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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

PARABÉNS A VOCÊ: 80 ANOS!

No próximo domingo 6 a canção Parabéns pra você completará 80 anos.
Na origem é uma adaptação da canção Happy Birthday to You, publicado num livro do norte-americano Robert Caleman.
Em 1942, essa canção ganhou versão assinada por Bertha Celeste Homem de Mello (1902-1999), ou Léa Magalhães, paulista de Pindamonhangaba concorrente de um concurso musical promovido pelo cantor e radialista carioca Almirante, de batismo Henrique Foréis Domingues.
Desse concurso, levado a efeito pela Rádio Tupi do Rio de Janeiro, participaram centenas de compositores de todo o País.
A canção, desenvolvida em quadrinhas, começa assim:

Parabéns pra você
Nesta data querida
Muita felicidade
E muitos anos de vida...



O TIETÊ TEM SALVAÇÃO?


A sensibilidade do escritor paulistano Mário de Andrade (1893-1945) é incrível. Salta aos olhos, especialmente quando se lê o que escreveu sobre o judiado rio Tietê. Rio esse que corta de ponta a ponta o Estado de São Paulo e, ao invés de correr para o mar, corre no sentido leste-oeste em direção ao seu co-irmão Paraná, fronteira com Mato Grosso do Sul.
Sempre foi assim, sempre foi assim que o rio Tietê correu. Outrora límpido e hoje, lamentavelmente, cheio de porcaria nele despejada pela indústria e todo mundo.
Ah! O Tietê, rio teimoso, independente e rebelde.
Problemas de todos os tamanhos o Tietê começou a enfrentar já na metade do século 20. Tais problemas começaram a se agravar no decorrer dos anos de 1960. 
No passado, quem quisesse se banhar, nada e até pescar com tranquilidade.
Muitos políticos encheram os bolsos e as águas do Tietê com dinheiro do BNDES e do BID, prometendo o que não podiam ou o que não quiseram cumprir.
Em 1992, o governador Luiz Antonio Fleury Filho (ao lado, em vistoria a obras do metrô) prometeu a Deus e o mundo limpar completamente as águas do Tietê. E na promessa, acrescentou, que até 1995 tomaria ele próprio um copo d'água do que chamou de "novo Tietê". Não tomou.
Fleury deixou o cargo de governador, que foi substituído por Mário Covas (1930-2001), que foi substituído por Geraldo Alckmin.
Mais de 20 anos depois de o PSDB mandar e desmandar em São Paulo nada, concretamente, foi feito para despoluir as águas do gigante Tietê. Pena.
O atual governador, João Dória, também prometeu fazer navegável o Tietê. Mais uma promessa.
Enquanto isso, ai ai ai, o povo e as indústrias continuam jogando porcaria nas águas intragáveis do rio Tietê.
o Tietê já foi tema de muitas músicas.
Em 1929, Cornélio Pires (1884-1958) escreveu uma joia chamada Moda do Rio Tietê. Ouça:

SÃO PAULO EM PROSA, VERSO E MÚSICA (12)

Alguns autores de músicas feitas para Sampa

Jarbas Mariz nasceu na estrada, no dia 14 de março de 1952, entre Minas Gerais e Espírito Santo. Foi criado na capital paraibana, onde, em 1967, abraçou a profissão de músico. Em 1968 formou o grupo Pedras Rolantes, que viraria Selenitas, um dos mais populares e requisitados conjuntos de baile do Nordeste, que existiu por sete anos. Em 1977, começou a gravar discos. O primeiro foi um compacto duplo. Dois anos antes, fez show histórico no Teatro Santa Rosa, de João Pessoa, ao lado de Zé Ramalho: Três Aboios Diferentes; e com o próprio Zé e outros artistas, como Lula Côrtes, gravou o mais caro (e raríssimo) disco independente da história da MPB, Paembirú. No Rio de Janeiro, cantou com o rei do ritmo, Jackson do Pandeiro, e com a rainha do forró, Anastácia. Em 1989, e já morando na Capital de São Paulo, foi dirigido por Tom Zé e com ele passou a correr o mundo. Tem músicas gravadas por Marinês e Gilberto Gil. 

