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sábado, 31 de agosto de 2024

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (125)

Otto Maria Carpeaux

Safado, gozador, brincalhão e um tanto puto Limeira raramente titubeava pra pôr sua viola no peito e dela tirar som com versos assim:


O véio Thomé de Souza, 

Governador da Bahia, 

Casou-se e no mesmo dia 

Passou a pica na esposa... 

Ele fez que nem raposa: 

Cumeu na frente e atrás, 

Chegou na beira do cais, 

Onde o navio trefega, 

Cumeu o Padre Nobréga,

Os tempos não voltam mais.


Absurdo é o irreal, o que não se vê, coisa ou algo que não se vê.

Na literatura é comum classificar tal gênero como “realismo fantástico” ou “mágico”.

Nessa classificação entra claramente o tcheco Franz Kafka (1883-1924).

Kafka, segundo o austríaco Otto Maria Carpeaux (1900-1978), era “um rapaz franzino, magro, pálido, taciturno. Eu não podia saber que a tuberculose da laringe, que o mataria três anos mais tarde, já lhe tinha embargado a voz”.

Assim trouxe Carpeaux suas reminiscências com Kafka.

E o mesmo Otto Carpeaux lembra como conheceu o autor de Metamorfose (1915):


“Kauka.”

“Como é o nome?”

“KAUKA!”

“Muito prazer.”

Esse diálogo, que certamente não é dos mais espirituosos, foi meu primeiro encontro com Franz Kafka. Ao ser apresentado a ele, não entendi o nome. Entendi Kauka em vez de Kafka. Foi um equívoco.

Hoje, o “Kauka” daquele distante ano de 1921 é um dos escritores mais lidos, mais estudados e – infelizmente – mais imitados do mundo.


Era do caralho!

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