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sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

2021 NUNCA MAIS!

Finalmente o ano de 2021 vai-se embora. Já era tempo!
Como 2020, 2021 deixa um rastro de tristeza e morte.
Que 2022 nos traga saúde e felicidade.

ONALDO QUEIROGA, UM CIDADÃO DE RESPEITO!

O ano de 2021 está findando aos trancos e barrancos, deixando um rastro de tristeza e dor. Muita gente morreu, milhões. Só no Brasil, vitimadas pela Covid-19, os números bateram a casa dos 600 mil. Um horror.
Enquanto isso, o povo e o país continuam abandonados pelo Governo, que só pensa nele próprio. Pena.
Pra falar a respeito dessas coisas, puxei conversa com o juiz de Direito paraibano Onaldo Rocha de Queiroga, 55 anos, que está se recuperando da Covid.
Onaldo é de uma família ligada às leis.
Onaldo, cidadão apaixonado pela cultura popular, é o titular da 5ª Vara Cível da Comarca de João Pessoa e juiz auxiliar da presidência do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba.
Dentre seus inúmeros afazeres como juiz, Onaldo Queiroga é autor de uma dúzia de livros. Incluindo os que trazem questões do mundo jurídico, como Desjudicialização dos Litígios.
Cronista de boa cepa, nos jornais da sua terra, Onaldo Queiroga tem publicados livros como Por Amor ao Forró (biografia do músico Pinto do Acordeon; 1948-2020), Veredas do Eu, Baião em Crônicas e Riacho da Vida.
Antenadíssimo, Onaldo considera que o Brasil anda numa encruzilhada. Acha que o Brasil e o mundo estão doentes, mas pra tudo tem cura.
Acompanhe-nos nas perguntas e respostas pra lá de objetivas.
Ah! Ia me esquecendo: nas poucas horas que lhe sobram, Onaldo diverte-se compondo músicas. Clique: ONDE ESTÁ MEU SABIÁ

ASSIS: Você é de uma família de juristas. As leis estão na sua mão e memória. Qual a principal injustiça contra o Nordeste e o seu povo?

ONALDO: O preconceito. Historicamente há no âmago da sociedade brasileira uma intensa discriminação em relação aos nordestinos. Não é de hoje que inoportunamente e injustificavelmente o Nordeste e o nordestino sofrem ataques de ódio. Atualmente, pelas redes sociais, alguns desavisados e pobres de espírito, manifestam preconceitos, sem saber da capacidade e competência desse povo chamado Nordeste.

ASSIS: O Brasil está doente? Que doença ou doenças o Brasil é vítima?

ONALDO: Não só o Brasil encontra-se doente, mas o mundo inteiro. E não é de hoje. Posso enumerar algumas dessas doenças: Ausência de uma boa educação, de saneamento básico, o desequilíbrio de renda gerando pobreza, fome e tudo decorrente de uma chaga maior, a corrupção. Somos muitos Brasis dentro de um só Brasil. Uma diversidade imensa geográfica, de cultura, de costumes etc. Mas a corrupção afeta gravemente esse país.

ASSIS: O Brasil tem cura?

ONALDO: Tudo tem cura. Evidentemente que toda mudança passa imprescindivelmente pela mudança do próprio homem. Enquanto o homem não mudar, será difícil alcançar mudanças significativas em termos de uma sociedade mais igualitária.


ASSIS:
Há pelo menos 20 milhões de brasileiros passando fome. Isso pode se resolver com distribuição de renda e governo democrático?

ONALDO: A gestão governamental tem muita importância para sanear as dificuldades que atormentam o brasileiro. Mas a corrupção emerge como um fator nefasto, embrenhado na essência humana e que deve ser cada vez mais combatida, pois só assim, alcançaremos dias onde teremos uma melhor distribuição de renda e uma sociedade mais igualitária.

ASSIS: Numa frase, defina: No radicalismo da esquerda e direita há solução para o povo?

ONALDO: Com radicalismo ninguém chega a lugar nenhum, é preciso diálogo, fé e amor.

ASSIS: Voltando: o Brasil está doente e o mundo também. O mundo todo continua sofrendo da violencia do novo Coronavírus/Covid-19. Você pegou essa peste e conseguiu sair dela. Como foi isso, ou, como está sendo o processo de recuperação?

ONALDO: Resumir a travessia onde venci a COVID-19 é algo difícil diante do longo e doloroso trajeto percorrido, tanto é que resolvi escrever um livro. Permaneci 26 dias, intubado, contudo, após ser extubado, levei uns dez dias para acordar. Durante esse período em que estive desacordado, de nada me lembro. Ao acordar na UTI, confesso que de início imaginei que havia morrido, que estava em um Hospital Espiritual, do outro lado da vida. Sem poder falar, com uma traqueostomia, olhei para todos os lados, só vi camas, pacientes e enfermeiros. Agitei-me. O médico com calma, falou-me tudo que havia ocorrido. Foram dias difíceis. Muitas alucinações, 22 dias com a traqueostomia, duas sondas nasais e uma luta incessante e feroz para debelar dois fungos que se alojaram nos meus pulmões. Após 60 dias veio a alta hospitalar. Até hoje, com diversas sequelas, encontro-me, ainda, em reabilitação. Deus, com sua misericórdia infinita me permitiu viver e aqui estou eu para contar a história, a história de um milagre.

ASSIS: Enfim, na sua visão, como foi 2021, na economia, na política, na saúde...?

ONALDO: Ainda estamos atravessando a pandemia. O homem luta contra um inimigo poderoso e invisível, com efeitos, mutações e sequelas inimagináveis. A Covid-19 afetou nossa saúde em todos os sentidos e causou graves problemas na economia. A política, essa parece difícil de ser abalada. A falta de diálogo e convergência política atrapalhou e atrapalha o Brasil e o mundo. Mas se a devastadora COVID-19 nos fez aprender a usar máscaras, portar e utilizar álcool gel, todavia, as dores desse vírus parece que ainda não amoleceu o coração de muitos seres humanos.

ASSIS: Ah! Sim: você é juiz de direito e gosta profundamente da cultura popular. Como o forró entrou na sua vida?

ONALDO: Olha realmente o meu encontro com o forró e Gonzagão deu-se na minha terra natal, Pombal. Eu ouvia através do som do Lorde Amplicador, um sistema de difusoras que havia em minha terra as músicas de seu Luiz. Como diz João Cláudio Moreno, aquela voz invadiu minha alma e nunca mais me deixou. O Forró é retrato do Sertão e do Nordeste. 

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

J&CIA PREMIA OS MELHORES JORNALISTAS (7)

Caricatura de Jorge Moraes feita por Cláudio
 JORGE MORAES
“É necessário fincar raízes na sua terra”