Alberto Marino era paulistano da Liberdade, criado no Brás. Nasceu no dia 23 de março de 1902 e morreu em 11 de fevereiro de 1967. Seus pais se chamavam Rosário e Carmella. Foi maestro da Sinfônica do Municipal e professor-diretor do Conservatório Dramático de São Paulo. Compôs Rapaziada do Braz na noite de 20 de novembro de 1917, para Ângela Bentivegna, com quem contrairia matrimônio em 1924. Antes de ser gravada pelo Sexteto Bertorino Alma (anagrama de Alberto Marino) e lançada pela Brasilphone, em 1927, já integrava o repertório dos seresteiros, e por sugestão do cantor Carlos Galhardo ganharia letra de Alberto Marino Jr.. No dia 25 de janeiro de 1968, junto a uma multidão, o prefeito Faria Lima inaugurava o Viaduto Alberto Marino. Prestigiaram o evento Vicente Celestino, Gilberto Alves, Nélson Gonçalves e Demônios da Garoa. É o primeiro clássico musical sobre o Brás, o mais cantado dos paulistanos.

Paulo Vanzolini nasceu na Capital de São Paulo, no dia 25 de abril de 1924 e faleceu em 28 de abril de 2013. Seus pais eram Carlos Alberto, engenheiro civil e eletricista, professor da Escola Politécnica; e Finoco Guidici, dona de casa. Foi criançaprodígio. Tornou-se cientista e um dos mais importantes especialistas em répteis do mundo todo. Shakespeare e Dante, que lia no original, eram seus autores de cabeceira, mais Camões e Bilac. Era PhD de Harvard, EUA. Trazia no currículo a formação de 38 doutores. Antes de concluir o curso de Medicina na USP, em 1947, e se especializar no estudo de vertebrados, serviu o Exército (reservista de 1ª Categoria) entre 7 de junho de 1944 e 14 de novembro de 1945. Um de seus livros, Tempos de Cabo, teve edição ilustrada por Aldemir Martins. Declarava-se apaixonado pela a cidade onde nasceu. Foi o criador dos clássicos Volta por Cima e Ronda, essa com versão até na Suíça. Sua obra musical cabe em quatro CDs.

Zica Bérgami nasceu em Ibitinga (SP), no dia 10 de agosto de 1913 e se criou na capital paulista; faleceu em 16 de abril de 2011. Em 1958, procurou a cantora Inezita Barroso e a ela apresentou várias músicas, entre as quais Lampião de Gás, cuja letra era comprida e foi encurtada para se transformar numa referência musical, a partir de sua gravação. O arranjo coube ao maestro mineiro Hervê Cordovil. Nesse mesmo ano, a valsa recebeu versão japonesa de Kikuo Furuno, gravada por Yoko Abe. Ganhou também o Troféu Zequinha de Abreu. A partir de 1960, passou a expor desenhos e pinturas de estilo primitivista em Portugal, Itália, México, Israel e França. Em 1999, o cantor e instrumentista Filó Machado assinou a produção e direção musical do CD Zezé Freitas Interpreta Zica Bérgami. Em 2001, o mesmo Filó, mais Camila Machado e Zezé Freitas, produziria o CD Salada de Danças, no qual pode ser ouvida sua voz em músicas até então inéditas.

Cacique e Pajé. Cacique nasceu a 25 de março de 1935, em Monte Aprazível (SP). Antes de formar dupla com Pajé, adotou os pseudônimos Peixoto e Rei do Gado. O primeiro disco que gravou foi um compacto duplo, pelo selo Centenário, em 1969. O disco trazia Violeiro Franco, chibata (gênero musical de origem indígena); A Viola e a Guitarra, cururu; Cristão Verdadeiro, moda campeira; e Aliança dos Noivos, valsinha. Em 1970, pelo selo Califórnia, gravou o primeiro LP: Tião Campeiro e Rei do Gado, produzido por Carreirinho. O segundo LP surgiu em 1972, com João Ferreira, pela Fermata. O maior sucesso da dupla, formada originalmente em 1978, ocorreu em 1979, com o LP Patrão e Secretária (220 mil cópias vendidas). O primeiro Pajé se chamava Roque Pereira Paiva (1936-1994) e era paulista de Bofete. O atual se chama Geraldo Aparecido da Silva, também paulista de Itapuí, nascido no dia 29 de julho de 1943.

