na conversa em pauta, querendo saber o que achavam da carta que a Fiesp está elaborando com adesão dos grandões da Febraban. "Essa é uma questão de poderosos muito poderosos. Ao fim, sobrará pro povo que tá passando fome e todo tipo de desgraça", concluiu Zilidoro.
Mas antes de dar a conversa por encerrada, Barrica quis saber se eu conheci o cantor e compositor paraibano Geraldo Vandré. Eu disse que sim, que conheço. E que ele vai fazer 87 anos no próximo dia 12 de setembro. Por que essa pergunta?, eu quis saber. E Barrica: "Porque ele tem uma música que eu acho muito legal e que tem a ver com o momento atual que vivemos".
"Boa, Barrica! A música que você se refere é Pra Não Dizer que Não Falei de Flores, não é?", acertou Zilidoro.