“Eu sou de um lugar de muitas histórias”, começou de modo bem humorado o jornalista pernambucano Jorge Moraes, pelo telefone.
Jorge, filho de seu Jaime, um ex-sapateiro e taxista; e de dona Clélia, uma professora aposentada, nasceu em Recife há 51 anos.
É irmão de Jaime Jr e Luiz Moraes.
Estudou em colégio público e formou-se em Jornalismo em 1994. Formado, não encontrou muitas dificuldades para iniciar carreira no Diário de Pernambuco, PE.
Conversa vai, conversa vem, descobri que Jorge Morais é um cara de bom papo e muito sabido.
Disse Jorge que quem desconhece a história da sua terra tem muita chance de errar na vida. Lembrou a máxima do poeta português Fernando Pessoa (1888-1935), segundo a qual “a minha aldeia é tão grande como outra qualquer”.
Nessa mesma linha recorda que Pessoa dizia que: “eu sou do tamanho do que vejo/e não do tamanho da minha altura”.
Como todo ou quase todo nordestino, Jorge conhece o Nordeste e o Brasil como a palma da mão.
A palma da mão é o mapa da memória.
É bom que se diga que pela cabeça desse jornalista nunca passou a ideia de trocar a sua aldeia por outra. Mais uma vez, aqui, ele lembra que é necessário fincar raízes na sua terra.
O poeta cearense Patativa do Assaré (1909-2002) pensava a mesma coisa, tanto que dizia que aquele que abandona seu lugar é um desnaturalizado.
Não custa repetir: a Jorge nunca faltou a chance de morar e trabalhar em São Paulo, ou em outra cidade que quisesse.
Pernambuco é uma terra de muitas lutas.
Em 1817, entrou para a história a Guerra Pernambucana. Essa guerra, que durou pouco tempo, teve por objetivo separar-se do domínio português. Foi em consequência dela que Frei Joaquim do Amor Divino Rabelo, o Caneca, foi fuzilado aos 46 anos de idade. Virou herói, como viraram heróis Domingos José Martins (1781-1817) e Bárbara Pereira de Alencar (1760-1832).
Bárbara, que veio a ser avó do escritor cearense José de Alencar (1829-1877), foi mentora da confederação do Equador. Perseguida pelas forças imperiais, morreu no Piauí.
História incrível!
Antes, em 1648, também entrou para a história a Guerra do Guararapes. Essa guerra envolveu pretos, índios e portugueses. O propósito era expulsar de Pernambuco os holandeses.
Isso tudo sabe e lembra com detalhes Jorge Moraes. Inspirado no seu conterrâneo Cícero Dias (1907-2003), diz: “Eu vi o mundo e ele começava no Recife”.
Jorge, que este anos foi reconhecido como o segundo profissional +Admirado da Imprensa Automotiva, além de +Admirado Influenciador Digital e titular do +Admirado Programa de Áudio/Rádio, fala da importância dos fatos marcantes da história: “Chega a ser emocionante visitar o Morro dos Guararapes. É como se voltássemos ao tempo”.
Ligado na história passada e na história presente, Jorge Moraes não está vendo com bons olhos o andamento da política nacional. Na sua visão há muita confusão, muitas indefinições e isso quem paga o pato é o cidadão comum, o analfabeto, o semianalfabeto, o desempregado.
Pra Jorge, um só mandato de 5 anos “seria o suficiente para um presidente implantar suas ideias de governo. No máximo, 2 mandatos de 4 anos, como nos EUA”.
Dessa forma pensando, Jorge Moraes diz temer que Lula volte a ganhar mais uma eleição. Seria inadequado: “O poder deve ser alternado. Isso é Democracia”.
O governo Bolsonaro é uma droga, é uma surpresa malévola.
O Brasil perde com Bolsonaro.
Os +Admirados da Imprensa Automotiva são os prêmios que Jorge mais destaca na sua carreira gloriosa de jornalista do setor automobilístico.
No decorrer de quase 30 anos de atividade profissional, Jorge tem provocado grandes e radicais mudanças na imprensa especializada em tudo referente a automóveis. Começou refazendo textos que recebia de agências noticiosas de São Paulo, por exemplo. Logo começou a chamar a atenção dos diretores do jornal, pela forma como noticiava os eventos relacionados a área automotiva.
Dali em diante, passou a responsabilizar-se pelo caderno de automóveis do Diário. É praticamente impossível Jorge não se fazer presente em todos os grandes eventos sobre a indústria automotiva, no Brasil ou no Exterior. Em novembro deste ano, ele esteve entre os 4 jornalistas especializados na indústria automotiva cobrindo evento nos EUA. Pois é: hoje Jorge pode estar no Sul, no Sudeste ou no Nordeste brasileiros.
Dentre tantas coisas que já fez no jornalismo, ele destaca dois furos. Primeiro:
Anunciou que o Polo Automotivo Jeep seria instalado em Pernambuco. Também anunciou em primeira mão que o pólo não seria mais instalado no Complexo Portuário de Suape, como era esperado, e sim na Zona da Mata Norte, na cidade de Goiana, ali entre Pernambuco e Paraíba.
Isso, em 2010/2011, mexeu muito com o mercado.
Segundo: A morte do empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade (1943-2021), criador da CAOA, foi anunciada em 1ª mão por Jorge. “Carlos Alberto morreu dois dias depois de eu ter falado com ele no hospital”, conta.
Preocupado com tudo que ocorre no setor que tão bem cobre, o Automotivo, diz que a boa notícia que gostaria de dar aos seus leitores é: “A gasolina está tabelada em 5 reais”.
Jorge Moraes é casado com a advogada Flávia, e com ela tem dois filhos.

JORGE MORAES AGRADECE:

“Para mim é motivo de muito orgulho receber todos esses reconhecimentos. É difícil falar quando a alegria toma conta de você, mas eu queria aproveitar este momento para dedicar esses prêmios a duas saudades que nós, enquanto profissionais, vamos ter que superar, que foram as partidas dos meus amigos Daniel e Henrique. Eu sei o quanto eles respeitavam o meu trabalho. É muito gratificante ter nosso trabalho reconhecido. Quando você sai de casa para fazer o bem, para gerar empatia, quando você se blinda contra o mal, você conquista as pessoas de forma gratuita e eu acho que é essa gratuidade que é o segredo do sucesso.

Com esse prêmio, vocês, do J&Cia Auto, reconhecem o bom trabalho do jornalista e do jornalismo. Admirar é, antes de mais nada, respeitar, e esse trabalho que vocês fazem é de respeitar a profissão.
Em um ano pandêmico, como está sendo 2021, estou me sentindo como o Steven Spielberg, com a estante toda cheia de troféus por causa de vocês.”


quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

J&CIA PREMIA OS MELHORES JORNALISTAS (6)

Caricatura de Zeca Chaves feita por Cláudio
ZECA CHAVES
“O que mais tenho feito na vida é ‘entrevistar’ carros"

Natural da periferia paulistana, Zeca Chaves é um cara de fácil conversa. Facílima. E fala, fala, fala, como se de tudo soubesse. E parece que sabe, mesmo. Pelo menos na parte que lhe toca, a profissional de jornalista especializado em carros e peças e que tais. Gosta do que é bom e doce, como se diz lá no Nordeste. Lê bons livros, vê bons filmes e ouve boas músicas.
No campo da literatura os destaques que Zeca faz são, especialmente, as biografias. Leu e gostou de Sir Richard Francis Burton, de Edward Rice (1918-2001); Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago (1922-2010); Moby Dick, de Herman Melville (1819-1891) e A Vida Como Ela É, do pernambucano Nelson Rodrigues (1912-1980).
Zeca não se acanha nem um pouco de dizer que o melhor filme que viu até hoje foi O Poderoso Chefão, de Francis Ford Coppola.
Os cantores e cantoras de que mais aprecia são Chico e Caetano, a norte-americana Ella Fitzgerald (1917-1996) e a francesa Edith Piaf (1915-1963). “La Vie En Rose é a música que me liga à mulher da minha vida e meu grande amor, minha esposa Cristiane, pois ela toca a todo momento quando estamos juntos”, revela.
Zeca Chaves sempre quis fazer Jornalismo. E fez e faz. No começo não sabia bem por onde começar. Fechou matrícula no 2º ano de faculdade, pôs uma mochila nas costas e foi bater perna na Europa. Começou pela Inglaterra, seguiu até a França, parou na Itália. Andou mais um pouco e voltou ao Brasil liso, sem um puto no bolso. Bateu à porta da Folha e foi atendido por Eduardo Viotti, da editoria de Esportes, que lhe propôs fazer um freela. Topou.
Depois desse freela proposto por Viotti, Zeca foi cobrir férias no caderno Veículo, da mesma Folha. E foi aí que tomou gosto pelo setor automobilístico. Não demorou e foi convidado pra um emprego na editora Abril e de cara abriu-se pra ele um bom espaço na revista Quatro Rodas.
A revista Quatro Rodas foi pioneira na cobertura de eventos provocados pela indústria de automóveis.
O seu chefe e grande mentor nessa revista foi Sérgio Berezovsky.
Tudo quanto é evento relacionado a indústria automobilística no Brasil e mundo afora, lá está o nosso herói da periferia de Sampa fazendo bonito.
Parodiando um velho comercial, não custa dizer que a primeira cobertura internacional, ninguém esquece: “Fui cobrir o Salão de Detroit, numa cidade feia, num frio do cão, mas que foi um deslumbre tecnológico para mim na época, talvez em 1994”, lembra Zeca, filho de seu José Maria e de dona Albina Naida.
Muita coisa aconteceu, desde então.
Brincando, Zeca Chaves conta que o que mais tem feito na vida é “entrevistar” carros.
A propósito, um novo tipo de carro está chegando à praça. São os elétricos. Vários países, como a Inglaterra, já têm até data marcada para tirar do mercado os veículos movidos à gasolina, óleo e tal. No Brasil, porém, essa data ainda não existe. Será uma revolução e o mundo pode, com isso, até melhorar. E as pessoas, hein?
Fazendo graça, e ao mesmo tempo em tom filosófico, Zeca diz que “o ser humano é egoísta por definição, mas é capaz de gestos inesperadamente generosos”.
O número de humanos no mundo, segundo dados da ONU, gira em torno de 7,5 bilhões.
O número de automóveis no mundo é, segundo estimativas da indústria, 1,4 bilhão.
Em São Paulo, o número de automóveis é da ordem de 19 milhões, para uma população de 45 milhões de pessoas.
A indústria cresce e se diversifica a cada dia, no mundo todo. Além do carro elétrico, outras novidades poderão ocorrer. Mesmo assim, há muitas dúvidas no ar. Zeca: “A indústria automotiva é uma indústria historicamente charmosa, empolgante, envolvente e inovadora, mas que hoje está numa encruzilhada”, entende.
Para Zeca essa indústria não sabe qual será seu futuro ou mesmo se vai ter um futuro: “Ela vive a maior revolução da sua história, parecida com aquela quando trocamos as carruagens pelos automóveis”, acrescenta.
Mas o carro não vai voar, como sugere aquela série americana, Os Jetsons.
Nesses anos todos desde que concluiu o curso de Jornalismo, na USP, e depois de entrevistar carros e pessoas, Zeca Chaves lembra que a reportagem que mais o marcou foi decorrente de uma expedição que cruzou a selva em rodovia de lama, em 1994 ou 1995 na Folha. Foi quando atravessou quase 4.000 km da Amazônia pela Cuiabá (MT) - Santarém (PA): “Naquela ocasião, tive a oportunidade de conhecer e conviver com as pessoas do Brasil real ao mesmo tempo que enfrentamos essa aventura em 14 veículos diferentes”, recorda.
Preocupado com o destino dos brasileiros, os mais humildes principalmente, Zeca Chaves diz que a boa notícia que gostaria de dar em letras maiúsculas é: "Acabou a injustiça social no Brasil".
Torcedor do São Paulo Futebol Clube, José Carlos Chaves de Souza nasceu no dia 13 de junho de 1970 e tem dois filhos: Vítor e Sofia. Vítor faz Geologia na USP e Sofia Biologia na Federal de Uberlândia, MG.
Vítor e Sofia são frutos do relacionamento que teve com uma jornalista de nome Renata. “A minha antiga companheira se dá muito bem com Cristiane, minha atual esposa”, concluiu.