Costa Senna é cearense de Fortaleza, nascido no dia 30 de novembro de 1955. Filho de Joaquim Raimundo e Raimunda Senna da Costa, ele trocou sua cidade de origem por São Paulo em 1990, dez anos após decidir a trabalhar com cultura popular. Nessa área tem produzido espetáculos e escrito folhetos de cordel. Atuou em peças teatrais e filmes de curta e longa metragem. Também compõe músicas, toca violão e canta. Tem CDs gravados, como Moço das Estrelas e Fábrica de UniVersos, e livros publicados, entre os quais O Doido, O Raulseixismo e Jesus Brasileiro, esse em parceria com o cordelista Marco Haurélio, revisor de textos e consultor da mais antiga e importante editora de folhetos de cordel do País, a Luzeiro. Na música, um de seus parceiros mais frequentes é Cacá Lopes. Em 2007, participou de Educar para Transformar, documentário em vídeo de Tânia Quaresma, sobre o educador pernambucano Paulo Freire.


Téo Azevedo, de batismo Teófilo de Azevedo Filho, é natural de Alto Belo, distrito de Bocaiúva (MG). Nasceu no dia 2 de julho de 1943. Antes de ficar famoso como compositor e violeiro, foi engraxate, camelô, lutador de boxe e soldado corneteiro do 12º RI na capital mineira. Começou a gravar em 1965, pela Discobel. O primeiro LP, independente, lançou no ano de 1974. O último, Guerrilheiro da Natura, duas décadas depois, pela Brasidisc. Tem músicas em discos de Zé Ramalho, Luiz Gonzaga, Sérgio Reis, Dominguinhos, Jair Rodrigues, Genival Lacerda, Banda de Pífanos de Caruaru, Cascatinha e Inhana, Pena Branca e Xavantinho, Tonico e Tinoco, Caju e Castanha e pelo bluesman Charles Musselwhite (Feel it in Your Heart). O poeta Carlos Drummond escreveu Viola de Bolso para seu pai, Tiófo, O Cantadô de um Braço Só. Tem publicados alguns livros, como Literatura Popular do Norte de Minas e Plantas Medicinais.


Sebastião Marinho, de sobrenome Silva, é paraibano de Solânea e filho de Manoel Anulino e Damiana Marinho do Nascimento. Nasceu no dia 10 de março de 1948, e do verso se tornou profissional no dia 15 de novembro de 1968. É presidente da União dos Cantadores, Repentistas e Apologistas do Nordeste (Ucran), entidade criada em 1988. Mora na capital paulista desde 1976. Há anos forma dupla com o pernambucano de São Bento do Una José Saturnino dos Santos, o Andorinha, com quem tem disco gravado. Andorinha participou do 2º Concurso Paulista de Literatura de Cordel, promovido em 2004 pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos e pelo Metrô de São Paulo, no qual classificou o folheto CPTM e Metrô, Orgulho Paulistano, que numa estrofe diz: “Quem vem a São Paulo encontra/Um transporte especial/ Os trens metropolitanos/Trafegam na Capital/Norte, Sul, Leste, Oeste/ Cobrindo a área central”.


Peter Alouche é bacharel em Letras e poliglota. É o que se pode chamar de cidadão do mundo. Embora nascido no Cairo, Egito, terra dos faraós, e apesar de sua pátria cultural ser, como ele mesmo costuma dizer, “a língua francesa”, a sua única e verdadeira pátria de adoção e de devoção é o Brasil. Ser engenheiro de formação e ter dedicado 35 anos de sua vida profissional à tecnologia do Metrô de São Paulo não o impediram de se aventurar nas letras brasileiras e até, pasmem, na literatura de cordel. Em 2002 participou, com o pseudônimo de Pedro Nordestino, do 1º Concurso Paulista de Literatura de Cordel, e classificou, entre duas centenas de concorrentes de todo o País, a história em sextilhas Encontro no Metrô, publicada em folheto cuja capa recebeu a assinatura do cordelista Klévisson Viana. Essa “ousadia ímpar”, segundo ele, só conseguiu “graças ao amor que tanto nutre pelo povo” de nossa terra. 


