O Brasil já deu um poeta com as características de Aretino: Gregório de Matos e Guerra.
É muito improvável que esse Guerra nunca tenha tido conhecimento da existência do italiano Aretino. Falavam o que falavam com palavrão e tudo o mais. Eram destabocados.
Aretino tinha intimidade com religiosos da Igreja Católica e o baiano Guerra também, que chegou a ser até padre na terra onde nasceu, embora não acreditasse em Deus.
Ele escrevia coisas assim:
O Muleiro, e o Criado
tiveram grande porfia
sobre qual deles teria
mor membro, e mais estirado:
pôs-se o negócio em julgado,
e botando ao soalheiro
um, e outro membro inteiro,
às polegadas medido,
se viu, que era mais comprido
O caralho do Muleiro.
Disto Criado apelou,
e foi a razão, que deu,
que o membro então mais cresceu,
porque então mais arreitou:
logo alegou, e provou
não ser bastante razão
a polegada da mão
para vencer-lhe o partido.
que suposto que é comprido,
É feito de papelão.
Item sendo necessário,
disse mais, que provaria,
que se era papel, se havia
abaixar como ordinário:
que o membro era mui falsário
feito de um pobre quaderno,
tão fora do uso moderno,
que se uma Moça arreitada
lhe dá no verão entrada,
É para foder no inverno.
E que depois de se erguer,
é tão tardo, e tão ronceiro,
que há de mister o Muleiro
seis meses para o meter:
porque depois de já ter
aceso como um tição,
engana a putinha então,
pois pedindo a fornicasse,
lhe dizia, que esperasse
Para foder no verão