ZECA CHAVES AGRADECE:

"Além dos tradicionais agradecimentos, quero dar os parabéns a duas entidades. Uma são os jornalistas do setor que, independentemente se foram finalistas, se entraram na lista, todos, em tempos de pandemia, de fake news e de pós-verdade, têm sido mais do que importantes, têm sido
necessários para a sociedade. 

A outra é o J&Cia Auto. Mais do que um prêmio que vocês organizam, vocês organizam um momento em que todos nós olhamos para os colegas. Olhamos para o trabalho que o colega ao lado está fazendo. É um momento de reflexão, um momento para avaliar a qualidade desses jornalistas e a gente tem  percebido que têm muita qualidade. Nessa correria é muito importante ter vocês, que chegam pra gente
e falam: 'Olha, vamos dar uma parada para avaliar, porque vocês merecem'".

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

J&CIA PREMIA OS MELHORES JORNALISTAS (5)

Caricatura de Thiago Salomão feita por Cláudio
THIAGO SALOMÃO
“Investir no mercado é fácil”

André Biernath e Thiago Salomão alimentam um mesmo desejo, aquele de anunciar alto e bom som que todos os brasileiros têm à mão 100% de água potável e 100% de tratamento de esgoto.
O caso é sério.
Pelo menos 35 milhões de brasileiros não têm acesso à água potável e cerca de 100 milhões não têm serviço de coleta de esgotos no país, é o que apontam as estatísticas. O Brasil não trata nem a metade dos esgotos que gera, o que representa jogar na natureza, todos os dias, pelo menos cinco mil piscinas olímpicas de esgotos sem nenhum tratamento. Pois é.
Enquanto isso, maus brasileiros que nos representam no Congresso, fazem farra com o dinheiro público. Como se não bastasse, temos um presidente negacionista. Um cara que destrói o País, a cada dia.
O Thiago de quem ora passamos a falar é o 2º dentre 4 irmãos, de família de classe média. O pai Carlos é médico e a mãe Sophia, foi profissional de Educação Física.
O irmão mais velho, Raphael, seguiu a profissão do pai. E o 3º deles, Marcelo, seguiu os passos da mãe. O mais novo, Bruno, estudou gastronomia e hoje é um bem sucedido chef de cozinha em Portugal.
“Eu queria fazer jornalismo, mas fui desencorajado por profissionais da área. Resultado: fiz, meio a contragosto, administração de empresas, no Mackenzie”, conta Thiago.
Enquanto fazia o curso de administração, Thiago ganhou espaço de estagiário na InfoMoney, conhecido portal direcionado ao mercado financeiro, em 2009. “Foi a minha chance de unir a minha paixão de infância (o jornalismo) com o assunto que eu mais gostava na faculdade (mercado financeiro)”, diz.
Na InfoMoney, o estagiário foi alçado ao cargo de chefe da editoria de Mercados, em 2012.
Mas não era ainda tudo que queria. Queria mais e mais, pois, enfim, já sonhava alto.
Em 2015, o nosso personagem virou chefe de Redação da InfoMoneyTV.
Paralelamente a tudo que fazia, ainda encontrava tempo pra tocar projetos pessoais na área de vídeo.
“No final de 2018, saí do InfoMoney com a ideia de ‘abandonar’ o jornalismo e fui para a Rico Investimentos ser analista de ações. Mas esse abandono não foi possível: já em abril de 2019, criei um podcast sobre bolsa de valores em parceria com o InfoMoney, chamado STOCK PICKERS. Esse podcast explodiu em audiência e virou uma multiplataforma de voz, vídeo e texto, ganhadora de dois prêmios do ‘+Admirados da Imprensa de Economia’ e me proporcionou o prêmio de Jornalista +Admirado do Brasil na categoria”, resume Thiago.
Dito assim, desse jeito, é possível pensar que Thiago Salomão é um chato de galocha.
É natural pensar que alguém que trabalha com números, bolsa de valores, mercado financeiro, enfim, é dono de um linguajar esquisito e até incompreensível. Mas isso não é fato.
Thiago fala com toda naturalidade, tanto de mercado financeiro, como de Rock e futebol. E até diz que investir no mercado que domina, é fácil. E conta:
“Basta abrir uma conta em uma corretora (isso pode ser feito por aplicativos), transferir um dinheiro para esta corretora e pronto. Os custos hoje são cada vez menores (algumas corretoras nem cobram taxas para o cliente negociar), o que torna esse mercado ainda mais atrativo para o pequeno investidor”.
Pois é, simples assim. E define: “o mercado financeiro é o ambiente de negociações que conecta os poupadores (que são quem tem dinheiro) com os empresários que tem boas ideias, mas precisam de capital para expandir seus negócios”.
Fica a dica.
Thiago Salomão fala com segurança a respeito de tudo referente ao mercado que tão bem conhece.
Politica e economicamente, ele considera-se liberal.
Sobre a política econômica do atual governo, Thiago faz ressalvas. Antes de tudo, diz que nem vale a pena falar de Bolsonaro.
Sobre o programa de privatização anunciado pelo ministro Guedes, zero. Petrobrás?
“A privatização da Petrobrás seria excelente em tese, mas não é uma condição 'binária' para ela: a empresa pode tornar-se ainda melhor mesmo sem privatizá-la”.
Na última vez que falei com Thiago Salomão, no dia 8 de novembro, ele estava conversando com jogadores do Palmeiras, investidores do mercado. Palmeirense até a medula, o ex-chefe da editoria da InfoMoney troca a roupa de trabalho por camiseta, calção e chuteira nos fins de semana. Como volante corre num campo de Várzea, na zona Sul da capital paulista, e lá faz seus muitos gols pelo Maderada Futebol Clube, o seu time do peito. Ou seja: é atleta do campo financeiro e do campo onde rola a bola. Como se não bastasse, junto aos amigos compartilha um bom churrasco regado a cerveja, que ninguém é de ferro.
Parece que não, mas esse cabra gosta de música boa. De música de Chico Buarque e Caetano Veloso. Perguntei: E Vandré?
Vandré, não.
E pra minha surpresa, disse que também gosta de Luiz Gonzaga, o rei do baião.
O Rock que ele diz que também gosta, não é rock pauleira. Não é Rock Metal, “eu gosto do Punk Rock, o Rock da Califórnia. E dos Rolling Stones".
Paulistano do Brooklin, Thiago Colaneri Sommer Salomão nasceu no dia 6 de novembro de 1987. Compartilha a vida com Fernanda e dois vira-latas, Arya e Ziggy.

THIAGO SALOMÃO AGRADECE:

"Sou um jornalista de coração, sempre quis ter feito jornalismo, fiz outro curso, mas a vida inteira eu trabalhei com jornalismo. A comunicação sempre foi minha paixão, explicar as coisas que estavam acontecendo, e com o jornalismo econômico isso se torna ainda mais complicado. Conversamos diariamente com grandes referências do ramo e traduzimos isso para as pessoas. É algo que sempre fiz com muito amor, e é sensacional ganhar um prêmio como esse com tanta gente incrível."