Durval Souto é instrumentista, compositor, cantor e produtor musical natural da cidade de Itaji (BA), nascido no dia 25 de fevereiro de 1954. Tinha 15 anos de idade quando se apresentou em público pela primeira vez, num circo. Morou em Salvador e Rio de Janeiro, antes de se iniciar profissionalmente na capital paulista. Em 1973, atuou na peça O Homem em Função do Meio, de Alfredo Zonalto, dirigiu o espetáculo Música Popular do Brasil, produzido pelo Grupo Esquema Novo e apresentado nas escolas da capital por seis anos. Ainda em 1973 estreou no disco, gravando um compacto simples que trazia, de sua autoria, a canção Época de todos nós. Participou de vários festivais de música popular, até lançar o seu primeiro LP, em 1981, pela extinta gravadora Continental. Gravou ao lado de Zé Geraldo e Inezita Barroso, lançou oito discos, entre compactos, LPs e CDs. Seu último trabalho, o CD Lobisomem Americano, é de 2002.


Osvaldinho Da Cuíca, de batismo Osvaldo Barro, é paulistano do Bom Retiro, e filho de Benedicta de Almeida e Domingos Barro. Nasceu numa terça-feira de carnaval (12/2/1940). Iniciou-se nos estúdios de gravação em 1957. É o mais famoso cuiqueiro do Brasil. Gravou com os maestros Peruzzi, Léo Peracchi, Chiquinho do Acordeon, George Henri, Erlon Chaves. Seus instrumentos de percussão podem ser ouvidos em discos de Orlando Silva, Nélson Gonçalves, Martinho da Vila, Adoniran Barbosa, Germano Matias, Paulinho da Viola, Cartola, Zé Kétti, Ângela Maria, Clementina de Jesus. Participou da trilha do filme Orfeu Negro, premiado em Cannes, com a Palma de Ouro. Integrou o grupo Demônios da Garoa. Fundou a Ala dos Compositores da Escola de Samba Vai Vai, em 1975. Um ano antes lançou seu LP de estreia e recebeu o título de Cidadão Samba de São Paulo, pela Secretaria de Turismo do Município.

Curiosidades sobre São Paulo

• Você sabia que Rapaziada do Brás, com “z” no original, foi a primeira música dedicada a um bairro da cidade e que seu autor tinha apenas 15 anos de idade quando a compôs?

 • Você sabia que o autor de Rapaziada do Brás, Alberto Marino, era violinista e assinava suas obras com o anagrama Bertorino Alma, também nome de um sexteto criado por ele no início dos anos de 1920? 

• Você sabia que Alberto Marino Jr. foi promotor e desembargador do Estado de São Paulo e que atuou em mais de 300 sessões do Tribunal do Júri? 

• Você sabia que Alberto Marino Jr. levou à cadeia o Bandido da Luz Vermelha e um de seus filhos, o juiz da Vara das Execuções Criminais Alberto Marino Neto, foi quem o libertou, em 2009?

 • Você sabia que Paulo Vanzolini foi um zoólogo muito respeitado no mundo, com PhD em Harvard e também membro da Academia Brasileira de Ciências, desde 1963? 

• Você sabia que Paulo Vanzolini foi por muitos anos diretor do Museu de Zoologia da USP, cuja biblioteca ele formou com os direitos de autor pelo samba Ronda? 

• Você sabia que a cantora Laura Okumura participou do filme de suspense A Dama do Cine Xangai, cantando Ronda em japonês? 

• Você sabia que Mary Buarque foi professora de piano de Inezita Barroso, a primeira cantora a gravar o samba Ronda, em 1953, no seu segundo disco de carreira? 

• Você sabia que a letra do samba Trem das Onze ficou engavetada por cinco anos e quem a desengavetou a pedido do produtor Braz Baccarin foi Arnaldo Rosa, um dos fundadores do conjunto Demônios da Garoa? 

• Você sabia que o rei do baião, Luiz Gonzaga, faz referência a São Paulo em cinco músicas e que até lançou um LP intitulado SP: QG do Baião, em 1971?

Não deixe de ouvir


Ao longo da carreira, Assis Ângelo entrevistou centenas de compositores, cantores e músicos. Para este especial, ele selecionou 18 trechos em que os entrevistados falam sobre São Paulo. Não deixe de ouvir: AlbertoMarinoJr, Antenógenes Silva, Benito di Paula, Billy Blanco e De Athayde, Germano Mathias, Mário Albanese, Mário Zan, Mário Zan e Demônios da Garoa, Moraes Sarmento, Nelson Gonçalves, Osvaldinho da Cuíca, Patativa do Assaré, Paulo Vanzolini, Rielinho, Roberto Fioravanti, Roberto Lapiccirella, Silvio Caldas e Zica Bérgami.

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