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

J&CIA PREMIA OS MELHORES JORNALISTAS (4)

Caricatura de André Biernath feita por Cláudio
ANDRÉ BIERNATH
“Saúde sempre será área de fundamental atenção”

Sidnei Maschio deseja todo o bem possível para nós, brasileiros. Ele sonha por uma sociedade sem fome e igual para todos. O mesmo pensa e deseja André Biernath.
André é um jovem paulistano nascido na zona Leste. Penha é o seu berço. Seus pais são Alfredo e Monica, pais também de Lucas, que adora o comércio.
O pai Alfredo é bom em tecnologia e a mãe Monica é quem manda na casa.
Muito cedo, André decidiu fazer Jornalismo e cobrir a área de Esportes. Os pais disseram sim e lá foi ele.
O São Paulo é o seu time de coração. E, claro, sonhava cobrir, como jornalista, as partidas são paulinas contra quaisquer que fossem os adversários.
O tempo passou e André, já no 2º ano do curso de Jornalismo na Pontifícia Universidade Católica, PUC-SP, conseguiu estágio na editora Abril. Na entrevista com o pessoal do RH, alguém disse que seu perfil se adequava ao campo de reportagens da editoria de Saúde.
Essa visão do RH mudou completamente o rumo de André no Jornalismo: “Eu queria ser repórter da área de esportes, veja só, não deu”.
Tudo ocorreu de modo muito rápido. De uma hora pra outra, de um dia pra outro, de uma semana e mês pra outro, ainda como estagiário da Abril, lá estava André esquecendo da vontade primeira que era aquela de cobrir jogos de futebol. Em pouco tempo, porém, ele conseguiu chamar a atenção do pessoal da revista Veja Saúde. Textos objetivos, enxutos. Raciocínio lógico. E assim, começou a destacar-se.
Chamado vem, conversa vai… André logo emplacou várias reportagens. De capa. Meia dúzia, seguidamente.
Detalhe: a empresa não permitia que os estagiários assinassem matérias, a não ser com pseudônimo. Isso, porém, não o impediu de continuar dando tudo de si.
Além de futebol, André sempre gostou de ler. De ler muito. De leituras que vão de Machado de Assis a Arthur Conan Doyle, Gay Talese, Carl Zimmer, Siddhartha Mukherjee e Richard Dawkins.
Machado é Machado.
Machado de Assis é aquele que foi descoberto como escritor por Francisco de Paula Brito, quando tinha uns 15 anos.
Conan Doyle é o criador de Sherlock Holmes e do seu companheiro, Watson, quem não sabe?
Gay Talese, esse eu sei, é jornalista do bons. Tão bom quanto os nossos Joel Silveira, José Hamilton Ribeiro e Luciano Martins e os americanos Bob Woodward e Carl Bernstein, que derrubaram Nixon.
Lembram-se do caso Watergate? Pois é.
Zimmer como poucos brasileiros sabem, embora todos devêssemos saber, é um cientista de boca rasgada na divulgação de estudos sobre parasitas e males outros que empesteiam o mundo.
Siddhartha, que o amigo leitor não se perca pelo título de Hermann Hesse, é um biólogo de importância mundial.
E você já ouviu falar de Richard Dawkins?
Richard Dawkins é cientista, biólogo, e como tal leva a sério a profissão que assumiu, tão à sério como a profissão que André Biernath desenvolve.
Falar com André, é uma delícia. É um menino que fala com clareza, naturalidade e por isso y otras cositas más, vai chegar aos píncaros da profissão mais cedo do que o comum.
O cabra é bom.
Na profissão de jornalista, André transita com desenvoltura na área de Saúde.
Nestes loucos momentos que vivemos, de pandemia e governo “bolsonariano” maluco, assassino, André lembra que saúde sempre será área de fundamental atenção por quaisquer governos que levem a sério essa questão.
O mundo foi e sempre será atingido por pragas das mais diversas, desconhecidas a princípio. E é preciso que todos estejamos atentos. O mundo é uma bola e pode explodir a qualquer momento.
Contando nos dedos, André lembra que a Peste Bubônica foi uma das que levaram ao túmulo milhões de humanos, desde a Idade Média. Depois disso vieram a febre amarela, a varíola, a gripe espanhola, o ebola, a meningite, a AIDS e Bolsonaro.
Diante da atual pandemia do novo Coronavírus, que desemboca no Covid-19, André diz que muitas outras pragas certamente virão a atormentar o povo, no mundo. Será sempre importante, ressalta, que “os governos assumam suas responsabilidades em prol dos governados”.
O novo Coronavírus já está se multiplicando: Delta (Índia), Alfa (Reino Unido), Beta (África do Sul), Gama (Brasil) e a mais recente Omicron, que deu as caras, primeiramente, lá pelas bandas da Europa.
Vacinas são necessárias e importantes para estancar essa e outras pinimas que certamente virão a atormentar os humanos.
Depois de cobrir mais de uma centena de congressos sobre saúde, no Brasil e no Exterior, André Biernath destaca um deles. O que lhe permitiu, em 2019, desenvolver reportagem sobre uma portadora de câncer. Tratava-se do avanço da medicina, no qual ao paciente era dedicada toda a atenção. Era o começo do tratamento paliativo, recente no Brasil. Essa paciente, que virou capa da sua reportagem na revista Veja Saúde, morreu aparentemente tranquila. Ele não ganhou prêmio com isso, mas afirma: “Foi um dos melhores trabalhos que já fiz”.
A boa notícia que André Biernath gostaria de dar, nestes tempos loucos, é que “100% dos brasileiros têm acesso à água e tratamento de esgoto”.
André Biernath, casado com Juliana, nasceu no dia 25 de março de 1991.

ANDRÉ BIERNATH AGRADECE:

"Gostaria de homenagear a todos os colegas que estiveram no prêmio, tanta gente incrível. A Lúcia (Helena de Oliveira – UOL VivaBem), que foi uma das minhas mestras, que também concorreu, disse uma vez uma coisa que faz muito sentido: temos jornalismo de Economia, de Política, que pode mudar governos, derrubar ministros, presidentes, fazer grandes revoluções; mas nós fazemos microrrevoluções nas vidas das pessoas, o que é muito bonito, muito inspirador. Quando a gente consegue convencer alguém a ir se vacinar, a descobrir uma doença, se tratar e melhorar a qualidade de vida, estamos cumprindo o nosso papel e prestando um grande
serviço à sociedade."

domingo, 26 de dezembro de 2021

J&CIA PREMIA OS MELHORES JORNALISTAS (3)

Caricatura de Sidnei Maschio feita por Cláudio
SIDNEI MASCHIO
“Jornalismo é simplicidade”

O jornalista esportivo Juca Kfouri deseja-nos um belo e justo País. O mesmo deseja-nos o jornalista do agronegócio Sidnei Maschio.
O sonho de Juca é dar em primeira mão a manchete "Bolsonaro perde a eleição”.
Sidnei Maschio, nascido no município paulista de Assis, a 438 km da Capital, sabe tudo e muito mais da vida do povo no campo.
Cedo semeou e colheu o que a terra pedia e dava, ao lado dos pais Mauro e Dirce e dos irmãos Roberto e Wagner.
O pai fez 90 anos no último mês de agosto e a mãe fará 90 neste mês de dezembro.
O irmão Roberto virou advogado e especialista em contabilidade de empresas rurais. Já Wagner é médico veterinário e fiscal agropecuário do Ministério da Agricultura.
Noutras palavras: o campo e a vida no campo fazem parte da vida de Sidnei, incluindo animais e modas de viola.
Tinha esse Sidnei uns 16 ou 17 anos quando arrumou o primeiro emprego pra escrever e dar notícia ao microfone da modesta Rádio Difusora de Assis, que ainda existe. Gostou da experiência e logo que pode trocou sua cidade pela cidade grande, Sampa, onde formou-se em Jornalismo.
Com o diploma debaixo do braço foi trabalhar como revisor do Estadão. De lá saiu para dar duro na Rádio Capital e da Capital, na Eldorado.
Do quadro de revisores do Estadão, não custa lembrar, também fez parte o fabuloso e inesquecível Cornélio Pires (1884-1958), no começo do século 20.
Cornélio transformou-se num dos maiores conhecedores do mundo caipira.
Sidnei é fã declarado da obra corneliana, formada por 23 livros e 52 discos de 78 rpm.
Depois de passar por algumas redações, Sidnei Maschio topou trabalhar em um tablóide recém-lançado intitulado DBO Rural, que virou revista e agora até na internet está. “No DBO aprendi muito. Aprendi até como se faz leilão de animais”, conta.
Um dia, ao atender o telefone, uma voz o procurava. “Sim, sou eu”, disse.
Esse telefonema o levou a integrar o time de repórteres do programa Globo Rural, no qual permaneceu por mais de dez anos.
Como repórter da Globo, Sidnei garante que conheceu o Brasil longe das capitais, onde desenvolveu muitas reportagens. Dentre elas, a que considera a mais bonita, feita com base numa pesquisa sobre a recriação de lagostas, no litoral do Ceará.
Além dessa, Sidnei destaca outras duas grandes reportagens que fez quando trabalhava na Plim, Plim: uma no noroeste do estado de São Paulo, sobre o resgate de uma grande população de cervos do pantanal numa área que seria inundada pela construção de uma hidrelétrica. E outra sobre abusos no uso de veneno nas plantações de batatas.
Depois da exibição dessa última reportagem, a indústria do setor mudou radicalmente os seus procedimentos. Deixando o repórter orgulhoso.
A sua linguagem, nas reportagens, é a mesma do cidadão do campo: simples e natural. Filosófica, até.
Jornalismo é simplicidade.
A simplicidade do jornalista Sidnei Maschio o levou de volta à infância. Tudo que aprendeu, ele aprendeu na convivência pacata da sua gente, no campo. Tanto que costuma usar chavões próprios e curiosos à moda caipira, para anunciar a cotação do “boi gordo” no mercado, por exemplos:

“O mercado tá mais fraquinho do que filhotinho de tico-tico que a chuva derrubou do ninho”;
“O mercado tá mais devagar do que burro velho puxando carroça cheia debaixo do sol do meio-dia”;
“O mercado tá andando mais devagar do que jabuti perneta, querendo subir na barranca do rio em dia de chuva”;
“O mercado tá mais devagar do que bicho-preguiça de barriga cheia em dia quente”;
“O mercado tá mais apertado do que preá em boca de jiboia”;
“O mercado tá mais parado do que água de poço…”.

Sidnei tem 4 livros publicados, reunindo poemas que ele mesmo compõe, sem preocupação nenhuma com rima e métrica: Versinhos de Caipira (2011), Versinhos de Caipira Segundo Livro (2012), Versinhos de Caipira Terceira Fornada (2013), Versinhos de Caipira Inteirou os Quatro (2021).
A telinha é o meio que considera melhor para transmitir o que colhe na vida no campo.
Depois de passar pelas TVs Senac, Globo e SBT, Sidnei Maschio já se acha há uns 15 anos no canal Terraviva. “Sinto-me bem nesse canal, de assinantes da Band, em que edito e apresento o DBO Terraviva”, diz.
Esse programa, no ar de segunda a sexta-feira, termina sempre com um texto poético. Como este:

Minha alma sempre espera, calma, a primavera, mas eu tô longe de ser bondoso como um monge, e se for pra defender meus companheiros eu sou mais ligeiro do que a gata pintada atocaiada na galhada esperando passar o cateto apalermado que ficou apartado do bando. A lida que eu escolhi nesta vida foi correr chão neste sertão, tocando viola e boiada, pelejando contra a injustiça que campeia nessas aldeias, e na minha jornada o que mais atiça o meu coração é a paixão, jamais a cobiça.
Para Sidnei Maschio, o futuro da televisão é a Internet.
O desejo maior desse jornalista é querer um Brasil igualitário, onde todas as pessoas tenham acesso ao trabalho, à cultura, à educação, à comida e ao dinheiro, e não só uma minoria de privilegiados.
Sidnei Maschio nasceu no dia 22 de julho de 1956.

SIDNEI MASCHIO AGRADECE:

"Com tanta gente boa competindo, alguns meus professores, sinceramente não esperava ganhar esse prêmio. Quando comecei a visitar produtores rurais em suas propriedades, dos mais humildes aos mais poderosos, a primeira coisa que aprendi no jornalismo de agropecuária foi a ouvir as pessoas para aprender com elas. Então, em toda a minha carreira, meu principal foco foi aprender a linguagem das pessoas; apreender um pouco da cultura sertaneja, caipira, da agropecuária em geral, que é a essência do nosso campo. E, além disso, essa humildade que hoje trago. E foi com muita humildade que recebi esse prêmio. Como disse Zé Hamilton Ribeiro, é muito importante receber esse prêmio por indicação dos colegas, porque eles sabem o quanto é duro fazer jornalismo de agropecuária."

sábado, 25 de dezembro de 2021

J&CIA PREMIA OS MELHORES JORNALISTAS (2)

Caricatura de Juca Kfouri feita por Cláudio
JUCA KFOURI

“O jornalismo corre nas veias da família”

No Brasil o sobrenome Kfouri é incomum, ao contrário do nome José.
Meu amigo, minha amiga, você sabe quem é o paulistano José Carlos Amaral Kfouri?
Pois bem, esse nomão aí com nome e sobrenome foi resumido para, simplesmente, Juca Kfouri.
O Juca que antecede o sobrenome árabe foi uma sugestão de alguém da família. E pegou.
Hoje não há no mundo dos esportes alguém que não conheça Juca Kfouri, uma marca.
Esse jornalista, amigo de todos os esportes e torcedor roxo do Coringão, iniciou a carreira como pesquisador do Departamento de Documentação da Abril, o DEDOC. Isso em 1970, ano que a Seleção brasileira de futebol faturava o troféu de Tricampeão Mundial.
Dia desse, após telefonema que me fez, começamos a falar sobre tudo e mais um pouco: educação, história, poesia, jornal, revista, TV. E fez uma gracinha: “Ser entrevistado por você, dá currículo”.
Sobre educação, disse que estamos todos afunhenhados. No campo da política, também.
Educação tem a ver com cultura, esportes, cidadania, respeito ao próximo, essas coisas. “Estamos andando para trás”, observa.
Depois de deixar o DEDOC, Juca foi convidado pra chefiar a reportagem da revista Placar, um marco da chamada Imprensa Esportiva. Importantíssima. Depois saiu, depois voltou e muita coisa mais aconteceu na vida dele. E do Brasil. Até pela Tupi passou. Mas o começo, mesmo, foi na Abril.
O jornalismo anda de pernas bambas, no Brasil e mundo afora. Isso é fácil, fácil de constatar.
Muitos jornais têm encerrado suas atividades, de canto a canto do País. Até O Norte na Paraíba, onde iniciei carreira, fechou e virou portal. A pergunta que não cala é: o jornalismo impresso vai acabar?
“Quando a televisão chegou, em setembro de 1950, disseram que o rádio ia acabar. Não acabou. Agora dizem que os jornais e revistas vão acabar. Num sei, talvez sim”, analisa.
Em 2006, Juca recebeu convite para assinar um blog no UOL. “Estava tudo começando e eu não acreditava na força da internet. Mas topei. Pensei que se tivesse 8.000 acessos por dia, era muita coisa. Pra minha surpresa, até o meio dia da minha estreia, já havia cerca de 80.000 acessos”, lembra.
Mas o jornalismo continua enfrentando problemas gigantescos. Tão grandes e graves, que nem Gutenberg (1396-1468) poderia um dia prever. O que se percebe claramente é que os profissionais saídos da faculdade saem tontos, sem rumo. Até porque não são estimulados a continuarem estudando.
Grosso modo já não se lê grandes livros, de autores como José de Alencar e Machado de Assis. Do passado. E o que dizer dos autores do presente?
Juca pergunta se já li a biografia de Lula feita por Fernando de Morais. Pergunta também se já li Fernando Pessoa, uma quase autobiografia, de José Paulo Cavalcanti Filho. Esse, já. Excepcional. A propósito, na parte dos agradecimentos, Paulo cita Juca.
Os textos de Juca são quase sempre entrelaçados com futebol e política. Todo dia ele está na Folha, UOL e CBN. Sempre foi assim e também nunca negou a sua paixão pelo Coringão.
É amigo pessoal de Lula.
Juca é um dos três filhos do casal Carlos e Luíza, pai quatro vezes e avô duas. Entre seus filhos, há um fotógrafo: André.
Diz Juca que o jornalismo corre nas veias da família. Pelo menos em uma pessoa, antes dele: Luís Amaral, antigo repórter da Folha da Manhã. “Não lembro muito dele, da sua história. Eu era menino, de 6, 7 anos. O que sei dele como profissional é pouca coisa, que foi um dos primeiros repórteres a entrevistar o líder revolucionário Carlos Prestes (1898-1990)”, relembra.
Luís Amaral foi, além de repórter, um dos dirigentes do jornal que daria nome à Folha de S.Paulo. Ideologicamente, de direita.
No correr da sua vida profissional, Juca fez grandes reportagens e foi processado mais de uma centena de vezes. Entre as pessoas que o processaram se acham os ex-dirigentes de futebol Ricardo Teixeira e José Maria Marin. Esse Marin, foi um dos responsáveis pela prisão e morte do jornalista Vladimir Herzog (1937-1975). É história.
Se nos seus contratos com empresas jornalísticas Juca não incluísse um item que lhe garantisse defesa por eventuais processos na Justiça, é possível que estivesse como diz quebrado.
A censura à Imprensa desembarcou no Brasil junto com a família Real, em 1808. Durou 13 anos, até que foi suspensa pelo imperador Pedro I. Foi suspensa e no seu lugar criada leis que puniam abusos praticados pelos jornalistas da época. Tomara que essa praga jamais volte.
O maior orgulho de Juca é ter descoberto o nome verdadeiro do autor de quadrinhos eróticos, "Catecismos", de Carlos Zéfiro: Alcides Aguiar Caminha, compositor e autor de pérolas como a Flor e o Espinho, que fez com Guilherme de Brito e Nelson Cavaquinho.

O nome de Caminha, como autor musical, surgiu em entrevista para a revista Playboy, que ele editava. Seu maior desejo agora é dar manchete a notícia: Bolsonaro perde a eleição.
Esse desejo, eu disse a ele, é fácil. Vai acontecer. E ele: “Em 2018, não podíamos pensar que Bolsonaro viraria presidente. Virou”.
José Carlos Amaral Kfouri nasceu no dia 4 de março de 1950.

JUCA KFOURI AGRADECE:

"É sempre bom ser querido pelos colegas sem precisar pedir votos, sem fazer propaganda, em escolha espontânea. E imputo a escolha aos meus companheiros do Posse de Bola, o podcast mais admirado.
Uma alegria."

J&CIA PREMIA OS MELHORES JORNALISTAS (1)

O ano de 2021 termina com a premiação dos mais respeitados e admirados jornalistas do Brasil. Esses jornalistas Juca Kfouri, Zeca Chaves, André Biernath, Sidnei Maschio, Thiago Salomão e Jorge Moraes foram escolhidos da newsletter Jornalistas&Cia. E coube a mim entrevistá-los. Um por um. Tradicionalmente a escolha é feita através de consulta com profissionais da categoria.
Saiba quem são esses jornalistas lendo as entrevistas que serão aqui publicadas até o próximo dia 30.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

PRESENTE DE NATAL

De acordo com o calendário cristão, Jesus Cristo nasceu num 25 de dezembro. Mas há controvérsias. Pensando nisso, imaginei um encontro com Deus, Jesus e Marx. E de tabela, o Cramunhão fazendo interferências inadequadas. Desse suposto encontro participei como mediador. Divirtam-se!

Clique: O inacreditável encontro de Deus com Marx!

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

O AMOR SEGUNDO GREGÓRIO DE MATOS

No dia 23 de dezembro de 1636 nasceu, na Bahia, um cara que entrou pra história com o apelido de Boca do Inferno. Nome de batismo: Gregório de Matos.
Gregório de Matos era de família abonada. No começo da década de 50 do século 17, ele foi a Portugal e em Portugal, mais precisamente em Coimbra, formou-se em Direito. E voltou ao Brasil.
De volta à Bahia, o bam-bam-bam da igreja católica Dom Gaspar, o fez vigário geral.
Mas Gregório de Matos tinha uma boca terrível. Falava mal de todo mundo, especialmente dos poderosos. Nem a igreja escapou da sua língua felina.
Em vida, Gregório não chegou a publicar livros. Porém deixou uma obra invejável, que virou livro no começo de 1920.
Gregório transitava, com facilidade, entre o sagrado e o profano. Morreu em Recife, um pouco arrependido das coisas que disse. Entre essas coisas, esta:

... Ardor em firme coração nascido;
Pranto por belos olhos derramado;
Incêndio em mares de água disfarçado;
Rio de neve em fogo convertido:

Tu, que em um peito abrasas escondido;
Tu, que em um rosto corres desatado;
Quando fogo, em cristais aprisionado;
Quando cristal, em chamas derretido.

O Amor é finalmente
um embaraço de pernas,
uma união de barrigas,
um breve tremor de artérias.

Uma confusão de bocas,
uma batalha de veias,
um rebuliço de ancas;
quem diz outra coisa, é besta.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

LIVRO REÚNE ENTREVISTA COM FORROZEIROS

Assis Angelo e Antônio Carlos no Instituto Memória Brasil, IMB

Culturalmente, São Paulo é uma mistura de tudo. De samba, rock, xote, forró e tal.
Mostrando essa variedade de coisas e sons, notadamente o forró, o jornalista paraibano Antônio Carlos da Fonseca Barbosa selecionou entrevistas que fez com artistas ao longo dos últimos 20 anos para a revista eletrônica Ritmo Melodia. Todos, ou quase todos, forrozeiros e radialistas como Mano Véio e Mano Novo. O resultado é o livro São Paulo é Forró do Gogó ao Mocotó, que está saindo do forno com o aval da Secretaria Municipal de Cultura.
Eu sou um dos entrevistados, não sei bem porque. De qualquer forma, confira: Assis Ângelo para o Ritmo e Melodia
Curiosidade: O título do livro é, originalmente, frase cunhada pelo cantor e compositor Jackson do Pandeiro.
Fica o registro.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

SIM, O BRASIL TEM CURA!

Um amigo telefona pra perguntar o que acho da sociedade que Lula está compondo com o ex-tucano Geraldo Alckmin. Antes de ouvir minha resposta, o amigo foi taxativo: "Se isso acontecer eu vou, pela primeira vez, anular o meu voto".
Pedi calma ao amigo, cheio de raiva por tudo quanto acontece na política brasileira. E ele: "Lula passou o tempo todo esculhambando com o Alckmin e como é que Alckmin vai se atirar que nem uma donzela nos braços de Lula?".
Lula não só esculhambou o Alckmin, mas também Fernando Henrique, Delfim Neto e mais um montão de gente que vive da política. 
Ontem 20, num restaurante em São Paulo, Lula andou aos beijos e abraços com o futuro nome que formará a sua chapa à presidência da República. E tranquilamente disse alto e bom som que meteu a ripa, mesmo, nos seus muitos opositores. Pois é, política é assim: muda a toda hora. O inimigo vira amigo e o amigo, inimigo.
Vivemos, é fato, numa catástrofe política.
Nunca o Brasil teve um governo tão terrível e negacionista como agora.
O Brasil está gemendo, pois atirado que foi, com pandemia e tudo, num buraco profundo.
Eu, da minha parte, votarei até numa lagartixa pra tirar o cabra merecedor de pau que hora ocupa o mais importante posto da política nacional.
Andei escrevendo alguns folhetos de cordel em que digo tudo que acho disso tudo. 
O Brasil tem cura, sim!
A cura do Brasil é respeito ao próximo e à Constituição que nos rege.
O direitista chileno que acaba de perder a eleição para a esquerda, deu uma bela lição ao telefonar ao candidato que o derrotou. 
Bonito, né? 
Quero ver, cego que sou, Bolsonaro fazer o mesmo quando perder a eleição pra Lula, em 22.

sábado, 18 de dezembro de 2021

O BRASIL BOM TEM JEAN E PAULO GARFUNKEL. VIVA!

Assis com Jean e Paulo, no IMB. Nas mãos livros
de João Guimarães Rosa

 A música popular brasileira tem salvação. Salvação também tem a nossa literatura. Isso tudo, contado e debulhado, brasileiradamente falando.
Eu sou lá de ontem, diria João.
O João de quem falo é ele, o Guimarães.
O Guimarães é uma doidura.
E o Rosa, hein?
João Guimarães Rosa era mineiro de Cordisburgo.
Cordisburgo é uma cidadezinha bonita e bela localizada no tempo e na Lua. Longe dali, e perto de mim.
Jean Garfunkel é de lá, da Lua. Talvez um pouco mais pra lá, quem sabe?
Paulo Garfunkel é de lá, também. Pra lá, talvez pra cá.
Todas as histórias bonitas têm a ver com o lugar onde nós todos nascemos.
João Guimarães Rosa nasceu em Minas. Jean Garfunkel nasceu na Capital paulista, como seu irmão Paulo.
Paulo é aquele cara cheio de graça, de enfeito. Cheio de sorrisos, e vez por outra de gargalhadas.
Com um violão nos dedos, Jean traz pra nós as estrelas no céu. E ele, o mano, abre sempre os braços, costumeiramente, a colher as estrelas que caem.
Dizem que estrelas que caem no chão, são estrelas caídas. Cadentes.
Os irmãos Garfunkel dando uma palhinha no IMB.

A realidade é tudo de bom que a irrealidade nos dá.
Ouvir Jean e Paulo em ação, cantando a vida, é a coisa mais linda que os deuses paraibanos podem nos dar.
Isso também quem me conta, doidaramente, é uma menina estrelada chamada Anninha. Pois, pois.
Pode alguém aqui ou acolá perguntar, a mim, quem são Jean e Paulo.
Jean nasceu em 1954 e o seu irmão Paulo, uns anos depois.
Esses dois caras são de grande importância para a música popular brasileira.
Os dois estiveram recentemente visitando o acervo do Instituto Memória Brasil, IMB. Atenta, Márcia Gonçalves registrou o que tinha que registrar. As fotos estão aí.
Os irmãos têm cerca de 300 composições musicais. E de vivência 3, 4 milhões de céus. Jean tem 4 CDs gravados, Paulo nenhum.
A importância de Jean e Paulo Garfunkel é que os dois pensam arte/Brasil.
Viva Jean e Paulo, para a beleza da música brasileira!
Um dia, não sei quando, direi deles a beleza melhor que são.Dos dois, de modo imediato, posso lembrar que a gauchinha Elis Regina gravou Calcanhar de Aquiles. Confira:

sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

SIM, A VIDA É DE MORTE

Sim, o assunto é tabu. Nem a imprensa fala.
É tabu, mas esse assunto existe desde os primórdios. Desde que gente é gente.
Refiro-me a suicídio.
A morte aparece, e sempre apareceu, de modo os mais diversos.
E é a única certeza que o homem tem.
A história mostra que pobres e ricos optam pelo suicídio. Reis e rainhas também. Cleópatra é exemplo.
Há pouco a companheira de um amigo meu decidiu abreviar a sua vida, nos deixando.
É uma grande surpresa, sempre, quando a morte aparece carregando consigo familiares, amigos. Tristeza. É sempre um choque saber que alguém das nossas proximidades partiram. E quando essa partida é auto-provocada, maior é a surpresa. E tristeza. E nos perguntamos: por quê?
Crianças se matam. Adolescentes se matam. Adultos se matam. Senhoras e senhores de idade avançada, também.
Dados da Organização Mundial da Saúde, OMS, indicam que anualmente cerca de 800 mil pessoas tiram a própria vida. Só no Brasil, o número anda na casa dos 12 mil. Ou seja, a cada mês pelo menos 1.000 pessoas se matam. No mundo, a cada 40 segundos alguém acaba consigo.
Estudos mostram que nós, humanos, somos os únicos seres a se matar.
A conclusão é: não temos salvação. 
E por não termos salvação, necessário é que nos voltemos a nós para refletirmos sobre a vida e sobre a morte.
Eu conheço um pouco dessa história: meus irmãos morreram e meus pais, também. A minha mãe, de nome Maria, não esperou pela morte. Ela a foi buscar.
Eu mesmo, depois que perdi a luz dos meus olhos, só pensava em me acabar, em me atirar do apartamento em que moro. Passou, mas ainda há a sombra da depressão a rondar meus passos.
Tudo isso dói.
Um amigo acaba de me informar que a Índia está tomada por uma terrível onda de suicídio coletivo. São mulheres aperreadas, desempregadas, sem vontade mais de viver pela violência dos estupros coletivos de que são o tempo todo vítimas.
Não será exagero dizer que a vida é de morte, ou de morte é a vida.
Desculpem-me.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

O EROTISMO EM OLAVO BILAC

 
Não é de hoje que escritores, dos mais pertos aos mais longínquos, dedicam atenção ao sensual e ao erótico. 
Belos textos tem saído da imaginação de autores como Henry Miller (1891-1980) e até o nosso Olavo Bilac (1865-1918). 
Em 1887, Bilac, sob o pseudônimo Bob, escreveu e publicou contos e poemas safados que reuniu num pequeno volume a que intitulou Contos para Velhos.
Esse livro é uma belezura. Dele extraio para deleite o poema O Luar:

Insone, a moça Luísa
Salta do leito, em camisa...
Verão! verão de rachar!
Calor! calor que devora!
Luísa vai dormir fora,
Ao luar...

Ardente noite estrelada...
Entre as plantas, descansada,
Põe-se Luísa a roncar.
Dorme toda a Natureza...
E que esplendor! que beleza
No luar!

Olha-a o luar com ciúmes...
E sabem vivos perfumes
Do jardim e do pomar:
E ela, em camisa, formosa,
Repousa, como uma rosa,
Ao luar!

Mas alguém (um fantasma ou gente?)
Chega-se prudentemente,
Para o seu sono espreitar...
— Alguém que, ardendo em desejo,
Lhe põe nos lábios um beijo,
Ao luar...

Ela dorme... coitadinha!
Nem o perigo adivinha,
Pobre! a dormir e a sonhar...
Sente o beijo... mas parece
Que é um beijo quente que desce
Do luar...

A lua (dizem-no os sábios...)
Também tem boca, tem lábios,
Lábios que sabem beijar.
Luísa dorme, em camisa...
Como é formosa a Luísa
Ao luar!

Vão depois correndo os meses,
Entre risos e revezes...
— Começa a moça a engordar...
Vai engordando, engordando...
E chora, amaldiçoando
O luar...

Já todo o povo murmura
E, na sua desventura,
Ela só sabe chorar;
Chora e diz que não sabia
Que tanto mal lhe faria
O luar...

O pai, que é homem sisudo,
Homem que percebe tudo,
Pergunta-lhe a praguejar:
“ Que é que tu tens, rapariga?!”
E ela: “ Eu tenho na barriga... O luar!”

Se gostou, acesse o livro clicando aqui: Contos para Velhos.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

O INACREDITÁVEL ENCONTRO DE DEUS COM MARX


Fim de ano, festas.
Lembro das festas de fim de ano do jardim da minha infância, na Paraíba. Era bom demais. Tinha os parques de diversão, lapinha e tal. Não dá pra esquecer. Lembro dos palhaços, dos cantadores, das cantigas de natal.
Esta semana os leitores do newsletter Jornalistas&Cia foram agraciados com um texto inédito e original feito por mim.
Escrevi a fictícia história O Inacreditável Encontro de Deus com Marx ao ser provocado pelo amigo Eduardo Ribeiro. Esse texto compartilho com vocês. Depois de lê-lo, comentem: Edição Especial J&Cia

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

EL PAÍS PROVOCA DESFALQUE NA IMPRENSA

No Dia Nacional da Ópera, hoje 14, o jornal espanhol El País anunciou em nota oficial, aos brasileiros, que a edição em língua portuguesa estava encerrada.
Ouvi essa notícia e parei, chocado.
A portadora dessa má notícia foi a ótima jornalista Cilene Soares. Ela também ficou chocada, estarrecida.
El País é o mais importante jornal em língua espanhola.
Entre os colaboradores de alto nível desse grande jornal destaco Eliane Brum e o meu amigo Xico Sá, cearense de Boa Cepa.
Pois é, essa notícia é um soco na boca do nosso estômago.
Estou triste.
Estou triste porque a cada dia as notícias deixam de circular em jornais impressos. Isso não é bom, claro. Mas, a vida continua. E viva a Democracia!

CARLOS GOMES

O paulista de Campinas, Antônio Carlos Gomes (1836-1896), maestro, foi o mais importante compositor operístico das Américas. Foi descoberto em Campinas pelo imperador Pedro II, que o encaminharia à Itália para estudos.
Gomes estreou para o mundo em março de 1870, em Milão. A ópera que o levou inicialmente ao estrelato foi O Guarani, baseado no romance homônimo do cearense José de Alencar (1829-1877).

Você já ouviu falar do Instituto Memória Brasil? Se não ouviu, clique: https://institutomemoriabrasil.com.br


14 de dezembro, Dia da Ópera
Clique:
 

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

TODO DIA É VIDA SOARES

Da esquerda à direita: Cida, Cilene, José (Zezão), Assis, Márcia, Ana Maria, Geremias,
Maria, Janusa, Flávio, Tiana, Irene, Reinaldo e Gabriela
 
 
Todo dia é dia de alegria.
Todo dia é dia de a gente viver com naturalidade, com graça.
Todo dia é dia de Maria, é dia de Ana, é dia de tudo que é bom.
Ontem, domingo 12, estive na casa Soares, ali na Freguesia do Ó, SP.
Foi a coisa mais bonita do mundo.
Eu abraçando e sendo abraçado por pessoas queridas. Pessoas de risos, pessoas à toa, felizes.
O Brasil tem futuro, porque o Brasil tem alegria.

domingo, 12 de dezembro de 2021

O DIA EM QUE JOÃO CARLOS MARTINS TOCOU SANFONA

Assis Ângelo, Pery Ribeiro e João Carlos Martins no programa São Paulo Capital Nordeste

Morando na casa dos 80 desde o ano passado, pois nascido em 1940, o paulistano João Carlos Martins é uma glória brasileira.
João Carlos é o único pianista no mundo a gravar a obra completa de Bach, em 22 álbuns. Foi nos EUA, até hoje não relançada no Brasil.
A vida desse maestro já foi contada muitas e muitas vezes e levada pelo menos em 3 ocasiões ao cinema.

Um dia, na sua casa em São Paulo, ele me disse que o piano chegou a sua vida ainda nos tempos de infância. Tinha uns 4 ou 5 anos. O pai, seu José, foi o grande incentivador. E mostrou-me fotos e imagens em P&B e também imagens em movimento. Tocando. Isso renderia um belo DVD, como rendeu.
Guardo boas memórias de João Carlos Martins.
Um dia o convidei para participar do programa São Paulo Capital Nordeste, que eu apresentava na velha rádio Capital AM 1040, ali na 9 de julho. E ele foi e comigo já estavam o Trio Virgulino, formado por Enok, Roberto e Adelmo; e os cantores Pery Ribeiro e Cláudia (foto acima). Foi uma festa. Momento inesquecível, até porque João nos surpreendeu ao dar de garra da sanfona de Enok e tocar uma cantiga de roda.
Aquela vez, 4 de março de 2004, foi a primeira e provavelmente a única em que ele tocou sanfona.Depois que perdi a luz nos olhos, nunca mais nos encontramos. Ele é um corajoso. Escapou do suicídio, como eu. Aliás, esse tema toquei num programa da rádio Globo.


Há poucos dias João enviou um email ao editor do newsletter Jornalistas&Cia, Edu Ribeiro, nos parabenizando pelo texto Imprensa Negra, Resistente e Heroica (leia a primeira parte aqui).
Após perder os movimentos das mãos, João Carlos Martins seguiu a carreira de artista como maestro fundador da Orquestra Filarmônica SESI-SP, que tem por finalidade descobrir jovens talentos. O que tem feito.
Com sua Orquestra, o maestro tem se apresentado mundo afora.
Ah! A presença de João Carlos no programa que eu apresentava, na Capital, pode ser conferido abaixo. Clique:


LEIA MAIS: VIVA JOÃO CARLOS MARTINS

sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

DAVID NASSER, UM JORNALISTA DA MÚSICA POPULAR

David Nasser foi um dos nomes mais famosos da imprensa e da música brasileira. Tinha uma produção intensa, muitas vezes densa de inverdades ou licenças poéticas como se dizia em sua época. Nasser, embora talentosíssimo, foi um jornalista inescrupuloso.
Há muitas histórias a seu respeito.
Nascido em Jaú, São Paulo, deixou pelo menos 300 músicas compostas ora sozinho, ora com parceiros como Herivelto Martins (1912-1992).
Com Herivelto, compôs o clássico Ave Maria no Morro (abaixo).
David Nasser morreu no dia 10 de dezembro de 1980.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

VIVA NELSON FERREIRA!

Meu amigo, minha amiga, você sabe quem foi Nelson Heráclito Alves Ferreira?
Esse Nelson ficou conhecido no Nordeste e em boa parte do Brasil como Nelson Ferreira. Bom músico, bom tudo.
Nelson Ferreira era filho de um violonista, Luís; e de uma professora primária, Josefa. Ele nasceu em Bonito, pequena cidade do agreste pernambucano, distante 136 km da capital Recife.
Nelson nasceu no dia 9 de dezembro de 1902 e morreu no dia 21 de dezembro de 1976, vítima de um aneurisma.
A obra desse Nelson é extensa e bela. Tem valsa e muito frevo. Ouça: 

quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

BOLSONARO, A PESTE

Hoje 8 faz um ano que uma pessoa recebeu a primeira vacina, no braço, contra a Covid-19. Era mulher, natural do Reino Unido. Seu nome: Margaret Keenan. 
O novo Coronavírus, que desemboca na Covid-19, surgiu no final de 2019 na China.
A primeira morte chinesa provocada por esse vírus foi um médico otorrinolaringologista, seu nome: Liang Wudong. 
Wudong morreu no dia 25 de janeiro de 2020.
Desde 2020 já morreram, no mundo, quase 5 milhões de pessoas. Só no Brasil, mais de 600 mil.
Essa praga, o novo Coronavírus, já está se multiplicando nas 4 ou 5 fases que marcou presença. 
Como o novo Coronavírus, o negacionismo se expande mundo afora.
O primeiro e mais violento negacionista é o fela Bolsonaro, que no começo de tudo disse que era "uma gripezinha".
Essa "gripezinha" tem afunhenhado o Brasil, como o próprio "Boçalnaro".
Bom, dias mais, dias menos, o cara que ocupa hoje a cadeira de presidente vai para o lugar que merece: o Inferno.
Lá no Nordeste, de onde eu venho, a gente costuma dizer que quem nos azucrina e mal a todos nos faz é uma "peste".
Sobre essa peste, Bolsonaro, já andei falando em verso e prosa.
Até já publiquei 4 folhetos de cordel nos quais a referida figura aparece encarnando o mal.
E também andei gravando alguma coisa a respeito. Confira: VIVA A IMPRENSA LIVRE!
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terça-feira, 7 de dezembro de 2021

ALUCINAÇÕES DE JORNALISTAS&CIA

Como seria um encontro de Deus com Marx, do comunismo e do ateísmo com a religião e a espiritualidade? Como Deus, na sua onipotência, onipresença e onisciência, enfrentaria a fúria materialista do cocriador do comunismo no mundo? E como reagiria ao ser “encostado na parede”, com questões desconcertantes para a Igreja Católica?
E Jesus, Filho de Deus, como defenderia o legado do Pai diante de evidências terráqueas nada cristãs?
Se não acredita nisso, se sua fé não permite enxergar esse encontro, não faz mal; um cego conseguirá.

Atenção! Se eu fosse você, faria agora uma assinatura no newsletter Jornalistas&Cia. É só entrar em contato com Silvio Ribeiro através do email silvio@jornalistasecia.com.br, ou pelo telefone (19) 97120-6693.

domingo, 5 de dezembro de 2021

JÚLIO MEDAGLIA, DO POPULAR AO ERUDITO

Júlio Medaglia, maestro, é um cara que fácil, fácil faz amizade. E vice e versa. Impossível não gostar dele, por sua simplicidade e talento.
De música esse cara sabe tudo e muito mais.
Da safra de 1938, é paulistano da gema.
Nascido ali ao lado do Palmeiras ganhou, quando menino, o apelido de Periquito.
O Palmeiras, não poderia ser diferente, é o seu time de coração.
De família simples e humilde, a sensibilidade desse Júlio muito cedo veio à tona, iluminando a todos que por perto circulavam.
Na infância costumava ouvir música, ao lado da mãe. A música que mãe e filho ouviam vinha do rádio. Coisa fina. E não demorou, o menino foi crescendo, crescendo até que se transformou num grande compositor e maestro, com formação na Bahia e na Alemanha.
Na Bahia, ele fez amizade com muita gente boa.
Da Bahia vieram Caetano, Gil, Tom Zé e tal, tropicalistas.
Júlio Medaglia foi um dos grandes nomes do Tropicalismo, arranjador de Tropicália e tal.
O tempo passando e Júlio cada vez mais se firmando no panorama da música popular e da música erudita, regendo inclusive orquestras mundo afora e escrevendo livros como Música, Maestro!; Música Impopular e Por Trás da Pauta.
Há uns 15 anos, Júlio criou e apresenta o belíssimo programa Prelúdio, que tem por finalidade descobrir talentos da música erudita no Brasil.
Além disso, diariamente, Júlio apresenta o programa Fim de Tarde, pela rádio Cultura FM.

Já escrevi muito a seu respeito. BATE-PAPO COM MEDAGLIA, NA TRIANON
Eu conheci esse maestro em fins do século passado. Meu primeiro encontro com ele foi no balcão de um bar do conjunto nacional, ali na paulista, ao tempo em que eu frequentava a livraria cultura nas tardes de sábado junto com os amigos José Nêumanne, Arnaldo Xavier e Marcos Rey, autor de muitos livros, entre os quais Memórias de um Gigolô e o Enterro da Cafetina.
Foi naquela ocasião que o maestro me contou ter regido a orquestra Cordas de São Paulo e o coro Vozes de São Paulo, na execução da obra do português André da Silva Gomes (1752-1844), mestre de capela da Sé. Tratava-se de uma Missa a 8 vozes e instrumentos, descoberta e restaurada por Régis Duprat.
O disco, um LP (acima), que contém essa obra, foi lançado em 1970.
E por que ele me contou essa história, hein?
Ele me contou essa história porque eu estava às voltas com uma pesquisa sobre músicas compostas especialmente para a cidade de São Paulo.
Essa pesquisa dei por concluída em 2010, por ali, quando eu já reunira quase 3.000 títulos e me preparava para fazer uma grande exposição na unidade Sesc Santana.

Alguns livros de Júlio Medaglia

Júlio Medaglia é o tipo de cidadão que não pensa duas vezes pra expor seus pensamentos, inclusive quando deseja rasgar elogios a amigos. Dia desse, o telefone tocou trazendo-me a sua voz. Dizia que lera o especial A Imprensa Negra do Brasil, que escrevi para o newsletter Jornalistas & Cia. E falou e falou. Disse que o que eu havia escrito, na maior parte, ele desconhecia. Senti-me bem, como disse Nelson Gonçalves (1919-1996) no primeiro samba que gravou, em 1941.
Temos nos visto pouco.
A última vez talvez tenha sido no estúdio da TV Cultura, quando o querido Fernando Faro (1927-2016) me convidou para que eu falasse alguma coisa de mim no programa Móbile. E lá estava ele falando sobre a Tropicália e otras cositas más (confira o vídeo abaixo).
Também teve uma vez, não lembro bem quando o convidei para um papo no programa O Brasil está na Moda, que eu apresentava na rádio Trianon. Quando cheguei a emissora, ele já estava a me esperar.
Grande Júlio Medaglia!

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